17.12.11

Dia de Osamu Tezuka

Apesar de estar longe de ser o autor de manga e anime mais conhecido, publicado ou exibido em Portugal, a importância de Osamu Tezuka na história da animação e da banda-desenhada é inigualável e incontornável, de modo que tenho de assinalar o Dia de Osamu Tezuka.

Osamu Tezuka, ou o "pai da manga", ou o "deus da manga", é o fundador do estilo moderno de fazer manga e animação comercial. Tezuka era um workaholic, produzia incansavelmente e era um grande controlador da sua obra, tendo produzido quase tudo pelas proprias mãos com pouca ou nenhuma ajuda de assistentes. Foi um autor prolífico que publicou um elevado número de títulos de manga, onde destaco os famosos Astro Boy e Black Jack ou Ribon no Kishi, A Princesa e o Cavaleiro, provavelmente a primeira manga shoujo da história. Na animação Tezuka sistematizou o modo de produção em acetatos, de forma a economizar tempo e mão de obra, criando a animação "simplificada" em várias camadas em que a camada estática era apenas uma e só se anima a camada que se move por cima dela. O exemplo mais comum é a cabeça da personagem ser um acetato e noutro(s) move-se a boca para falar e ainda noutra camada os olhos piscam, ou o cabelo move-se ao vento.

Descobri Osamu Tezuka cedo, quando lia regularmente as bandas-desenhadas da Mônica, por Maurício de Souza, que era amigo de Tezuka e se encontraram com frequência tanto no Japão como no Brasil. Nesse pequeno artigo Tezuka tinha ido ao Brasil para visitar o amigo e iniciar uma parceria de personagens. Foi assim que conheci Astro Boy e Sapphire, a princesa de Ribon no Kishi. Infelizmente pouco tempo depois Tezuka morre e Portugal pouco continuou a saber acerca deste autor.

Desde final dos anos 60 alguma coisa passou na nossa televisão, mas foi apenas uma minúscula amostra da obra de Tezuka. Antes do 25 de Abril de 74 estima-se que Jungle Taitei e Unico tenham passado pela RTP, mas são dados difíceis de confirmar e fica-se pela incerteza. Durante o programa Animação de Vasco Granja passaram algumas curtas de autor de Tezuka, que mais tarde pude identificar como tal. No início dos anos 90 a série Histórias da Bíblia, uma co-produção com a RAI, encomendada pelo Vaticano, passou na TVI, mas a série só foi produzida inicialmente pelo próprio Tezuka, tendo o próprio falecido e a produção foi continuada por Osamu Dezaki. Só no início dos anos 2000 é que Jungle Taitei, vamos assumir, teve uma reposição na RTP2 e um pouco mais tarde estreou Astro Boy 2003 na TVI, um remake da série original e pioneira do anime moderno, de 1963. Algures no início dos anos 2000 Metropolis, o filme adaptado da manga homónima de Tezuka, teve uma estreia discreta nas salas portuguesas, mas pouco ou nada mais se soube acerca da importância da sua obra.

Há alguns títulos da manga traduzidos para português nas edições brasileiras da JBC (Ribon no Kishi) e algumas edições francesas (Black Jack), italianas e norte-americanas (Budha, Adolf). Dada essa dificuldade e alguns títulos terem tornado-se raridades no Japão, não é realmente o mangaka de mais fácil acesso ao público português.

TezukaOsamu.net
Tezuka In English

3.12.11

Shingo Araki ;__;

Dia 1 de Dezembro morreu um dos meus heróis do anime, Shingo Araki.

Primeiro era um anónimo mas cujo traço eu gostava tanto que de certa forma me fazia ir ao encontro das séries que tinham a sua mão, seja no character design ou como director de animação, Majokko Meg-chan (Bia, a Pequena Feiticeira), Aishite Night ou Saint Seiya, ou mais tarde, já colocando um nome nos desenhos, mas cujo apelo era semelhante, Versailles no Bara, Ashita no Joe, Glass no Kamen ou Lady Georgie.

Shingo Araki é um dos grandes motivadores da minha paixão pelo anime e uma daquelas pessoas que me fez continuar esta paixão por mais de 20 anos. É uma perda gigante, principalmente porque ele continuava activo até há pouco, nomeadamente com as novas séries de Saint Seiya onde mantinha o belíssimo e elegante traço dos seus desenhos.

O que me atrai nesses desenhos? Nem sei bem, talvez a primeira razão de todas é ter sido exposta a eles muito cedo e terem sido extremamente marcantes na minha cultura visual e memórias de infância. De resto, gosto como ele desenha os olhos, sim, enoo-ormes e cintilantes, adoro os narizes, os perfis (ver a Non aqui em cima), a forma longilínea das suas faces e corpos elegantes. A sua paleta de cores, mesmo pendendo bastante para os tons primários, era sempre rica e equilibrada. A sua animação era intocável, mesmo aos olhos de hoje continua com uma técnica impecável.

