Neste alternar entre séries que ficaram penduradas e outras novas que, por alguma razão me chamaram a atenção (normalmente é o cosplay), fui parar a Oshi no Ko, pensando que seria bom algo levezinho, sobre idols, depois da gravidade e esforço do ténis.
O choque que foi o primeiro episódio! Para começar, tem cerca de 45 minutos, em vez dos habituais 25. Os seguintes voltam ao formato tradicional. Depois, Oshi no Ko é tudo menos levezinha, mas não é de todo decepcionante. Este anime é um thriller disfarçado de fofinho, aliás, é um seinen, anime para rapazes mais velhos. Eu bem digo que o shoujo infelizmente está em decadência meteórica, para um seinen ir buscar temáticas shoujo e dar-lhes a volta. Mas como há muito que não via um anime assim e o primeiro episódio revelou-se muito bem feito, fiquei muito curiosa.
Cheguei lá através do cosplay, mas antes disso já tinha apanhado profusamente com a canção do genérico. Para além de meio mundo e mais alguém ir buscar a canção para ilustrar posts nas redes sociais, ela é bastante irritante para os meus ouvidos pouco vocacionados para o J-pop. Ainda por cima viveu na minha cabeça sem pagar por uns dias... Mas, sendo o tema principal da série a indústria do entretenimento japonesa, só faz sentido ter temas J-pop a acompanhar. De notar que "Idol", apesar de estridente e um exemplo clássico do J-pop, não é uma canção nada fácil de cantar, para além da letra muito rápida, tem harmonias difíceis, sobretudo para a voz. Esta canção é um primeiro exemplo do quão dura é a vida de uma idol no Japão, um dos temas desta série.
Outra das coisas que me chamou a atenção para Oshi no Ko foi a produção artística. Começando pela paleta de cores, cheia de rosas, amarelos, turquesas, como convém a qualquer anime com idols, mas em tons bem mais escuros que o habitual (devia ter prestado atenção, é um sinal de que não se trata de um shoujo fofinho), a suposta protagonista tem o cabelo azul escuro, cor normalmente associada às anti heroínas ou rivais, ou marias-rapazes, não às protagonistas, cor que me agrada, e os olhos com brilho de estrelas. A qualidade e nível de detalhe do character design também me surpreendeu, e, tal como a animação é de uma qualidade e coerência muito boas.
Acho que vou levar imenso tempo a habituar-me que houve um salto qualitativo nos valores de produção no anime, muito graças à introdução da pintura e acabamentos por computador, que poupam tempo e elevam a qualidade e coerência. Os computadores permitem a adição mais fácil de padrões e texturas, como por exemplo os olhos ou cabelos em Oshi no Ko.
Infelizmente esta primeira temporada, sim, primeira porque TEM DE HAVER uma continuação, não chega a conclusão nenhuma, apenas acompanha o primeiro sucesso da banda B-Komachi (parte 2), a banda de Ruby, filha secreta de Ai, e irmã gémea de Aqua, o protagonista da história. É verdade que Oshi no Ko só tem 11 episódios, portanto estabelece os protagonistas, os segredos e mistérios, o objectivo (sinistro) de Aqua, mas nem sequer sugere algum tipo de resolução. Portanto tenho de esperar, mas já foi anunciada a segunda temporada.
Gostei bastante desta série, foi uma surpresa, é muito bem produzida, cada episódio está bem estruturado e não há momentos para encher. Sim, terminou num impasse, quero saber o que vai acontecer a Ruby e Aqua, à explicação das suas vidas passadas, mas também às outras personagens que entretanto se juntaram aos gémeos. Espero que se mantenha a sensação de inquietude, de que nem tudo é o que parece que premeia a série, mas também espero por uma resolução convincente.
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