20.9.13

Heroes of Cosplay



Quando ouvi falar da série do Sy-Fy Heroes of Cosplay fiquei de antenas no ar. Por mais que deteste reality shows, um acerca de um dos meus passatempos favoritos, tinha que ver. Já escrevi a minha primeira reacção (em inglês) num journal no meu DA [It's Just a Silly Show] onde manifestei o meu choque pelas reacções violentas de ódio que senti pela internet. Cerca de quatro semanas depois ainda defendo o meu ponto de vista.

Heroes of Cosplay é realmente apenas tolinho, altamente ensaiado e não pretende mostrar o que realmente é o cosplay para a maioria dos cosplayers. Apenas é um reality show onde só interessa o drama, com gente espampanante de preferência. Querem gente mais espampanante que os cosplayers? Só mesmo travestis. O programa foca-se essencialmente em concursos, que é apenas um lado do cosplay, o lado que uma minoria escolhe. A escolha do elenco incidiu essencialmente num grupo de pessoas que já se conheciam entre si, com graus diferentes de aptidões e de reconhecimento na comunidade americana. Pelo que deu para perceber, poderiam ter sido estas pessoas ou outras quaisquer, desde que preenchessem os requisitos para cada "personagem". Sob o filtro da montagem agressiva que nos dá muito provavelmente uma imagem errada das pessoas, então vamos a eles:

Yaya Han, a grande vedeta do programa, uma cosplayer bem conhecida (eu já a conhecia - não pelas razões certas - boobs!) que tem um negócio derivado do cosplay. No programa ela passa como a "rainha", a grande autoridade do cosplay que na maioria dos episódios é júri nos concursos. Para mim ela é boa cosplayer, tem fatos muito elaborados e bem executados, usa materiais caros, rodeia-se de bons fotógrafos e tem disponibilidade para fazer sessões de fotografia profissionais. Embirro com o facto de ela valorizar demasiado a sua identidade em detrimento de uma certa fidelidade ao design original. Um exemplo é o fato de C.C. de que prefiro muito mais a versão da cosplayer portuguesa Ureshii (na imagem).

Ricky LeCotay, cosplayer com uma vertente de construção e moldagem forte que quer vingar no meio dos efeitos especiais. Passa como a profissional dedicada e vê-se bastante a construir os fatos apesar da ajuda ocasional do namorado/marido. Achei-a boa cosplayer, em geral gostei das personagens escolhidas e o fato de Rocketeer encheu-me as medidas! Muito bem escolhido, muito fiel ao design original (da banda-desenhada) e muito bem feito.

Monika Lee, talvez a mais novinha, discípula de Yaya Han, tem jeitinho mas raramente se vê a fazer seja o que for. Passa pela "bitch" de serviço, é a única que nunca tem nada de agradável a dizer. Gostei dela como cosplayer, é bonitinha, gostei inclusive das escolhas de fatos, não gostei da atitude mas acho que tem bom potencial como cosplayer. Talvez se não perdesse tanto tempo a falar dos outros a qualidade geral melhorasse.

Viktoria Schmidt, uma cosplayer mediana. Passa como a calona de serviço que não faz nenhum, atrasa-se sempre e acha que tem potencial para ser muito boa. Detestei as escolhas dela, achei que a abordagem dela era fútil e pouco esforçada e sobrevaloriza o próprio potencial. Os fatos eram mal executados, a grande maioria do trabalho era feita pelo namorado, que era tratado como escravo para todo o serviço. Estranhamente, fora do primeiro plano do programa achei que os cosplays dela eram melhores, talvez não fossem feitos por ela.

Chloe Dykstra, apresentadora de um programa no Nerdist chamado Just Cos. É apresentada como a "newbie" que não percebe nada do assunto e que tem uma visão idealista dos concursos de cosplay. Gostei dela por duas razões, é filha de John Dykstra, um nome que conheço há mais de duas décadas por ser um dos criadores de efeitos especiais em Star Wars e não só, e pela sua atitude desprendida. Apesar de passar pela deslumbrada boazinha, vê-se que sabe o que anda a fazer e escolhe bem as personagens. Não percebi porque, depois dela ter feito o fato de Lydia Deetz a colocam a "lutar" com a máquina de costura (da Hello Kitty ) no 5º episódio. Cronologicamente não faz sentido e duvido que ela não saiba costurar.

Jessica Merizan e Holly Conrad, são uma dupla de cosplayers que também tem um negócio de "prostethics" em conjunto. São apresentadas como a equipa que se desentende sempre e depois falha por causa disso. Apesar de terem um estilo completamente diferente do meu até achei que elas funcionam bem como equipa e que os resultados, embora algo atabalhoados, são bons.

Becky Young, cosplayer mediana. É apresentada como a "underdog" com falta de amor próprio, a desgraçada que é mal tratada por todos e considerada uma parvinha chorona. Tem dificuldade com grandes adereços e insiste em fazê-los, ou mandar o colega de quarto fazê-los, mas é esforçada, desenrasca-se bem na costura e tem um bom desempenho em palco.

Jess Lagers, o único homem e claramente um adepto do steampunk, quer vingar nos concursos de cosplay. É mostrado como o artista frustrado que gasta o que tem e o que não tem para os concursos de cosplay e nunca ganha nada. A nível de adereços e grandes peças pareceu-me que o trabalho dele não é mau, mas no último programa percebe-se bem que o nível de costura dele é muito fraco, cose torto, utiliza linhas de cor contrastante onde não fica bem e faz outros erros básicos de costura.

O programa mostra um lado muito exagerado do cosplay, focando-se nos concursos, menosprezando o que eles chamam "floor cosplay", cosplays que não vão a concurso, e deixando-nos de água na boca para ver alguns cosplays com muito bom ar que passam de raspão pelo écrã. Os gráficos que nos mostravam a "transformação" dos cosplayers nas personagens eram muito manhosos, teria sido preferível não tentarem fazer um efeito-todo-especial e fazerem algo mais interessante como uma mini sessão de fotografias. Aparentemente a cenourinha dos concursos americanos são prémios em dinheiro, por cá quando muito ganha-se um vale de compras dum patrocinador qualquer ou, no caso das eliminatórias dos concursos internacionais, alojamento e viagem à borla para os concorrentes vencedores - eu acho. Não estranhei haver tanto destaque para fatos de comics ou filmes de Hollywood ou mesmo para jogos, estranhei haver tanto desprendimento no juízo de cosplays originais ou variantes "criativas" de designs existentes. Para mim cosplays originais são um contrasenso, mas não me vou alargar nisso. O certo é que ambos são colocados ao mesmo nível nos concursos americanos o que me leva a questionar os critérios de pontuação. Por cá os cosplays originais não são permitidos na maioria dos concursos. Tive alguma pena de haver poucos cosplays baseados em anime, mas era previsível. Também estranhei a maioria dos concursos não ter skit (cá são quase fundamentais), portanto apenas os fatos são avaliados. Certamente que cada convenção/concurso tem as suas regras próprias e muito mais critérios que os que nos são mostrados, mas pelo menos para isso serviu Heroes of Cosplay, para vermos o que motiva os cosplayers americanos que têm claramente um estilo diferente dos europeus e dos asiáticos.