Araki-san, espero que estejas rodeado da beleza que criaste ao longo da tua vida, tu mereces!

17.11.11

Ojamajo Doremi DOKAAN!

Tenho andado a ver (com a ajuda da box) a 4ª série de Doremi (falhei a 3ª) e a relembrar-me que lá por as séries terem um público-alvo mais infantil e passarem num canal como o Panda, não significa que sejam más, e Doremi é definitivamente excelente!

Todos os episódios são engraçados, têm conteúdo e a Hana-chan é adorável, tão adorável que derrete o coração mais empedrenido! Até gosto, e muito, da voz dela na versão portuguesa!

Mas queria falar mais concretamente do episódio nº 40, どれみと魔女をやめた魔女 (Doremi e a bruxa que desistiu de ser bruxa - o título no Panda também era algo parecido), que é de uma beleza estonteante e muitíssimo invulgar! É um episódio que se desenrola a um ritmo mais compassado e lento que os outros e que tem um tom mais contemplativo e filosófico. Doremi, sem nada para fazer, resolve baldar-se ao trabalho na Loja Mágica e ir deambular pelas redondezas. Acaba por ir parar a uma casa tradicional japonesa onde uma mulher trabalha o vidro. Essa mulher é uma bruxa que não usa magia. Durante o resto do episódio Doremi visita repetidamente a bruxa e vai aprendendo a fazer peças em vidro soprado.

O invulgar neste episódio está principalmente no modo como a história é contada, em planos com poucos diálogos, uma banda-sonora algo melancólica a acompanhar e uma luz quase diáfana que dá sempre um ar irreal à situação, como se Doremi estivesse a sonhar e não a viver a situação. Sempre que Doremi se dirige à casa, ela hesita um pouco na bifurcação onde normalmente passa para ir para casa e opta, naquele dia, por ir na outra direcção. A repetição, a aprendizagem de Doremi, a luz, a música, a atmosfera conduzem a uma questão pertinente: ao converter-se em bruxa, Doremi não envelhecerá e viverá muitíssimo mais que os humanos, que as pessoas que sempre a rodearam... será que ela quer mesmo ser bruxa? O modo como esse dilema, que poderia estar presente desde o início da(s) série(s), ou que poderia ser abordado em catadupa nos últimos episódios, é abordado de forma bela e subtil, demonstra um cuidado e inteligência acima da média por parte de quem produz e dirige a série.

 
Se não valesse por mais nada, por uma história original, um desenho de personagens giro, uma animação de boa qualidade, Ojamajo Doremi DOKAAN! valeria apenas por este episódio!

おジャ魔女どれみドッカ~ン!

Canal Panda

12.11.11

Terminei de ver: Macross Frontier


Já está, Macross Frontier está visto. Os últimos episódios vi-os quase em catadupa, de tão empolgante se foi tornando a história. As minhas primeiras impressões estavam certas, Macross Frontier é uma bela série de anime, que conjuga as qualidade dos Macrosses anteriores, acrescentando maior dimensão às personagens.

Esse facto e não cairem na armadilha de simplesmente "salvar o mundo com uma canção", torna esta série de Macross mais apelativa a todos os públicos, principalmente introduzindo uma personagem tão forte como Sheryl Nome. Sheryl, ao contrário de Lynn Minmay e de Sharon Apple, não é apenas uma menina com voz bonita, por quem o piloto-herói se apaixona, mas uma personagem com densidade, dúvidas e defeitos. Naturalmente Ranka Lee também tem maior dimensão que as duas primeiras, mas, como já disse, é o tipo de personagem com quem embirro...

O triângulo amoroso Sheryl-Alto-Ranka é muito bem pensado, em termos de Macross já tudo tinha sido feito: uma cantora pop que salva o mundo, uma diva virtual que salva o mundo, agora precisavam de duas! Sheryl, com o seu egoísmo, caprichos e ambição, infelizmente não é suficientemente digna da admiração de um público masculino para o fazer sozinha. Ranka é uma tontinha carente e irresponsável, não tem determinação suficiente para ser a "diva" de Macross sozinha. É a rivalidade em conquistar Alto e pela popularidade quase perdida, da parte de Sheryl, e a necessidade, qual cachorrinho abandonado, de Ranka em ter alguém que lhe dê atenção e a paz mundial, que as motivam. Alto é uma personagem da qual me sinto em cima do muro. Sim, é galante, bonito (apesar de efeminado) e corajoso, mas ao mesmo tempo é demasiado indeciso quanto às raparigas e às políticas de defesa de Macross Forntier, o que demonstra imaturidade. Felizmente o seu sonho de voar é genuíno e ele consegue ter suficiente carácter para agradecer às pessoas que lhe proporcionaram isso.

