24.1.06

~ Ayakashi ~ Japanese Classic Horror - Parte II

Andei a ler e a pesquisar um bocadinho e achei bem fazer uma adenda ao meu post anterior sobre ~Ayakashi~.

Pois bem: a trama inicial (não faço a mínima ideia se a série continua com outras estórias) deste anime baseia-se na peça de kabuki Tokaido Yotsuya Kaidan que nos conta uma rebuscada história de interesses, ambições, assassínios, crimes e chacina, com a adição de uns fantasmas bastante cruéis.

Tokaido Yotsuya Kaidan foi inicialmente encenada como uma espécie de "double feature" e seguimento de uma peça muito mais popular, o Chushingura. Ambas as peças são baseadas em factos reais. Chushingura, muitíssimo resumidamente, trata de um senhor da guerra que humilhado comete seppuku e os seus samurai, agora ronin, juntam-se para vingar o seu antigo mestre e no fim todos cometem seppuku.

Tokaido Yotsuya Kaidan apanha a história no seguimento desses acontecimentos e é tão ou mais sangrenta que Titus Andronicus de Shakespeare. O protagonista é Tamiya Iemon, um ronin, que casa com Oiwa contra os desejos do pai dela e a menospreza a seguir ao nascimento do filho de ambos. Sendo pretendido por uma jovem e bonita herdeira, Oume, a família dela desfigura Oiwa e Iemon separa-se dela quando ela morre acidentalmente. De seguida o fantasma de Oiwa e de Kohei, um antigo criado de Iemon, também brutalmente assassinado, assombram Iemon, levando-o a matar Oume, no dia do próprio casamento, a mãe, o pai dela e sei lá quem mais... Muitos baldes de sangue depois, Iemon acaba por se atirar a um rio, não aguentando mais tanta tortura.

Resumindo: este não é um anime para os mais sensíveis, mas sem dúvida que estabelece o mote para as histórias de terror japonesas e porque são tão cruéis e brutais. Como gosto muito de histórias de terror e tenho bastante interesse por kabuki, apesar de não perceber nada do assunto, não podia estar mais contente.

http://www.kabuki21.com/yotsuya_kaidan.php

23.1.06

2: Samurai 7

Já está a dar há cerca de 2 meses (vai no episódio 8) uma série que, na prática, só conheço de título, Samurai 7.

Não vi o episódio todo (tenho uma certa alergia a começar a ver as coisas a meio), mas pelo que percebi do pré-genérico é uma adaptação futurista da história do filme Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa.

Não sei se vou acompanhar a série, de qualquer modo o ambiente "ciber-samurai" não me atrai em particular, e a série pareceu-me demasiado feita para rapazes adolescentes, se bem que o ambiente geral não me pareceu mau. O character design não é mau, mas não gosto do guarda-roupa. O facto de ser dobrada em português vai também fazer com que não me entusiasme à partida.

Pode ser que esteja enganada, por um lado espero que sim (não gosto de falar das coisas que não conheço e espero sempre que estreie bom anime), por outro espero que não (assim já teria perdido o início de uma série de anime de que goste e detesto que isso aconteça).

http://www.samurai7.tv/ [EN]
http://www.samurai-7.com/index.html [JP]

2:
sáb. 20:15

19.1.06

Terminei de ver: Paradise Kiss

Finalmente vi o ansiosamente esperado episódio 12 de Para Kiss.

Definitivamente as histórias de Ai Yazawa são invulgares no panorama narrativo tanto do anime como da manga. São mais realistas. No meio daquele cenário e guarda-roupa de encher o olho, as pessoas são pessoas, com frustrações, sonhos e precalços semelhantes aos de qualquer um de nós. Os sentimentos, senão os acontecimentos, também, são, de certo modo universais.

Em Para Kiss temos os artistas vistos como párias pelo seu aspecto e opções mais liberais de vida, a frustração de Yukari confinada aos desejos da mãe para ela e sua consequente falta de individualismo e a tolerância de Toku-chan que, apesar de aparentemente conservador, sempre conviveu com ambos os universos e aprendeu a respeitá-los.

De certa forma todas as personagens principais se mantiveram fiéis a si próprias e evoluíram de algum modo, muitas vezes derivadas pelas circunstâncias. Apesar da personalidade forte de George, que conseguiu levar o grupo a trabalhar quase exclusivamente para ele, no fim ele está prestes a desistir de si próprio, cede, como qualquer um de nós às exigências da vida em sociedade. Felizmente que, apesar de o final não ser própriamente feliz (ou típico de uma história romântica), George tem amigos e pessoas que acreditam nele e acaba por viajar (luxuosamente num paquete, só ele!) face ao seu futuro na Haute Couture em Paris. Do mesmo modo Yukari não desiste do seu novo sonho onde se empenha mais ainda do que se empenhava antes em agradar à mãe. Apesar de gostar de George, escolhe-se a si própria e não a depender de alguém.