Para exacerbar o drama, os cosplayers são mostrados a começar fatos algo elaborados nas vésperas das convenções, muito improvável, a empenharem as suas vidas pessoais e económicas pelo cosplay e a arriscarem a sua saúde em nome do espectáculo, pouco saudável. Claro que um reality show que não incluísse tudo isto seria aborrecido, mas preferia que o programa tivesse focado mais na parte da construção, e menos no drama. Talvez o tiro lhes tenha saído pela culatra, pois nos programas finais mostraram a maioria a ganhar qualquer coisa e todos muito amiguinhos num final feliz cheio de corações.

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo e isso viu-se fora do écrã. O vestido do Tron de Viktoria é originalmente da designer de moda Betsey Johnson, houve várias violações de direitos de autor por parte do Sy-Fy, utilizando fotografias sem a autorização dos fotógrafos e ainda menos sem lhes pagar os direitos, alguns intervenientes sentiram a necessidades de se retratar publicamente após a emissão do programa, etc.. Isto leva-me ainda mais a questionar a seriedade com que o programa foi feito, pois em geral pareceu-me produzido muito em cima do joelho, muito no desenrasca, pouco profissional e dependendo quase inteiramente dos cosplayers para animar a coisa. Quase parecem algumas convenções em Portugal... Sendo claramente um programa barato e sem grande produção, pergunto-me se não seria preferível não o terem feito. Era para encher chouriços? Sem dúvida!

Não deixando de achar Heroes of Cosplay um programa fútil e pouco representativo do que é o cosplay para a maioria dos adeptos, acho o saldo positivo, deu para aprender uma coisinha ou duas, é interessante ver como as coisas são encaradas do outro lado do oceano e praticar o lado voyeur de cada um de nós, que aliás é o que em geral nos leva a ver reality shows. Outra coisa que deu para perceber é que o nível dos cosplayers portugueses é, em geral, mais alto que o dos americanos, o que nos falta são os meios para fazer o que eles fazem, mas o talento está cá.

Agora a questão levanta-se: será que vai haver nova temporada? Se houver, será que se mantém o elenco? Veremos...

Heroes of Cosplay

apesar de termos o canal Sy-Fy, Heroes of Cosplay só passou nos Estados Unidos...

6.9.13

Jewelpet / Jewelpet Twinkle / Jewelpet Sunshine

Em geral estou sempre de olho nas séries anime que passam no Panda e no Panda BIGGS, onde quase por norma passa sempre um mahou shoujo muito direccionado à comercialização de merchandise. As várias séries de Jewelpet são disso exemplo mas nem sempre parecem ser as mais eficazes.

Gostei muito da primeira série, Jewelpet, em que vi semelhanças com Onegai My Melody (também da Sanrio), que aliás adorei. Nesta série são nos introduzidas as Jewelpets, o produto de merchandise da série, e a grande protagonista, Ruby. Como o nome indica, as Jewelpets são mascotes fofinhas associadas a uma pedra preciosa que fazem magia. Às vezes o nome da Jewelpet é indicativo da pedra, Ruby, Garnet, Saffy, outras é menos óbvio, como Diana. Em japonês diamante soletra-se "da-i-a-mo-n-do" e Diana "da-i-a-na", portanto é uma daquelas associações de ideias muito japonesas. Nesta primeira série o mundo dos humanos desconhece a existência das Jewelpets e de Jewel Land, mas facilmente as aceita como se não fosse nada de extraordinário. Vejo aqui inspiração directa em Pokemon, mas mais direccionado para raparigas. Aqui as Jewelpets associam-se a um ser humano que em geral necessita do poder da respectiva Jewelpet. Ruby, cujo poder é a coragem, associa-se a Ringo a quem falta coragem. Para além disso há uma linha narrativa de conquista de poder através do mal com a possibilidade do fim do mundo, que Ruby tem a a missão de combater. A série passa-se metade em Jewel Land e metade no mundo dos humanos.

O character design dos humanos é bonitinho, moderno e simples, sem ser demasiado cor-de-rosa ou cheio de folhos e lacinhos. As personagens são simpáticas e as histórias compensam o excesso de "fofura" das Jewelpets. É uma série que se vê bem, é gira e engraçada e, se o merchandise existente nas lojas portuguesas fosse mais bem feito e engraçado, talvez servisse bastante bem a sua função.

Jewelpet Twinkle não é bem uma continuação da primeira série mas um spin-off, uma variante. As Jewelpets e as regras de Jewel Land mantém-se sensivelmente as mesmas, mas há uma mudança algo confusa nas personagens humanas. O character design é pior, mais rebuscado e menos interessante, com o tal excesso de folhos e lacinhos que não tinha na série anterior. Os nomes de algumas personagens mantém-se e quando isso não acontece é o character design que emula o da série anterior, aliado a personalidades a semelhantes. Torna-se confuso pois o universo alterou-se, agora as Jewelpets já fazem parte do quotidiano e os humanos têm a possibilidade de estudar magia em Jewel Land (uma possibilidade inédita e rara na série anterior), mas aparentemente as personagens humanas são as mesmas e não o são. E portanto é melhor não pensar nas duas séries em continuidade. Esta série passa-se 75% em, Jewel Land e o tempo no mundo dos humanos corre muitíssimo mais devagar, podendo as raparigas ficar descansadas quanto à sua ausência.

Surge uma sub-narrativa de um drama de gémeos (humanos) separados e da possibilidade da destruição através do excesso de magia negra. Os vilões agora são humanos e não Jewelpets. Fora um ou outro detalhe, a série é muito mais fraca que a anterior e as incongruências são demasiadas.

Jewelpet Sunshine melhora um pouco mas não o suficiente. É mais uma vez um spin-off, o character design volta a ser mais apelativo mas continua a emular os anteriores e volta a surgir a sub-narrativa dos gémeos separados. Desta vez não há um grande vilão prestes a destruir o mundo, apenas uma série de episódios no final que trazem um desequilíbrio na magia. Ao contrário das séries anteriores, agora os humanos não fazem magia mas estudam internos em Jewel Land como se fossem estudar para o estrangeiro. Nada demais. Achei imensa piada às duas Jewelpets mais fofinhas, Labra e Angela serem mas mais subversivas, aparecendo com armas pesadas, a citar o Easy Rider e Angela transforma-se em mota e vence corridas com a rebelde Shouko (uma humana). Esta série passa-se 95% em Jewel Land e o tempo corre ao mesmo ritmo em ambos os mundos.

