19.6.21

Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha Hen

Mais uma vez o trabalho deitou-me um anime no colo: Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha Hen, o filme de Kimetsu no Yaiba. Esta é mais uma daquelas séries que fiquei a conhecer através do cosplay, quando há alguns anos houve um boom de pessoas a fazer cosplay de Tanjiro ou Nezuko. Fiquei com alguma curiosidade, mas pouco mais...

O que me vale, para o trabalho, é que o filme vale por si e não foi preciso ver a série para perceber o contexto. E, em caso de dúvida, nada que uma pequena pesquisa na Wikipedia não resolva.

Kimetsu no Yaiba é um shounenzinho simpático, com as clássicas personagens maniqueístas, mas que se passa no início do séc.XX, ou fim do XIX, onde crianças são Caçadores de Demónios. O filme é uma espécie de episódio alargado, como aliás muitos filmes anime, surgidos de séries. 

A história, apesar de simples, está contada de uma maneira eficaz. Logo na segunda cena, através do modo como entram na missão, percebe-se o carácter de cada um dos Caçadores e a outra informação relevante é-nos dada quando encontram o mentor, Rengoku. As personagens são carismáticas q. b., provavelmente mais ainda para quem viu a série, e a história e a acção desenrola-se de forma linear, sem grandes surpresas. Por outro lado, os vilões, os demónios, são demasiado irritantes e nem dá gozo vê-los a apanhar. E depois, surge uma excelente oportunidade de usarem o seu ponto fraco e é desperdiçada.

O filme explora temas do sobrenatural, dimensões, subconsciente ou chakras, que suponho já tenham sido bastante abordados na série. Também é mais um que usa os elementos, água, fogo, vento e terra, neste caso é rocha, como o principio maniqueísta de caracterização dos protagonistas. Felizmente também introduz variantes, o que torna a série interessante. Outro grande ponto de interesse é eles seguirem técnicas de combate dos samurais, portanto com katanas, e o contexto da era Meiji (entretanto li algures que é era Taisho - 1912-1926), que torna o guarda-roupa automaticamente interessante, com muitos kimonos e semelhantes, com combinações de cores e padrões algo incomuns no anime.

É óbvio que muitas das temáticas são baseadas no folclore sobrenatural nipónico e no kaidan. É principalmente por isso que agora quero ver a série e ler a manga. Isso e o facto de o filme ser bem construído, mesmo que dois terços sejam combates. E o raio dos vilões têm a mania dos discursos wagnerianos, não se calam, rais'parta!

Tecnicamente, o filme é soberbo, gosto da imagem geral, dos cenários, de se passar sobretudo à noite (por motivos da narrativa) e, estranhamente, acho que o character design fofinho se integra muito bem nos cenários mais realistas. A paleta de cores foca-se em cores de pedras preciosas e a animação é muito boa. Não gostei muito do character design dos demónios, têm detalhes interessantes, como as íris, mas no geral acho-os demasiado complicadinhos. A animação 3D é demasiado 3D, isto é, não se funde inteiramente com a restante animação. As cenas de luta e invocação das técnicas são muito bem coreografadas, uma pessoa não fica perdida, e as técnicas são mesmo bonitas. A grande melhoria no anime dos anos 2000 em diante, é que já não se vê animação inconsistente e mesmo as séries de baixo orçamento são muito bem feitas. Portanto, é redundante ainda falar na qualidade da animação. 

Porque será que quando vejo a maioria dos shounens, parece que estou num jogo de combate, tipo street fighter? Dragon Ball Z é assim, Naruto é assim, Saint Seiya é assim. Basicamente os protagonistas vão saltando de luta em luta, fazendo pequenos upgrades a cada vitória. 

Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha Hen é um filme simpático, que certamente irá agradar mais aos fãs, mas que se vê muito bem independentemente disso.

劇場版「鬼滅の刃」 無限列車編

 


10.6.21

Koi Suru Vampire

Há alguns anos, um amigo meu andava à procura deste filme, sem o encontrar e, entusiasmada pela estética "vampire pink" do cartaz, fui à caça. Mas nos sítios habituais da candonga, não encontrava rigorosamente nada, menos ainda com legendas em inglês (o meu amigo não fala japonês). Até que, num último recurso, fui ver ao YouTube. Encontrei duas versões do filme, uma em japonês (e tailandês), com qualidade decente, e outra, com legendas em inglês, de que eu afinal precisava, pois não percebo patavina de tailandês, mas com uma musiqueta de fundo, baixinho, calculo para se esquivarem à censura youtubica, que às vezes chateia, outras nem por isso. Deixo os dois links no fim do post.

O filme é uma historieta romântica de uma vampira, Kiira, que se apaixona por um mortal, Tetsu. Já se percebeu o conflito... Depois de conhecer o seu mortal, Kiira sofre uma desgraça na família, que faz com que vá viver com a tia jeitosa, na prosaica Yokohama, e ajudar na padaria da família, vampira, Ban Panya (um trocadilho à japonesa, o nome da família é Ban e "panya" significa padaria, tudo junto dá, foneticamente, "vampire"). Ela vive feliz a sua vidinha de pasteleira, mas volta a cruzar-se com o seu amor, ao mesmo tempo que a tragédia do passado também a alcança. Naturalmente, como o bom shoujo romântico que é, termina tudo na paz dos anjos.

O filme usa alguns dos cânones clássicos da mitologia dos vampiros, o morder, a sede de sangue, o viver para sempre e não envelhecer, detestar alho e prata e pouco mais. Ignora outros, como andar à luz do dia, crucifixos, não me lembro se se vêem ao espelho ou não, e mais umas quantas. Depois introduz o amor romântico, as tradições de família e vampíricas, a música pop, as amizades, tudo envolvido pelo tema da pastelaria kawaii.

O filme é morno, estava à espera de ser mais kitsch e de me divertir com isso, mas mesmo assim é engraçado. Adorei os trocadilhos com os nomes: Ban Kiira = VanKiller; Ban Panya = VanPire; etc. e do amor dela ser músico aspirante. A história de Kiira é clássica, mas contada sem muito dramatismo, apesar da tentativa na narração inicial, com grafismos góticos e da iluminação e décor gótico da mansão da sua família. Mas a coisa não deixa de ser morna o que torna tudo levezinho demais. Gostava de ver ou melhor dramatismo, ou uma encenação num tom de comédia camp ou kitsch.

E depois há aquele estilo interpretativo dos actores japoneses, cheios de maneirismos do kabuki, que para os japoneses é capaz de passar despercebido, mas que a nós, ocidentais, causa sempre estranheza. Mas, nas poucas cenas mais dramáticas do filme, eles mudam de registo e revelam-se actores decentes, capazes de interpretações dramáticas e com emoção e empatia.

Fora a sequência inicial, na mansão "gótica" dos Ban e um ou outro efeito ao longo do filme, há muito pouco de fantástico, menos ainda de terror, para um filme com "Vampire" no título. Mesmo assim, já não via um dorama há bastante tempo, soube bem, mas também soube a pouco.

Koi Suru Vampire  Vampire in Love 2015 Engsub (a tal versão com a musiqueta)

恋する•バンパイア Vampire in Love 2015 (o original)

恋する•ヴァンパイア

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