O que nunca consigo compreender é o que apela às pessoas numa personagem como Ranka. Ser fofinha? Quiduxa? Isso é bom para um boneco de peluche ou animal de estimação, mas não numa rapariga! Bah, egoísta ou não, venha a Sheryl! Que para além disso tem muito melhor gosto no guarda-roupa!

Só a banda-sonora de Yoko Kanno me decepcionou um pouco. A nível de música de fundo o seu génio estava lá, mas as canções são normais e demasiado coladas à imagem de pop idol. Eu sei que são mais adequadas à permissa, que já era idiota nos tempos do Macross original, e que Macross Plus é demasiado electrónico/experimental para um grande público, mas ela já coneguiu surpreender tantas vezes, é pena ter "descansado" durante esta série.

Depois de ver a série percebi a popularidade dos cosplays de Sheryl, ela é carismática, poderosa, esperta, elegante e bonita. Deve ser uma personagem interessante de encarnar (não que eu o pretenda fazer). Agora pelo menos já reconheço os fatos, já posso perceber melhor o contexto e proporcionou-me bons momentos de anime!

マクロスFRONTIER

9.11.11

Paradise Kiss (filme)

Recentemente foi feita uma adaptação live-action da manga de Ai Yazawa Paradise Kiss. A minha primeira reacção foi entusiástica, mas ao ver as fotos de produção fiquei um pouco decepcionada por estar tudo muito atenuado. Vendo o filme cheguei a essa mesma conclusão, mas como já se passou algum tempo, de certa forma consegui ver o filme um pouco menos ligada a esse aspecto.

O filme Paradise Kiss concentra-se mais no romance Yukari/George que no resto, mas não são só as histórias que fazem a manga de Ai Yazawa, o lado visual, mais concretamente a moda, são peça fundamental. Portanto, por mais que me esforçasse, fico sempre com pena de Isabella não ser tão exuberante e parecer mais uma mulher e não um travesti de loja de roupa em 2ª mão, de Arashi não ser punk a sério e ter o cabelo loiro, de Miwako não ter o cabelo cor de rosa e ser menos soft-lolita, de George não ser um actor que para o trânsito e ter o cabelo curtinho e de Yukari vestir pouco as criações de Yazawa (para além de a franja postiça se notar imenso e me irritar o filme inteiro).

Fora isso, e de Mikako não aparecer (eu sei, não faz assim tanta falta, mas é a minha personagem favorita de Yazawa), é um filme simpático, romântico, muito próximo dos doramas televisivos, mas, apesar de tudo, com um desempenho dos actores mais aceitável, que se vê bem, mas que tem muito pouco de original ou de bom cinema a sério. Mesmo assim, a história está bem distribuída, não cortaram demasiadas coisas que os fãs sentissem falta e tem um bom ritmo, sem desequilíbrios, elipses em cima do joelho ou um final apbruto.

Quem gosta de Ai Yazawa e de Paradise Kiss, vai achar alguma piada ao filme, mas irá sempre preferir a série anime, com o seu ritmo mais alucinante. É estranho perceber que os japoneses conseguem fazer cenas com uma carga emocional e erótica muito forte numa série de animação e, quando transportam isso para pessoas reais, parecem tomados de uma vergonha súbita em que qualquer toque mais íntimo ou, pior, beijo, parece trapalhão e forçado. Não sei se a falha está nos actores ou na direcção de actores, ou mesmo na produção em geral que corta essa carga mais erótica para atingir um público mais alargado. Seja qual o motivo for, tira interesse às relações entre personagens e faz com que uma narrativa emocionante se torne... meh.

Quem quiser ver o filme, ele encontra-se com legendas em inglês, para ver em streaming aqui.

Paradise Kiss

Drama Crazy

7.11.11

Cosplay @ FIBDA 2011

Mais um post sobre cosplay, mas desta vez, infelizmente, a experiência não foi tão feliz.

Desde o ano passado que a organização do cosplay no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (Amadora BD) mudou de mãos e o cosplay ressentiu-se disso. Há 3 anos regressei à BD Amadora, para o 10º aniversário oficial do cosplay na BD Amadora (11º não-oficial) e deparei-me com o fenómeno de massas em que o cosplay se tornara, uma reunião caótica mas feliz de cosplayers no mais antigo festival de banda-desenhada do país. Entre tantos cosplayers, tal como no Photoshoot, encontra-se de tudo, mas sobretudo fãs de anime, bd e jogos contentes por encarnarem as suas personagens preferidas. Naturalmente a concurso foi uma parcela, mas as restantes pessoas rejubilavam.