A cada série vão sendo introduzidas novas Jewelpets, à laia de colecção (mais uma semelhança com Pokemon)  e algumas outras personagens. Há Jewelpets que vão ganhando ou perdendo protagonismo conforme a série, tal como Diana, a grande vilã da primeira e mera figurante na terceira. Em Jewelpet Sunshine também são introduzidas personagens antropomórficas que não têm poderes mágicos. O professor Iruka, um golfinho, um gorila, uma cabra, um mosquito... Mantém-se a Rainha Jewelina, a mãe/deusa das Jewelpets.

Há mais duas séries Jewelpet, Jewelpet Kira☆Deco—!Jewelpet Happiness. Se passarem no Canal Panda depois digo de minha justiça. Das três primeiras recomendo Jewelpet, dispensava Jewelpet Twinkle e veria Jewelpet Sunshine para passar o tempo, pois tem algumas coisas com piada.

Não tenho noção do sucesso das séries entre o público-alvo, dá-me a sensação que em Portugal não serviram a sua função de vender merchandise, talvez por o mesmo ser muito foleiro. Mas não deve ser a série de anime mais marcante que já passou neste canal. Com certeza!

ジュエルペット-宝石の目をもつ33匹のペットたち!|セガトイズ
Jewelpet
TVO テレビ大阪: ジュエルペット 宝石の目をもつ33匹のペットたち!
Jewelpet Twinkel
テレビ東京・ジュエルペット てぃんくる☆
Jewelpet Sunshine
テレビ東京・あにてれ ジュエルペット サンシャイン

Canal Panda

4.9.13

Panty & Stocking with Garterbelt

Esta é a série anime mais desbragada que já vi! De todos os animes mais "fora" ou subversivos que tentei ver até agora, aparentemente apenas Panty & Stocking with Garterbelt foi aquela que pegou. O primeiro que tentei ver foi Oh! Super Milk-chan mas o mais que consegui arranjar foram uns meros clips. Mais recentemente tentei ver Mach Girl, da qual só encontrei o primeiro episódio. Mas o nome Gainax certamente pesa, pois consegui ver Re: Cutie Honey, que aliás adorei. Novamente o peso do nome Gainax faz-se sentir e Panty & Stocking caiu na boca do povo. Mas o facto não deixa de ser intrigante.

Panty & Stocking é do mais subversivo que vi até à data, juntando um character design mais colorido e estilizado, a fazer lembrar as Powerpuff Girls e outras séries de Genndy Tartakovsky para a Cartoon Network, a uma narrativa debochada, sexualmente explícita e sem vergonha absolutamente nenhuma, o que é, no mínimo, surpreendente. Como sempre gostei de coisas subversivas e sempre me deparei com a incompreensão ou falta de apelo à maioria das pessoas, pergunto-me o que, para além do nome Gainax e um character design brilhante, que grita para eu fazer bonecas de papel, tornou a série tão popular. Séries subversivas, sejam elas anime ou outro estilo, tendem a ser quase sempre séries underground ou de culto e raramente passam daí. Os seus fãs são fiéis, mas poucos.

Isto leva-me a outra questão. Foi o cosplay que me despertou a atenção para esta série. Houve uma altura em que em qualquer evento havia sempre alguém de Panty, Stocking ou outra personagem da série. Claro que não é só isso que me leva a ver uma série, ao pesquisar percebi que era bem capaz de gostar e realmente é raro a Gainax nos oferecer algo menos que bom. É verdade que muitas vezes o que me leva a ver uma série anime ou ler uma manga é o aspecto visual, e creio que estou longe de estar sozinha nisto. O que me faz continuar a ver ou a gostar já não é apenas isso, mas a narrativa, como está construída e como empatizo com ela e com as personagens. Se o aspecto visual e da narrativa estão equilibrados, isso faz essa série de anime entrar no meu top de séries que recomendo. Então voltemos à questão que me tem martelado na cabeça desde que comecei a ver Panty & Stocking: Será que os cosplayers da série a viram e têm verdadeira noção do que ela trata? Elas fazem dança de varão na transformação e usam roupa interior como armas! Para não falar nas diversas cenas a raiar a pornografia que entram em todos os episódios. Eu sei que cada vez há menos tabus sexuais e que os adolescentes são bem mais espevitados do que há 10-20 anos, mas P & S não é um anime fútil e tem mais camadas para além de uns gráficos coloridos e apelativos. Não consigo deixar de acreditar que parte dos cosplayers que veste fatos de Panty ou Stocking o faz com uma grande dose de ingenuidade e que outra parte o faz com uma dose de exibicionismo. Acredito que haja verdadeiros fãs pelo meio, mas também acredito que sejam uma minoria. Não digo isto com intenções de criticar as escolhas de cada cosplayer, mas conhecer e gostar da série e personagens retratadas em geral ajuda muito no resultado final e torna o passatempo menos fútil.


Para além do lado subversivo e dos gráficos coloridos, nota-se que Panty & Stocking é uma série com uma produção surpreendente, para além de a animação não falhar, a série alia diversos estilos gráficos. Primeiro temos o estilo gráfico principal, tipo Powerpuff Girls, nas transformações em anjos de Panty e Stocking surge um estilo mais anime tradicional, com proporções mais longinlíneas, traço fino e detalhes, estilo esse também usado sempre que as meninas seduzem alguém, e por fim, os fantasmas explodem em 3 dimensões, em stop motion como nos super sentais. Pelo meio aparecem às vezes outros estilos, por exemplo à South Park, e outros. Mama! Esse investimento, que implica técnicos com aptidões diferentes, demonstra que há um orçamento alto e uma produção rigorosa e cuidada.

A série tem um ritmo muito acelerado, bem reforçado por uma banda sonora synth-pop, cujo genérico inicial é da autoria de Taku Takahashi, dos m-flo, episódios curtos (cada episódio tem duas histórias) e uma linha narrativa base muito simples. Elas são anjos caídos e têm de reunir suficientes moedas celestiais para voltar ao céu. Achei piada cada episódio ter um título que é uma citação de algum filme, série, música ou outro aspecto da cultura pop bastante conhecidos: Death Race 2010 (Death Race 2000, no original), Sex and the Daten City, Catfight Club, Pulp Addiction, High School Nudical, com gráficos a condizer e participações especiais de personagens dos filmes de Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e afins. Muito bom!!

