12.1.09
Recomecei a ver: Basilisk
Tinha tentado ver Basilisk da outra vez que deu na SIC-Radical mas não percebi nada da história (demasiadas personagens ao mesmo tempo) e acabei por não conseguir disponibilidade para a ver. Na semana que passou a série foi reposta e a ver se desta a consigo ver, até porque não é muito longa.
Mas uma coisa me chamou a atenção no episódio que vi: mais uma vez a má qualidade da tradução. Desta vez não foram os erros de sempre (más interpretações do inglês ou francês de onde é traduzida, mau português, etc.) foi um facto que me irrita imenso e demonstra uma enorme falta de profissionalismo. Traduzir qualquer coisa quer dizer torná-la compreensível na língua de quem a vê ou lê, utilizando equivalências. Ora a tradução de Basilisk deixa ficar os sufixos honoríficos do japonês, que da última vez que verifiquei, o cidadão português comum não compreende.
A língua portuguesa, sendo radicalmente diferente do japonês, é magnífica para traduzir a língua nipónica, quiçá melhor que o inglês ou o francês. O japonês tem uma característica que normalmente dificulta o processo de tradução para línguas mais complexas, como as europeias: uma gramática extremamente simples e um excesso de vocabulário. Portanto o japonês tem hierarquias linguísticas muito definidas e específicas, o que para uma língua como o inglês, que não tem praticamente nenhumas, é uma complicação de todo o tamanho! O português não tem esse problema, temos uma língua riquíssima, cheia de variedade de vocabulário e também temos essas hierarquias linguísticas e sociais.
Na tradução de Basilisk optou-se por deixar os sufixos ~sama, ~san, ~dono, ~chan, etc. o que é um erro. Como a maioria das personagens fala um japonês muito formal era só ir ver à linguagem formal e de corte (que realmente caiu em desuso) portuguesa e está lá a solução para tudo. Como ainda por cima Basilisk é um anime de época, não iria ficar estranho se se utilizassem palavras como Lorde ou Dom/Dona para ~sama, Senhor para ~san, Dom/Dona para ~dono e diminutivos para ~chan. Quem fizesse isso teria de fazer alguma pesquisa, arranjar uma fórmula fixa e fazer o seu próprio glossário da série, pois as traduções que sugiro são equivalentes e não a tradução literal para esses termos. Que essas distinções sociais existiam no Portugal medieval, existiam e pode-se com bastante facilidade arranjar uma equivalência fixa.
Outro aspecto que me irritou foi as personagens, como já disse, falarem um japonês formal e no português oscilar, sem coerência, entre o coloquial e o formal (que nem é assim tão formal). Ainda por cima encontrei alguns erros ou invenções no português, o que demonstra mais uma vez falta de profissionalismo!
Já é um avanço este esforço de respeitar a língua original japonesa, mas mesmo assim quem o fez exagerou, "nem tanto ao mar, nem tanto à terra", pois introduziu uma série de termos que o português comum tem enorme dificuldade em distinguir, pois é apenas uma minoria bem pequena que sabe fazer essa distinção. Pelos vistos nem quem traduziu a sabe fazer... MAS DEVIA!
Basilisk
バジリスク~甲賀忍法帖~
SIC-Radical
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1 comentário:
Vi esta série há uns tempos e gostei, deixando-me assim com uma sensação de desconforto agradável depois de a ver. :D
Concordo plenamente com o que dizes a nível das traduções a nível do uso de certas expressões. Esse sempre foi um dos meus lemas no que toca à divulgação das coisas, não entrar por caminhos onde só os fãs da praxe é que irão entender as mesmas. O tal equilibrio entre o 8 e o 80.
E com isto, ver se faço mais posts relacionados com anime e derivados que ando um pouco preguiçoso nisso. :p
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