Kimetsu no Yaiba é uma série de fantasia, acerca de caçadores de demónios, no Japão da era Taisho (1912 - 1926), depois da proibição de andar com katanas em público. A proibição das katanas é importante, pois torna os caçadores marginais, porque a sua actividade não é sancionada pelo governo, apesar do serviço público que executam.
Agora que já vi a série, a lógica do filme já faz mais sentido. Felizmente não me parece que tenha feito asneira com a tradução e ainda prefiro as minhas opções, como substituir "respiração" por "sopro". É uma palavra mais curta e mais elegante, reforçando o misticismo dos poderes dos caçadores.
Depois de ver a série, já gosto mais de Tanjiro, o protagonista, será por chorar menos? Sim, Tanjiro na série é mais determinado e corajoso, mesmo que sensível às emoções dos outros, incluindo dos demónios. Mas os meus preferidos continuam a ser o Inosuke e a Nezuko. O Inozuke diverte-me imenso e gosto da personalidade javaliesca, de levar tudo à frente, mas com um coração gigante. É a besta de bom coração. Adoro a patetice de Nezuko, mas que não se deixa pisar em situações de perigo. E acredito que venha a ser muito útil ao grupinho de caçadores. Mas também gosto dos corvos e do pardal de Zenitsu xD.
O mais importante da lógica de Kimetsu no Yaiba, contudo, é a dos demónios. Há muitos e variados demónios, mas os que importam são Muzan e as Doze Luas. Muzan é um demónio particularmente poderoso, capaz de se esquivar de modo eficaz aos caçadores há bastante tempo e foi quem matou a família de Tanjiro e transformou Nezuko em demónio. As Doze Luas são uma espécie de discípulos de Muzan, transformados por ele e agem sob as suas ordens, que no final da série a ordem que importa é que o caçador virou caça, estão atrás de Tanjiro.
Como já disse no post acerca do filme, gosto da estética um pouco ukiyo-e da série, com cores vivas e degradés simples, os fatos são interessantes no misto de uniforme clássico escolar masculino (já lá vou às raparigas) da era Taisho com peças tradicionais, que caracterizam cada caçador e o seu poder principal. Um exemplo: Tanjiro, tem um uchikake aos quadrados verdes e pretos. O verde remete para a água, o seu poder principal, os quadrados, ichimatsu, remetem para as montanhas de onde ele vem, pois ichimatsu está relacionado com árvores. Com as raparigas é quando o uniforme se personalisa mais, pois, para além de ser para todos os efeitos um uniforme masculino, umas usam com as calças originais (tobi, calças de trabalho), com saia, com o casaco aberto por não ter espaço para mamas grandes, etc. a outra parte do traje dos caçadores que é personalisada são as katanas. Quando a envergam pela primeira vez, a katana assume uma cor e/ou desenho especial, fora a de Inozuke, cuja lâmina serrada é cortada por ele, para grande choque do ferreiro.
Falando em katanas, mais uma vez vejo traduzidas como espadas. Não! Para além da regra ser: espadas têm 2 gumes, sabres têm um gume, para traduzir katana, ou se deixa "katana", como uma denominação específica e um estrangeirismo, ou se usa o termo mais genérico, "sabre". Naturalmente há excepções e uma tradução não deve ser um tratado sobre armas brancas, mas algum rigor é bem-vindo.
Curiosamente desta vez, apesar de Kimetsu no Yaiba passar no Biggs, a distribuidora e o canal optaram por não dobrar a série e legendá-la. Como prefiro sempre anime legendado, fiquei contente com a decisão, mas infelizmente, para além do erro acima, infelizmente a tradução é pobre e por vezes tem mau português, má gramática e alguns erros de ortografia. Não custa nada passar o texto pelo corrector ortográfico, mas pelos vistos há "tradutores" que confiam tanto nos seus textos que não o fazem. Gralhas toda a gente faz, mas os erros ortográficos podem ser eliminados com o corrector, que é amigo.
De certa forma gostei mais da série que do filme, é uma narrativa de anime clássica, com quase todos os episódios a terminar num cliff hanger. Gosto, fez-me ver, por vezes 2 ou 3 episódios de seguida e eu não costumo fazer maratonas, sobretudo agora. A história é empolgante, queremos saber o que vai acontecer àquelas pessoas e tem acção q.b. para entreter a malta. Os protagonistas também são interessantes e os episódios de luta são intercalados por alguns mais leves, onde os protagonistas recuperam ou tratam de coisas práticas. Assim não se torna cansativo, desde que cada bloco não tenha demasiados episódios. Agora o filme, apesar de funcionar bem sozinho, parece um episódio alargado da série e de certa forma remata o seu final. Só de vez em quando aparece um demónio que gosta de discursar... caramba, que chatos! Só para os calar fico a torcer pelos caçadores!
Cá fico à espera da próxima série e que estreie no Biggs, pois pretendo continuar a ver, afinal ainda há muito demónio para destruir.
Biggs
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