D City Rock - We are Angels [Anarchy] - TeddyLloyd ft. Debra Zeer

Panty & Stocking with Garterbelt - Gainax.net
Panty&Stocking with Garterbelt -パンティ&ストッキングwithガーターベルト

29.8.13

Ginga Tetsudo 999: Eien no Tabibito Emeraldas

Aos poucos vou encontrando e vendo filmes ou episódios aleatórios do vasto universo de Leiji Matsumoto. Desta vez foi um episódio especial de Galaxy Railways, ao que sei uma segunda versão de Galaxy Express 999.

Este episódio, aparentemente uma versão alargada do episódio 22 de Galaxy Railways, desvenda um pouco a relação entre Maetel e Esmeraldas. Como ainda estou longe de ter visto tudo o que há para ver destas duas, houve algo que me deixou confusa: Maetel e Esmeraldas não são irmãs? Apesar de o filme não ser muito esclarecedor, dá a ideia que ambas têm pouca intimidade, mas a informação para além de confusa é inconsistente, portanto é melhor não me debruçar mais nisso.

O filme/episódio especial em si não é particularmente interessante, a história está claramente fora do contexto e sem ter visto a série traz confusão ao espectador. Não sobrevive sozinha. A animação é mais rudimentar que dos episódios que vi de Galaxy Express 999 e o character design menos cuidado. Nota-se que é uma produção barata, talvez para encher algum espaço de programação sazonal e não faz justiça à obra de Leiji Matsumoto.

Apesar de fraco, mais uma vez algo que venha das mãos desse senhor, deixa-me com mais vontade ainda de ver o resto, nem que seja para preencher os espaços em branco.

Ginga Tetsudo 999: Eien no Tabibito Emeraldas - ANN

26.7.13

Code Geass - Hangyaku no Lelouch R2

Apesar de ter transitado quase de imediato da primeira para a segunda série de Code Geass, acabei por ver a segunda série mais lentamente que a primeira. No geral gostei mais da segunda, apesar de ser menos intensa, menos dedicada às personagens e com mais batalhas épicas. Como a vi mais espaçadamente, houve momentos em que o meu entusiasmo esmoreceu um pouco. Talvez não estivesse na disposição para ver uma série como esta ou então estes factores, aliados a menos disponibilidade, não ajudaram.

Houve realmente melhorias significantes de uma série para a outra, menos sentimentalismo, mas também menos intensidade de emoções. As canções de Orange Range e Ali Project já são bem mais adequadas a uma série épica, as Ali Project ficam sempre bem junto com a arte das CLAMP e as canções também me são bem mais agradáveis ao ouvido. Gosto das Ali Project e não desgosto dos Orange Range, apesar de não ser fã de nenhum dos grupos.

Senti que o character design degenerou um pouco, as caras deles parece que se tornaram um bocado triangulares, cheias de vértices (ah pois, um triângulo só tem três! XD), mas no decorrer da acção isso é pouco significante.

No meio de toda esta intriga política, familiar e guerras sem fim, houve duas ou três personagens que me chamaram mais a atenção, fora do círculo dos protagonistas. Uma é Viletta, que foi a única que personificou o desejo de paz de Lelouch e Suzaku, apaixonando-se e engravidando, para além de que é uma bad ass de primeira. Gosto! Também gostei bastante da Cornelia, que ao contrário da irmã Euphemia não é uma tontinha ingénua, mas uma mulher consciente das circunstâncias e suficientemente inteligente para mudar de opinião em prol das mudanças que enfrenta, decidida e generosa. Nunnally, que ao princípio parecia uma versão ainda mais débil de Euphemia, amadureceu e revelou-se mais esperta do que parecia. Já para não falar de C.C., uma feiticeira cheia de sentimentos humanos, por quem eu torci desde o primeiro momento.

O final de Code Geass - Hangyaku no Lelouch é bastante bom e coeso, não é apressado nem deixa pontas soltas onde não deve. Nota-se que toda a história foi bem desenvolvida e o final é mais que satisfatório e até emocionante na dose certa.

Este post até parece falta de entusiasmo, mas gostei muito destas séries, o facto de ter visto a segunda de forma muito espaçada e a ter terminado quase à força não influenciaram a minha opinião sobre a série, mas influenciaram a escrita menos entusiasta deste post. A grande qualidade de Code Geass é que apela a quem gosta de mechas e batalhas do mesmo modo a quem gosta de histórias épicas e emocionais. É um anime muito bem construído, lindíssimo, com personagens fortes e coerentes e de certa forma um híbrido novo que alia acção com romantismo, esbatendo as fronteiras do que os rapazes e as raparigas "supostamente" gostam.

コードギアス 反逆のルルーシュR2

2.5.13

Terminei de ver: xxxHOLiC dorama


xxxHOLiC já estava a derrapar, eis que surge Maya Kitajima! Bom, não é a Maya propriamente dita, mas sim Yumi Adachi, a actriz que interpretou Maya em Glass no Kamen (dorama, claro).

A segunda metade de CLAMP Dorama xxxHOLiC foca-se quase inteiramente na história de Watanuki com Jourogumo, a sinistra mas sedutora aranha, e é Yumi quem a interpreta. Se já tinha ficado impressionada com Yumi e Rio Matsumoto em Glass no Kamen, em xxxHOLiC ela salva literalmente a pátria! No dorama esta parte é uma condensação de várias histórias da manga para dar algo parecido a um fim à série, sem comprometer a sua possível continuação. As personagens de Himawari e Zashiki Warashi são fundidas em Himawari e são retirados os elementos mais sinistros de todo o tema de possessão que domina esta parte da narrativa. Não deixa de ser um tanto sinistro, muito graças a Yumi, pois é a sua interpretação adocicada e perversa que nos fazem esquecer os buracos na narrativa, a péssima interpretação de Shôta Sometani (Watanuki) e Karen Miyazaki (Himawari), o guarda-roupa a meia-haste e a decoração preguiçosa.

Em toda a série, fora Yumi Adachi, que está numa categoria completamente acima dos outros actores, Anne, como Yuuko, satisfez-me um tanto e a surpresa foi Masahiro Higashide como um Doumeki fascinante. Mas grande parte da minha insatisfação com os actores e suas interpretações também vem do modo como as personagens foram adaptadas para este dorama. A Yuuko falta imenso sex appeal, sentido de humor perverso, o lado bêbado politicamente incorrecto e um pouco de firmeza, a firmeza de quem é bem mais velho que aparenta. A Watanuki falta o lado pateta e um pouco histérico e adicionaram-lhe uns traumas familiares que não faziam grande falta, a Himawari falta ser mais kawaii, mais desligada e a empatia com o público, pois não fora essa empatia, Himawari é uma personagem detestável. Só se safa realmente Doumeki pois foi a única personagem que se manteve praticamente igual à caracterização na manga. Mesmo Ame Warashi foi suavizada e a actriz, apesar de não ser das piores, tem uma grande falta de presença. Ame Warashi faz sempre entradas de vedeta, tcharããã!