O ano passado aparentemente as pessoas evaporaram-se... participaram poucos cosplayers do costume, o concurso teve pouquíssimos concorrentes, mas a qualidade geral dos fatos ainda era bastante boa e encontravam-se bastantes cosplayers a assistir. Este ano, o número de concorrentes foi semelhante, o público também, mas a organização do festival foi, no mínimo, cruel em localizar o palco, que não é utilizado apenas para o cosplay, na cave, que é um estacionamento e cujo pé direito é tão baixo que as luzes de palco faziam sombra umas nas outras... Como o estacionamento já é um local escuro, com o chão preto, as "paredes" da exposição pretas e uma iluminação geral muito fraca, nem fotografias minimamente decentes deu para tirar!

Mas infelizmente não foi só, o concurso, claramente organizado em cima do joelho, demonstrou uma falta de empenho e ignorância do formato, que felizmente parece que não se abateu muito no espírito dos concorrentes, que continuaram a divertir-se entre os amigos. No dia seguinte foi a final nacional do Concurso de Cosplay da Anipop, cujo júri era 33% o mesmo da véspera, onde uma concorrente foi penalizada pela falha técnica da organização na projecção do vídeo. Só quando a concorrente tinha o skit quase no fim, é que se lembraram de recomeçar e aparentemente isso penalizou-a injustamente na pontuação (já para não falar na sobrecarga no nervosismo que estas coisas implicam). No geral é uma pena que as coisas tenham decorrido como decorreram, todas as concorrentes foram altamente penalizadas pela falta de condições (nem bastidores o palco tinha!) e tenho a certeza que no final, sobrepondo-se à satisfação de ter concorrido, houve uma dose de frustração que ninguém merece!

Eu, que há 3 e 2 anos, me desfiz em elogios pelo cosplay português ter florescido de forma tão bonita e saudável, hoje só consigo esconder a cara de vergonha, pela péssima organização, tanto da parte da Anipop como da própria Amadora BD, que insiste em ignorar os cosplayers e um público mais jovem que não vê outro atractivo no festival a não ser o cosplay e as lojas. É uma falta de respeito para quem perde tanto tempo, faz um esforço acima da média e gasta bastante dinheiro nestes fatos, muitas vezes de qualidade quase profissional, apenas por amor à arte, ao anime e manga (e jogos, etc.) e a um passatempo extremamente criativo e positivo!

Resta-me deixar as galerias do ano passado e deste ano, não bloguei o ano passado por razões pessoais que me afastaram de muita coisa, mas cá estão elas!




Amadora BD - Fórum Luís Camões

19.9.11

European Cosplay Gathering @ Anipop

Há muito que não ia a uma Anipop, a falta de disponibilidade e o facto de pagar entrada, confesso que me demovem com frequência. Mas neste ano fui convidada a fazer um painel sobre as bonecas Blythe (ver Dolls with ATTITUDE) e logo de seguida a ser jurada da eliminatória portuguesa para o European Cosplay Gathering, que aceitei com prazer. Foi a minha primeira experiência do género, já que nunca pensei em participar em concursos (o palco/performance são o meu calcanhar de aquiles) e foi muito interessante.

Havia poucas participantes divididas em categorias de individual e grupo - sim, eram só raparigas. Tínhamos vários critérios de avaliação, eles também divididos pela concepção do fato e skit (50/50), o que ajuda a tomar decisões em casos de impasse. Infelizmente houve uma concorrente que teve de desistir, pois não se sentia suficientemente segura para concorrer. Acho que foi uma decisão sensata da parte dela, já que sofreu uma série de azares com o fato e não teria sido justo para ela. Mas espero que não desista de acabar o seu cosplay e concorra numa próxima oportunidade. O cosplay é para ser acima de tudo divertido!

Um concurso destes passa por duas fases: a apreciação dos fatos e adereços, com a condição de terem sido feitos pelos próprios, e depois o skit, em palco e em público. No geral posso afirmar que os fatos ou eram muito bons ou muito maus, não houve meio-termo. A concepção dos adereços de algumas participantes revela um investimento acima da média das cosplayers, que é de louvar e valoriza o cosplay português. Todas souberam defender muito bem as suas criações e quero ver mais destas cosplayers que conheci melhor neste evento. Os skits foram todos bastante bons, mas infelizmente houve algumas falhas técnicas que acabaram por prejudicar as cosplayers. Isso revela que ainda existe por parte das instituições alguma falta de profissionalismo em relação a eventos com esta natureza mais pop. Gostava que fossem encarados com a mesma seriedade com que se encaram um concerto de música clássica ou um bailado. Disponibilizar o palco para um ensaio geral como deve ser, sem stresses e histerias (para isso já basta o nervosismo das concorrentes - não esqueçamos que quem faz isto são amadores), seria um dos factores que teria melhorado a performance de todas as cosplayers envolvidas.