No fundo está aqui mais uma vez o tema, recorrente a Yazawa, da independência e do individualismo que, acredito, devem ser conceitos muito complicados de lidar na sociedade japonesa. Se já o são na nossa que incentiva o individualismo, como não será por lá!?

http://parakiss.tv

~ Ayakashi ~ Japanese Classic Horror


Acabadinho de estrear, este anime, só ainda vi o primeiro episódio. O subtítulo foi o que me despertou a curiosidade e, ao ler umas notas que os subbers fizeram, quis logo ver. Este é mais um anime, assim como Paradise Kiss, do novo bloco da Fuji TV, Noitamina, que visa um público mais adulto.

Pelo que até agora percebi o anime vai consistir em histórias independentes (ou não), mas o primeiro episódio baseia-se nos factos que deram origem a uma das peças clássicas de Kabuki (Kizewamono, histórias fantásticas, entre outras), Tokaido Yotsuya Kaidan, de Tsuruya Nanboku IV, que, por sua vez, originou um género muito popular no cinema japonês, o fantástico de terror.

Como a história está dividida, ainda não me vou pronunciar sobre a narrativa. Mas, apesar de me lembrar sempre com alguma nostalgia dos Clássicos da Literatura Japonesa, série que deu há alguns anos na RTP e que partilha, de certo modo, o conceito, gostei muito do modo como este universo da era de Edo foi transposto para a modernidade.

Toda a tecnologia moderna é aqui experimentada e muito bem conseguida. O facto de já não se pintar os acetatos e a cor ser digital resulta numa enorme vantagem estética, usando jogos de luz e sombras, enriquecendo a imagem com texturas e facilitando o uso de padrões nos tecidos, efeitos anteriormente muito difíceis de conseguir. Nos anime mais antigos evitava-se usar tecidos estampados por ser muito moroso e complicado animá-los. Dado que a era de Edo é uma das mais ricas, visualmente, no Japão, séc.XVII-XVIII, contemporânea do Barroco ocidental, imaginar um anime com este tipo de contexto, pintado artesanalmente em acetatos, perde-se logo muito do ambiente.

Não gostei particularmente do character design, parece que todos têm cara de mau e olhos demasiado rasgados (aqui está uma contradição à imagem mais comum do anime), mas serve na perfeição ao ambiente fantástico e de terror e às torturadas personagens.

Achei curioso o hip-hop na música do genérico de abertura, que não fica mal, apesar da estranheza ao início. A música do genérico final já está mais de acordo com o contexto, mas também não é má, apesar de não ser particularmente marcante.


http://www.toei-anim.co.jp/tv/ayakashi/index.html [JP]
http://freya.tv/gg/[gg]_~ayakashi~_Japanese_Classic_Horror_01_-_pdf_notes_[02E0CE18].pdf [EN]

16.1.06

Ando a ver: Galaxy Express 999, Space Symphony Maetel

Juntei as duas séries porque o fio narrativo é o mesmo. Apesar de Galaxy Express 999 ser uma série bem mais antiga e Space Symphony Maetel ser muito recente, a história de Space Symphony antecede a de Galaxy Express e, supostamente, explica alguns dos mistérios de Maetel.

Sempre tive muita curiosidade em todos estes anime e manga de Leiji Matsumoto, uma das razões foi porque sabia que as histórias se interligam e que muitas personagens são em comum. Em suma, o universo (narrativo) é o mesmo. Apesar de por vezes as figuras serem um pouco mal desenhadas, também sempre gostei das mulheres longilíneas e lânguidas, com longos cabelos de Leiji Matsumoto, que também desenhou o filme/videoclips de Daft Punk, Interstella 5555. As imagens, um tanto românticas, de um velho comboio a vapor pelo espaço são muito marcantes e, sem dúvida, que as naves espaciais de Matsumoto são muito bem concebidas.

Galaxy Express 999
Esta série é antiga, do final dos anos 70, e isso nota-se, principalmente na animação um bocado crua. Apesar de ter envelhecido um pouco, no lado tecnológico, a história é deveras interessante.