Visualmente senti sempre xxxHOLiC dorama como falso e preguiçoso. O guarda-roupa ou estava mal feito ou eram peças existentes modificadas. A excepção foram ambos os vestidos de feiticeira do tempo (preto e branco) de Yuuko, mas, em prol da narrativa e da caracterização da personagem, preferia que tivesse havido apenas um. As cores dão significado às personagens, principalmente numa história como xxxHOLiC e o facto de a Yuuko usar uma versão preta (mal/escuridão) e uma versão branca (bem/luz) do mesmo vestido, faz dela no último episódio uma espécie de anjo redentor, coisa que Yuuko está muito longe de ser. Preferia uma versão híbrida com elementos de ambos, por exemplo preta, de renda e mousseline com os detalhes a branco do design da manga em prateado. No geral o guarda-roupa parece uma má falsificação dos designs magníficos das CLAMP, definitivamente uma péssima interpretação dos mesmos que, como quem faz cosplay muito bem sabe, não são fáceis nem baratos de fazer. O cenário pior ainda, dependeu quase exclusivamente da decoração, tinha poucos cenários construídos de raiz e a decoração pareceu ser algo: "vamos lá ver o que temos no armazém que possa servir".

Por fim, houve uma coisa que me fez IMENSA confusão desde o início: Maru, Moro e Watanuki de sapatos em cima de tatami! Se a mim, que não sou japonesa, isso me parece quase um sacrilégio, não sei o que pensar da pessoa que tomou essa opção. Será que havia ocidentais inflitrados na produção para apelar a um público mais vasto? Creio que a indústria do anime já teve provas que isso costuma ser o caminho para o desastre...

Enfim, tinha de ver CLAMP Dorama xxxHOLiC, mas foi a excepção que confirmou a regra, nem todos os doramas japoneses valem a pena, pois este falhou no aspecto em que os que vi nunca falham, na dramaturgia.

CLAMPドラマ ホリック xxxHOLiC

RAW

1.4.13

Terminei de ver: Code Geass - Hangyaku no Lelouch


Pois, terminei de ver Code Geass - no Hangyaku Lelouch com um cliffhager gigantesco no final... portanto, vou começar a ver a R2.

コードギアス 反逆のルルーシュ

22.3.13

Comecei a ver: Code Geass - Hangyaku no Lelouch

Code Geass é daquelas séries que estava no topo da lista de espera há algum tempo. Ando a tentar alternar entre séries vintage e actuais para me manter minimamente actualizada e Code Geass não podia passar em branco.

Na verdade, ao fim de cerca de 10 episódios, estou agradavelmente supreendida. Code Geass mistura vingança, guerra e intriga política com honra, amizade e, quiçá, amor (ainda não avancei o suficiente para saber), uma mistura simples, de conceitos básicos, mas que podem constituir uma boa narrativa se bem equilibrados. Até agora não tenho razão de queixa.

O character design, como é sabido, ficou ao cargo das CLAMP (excepto os mechas e armas) o que resulta em rapazinhos lânguidos e num guarda-roupa sumptuoso. Como a maioria das personagens é realeza, venha o sumptuoso! De resto é uma série visualmente interessante, não se sente diferença entre os dois character designs e a animação é bastante boa.

Gosto das personagens em geral, Lelouch é um misto de bom coração e vingador, o que lhe dá uma personalidade forte e interessante, Suzaku é doce mas não é fraco, gosto da CC, da sua indiferença e sarcasmo, os alunos do colégio têm personalidades desenvolvidas e são um bom veículo para expôr certos conceitos sociais pertinentes para a série, os rebeldes não são totalmente cegos pela revolta, os militares mais que paus-mandados e a realeza de Britannia uns déspotas com um sentido de justiça maior que o esperado. Até Euphemia, a princesinha (literalmente) consegue não ser aborrecida.

A intriga, e é muita, avança bastante depressa e não há muitos mistérios insondáveis que possam mudar o mundo para descobrir. Depois de Penguindrum é de certa forma refrescante... Apesar de a grande maioria dos episódios até agora se concentrar na narrativa principal, bastante dramática e cheia de acção, o 9º episódio brinda-nos com um pouco de comédia que alivia o ambiente. Espero que nos voltem a brindar pontualmente com episódios semelhantes. Code Geass é uma série épica de batalhas e intriga palaciana, é boa para entreter e passar o tempo e vê-se bem sem ser cansativa.

Só não ligo muito à banda-sonora, o tipo de genéricos de Code Geass não me entusiasma e até salto passados poucos episódios, portanto, fora a música de fundo, que tem uma função específica, o resto é paisagem.

コードギアス 反逆のルルーシュ

21.3.13

Comecei a ver: xxxHOLiC dorama

Como normalmente os doramas japoneses me surpreendem pela positiva, estava expectante quando à adaptação de xxxHOLiC, de que tanto gosto. Infelizmente acho que me decepcionei.

Para começar, não gosto dos actores. Anne, que interpreta Yuuko está mais ou menos, mas falta-lhe charme em doses maciças e maquilhagem, o Watanuki é completamente sem graça, Himawari pouco kawaii e só escapa Doumeki, que é o único que corresponde à personagem da manga (e anime) ~ e também é o mais giro XD.

E depois vem o guarda-roupa... Oh sim, um factor extremamente importante para qualquer obra das CLAMP mas em especial nesta. Na manga (e anime) Yuuko raramente repete uma peça de roupa e são todas bem originais e deslumbrantes. Na série há por vezes uma ou outra peça mais interessantes, mas já todas foram repetidas pelo menos uma vez só em 4 episódios. Escapam o vestido em brocado vermelho com gola de pêlo (da cintura para cima) ou a reinterpretação do vestido de Feiticeira das Dimensões em renda, mas no geral as roupas de Yuuko parecem reinterpretações por um aspirante a estilista, que adapta peças existentes a algo vagamente parecido com os desenhos das CLAMP, mas não parece alta costura ou um novo modo de vestir kimonos vintage. Não, nem um kimono (verdadeiro) à vista até agora! O guarda-roupa de Yuuko É luxuoso e o da série devia pelo menos parecê-lo. E era tão fácil! Bastava irem buscar uns kimonos de séries de época, que com certeza têm em acervo, e fazerem o que a Yuuko muitas vezes faz: atarem-nos com um corpete Ocidental e enfeitarem com rendas, acessórios e um penteado extravagante.