Tanto para os fatos como para o skit a escolha da série/jogo e personagens é definitivamente fundamental. Se nos fatos pesam a sua complexidade, execução e adereços vistosos, no skit pesa haver um tipo de narrativa e um bom apoio em vídeo/áudio (neste concurso os individuais têm 1 minuto e os grupos 2,5 minutos) que proporcione espectáculo para o público. Portanto a escolha de séries ou jogos que tenham bom potencial para um espectáculo simples, mas fácil e acessível, são muito importantes. Não precisam ser forçosamente séries muito populares, mas há que haver uma boa capacidade de síntese da parte dos cosplayers para pensar no seu skit como um mini-espectáculo de entretenimento e talvez por vezes abdicar de personagens ou séries favoritas por não darem muitas possibilidades para tal.

Gostei imenso da experiência, gostei de trocar ideias com outras cosplayers e acho realmente admirável o seu esforço e investimento. O cosplay é um passatempo incrível que de mau só tem o facto de ser dispendioso.




Museu do Oriente

3.9.11

Comecei a ver: Macross Frontier

Nos anos 90 vi o filme Macross: Ai wo Oboeteimasu Ka? (Macross: Do You Remember Love) e mais tarde a série de OAVs Macross Plus, mas confesso que o que me despertou a curiosidade para Macross Frontier foi a quantidade enorme de cosplayers a fazer de Sheryl Nome.

Ao fim de 5 episódios, Macross Frontier é uma agradável surpresa e bem melhor do que estava à espera. Confesso que não achei grande graça ao filme de Macross, talvez por embirrar com o character design de Haruhiko Mikimoto e não apreciar as canções nem a personagem de Lynn Minmay. Mas com Macross Plus a conversa foi outra, um character design sofisticado, história simples mas empolgante e que posso eu dizer da fabulosa banda-sonora de Yoko Kanno? Ainda são dos CDs mais tocados cá de casa. E nessa série gosto muito da idol Sharon Apple, com os seus espectáculos complexos e sofisticados.

Macross Frontier vai beber a ambos, o universo continua o mesmo, mas no futuro, e a permissa é a mesma, lutas de humanos contra ameaças extraterrestres, com o complemento de uma idol intergaláctica. Talvez a grande diferença em Frontier seja focar-se mais nas personagens, nomeadamente no triângulo amoroso (?) Sheryl-Alto-Ranka. Sheryl Nome é a grande vedeta internacional, ídolo das raparigas e paixão dos rapazes, Alto é o piloto principiante mas genial das Valkyrie e Ranka, a novidade, a aspirante a ídolo da canção. Ranka Irrita-me, acho que ela tem demasiado de Lynn Minmay, aquela "coisinha" enervante que os japoneses parecem adorar, mas Sheryl está mais próxima de Sharon Apple, apesar de não ter o génio musical de Yoko Kanno por trás, tem a sua sofisticação. — Ups, asneira! A banda-sonora de Macross Frontier, incluindo as canções de Sheryl e Ranka, é da autoria de Yoko Kanno. Eu encontrei alguma "inspiração" na música, mas como não tem a subtileza e deslumbre de Macross Plus (provavelmente a melhor banda-sonora de Yoko Kanno), acabei por partir do princípio que se tratava de outra pessoa, inspirada em Yoko Kanno. My mistake! — Alto cumpre bem o papel de piloto enfant-terrible e as Valkyrie continuam a ser das naves espaciais/mechas mais fascinantes da história do anime!

Macross Frontier parece ser uma boa série, bem estruturada, com uma produção sofisticada e maravilhosas cenas de acção. Foi bom as personagens terem tanto destaque, traz a série para um contexto mais concreto e para além de isso apelar a mais público, dá mais intriga à narrativa e equilibra as cenas de acção. Por outro lado traz-me sempre à memória uma outra época, em que estava a descobrir o anime como tal, em que já não eram apenas desenhos animados japoneses que davam nos espaços infantis na TV. Não é por nada que me engano com frequência e chamo Macross Plus a Macross Frontier. Sabe bem ver uma série destas actualmente, quando a maioria das séries me parecem muito iguais entre si.

Estou bastante entusiasmada, devo terminar de ver a série dentro de pouco tempo.

マクロスFRONTIER


31.8.11

Zettai Karen Children

O trabalho tem destas coisas, nem tudo o que me vem parar às mãos é sempre interessante e nos últimos tempos estive a braços com as "Pitas Psíquicas", ou seja Zettai Karen Children (título oficial em inglês: Psychic Kids Squad).

Zettai Karen Children é daquelas séries de anime que, se não me tivesse cruzado com ela a trabalho, provavelmente nunca saberia da sua existência. A história fala de três raparigas de 10 anos com poderes paranormais, Kaoru, cujo poder é a telecinese e é uma miúda completamente rebarbada que adora mamas, Aoi, com o poder do teleporte, a certinha e intelectual do grupo, e Shiho, com o poder da psicometria, inteligência acima da média mas também muito perversa,  e as mais poderosas do Japão, Nível 7. Elas vivem juntas, apesar de não serem aparentadas, com o seu tutor/chefe Minamoto e trabalham para uma organização para-militar chamada B.A.B.E.L. a combater crimes que ainda não aconteceram mas que foram vistos em premonições. A série vai seguindo a evolução das suas relações com os adultos e a novidade de frequentarem a escola pela primeira vez na vida (não o fizeram antes, vítimas do preconceito).

