18.6.20

Comecer a ver: Mahou Shoujo Chukana Paipai

Há uns meses esbarrei com um canal de tokusatsu da Toei no YouTube, e naturalmente subscrevi, mas não vi nenhum vídeo. Depois de perceber que não tem só supersentai (que adoro), mas também tem séries mahou shoujo. Resolvi começar pelo meu primeiro amor, com Mahou Shoujo Chukana Paipai.

Logo no primeiro episódio, as comparações com anime shoujo da época, concretamente Aishite Night, surgiram imediatamente, o que me deixou deliciada. Esta série é quase visualmente um dorama de Aishite Night, onde a banda de música é trocada pelos superpoderes e a intriga típica de mahou shoujo. Onde isso é mais evidente é no genérico final, que é extremamente semelhante ao genérico final de Aishite Night, com a protagonista em vários quadros do dia a dia: à secretária, a ouvir música num pufe, a dançar, pensativa, a piscar o olho para a câmara, etc. Até um gato ela tem, só não é gordo e amarelo como o Juliano. As semelhanças não ficam aqui, o guarda roupa é praticamente o mesmo, até ao avental! Tendo em conta que a série é de 1989 e que aquelas roupas eram moda na Europa em 1983-5, volto a notar como a moda popular nos anos 80 e 90 no Japão era bastante atrasada.
Já a intriga é a típica de um mahou shoujo: uma princesa com poderes mágicos é exilada na Terra, em Tóquio, onde tenta viver uma vida comum, combatendo monstros ou vilões do seu mundo nas horas vagas, com direito a varinha mágica e tudo, muito Minky Momo, e às escondidas da "família". Paipai arranja um "emprego" de mãe substituta dos 3 filhos de um pseudo arqueólogo, directamente inspirado em Indiana Jones, com direito a música e tudo. A imagética do reino mágico é de inspiração chinesa, o que me leva às CLAMP, que são das autoras que mais usam essa estética e que estavam em início de carreira em 89.
A história da fuga de Paipai é das mais idiotas que já vi, o vilão, uma versão barata do Ming de Flash Gordon, quer casar com ela, que tem uma paixão de infância, o Raymondo! O vilão transforma Raymondo numa tijela de ramen, isso, leram bem, uma TIJELA DE RAMEN(!), que sai a flutuar, mas para trás e com Paipai, fica o seu naruto. HAHAHAHA! Não consigo parar de rir disto! x'D "Raymondo!" Pobre Paipai, tem de ir em busca de uma tijela de ramen sem naruto! x'D
Os três rapazes são os típicos rapazes criados sem uma presença feminina, o mais velho o mais melancólico, o do meio o mais brincalhão e o mais novo o mais traquinas e carente. Paipai nem sempre lida com as traquinices dos miúdos da melhor maneira e tem na Terra uma antagonista na tia mandona e egoísta, que quer tomar conta dos miúdos por interesse.

É engraçado ver as claras influências ocidentais, mas só os japoneses para misturar Indiana Jones com Flash Gordon, num contexto do quotidiano japonês.
Uma pequena busca por uma imagem para este post, diz-me que esta série foi criada por Shotaro Ishinomori, o mesmo da maravilhosa Cyborg009! Também vejo muito de Go Nagai na série, mas é normal, eram todos "colegas", provavelmente eram amigos, e Go Nagai também trabalhou em tokusatsus e de certa forma criou o mahou shoujo na sua forma clássica.

Adoro este tipo de séries e histórias, é verdade que são muito kitsch, e é muito por isso que gosto delas, mas também são tão divertidas! Ao contrário da maioria das séries actuais, não se levam demasiado a sério, não são forçadas e não tentam agradar ao espectador ou a estatísticas que só costumam levar a produtos desinteressantes.
As interpretações, embora com bastantes maneirismos típicos dos actores japoneses de televisão, são surpreendentemente boas, mesmo dentro dos doramas. Os efeitos especiais são rudimentares e muito simples, mas usados de modo inteligente e complementam, não distraem.

Como irá Paipai encontrar Raymondo? E em que estado? Que raio de ideia um vilão transformar o rival num produto perecível e difícil de conservar? x'D

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