Mas o pior nem são os fatos de Yuuko, é a interpretação deles, dos produtores e directores artísticos da série, e estão no seu direito. O pior são os uniformes escolares. O uniforme feminino (de Himawari) parece um saco de batatas preto com gola e punhos brancos, apertado com um cinto. Lembra-me o uniforme com um ar severo do colégio (católico e feminino) que vestiam as minhas vizinhas do lado quando era miúda. O masculino (Watanuki e Doumeki) parece que transformaram uns casacos à pressa e coseram umas fitinhas brancas para os destinguir dos outros... já vi cosplays manhosos mais bem feitos que aquilo! No caso do uniforme feminino, como o das CLAMP é bastante original, até compreendo que fossem por outro caminho, mas aquele vestido?!! Não podiam ter optado simplesmente por um clássico bleiser e saia plissada? O dos rapazes então, não se justifica mesmo, há casacos semelhantes no mercado (de uniformes escolares japoneses) aos desenhados pelas CLAMP, era só preciso mudar os botões e pouco mais. Sim, porque tenho a noção que são precisos pelo menos uns 10 a 20 uniformes para filmar a série, e mesmo assim evitando cenas de multidão. Se o orçamento era baixo, há outras maneiras de contornar estes detalhes de forma a manter uma certa coesão com o original.

Depois de uma interpretação tão boa dos serafuku em Sailormoon, com a experiência que os japoneses têm em fatos "estranhos" com os sentai, estava à espera de muito mais! Eu sei que não é a mesma produtora, mas se iam adaptar xxxHOLiC, cuja componente visual e de direcção artística é tão forte, aumentem o orçamento, por favor! Naoko Takeuchi foi quase militante ao defender a sua criação na adaptação a dorama, não compreendo como as CLAMP, que sempre fizeram isso, desenhando muitas vezes Mokona o guarda-roupa ou character design das próprias séries ou Nanase Ohkawa ser a argumentista principal, deixaram escapar isto, que ainda por cima tomou um rumo que tem pouco a ver com todo o histórico da sua obra: é mais lamechas e menos profundo e dramático.

Os produtores/autores da série quiseram fazer um produto sério e tiraram todo o humor tonto de xxxHOLiC e todos os elementos mais fora, como Mokona, os espíritos antropomórficos e dramatizaram mais, a dar ares de filme de terror, os casos que vão ter à loja de Yuuko. Por outro lado, os efeitos especiais, fora o fumo e as setas de Doumeki, que estão excelentes, são do mais manhoso que há. Engolia muito melhor uma Mokona em peluche, como a Luna em Sailormoon, que umas mãos atrás de uma árvore. Foleiro! O contraste entre o lado negro sobrenatural e as patetices engraçadas do dia-a-dia das personagens é que tornam xxxHOLiC numa manga e anime que me atraem e acentuam o dramatismo da história de fundo de Watanuki e depois Yuuko. Ao tirarem tudo isso da série estão a tirar-lhe todo o charme e fica um resultado seco, desinteressante, artificialmente sério, pois a produção não consegue estar à altura.

Os doramas japoneses têm sempre uma componenete um bocado pirosa, overacting dos actores e bastante exagero em certas cenas, mas essa é uma linguagem própria dos doramas, que aprendi a gostar e que os tornam num produto curioso e original. Esta grande preocupação em querer fazer uma série mais séria com os mesmos meios, sem os utilizar no seu maior potencial, resulta num desastre sem graça e que, sinceramente, vou continuar a ver só porque é xxxHOLiC.

CLAMPドラマ ホリック xxxHOLiC

RAW

18.3.13

Terminei de ver: Mawaru Penguindrum

 
A cerca de metade da série, mais ou menos depois do meu último post sobre Mawaru Penguindrum, comecei a perder um pouco o entusiasmo. Já se tinha percebido mais ou menos a motivação da história, apesar de muita informação continuar nublada, e de repente parece que estagnou um pouco. Mas o final foi satisfatório e se tenho algo a apontar isso dirige-se à série como um todo e não ao final.

A minha maior crítica negativa é Mawaru Penguindrum ir progressivamente entrando cada vez mais num universo de conceitos metafóricos e surreais onde se perde o vínculo com a realidade e também com o espectador. É um fenómeno que também acontece em Kare-Kano (Kareshi Kanojo no Jijou), mas aí de forma bem mais atabalhoada. Em Penguindrum isso foi claramente planeado, mas talvez tenha sido feito de uma forma demasiado rebuscada. Pessoalmente prefiro uma abordagem mais directa ou mais clara. Talvez a tendência de haver cada vez mais diálogos nas séries de anime devesse mudar, grande parte da informação poderia ser transmitida visualmente, mas nisso Kunihiko Ikuhara exagera um bocado. Penguindrum, apesar de ser visualmente lindíssimo, com um character design delicado, de Lily Hoshino, uma paleta de cores apetecível, bom guarda-roupa, tem demasiada informação e é humanamente impossível apanhar tudo à primeira, principalmente para quem é estrangeiro e está a tentar concentrar-se no texto. Mas esse é um problema que à partida os japoneses não têm, mas tenho andado a achar os animes demasiado verbosos, principalmente quando tratam de assuntos mais profundos, e Penguindrum não é excepção.

Os (não) irmãos Takakura cumprem o seu destino, chegam ao fim da linha, literalmente, e o final é comovente. Reafirmo que Mawaru Penguindrum é uma excelente série, não para todos os gostos, mas excelente. A banda-sonora é de louvar e A-M-E-I as WH (Double H ou Triple H, se contarmos com Himari). Ninguém faz uns gifs animados dos banners delas do metro???

輪るピングドラム

CLAMP Festival 2011

Quando soube do CLAMP Festival, acho que no Verão de 2011, quando soube do lançamento da Neo Blythe B2-HOLiC (a minha Yuuko-san) senti um misto de curiosidade e desconfiança: mas que raio se vê num Festival das CLAMP? As quatro no palco a falar do seu trabalho? Isso constitui um festival?

Hoje, quando devia estar a fazer coisas mais sérias, esbarrei com o link para o video do Festival de 2011 (Veoh - procurar "CLAMP Festival") e acabei por vê-lo. São duas horas e meia, não é pouco, e pus-me a fazer as ditas coisas sérias e a ouvir o vídeo. De vez em quando dava uma olhadela. A grande maioria foram canções das diversas séries das CLAMP, com grande enfoque em Card Captor Sakura, Tsubasa -RESERVoir CHRoNiCLE-, Chobits e Magic Knight Rayearth, cujas cantoras/actrizes de voz foram as estrelas do espectáculo. Mas antes da "cantoria" houve um sketch, com a história de Shiritsu Horitsuba, criada para o Festival pelas CLAMP, interpretado por todos os convidados. O sketch permitiu ver como a maioria dos actores são excelentes, mesmo que as mulheres falem quase todas em falsete, e perceber porque o dorama de xxxHOLiC não me anda a encher as medidas (mas disso falarei noutro post). Mesmo sem prestar muita atenção reconheci logo a voz de Yuuko quando a actriz Sayaka Ohara me deixou a rir à gargalhada a gozar com as típicas frases de coincidência e destino de Yuuko. Ohara-san também envergava um kimono pintado pelas CLAMP para o livro Okimono Kimono, prezo a minha cópia como um tesouro pois é o que é! Para quem tem o livro ou os scans, é o beije das borboletas. Ah, e Mika Kikuchi, a actriz de voz de ambas as Mokonas (Soel e Larg) de xxxHOLiC/Tsubasa, é ultra-kawaii!