O primeiro episódio dá-nos a permissa, do sonho dourado que é ter um corpo mecânico. Mas será que é mesmo? Também ficamos a conhecer as duas personagens que acompanhamos na viagem pelas estrelas: Tetsurou, um miúdo, pobre e orfão, que sonha com o desejado corpo mecânico e que vai crescendo e aprendendo com a viagem. Maetel, uma mulher misteriosa, sempre vestida de preto, supostamente humana (será?) que toma conta de Tetsurou e lhe oferece, entre outros, o almejado passe para o 999 (three-nine), o comboio expresso até Andromeda, onde oferecem um corpo mecânico a quem o quiser.

Cada episódio seguinte é uma paragem (de um ciclo solar) em cada um dos planetas e um passo na aprendizagem de Tetsurou. Como a série é longa, as peripécias serão muitas e, suponho, Tetsurou há de vir a perceber que afinal um corpo de carne e osso é bem mais valioso.

Cada história individual que eles conhecem na viagem costuma ser bastante trágica e, normalmente, o arrependimento pela escolha da mecanização é evidente. Pelo meio transparecem outros valores importantes numa aprendizagem e para uma vida em sociedade. É uma espécie de pedagogia em anime.

O caso mais dramático dos pouquinhos episódios que vi é o de Claire, uma lindíssima andróide totalmente feita de vidro que trabalha no 999 para pagar a reversão a um corpo de carne e osso. Trágicamente ela sacrifica-se e fica feita em pedacinhos para salvar Tetsurou de uma fantasma vampiresco num túnel (sim túneis no espaço) através da cadeia de asteróides do nosso sistema solar.

As leis da física e a correcção científica não são muito levadas em conta, mas quando o erro é demasiado evidente a própria série encontra uma explicação lógica dentro da sua organização. O facto mais fantástico é o Galaxy Express ser uma réplica de um comboio a vapor do séc.XIX cuja explicação para o seu aspecto é que as pessoas têm de ter algo com que se identificar e podem se assomar à janela devido a um campo de forças, heheheeee!

Pena que só consegui arranjar os primeiros 7 episódios e o 999 acabou de sair do Sistema Solar... pode ser que um dia continue e acabe de ver a série!

Space Symphony Maetel
Tecnológicamente esta série é realmente bem melhor, mas a narrativa já se desenvolve através dos episódios e não em histórias individuais. Algumas explicações para o passado de Maetel, já surgiram: ela é filha de Promethium, a rainha do planeta vagueante e totalmente mecanizado La Metal, que é responsável pela mecanização dos seres humanos. Maetel deveria ser a herdeira e futura rainha de La Metal, mas é contra a escravidão a que Promethium e Laurela (a anterior rainha) submeteram a raça humana. Emeraldas, uma pirata, antagonista ao sistema, é sua irmã e como amigo e cúmplice tem o protagonista de outra série de Matsumoto: Captain Harlock. Ambos também aparecem em Galaxy Express.

Por enquanto estou no grosso da acção e ainda há muito para acontecer e as ligações à história do Galaxy Express se estabelecerem. No geral, apesar de satisfazer a curiosidade, desvendando os mistérios, em 7 episódios preferi o Galaxy Express 999, onde a narrativa é mais económica, mas também mais eficaz. Às vezes o excesso de efeitos não passa disso, excesso.

Para além destas duas séries, ligadas a esta linhagem de La Metal há: 1000 Nen no Jo-ou (Rainha dos 1000 anos), que trata da história de Promethium, e Maetel Legend, que nos mostra Maetel mais nova. As duas são cronológicamente anteriores a estas duas. Há ainda os filmes de Galaxy Express 999, que são uma espécie de histórias alternativas á série de TV e a série ou filme (não sei bem) Queen Emeraldas que é sobre Emeraldas, a irmã pirata de Maetel.

http://www.leiji-matsumoto.ne.jp/ [JP]

11.1.06

Vicky, o viking

Se há anime nostálgico para mim é o Vicky. Da fase pré-Conan e pré-Candy Candy, é, talvez (fora os Barbapapa, que também são anime!) o único anime de que gostava verdadeiramente. A Heidi via-se e o Marco, detestava (demasiado lamechas)!

Com o Vicky era diferente: cantava a música (Hey, hey Vicky/Hey Vicky hey!/Iça bem a vela!), tinha o barco dele em papel, livros e as figurinhas de pvc pequeninas, que não me lembro bem de onde vinham (acho que do Nestum ou farinha Pensal). Algures ainda devo ter uma foca.

As aventuras nórdicas e sua mitologia, desde cedo me fascinaram e talvez o Vicky tenha sido um dos responsáveis. Mas o mais incrível de que me apercebi agora foi, ao ver recentemente um episódio na 2:, que são extremamente pedagógicos. Cada episódio tem um tema social, disfarçado de aventura. No que vi o tema eram os impostos alfandegários. Impressionante!
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