23.6.17

Ashita no Nadja

Mal posso crer que nunca escrevi um post dedicado a Ashita no Nadja!! Adorei de tal forma a primeira vez que vi a série que só uma eventual falta de disponibilidade o justifica. Durante uma actual maratona de costura uma das séries que tenho andado a engolir às colheradas é Ashita no Nadja.

Esta é uma série relativamente recente mas que se encaixa lindamente nas séries vintage dos anos 70 e 80, que contam a saga de uma menina órfã para encontrar as suas origens. Mas não é de todo mais do mesmo e é uma das melhores dentro do género.

Primeiro, Ashita no Nadja é uma série com bons valores de produção, resultando num character design polido e bonitinho, com uma dose q.b. de detalhes, cenários bem trabalhados e geograficamente correctos, boa animação com pouca palha e alguma animação 3D nas cenas da transformação da caravana em palco e nos itens de Nadja. Mas o melhor desta série é uma realização aprimorada e a ousadia em focar temas mais sérios ou em ter episódios mais melancólicos intercalando a alegria vigente. A banda-sonora é também inovadora, incluindo para além das canções, trechos de música clássica e longos silêncios que acentuam o dramatismo. Para além da saga de Nadja, esta série também inclui a dança e a música como complementos e é uma espécie de guia turístico romântico da Europa do início do séc. XX. Naturalmente existem as típicas incongruências japonesas neste tipo de série, como uma personagem japonesa, Kenosuke, que surge mais ou menos do nada, o facto de todos se entenderem, apesar de passarem por países com línguas diferentes, uns mini-leões que aparentemente crescem ao ritmo humano e objectos mecânicos pouco plausíveis. Gostava de saber onde cabem o palco e 8 pessoas/camas naquela caravana...

O meu episódio favorito é o episódio 26, uma espécie de perseguição muito reveladora para Nadja, passada no deslumbrante Alhambra, em Espanha. Mas ao rever a série apercebo-me que não é apenas o episódio do Alhambra que é marcante, todos os episódios passados em Espanha fogem ao clichè do salero e da alegria solar e mostram um lado mais melancólico ao crepúsculo, menos evidente naquela Espanha para turistas, mas sem dúvida romântico e realista, na dualidade de sol e sombra que existe na cultura de nuestros hermanos. Não há dúvida que o realizador destes episódios é fã de Espanha! A luz e a escolha de cenários nestes episódios é sublime e mesmo o modo como a narrativa é contada deixam-nos uma sensação de algo mais que uma simples série de anime shoujo a passar no Canal Panda.

Tenho andado muito ocupada e tenho uma série de posts atrasados. Nem devia estar aqui a escrever isto agora, mas não podia deixar passar o ímpeto de colmatar o facto de nunca ter escrito aqui acerca de uma das séries que mais me marcou nos últimos anos.

明日のナージャ

 Canal Panda

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