 

Mas o espantoso foi quando dei por mim a ficar emocionada ao ouvir as canções de Card Captor Sakura, mas o que me derreteu foi mesmo a canção Yuzurenai Negai, de Magic Knight Rayearth, que me fez lembrar dos tempos de uma internet primitiva, de canções arduamente sacadas da net com modems de 33 ou 56, que arruinavam a conta telefónica (o mIRC também) e que eu ouvia, às vezes em loop, no Walkman a cantar no meio da rua. Card Captor Sakura é um excelente anime e manga e, fora xxxHOLiC, tenho algumas saudades dos velhos tempos em que as CLAMP não eram tão notórias. Sou fã das CLAMP desde mais ou menos 1995, já nem sei qual foi a primeira manga delas com a qual tomei contacto, acho que foi Rayearth, ou então X e já li a grande maioria do que elas produziram, mas ainda me lembro dos tempos em que os fãs de anime (assumidos) escasseavam e de esconder o volume 9 de X, quando o lia no Metro, por causa da violência gráfica. É uma pena elas nunca mais terem podido pegar em X para terminar a história, ainda é a minha manga preferida delas. E se eu, que não sou a maior fã do J-Pop-anime do mundo, que duvidei do propósito de um CLAMP Festival desde o início (excepto o negócio colateral de vender merchandise novo) acabei por divertir-me com o vídeo, afinal até valeu a pena e compreende-se que se tenha repetido em 2012 (não sei se houve em 2010 — se houve, não sei).

E nem ares das CLAMP em lado nenhum!

CLAMP.net

22.2.13

Macross Frontier - os filmes

Não sei porquê mas quando vi a série Macross Frontier não vi os filmes. Naturalmente agora já os vi e de certa forma foi boa ideia ter feito um intervalo.

Macross Frontier: Itsuwari no Utahime e Macross Frontier: Sayonara no Tsubasa são uma espécie de recontagem da mesma história da série e ambos são em sequência. Como tal há detalhes que são diferentes o que torna a coisa um pouco confusa. Talvez por isso, em termos de narrativa, gosto mais da série, que é mais completa. Pelo menos uma coisa é boa, o final é conclusivo apesar de ser deixado em aberto. Talvez este ano, ano do 30º Aniversário de Macross, façam um filme ou coisa parecida pegando nos nozinhos que ficaram por atar. Veremos.

A animação, principalmente dos concertos e sequências de batalha, continua a ser fabulosa e bastante superior à média das séries ou filmes actuais, mas a aposta (sempre boa) nessas sequências foi em detrimento da história que nos filmes tem muitos buracos. É verdade que estamos a ver dois filmes onde o que queremos é ver a resolução do triângulo amoroso Sheryl-Alto-Ranka e a salvação do mundo com uma canção. A permissa de todos os Macross é idiota, portanto nesse aspecto, investindo mais nas personagens, Macross Frontier, até mesmo nos filmes onde têm menos densidade, já é melhor. O certo é que a ideia de salvar o mundo com uma canção, apesar de originalmente de Macross, lembra-me sempre e inevitavelmente o filme Mars Attacks, de Tim Burton, e as cabeças dos aliens macrocéfalos a explodir nos capacetes ao som de 'Indian Love Call'. Não consigo deixar de achar a ideia ridícula.

Ambos os filmes de Macross Frontier funcionam de forma autónoma,  podem ver-se sem ver a série ou vê-los como complemento da série. Como são narrativas alternativas acho que deixam ao espectador escolher as versões que mais lhes convém. Como a animação e toda a produção são de fazer cair o queixo, são definitivamente filmes a ver, pois são deslumbrantes e enchem bastante o olho. Até diria que essa magnificência técnica nos faz esquecer facilmente a permissa um bocado tonta.

劇場版 マクロスF 虚空歌姫~イツワリノウタヒメ~
劇場版 マクロスF 恋離飛翼~サヨナラノツバサ~

13.2.13

Cosplay Photoshoot #10

 
Há muito que não falo aqui em cosplay, mas o certo é que ultimamente até tenho andado mais activa. Desde 2010 tenho feito um fato novo por ano (o meu limite orçamental) e tenho ido a mais eventos que o costume. Como o Cosplay Photoshoot comemorou a 10ª edição este ano, não podia haver melhor ocasião para falar em cosplay! Em 2011 vesti o meu fato de Yuuko, do capítulo da neve na versão da manga de xxxHOLiC, pois não gostei das cores demasiado natalícias da versão do anime. Como na manga a ilustração está só a preto e branco, o que era preto deixei preto e o branco optei por um grená. Inicialmente queria um vermelho escuro, mas a pouca escolha em tecidos acabou por condicionar a cor. Acabei por utilisar um veludo grená, que também me "obrigou" a bordar as rosas das baínhas. Ainda me falta bordá-las na baínha da saia, mas o orçamento acabou - as linhas são caras. Em 2012 não fui ao Photoshoot pois era para fazer par com um amigo meu num cosplay bastante elaborado que mal está começado... Como na 3ª-Feira de Carnaval uma amiga fazia anos, aproveitei a festa para voltar a vestir a Yuuko. Em Março arranjei convite para o Iberanime Lx, mas não levei cosplay pois os meus são quase todos mais invernosos, estava demasiado calor. Entretanto em Julho decidi fazer o fato dos corações da Hokuto (Tokyo Babylon) que levei à Festa do Japão em Belém. Tive algumas dificuldades com a estrutura da saia, só me lembrando de usar espuma na véspera do evento, quando já não tinha tempo para a ir comprar. Voltei a vestir a Hokuto em Setembro no Midori II, já com a espuma, mas ainda sem os sapatos (não consigo encontrar sapatos com a forma aproximada por um preço módico...). E finalmente regressei à BD Amadora em cosplay! Voltei a vestir a Yuuko e uma amiga tirou-me umas fotos engraçadas num cenário vagamente semelhante ao da manga, mas sem a neve...
    
