5.8.23

Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru

Fui parar a este anime por causa do cosplay. Mas ao contrário do que é costume, não foi porque visse imensas pessoas a fazer cosplays da série, mas porque esta série tem como tema principal o cosplay! Não sei se é a primeira série a fazê-lo, não me apetece ir investigar isso, mas se não foi, não há-de haver muitas mais.
Mas Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru é sobretudo um slice-of-life romântico com o cosplay como pano de fundo.

Ando desactualizadíssima, tenho visto pouco anime, e a maioria são coisas bastante familiares, como Sailor Koon Crystal ou Card Captor Sakura - Clear Card e já não sei o que está na berra nos dias de hoje.
Um pouco como Bamboo Blade (kendo), foi o tema e não o estilo que me levou a este anime, que, de outro modo, provavelmente não teria curiosidade de ver. Normalmente gosto bastante dos slice-of-life, mas este estilo, descaradamente uma comédia romântica, com algum fanservice, não costumam estar no topo da minha lista de animes para ver. Não é que não goste, mas preciso daquele "bocadinho assim".

Marin quer fazer cosplay, mas é uma naba na costura. Mais ou menos por acaso descobre que o seu colega de turma, Gojo, costura kimonos para as bonecas Hina tradicionais e pede-lhe para a ajudar a fazer o fato da sua personagem preferida do momento: Shizuku Kuroe, a protagonista de um jogo a raiar o SBDM. Assim começa a amizade entre o tímido Gojo e a descarada e atrevida Marin, um clássico neste estilo de anime. A relação dos dois passa por vários momentos constrangedores, graças à falta de noção de Marin do efeito do seu corpo e descaramento no coitado do Gojo, que basicamente vive para o trabalho na oficina de honecas Hina do avô e não tem vida social até conhecê-la. Mas Marin é bem mais inocente do que aparenta, apesar da tendência para fazer cosplay de personagens bastante sexy, e a amizade evolui para uma atracção física e uma paixoneta adolescente. Enquanto que Gojo tenta ser discreto e bem educado (coitado, às vezes é quase impossível), Marin reage como a adolescente que é, mas não confessa a sua paixão. Estes elementos fazem de Sono Bisque Doll... uma comédia de circunstâncias muito engraçada que me fez dar umas boas gargalhadas sonoras.

Este é um anime divertido, com um character design apelativo e cheio de detalhes e texturas (os benefícios da pintura digital), que se vê lindamente. O cosplay, apesar de acessório para mover a narrativa, está super bem representado e comenta cada detalhe do processo e das fases por que a maioria dos cosplayers passa: sentir-se desconfortável no fato, combinar sessões de fotos, cair na armadilha de fazer um fato pelo design e esquecer-se de que não se sente à vontade para o vestir em público, noitadas a terminar os fatos, noitadas a ver séries de onde se planeia fazer fatos, fazer amigos através do cosplay, etc.

Por outro lado, Gojo é o cosmaker que todo o cosplayer deseja ser ou ter por perto. Tem uma atenção ao detalhe excepcional, pensa em tudo, até na maquilhagem, faz pesquisas exaustivas, aprende depressa e é muito crítico dos próprios erros.
Marin é entusiasta, sincera, alegre mas empenhada, o que os torna um par ideal no cosplay.

Nesta série o lado negro do cosplay só é ligeiramente vislumbrado, o lidar com um corpo real, as questões da imagem, as rivalidades tóxicas ou os desastres que por vezes nos levam a questionar porque nos metemos nestes trabalhos complicados e caros. Mas como é uma comédia, se estes problemas forem abordados mais profundamente, serão muito provavelmente aliados à narrativa e também a algum dilema na relação entre Marin e Gojo. Veremos.

À medida que fui avançando na série, reparei num pormenor curioso: grande parte do guarda roupa civil das personagens é colorido. Até os uniformes escolares de Marin e Gojo têm calças e saias num tartan azul claro. A escola deles aparentemente é bastante permissiva com o traje escolar, pois, para além de Marin ter o cabelo pintado (loiro com pontas rosadas), ela usa lentes de contacto rosadas e muitos acessórios e outras colegas dela também. Mas os cosplays são maioritariamente monocromáticos, com muito preto, algum branco e apenas detalhes dourados ou noutros tons pouco espampanantes. É curioso pois, no mundo real, costuma acontecer o oposto, o guarda roupa das pessoas tende para o neutro ou tons escuros e é nos cosplays que se vê muita cor, a começar pelas perucas de todas as cores.

As canções dos genéricos são orelhudas e alegres, sem serem irritantes, o que é sempre positivo.

Adorei ver esta representação tão detalhada e fiel à realidade do cosplay e fico satisfeita que em breve haverá mais Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru.





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