Com isto, Zettai Karen Children tenta abordar o preconceito e o valor das relações humanas, independentemente das qualidades ou defeitos de cada um. De certo modo isso até o consegue transmitir, mas para além disso a narrativa principal pura e simplesmente não desenvolve! A série tem 51+1 episódios, só a partir do 35 é que deixam de ser introduzidas personagens recorrentes novas e que a história começa a desenvolver. Até lá é exposição, exposição, exposição! Isto é, introduzem-se personagens e temas novos até mais não. Mas também pudera, personagens principais e recorrentes, incluindo vilões, são pelo menos 25! Nem Sailormoon, com 200 episódios, chegou tão longe!

De resto a série até tem algum potencial, a permissa e as personagens prometem, as miúdas têm a sua graça e o tom de comédia ajuda. Mas chegamos ao final do 51º episódio e todas as questões importantes que foram lançadas, principalmente uma premonição que afecta directamente Kaoru e Minamoto e pode levar à destruíção do mundo, ficam no ar... à espera de quê? De mais 51 episódios para as explicar ou resolver? Por mim, não obrigada!

Tecnicamente nada a apontar, a série é normal, com uma animação boa, mas sem ser fora de série, um character design mais ou menos, não fiquei fã, banda sonora banal, canções de genérico como muitas outras e pouco mais de interessante. Enfim não é uma série que recomende, mas como a vi achei justo pronunciar-me por aqui.

絶対可憐チルドレン

31.7.11

Macoto Takahashi

Era uma vez... em Portugal nos anos 70. Ainda não existia "anime", mas existiam "desenhos animados japoneses". Os desenhos animados japoneses eram a Heidi e o Marco (ew!) e a Candy Candy ainda nem sequer tinha nascido... Numa era em que quase nenhum dos conceitos com que um fã de anime actual se rege ainda tinha sido criado, quase todas as meninas ansiavam por um estojo em vinil brilhante, cheio de compartimentos e com uns desenhos de umas meninas, muito bonitos e românticos. Às vezes conseguiam umas bonecas de papel de Badajoz ou Ayamonte com ums desenhos parecidos, mas o estojo era o grande objectivo para exibir na escola.

Portanto, num mundo muito anterior a pseudo-otakus, Gothic-Lolitas ou à internet, já muitas meninas portuguesas conheciam o trabalho de Macoto Takahashi, mesmo que não soubessem o seu nome. Eu era uma delas, ansiei pelo tal estojo sem nunca o ter conseguido obter. Na altura pensava que eram espanhóis, pois a grande maioria vinha de Espanha, ou chineses, por causa dos caracteres. Depois da Candy Candy estrear (1983) confirmei que eram japoneses, mas nessa altura, para além de já não ambicionar perdidamente um, também já não eram tão fáceis de arranjar (coisa que nunca foram verdadeiramente).

Nos últimos anos tenho me apercebido destes desenhos de meninas de olhos muito redondos e cintilantes nas capas da revista japonesa Gothic and Lolita Bible, mas no meio de tantos autores de shoujo retro, encarei como mais um e continuei a perseguir aqueles que mais me chamam a atenção: Yumiko Igarashi (Candy Candy, Georgie!) e Ryoko Ikeda (Versailles no Bara, Oniisama He…). Há dias esbarrei com uma imagem de Macoto Takahashi e resolvi pesquisar. Os desenhos são deveras estáticos e as expressões das meninas, sempre meninas, são praticamente sempre iguais, mas o encanto destas ilustrações e a meticulosidade do detalhe são de um talento inigualável e maravilhoso!

Macoto Takahashi é na sua essência um ilustrador, já septuagenário, que continua tão activo hoje como nos anos 60 e 70 e mantém o mesmo estilo retro que nos deu a conhecer através das ilustrações que fez outrora para merchandising. Olhando para os seus desenhos apercebo-me de como o design do shoujo, onde Macoto é uma das principais influências de estilo, mudou tão pouco até aos anos 90 e, talvez com o advento da internet - quem sabe, deu uma volta enorme com uma clara tendência para o novo estilo "moe", que aliás não é shoujo.

Aconselho a darem uma olhadela pelo site oficial, e ver estas ilustrações maravilhosas. Pena é que nunca tenha conseguido o tal estojo!!