FOTOS: Joana Fernandes, Isabel Tomás, Leo Pinela

Entretanto, como aliás fiz vários posts aqui, encontrei os episódios que me faltavam ver de Glass no Kamen de 2005, comecei e li a manga até onde pude (vol.48) e vi o dorama. Excusado será dizer que rapidamente Glass no Kamen se tornou uma das minhas manga/anime preferidos pelo que decidi levar a paixão ao próximo patamar, fazer o cosplay de Tsukikage-sensei. Escolhi-a por várias razões, gosto do fato, apesar de ser simples, gosto do drama que lhe está associado (a cicatriz, o cinto com um ar vintage) e, para além dos figurinos de Maya e Ayumi, Glass no Kamen não é propriamente a série mais fértil em bons cosplays. Outro factor decisivo é que dificilmente eu faria cosplay de Maya ou Ayumi, demasiado adolescentes para mim, não faço crossplay (Masumi ou Onodera - HAHAHA! ia ser engraçado!) pelo que me restava Tsukikage-sensei, que é a personagem com a imagem mais marcante. Gostei imenso de fazer este fato, pois envolveu mais do que costura, que é o meu forte. Aliás, neste fato a costura foi o mais fácil, também tive de pentear a peruca, que vinha menos volumosa e encaracolada que eu queria, fazer o cinto, que envolveu fazer de raiz a jóia verde em resina e caracterização, com a cicatriz de queimada de Tsukikage-sensei, que, à falta de orçamento para latex, fiz com cola UHU, base, e maquilhagem que tinha em casa. Não fotografei a cicatriz das três vezes que a fiz (uma de teste, para o Photoshoot e para um pequeno evento num restaurante), mas é uma cicatriz mutante XD. Posso assegurar que vou fazer sempre a cicatriz, mesmo que se veja mal por trás do cabelo, sempre que fizer cosplay de Tsukikage-sensei.

O Cosplay Photoshoot é definitivamente o meu evento preferido. É o mais democrático, pois as pessoas vão essencialmente para se divertir, é o mais fácil, pois é no Carnaval, o que faz com que os mais tímidos tenham menos receio de se mascarar e é o evento com a maior aglomeração de cosplayers de todo o país. Não tenho 100% certeza disto, mas aposto como é. Este ano houve faltas de cosplayers habitués, e é sempre com pena que vejo cosplayers à civil no evento. Mas é sempre muito bom passar uma tarde a falar de tecidos, perucas, adereços, métodos de construção com um punhado de pessoas com quem normalmente só "converso" online. Foi muito divertido e naturalmente já ando a pensar no do próximo ano, que será um remake do único cosplay meu que falhou. Na altura não encontrei o tecido que queria, a peruca teve de ser em lã e ficou muito feia e é uma personagem que A-D-O-R-O! Claro que não é o único cosplay da lista, que está sempre a crescer. Fiquem atentos...

E fiquem com a galeria das fotos que tirei no Photoshoot #10:


Parque das Nações

4.2.13

Ando a ver: Mawaru Penguindrum


Mawaru Penguindrum não é definitivamente uma série vulgar que mistura quatro adolescentes, 3 deles irmãos, um crime horrível, destino e uma segunda dimensão sobrenatural. Sensivelmente a meio da série ainda pouco mais foi revelado que a ligação entre os quatro protagonistas e a existência desse mundo sobrenatural que tanto pode estar na cabeça deles, como não. Vai na volta a explicação é daquelas super simples: estão todos mortos... ou talvez não!

Visualmente Mawaru também é invulgar, utiliza bastante a sinalética do metropolitano, os pinguins como logótipos, as Double H, com significados adicionais que nos obrigam a ver a série com muita atenção. Outra coisa que não pude deixar de reparar é o hospital de Himari ser o Centre Pompidou, em Paris. Ora vejam:

Hospital de Mawaru Penguindrum

Centre Pompidou, Paris
Isto reforça ainda mais o lado surreal da série, uma vez que o Centre Pompidou é um centro cultural de artes plásticas e visuais, uma referência na arte moderna, cuja arquitectura marcou muito a vida cultural de Paris nos anos 80, quando foi construído. O ângulo é ligeiramente diferente, mas as turbinas claramente visíveis na imagem de Penguindrum também existem no Pompidou, aliás foi isso que me confirmou a citação. Adoro encontrar referências destas no anime!

輪るピングドラム

21.1.13

Glass no Kamen - dorama

É raro falar aqui de doramas, mas torna-se pertinente quando os que vejo são normalmente adaptados de mangas ou animes. Ao fim de cerca de três anos de busca, finalmente consegui encontrar o dorama de Glass no Kamen, que vi quase a eito, as duas séries e o final especial.

Para dorama japonês, que têm sempre maneirismos irritantes, este é o melhor que vi até à data. Isso deve-se muito ao elenco principal, Yumi Adachi, como Maya Kitajima, Megumi Matsumoto (mais tarde Rio Matsumoto, fez de Ochoufujin em Ace o Nerae!), como Ayumi Himekawa, e a Yôko Nogiwa, fabulosa como Chigusa Tsukikage.

Glass no Kamen está cheia de pirosadas anos 80, apesar das séries terem sido produzidas entre 1997 e 1999. Acho que a dada altura o Japão entrou numa espécie de bolha temporal onde a moda e estética ocidentalizadas por um lado evoluíram à velocidade da luz e para campos inexplorados, e pelo outro ficaram congeladas nuns anos 80 completamente pirosos, cheios de folhos, rendas foleiras e chumaços. Sim, até chumaços se vêm em Glass no Kamen! Será que a série foi produzida uma década antes e só foi exibida 10 anos depois? Bom, muito provavelmente não, mas essa dúvida surgiu sempre que via um novo episódio.

A adaptação em si é muito bem feita, aglutinaram alguns acontecimentos e eliminaram muitos outros, tinha de ser!, mas no geral a história, a paixão e a alma de Glass no Kamen, a manga, estão lá. Como disse, o trio principal é muito bom, mesmo muito bom, e carrega o resto às cavalitas. A realização é por vezes bastante má, cheia de clichés e efeitos pirosos, o restante elenco muitas vezes forçado e mecânico, mas Yumi Adachi agarra a sua Maya com todas as forças e arrasta-nos com ela. Foi pena terem substituído Megumi Matsumoto no final especial, quando a história atinge um clímax importante. A segunda actriz é claramente pior, tem uma voz horrível e estridente quando recita e não é tão bonita, característica importante para a personagem de Ayumi. As duas séries mais o final especial contam grande parte da história na manga (até ao estágio no vale da Kurenai Ten'nyo), ficam sensivelmente no mesmo ponto que o anime de 2005. Há apenas uma diferença, um final original, mais conclusivo e menos aberto.

Não fora a estética anos 80 (pirosa), a realização por vezes demasiado kitsch e a banda sonora, que é constituída por uma única canção, rockada, anos 80, em loop, que ainda por cima fica na cabeça (aaaargh!), Glass no Kamen seria uma boa série de televisão, independentemente da língua e do país em que foi produzida.

Garasu no Kamen - IMDB


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