Japão, 2001, 120min
Sinopse: Num futuro não muito diferente do nosso, com a excepção de que a tecnologia permite a utilização do espaço sideral ao comum mortal, um camião TIR explode numa auto-estrada matando vários civis. Faye Valentine, membro involuntário do grupo de bounty hunters, caçadores de prémios, que tripulam a Bebop é, provávelmente a única testemunha que sobrevive. Na explosão foi espalhado um vírus que, lentamente, aniquilou as outras testemunhas...
Crítica: Apesar de este filme ter sido produzido no seguimento do sucesso da série de televisão homónima (passou no primeiro bloco de anime da SIC Radical), qualquer um o pode ver sem estar familiarizado com as personagens.
Este foi o primeiro filme anime que vi a que pude, com toda a segurança, chamar de FILME. A história é complexa, toda a produção visual, desde o character design (do excelente Toshihiro Kawamoto) à animação, passando pelos cenários, é sublime, extremamente bem feita e complexa. A realização é da melhor qualidade que se pode encontrar em qualquer filme de acção. Tal como na série o tom varia bastante entre o drama de acção e a comédia sarcástica (ver o isqueiro do contacto marroquino de Spike) que lhe dão um ritmo bem interessante e despoletam algumas gargalhadas bem honestas. Ao rever agora o filme, tentei imaginá-lo não em animação mas com actores de carne-e-osso e é bem fácil de o conceber.
No fundo, apesar das ligações óbvias à série (personagens principais, universo ficcional) esta história funciona como um episódio à parte, mas realizado com uma qualidade de cinema. Claro que, se se vir a série antes de ver o filme, é sempre uma mais-valia, no sentido que as personagens principais, Spike, Jet, Faye, Ed e Ein, lá estão mais desenvolvidas, conhece-se o seu passado e outras características impossíveis de “entalar” em duas horas de filme.
É curioso reparar como os acontecimentos do 11 de Setembro, mesmo tendo acontecido uns dias após o lançamento do filme (01.09.2001), têm citações aqui. Aliás as referências, para além do terrorismo, bairro marroquino, etc. são bastante claras, principalmente nas duas torres gémeas desta cidade que, inclusive, são mais uma vez filmadas, à semelhança de como as Twin Towers originais muitas vezes o foram, como um recorte ao pôr-do-sol. Parece que adivinharam!
A nível visual este filme é de um detalhe impressionante, desde os reflexos das “abóboras alegóricas” nos prédios em redor, à magnífica encenação da luta final entre Spike e Vincent, quase toda ela em contra-luz com os fogos de artifício a iluminar o cenário. Numa cena em que Jet se encontra com um ex-colega, detective da polícia, num cinema, o filme a passar no écran é claramente um “western” de Hollywood dos anos 40, com John Wayne. Não tenho dados suficientes para dizer qual é o “western”, mas acredito que o filme exista. Isto para não falar das cenas de acção, lindamente coreografadas, a fazer lembrar filmes de James Cameron ou mesmo os Matrixes e afins.
A banda-sonora, assinada mais uma vez por Yoko Kanno, é símbolo do seu enorme talento. Já a banda-sonora da série de televisão era invulgarmente extraordinária, talvez até uma das melhores da sua autoria. A do filme continua no mesmo estilo, variando entre o country e rock para o jazz, com algumas variantes de world music (especialidade de Yoko Kanno), com a desculpa de que parte do filme se passa no bairro marroquino. A música neste filme, como o título indica, é muito importante e enriquece enormemente o ambiente, sem perturbar a acção ou ser excessiva.
CLASSIFICAÇÃO: 8/10
2 comentários:
Vi o filme sem ver a anime (vi o filme antes) e gostei bastante, tendo mais tarde visto a série mesmo por causa do filme visto que nao tinha gostado mt do ep k tinha visto na SR.
Um filme genial nascido de uma série de anime que é uma obra prima!
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