MACOTO Art

ilustração/merchandising

11.7.11

Mermaid Melody Pichi Pichi Pitch

Tenho andado tão ocupada que mal tenho tempo para ver anime, ainda por cima com a morte do Animax praticamente só me restam o Canal Panda e o Panda Biggs para ter um cheirinho pela televisão, e mesmo assim não tenho dado conta do recado.

Dentro das séries que tenho vindo a ver aos pouquinhos, Mermaid Melody Pichi Pichi Pitch é uma que acabo por ver mais por descargo de consciência e para descomprimir um pouco do trabalho, que por outro motivo qualquer.

Mermaid Melody é mais um clone/sucedâneo de Sailormoon que não correu da melhor forma. O tema, sereias, é perfeito para um mahou shoujo mas foi pouco aproveitado. As personagens são engraçadinhas mas não propriamente cativantes, a história é básica e pobrezinha, demasiado colada à Pequena Sereia de Hans Christian Andersen, o character design pouco desenvolvido e por vezes trapalhão, a animação básica, os cenários normais e nem as roupas das personagens (factor cada vez mais importante num anime shoujo) são vagamente interessantes, nem dos humanos, nem das sereias, nem das versões "karaoke" nem sequer dos vilões, tudo muito para o pirosinho... Quanto às canções, o cavalo de batalha desta série,  bom, quem lê este blog depressa perceberá que não são o meu estilo... prefiro nem comentar.

Pela descrição acima até parece uma série terrível, mas não é, é apenas uma série mais ou menos, que se vai vendo em doses reduzidas. Não cativa mas também não irrita, vê-se!

テレビ東京・あにてれ マーメイドメロディー ぴちぴちピッチ ピュア [Mermaid Melody: Pichi Pichi Pitch Pure - 2º série]

Canal Panda 

23.3.11

Ando a re-ver: Sailormoon

Sailormoon, episódio 22 - 月下のロマンス! うさぎの初キッス [Romance ao luar! O Primeiro Beijo de Usagi]

Em 200 episódios, o episódio 22 (a cerca de 10% de toda a série) permaneceu sempre o meu favorito de todas as 5 séries de Sailormoon, e foi o que acabei de ver agora!

Este é o meu episódio preferido por imensas razões, é romântico até à exaustão, reflecte como poucos o espírito da série indo um pouco mais além, Usagi e Mamoru ainda não sabem que são as reencarnações da Princesa Serenity e do Prince Endymion, não sabem que uma é Sailormoon e o outro o Tuxedo Mask. Ainda nem sequer têm verdadeira noção de que estão apaixonados, apenas existe aquela tensão e atracção que tornam qualquer pedaço de ficção muito romântica e emocionante! Tudo isso aliado a Usagi num vestido bonito, a um baile de máscaras, aos sonhos recorrentes de Mamoru com a Princesa Serenity, a Mamoru a salvar Usagi e logo de seguida, ao bom estilo emancipado de Sailormoon, é ela quem salva os dois e por fim, por fim... o beijo. Bejio que vem um bocado do nada, mas quem quer saber?? Neste ponto da história tudo o que o espectador quer é ver esse beijo! Beijo dado ao luar, como convém, ambos banhados por uma luz azulada, em silhueta debaixo de umas arcadas em estilo palácio Ocidental, portanto, estilo Sailormoon!

É tudo tão puro, tão descomplicado, os objectivos de todos são claros: encontrar a Princesa Serenity e o Cristal Prateado. Os vilões querem-nos para ter mais poder e finalmente conquistar a Terra, as guerreiras querem-nos pela herança, para salvar a Terra e ressuscitar o Reino da Lua e Mamoru quer para perceber quem é e desvendar o mistério que é a sua vida.

Como em quase todas as séries que têm este tipo de tensão, chamaremos-lhe romântica, mantêm-se sempre mais interessantes enquanto os objectivos (românticos) não são cumpridos. A grande qualidade deste episódio é que, como Usagi e Mamoru estão ambos disfarçados, ela pensa que beijou o Tuxedo Mask e ele pensa que beijou uma princesa desconhecida, essa magia romântica ainda se mantém até tudo ser desvendado e ainda faltam à volta de 20 episódios para isso!

É por estas e por outras que Sailormoon continua a ser uma das minhas séries de anime preferidas!

Sailormoon Channel

Canal Panda

20.3.11

Terminei de ver: Honey and Clover e Honey and Clover II


Agora já posso dizer: Honey and Clover foi das MELHORES séries de anime que vi nos últimos anos! Mas não é uma série comum, não tem características comuns à maioria dos animes, não foi produzida como grande parte das séries e é tudo menos previsível!

Grande parte do encanto de Honey and Clover começa no design visual. O character design parece saído de um livro de ilustrações, as cores são claras e em tons pastel, há uma sensação de lápis de cor em todo o ambiente. Depois vêm as personagens. Todas elas únicas e bem marcadas, sem maniqueísmos ou clichés, sem heróis nem vilões. Takemoto, o fio condutor da história, quase se dissolve no seu grupo de amigos, sendo a sua personalidade em geral apagada, acaba por se revelar. Hagu cativa-nos a todos com o seu ar de menina e personalidade doce mas esconde um lado muito sombrio. A maria-rapaz com um amor não correspondido Yamada, revela-se uma rapariga forte mas por vezes indecisa. Mayama, o tipo cool mais maduro, é por vezes cobarde mas transforma-se num sedutor, o doido e estranho Morita, que desaparece de tempos a tempos, demonstra uma doçura e maturidade surpreendentes e o professor Hanamoto, tio de Hagu torna-se numa peça-chave em toda a história. Nenhuma destas personagens está igual ao que era no final.

É surpreendente como uma história com um ritmo lento, acerca de um pequeno grupo de amigos e dos seus dramas pessoais, consegue ser tão cativante e empolgante. Sempre que via um episódio mal podia esperar pelo seguinte e, sempre que a oportunidade surgia, vi 3 ou 4 de seguida. Ao longo de Honey and Clover queremos conhecer pessoalmente aquelas personagens, queremos fazer parte da história, daquele mundo.

É com alguma satisfação mas também tristeza que acabei de ver esta série, quero mais! Felizmente ainda há o dorama, a ver se um dia consigo vê-lo. Estou mortinha de curiosidade para ver aquelas personagens encarnadas por actores, principalmente dentro do formato dos doramas japoneses em que existe um modo de filmar, de contar uma história, os maneirismos dos actores, que são bem peculiares, mas que me parece que irão servir lindamente esta história e aumentar o grau de empatia sentida. Espero não estar enganada.

Depois disto só me apetece terminar como comecei: HachiKuro é tãããããooo giiiiiiiiiiiiiirooooooooo!!!!!!!!!!!

ハチミツとクローバー
Honey and Clover (J.C. Staff)

Animax

13.3.11

Tsunami

Tsunami [津波] foi uma das primeiríssimas palavras em japonês que aprendi, para além das óbvias, graças ao anime Mirai Shounen Conan. Desde sexta feira (11.03.2011) que a natureza parece estar a brincar ao Conan. Temos de tudo: terramoto, tsunami, centrais nucleares em perigo de meltdown, o eixo da Terra desviado, a costa japonesa engolida, a Tokyo Tower retorcida... Mais do que nunca a realidade imita a ficção, mas a realidade não é nada bonita!

No meio disto tudo a Internet tem se mostrado uma ferramenta fulcral na divulgação atempada e correcta da informação, destronando as televisões na rapidez e nos testemunhos na primeira pessoa. A Anime News Network criou uma lista de pessoas ligadas à indústria do anime e da manga que já deram sinais de vida, com links para os próprios blogs, sites, Twitters e semelhantes e em actualização permanente. Consultem aqui:

日本人がんばってね~


9.3.11

Cosplay Photoshoot #8

Este ano voltei a participar, fui de Yuuko Ichihara (xxx HOLiC), o fato do episódio da neve, versão manga (não gosto da versão do anime - demasiado mãe Natal), e a tirar fotografias no encontro anual de cosplay em Lisboa, o Cosplay Photoshoot, este ano organizado pela Cosplayer E-zine. Acabei por não ter nenhuma foto minha tirada com a minha máquina, mas vou ver se arranjo uma para colocar aqui (já arranjei!).

Este ano foi particularmente divertido já que o tempo resolveu colaborar apesar de uma ameaçadora chuvada matinal. Resultado: houve mais gente mascarada e imensos miúdos a fazer cosplay, entre eles uma Luna de Sailormoon, uma Sakura Kinomoto (Card Captor Sakura) um Naruto ultra-kawaii e uma Temari (acho, espero que sim) acompanhada do pai. Esta geração tem os pais mais fixes de sempre! Houve várias personagens de Sailormoon, algumas de Dragon Ball e Dragon Ball Z, menos de Naruto que o habitual, umas de Kenshin. O anime old school ainda bomba!

Divirtam-se com a galeria, se identificarem algum cosplay, personagem ou série, por favor comentem aqui ou no Picasa.



Parque das Nações

24.2.11

Comecei a ver: Nodame Cantabile

Nodame Cantabile é provavelmente a última série a estrear no Animax, mas uma série para fechar o canal com chave de ouro. Tal como Hachi-Kuro, Nodame Cantabile é mais um anime do projecto Noitamina que há muito quero ver. E queria ver principalmente pela temática original, que até à altura era pouco abordada em séries de anime: a música clássica♪.

Mas não se iludam os mais cépticos, esta é uma série de anime acerca de uma rapariga trapalhona e de um rapaz bonito e inteligente, cujo pano de fundo é a música clássica. Na realidade esta é a história de Nodame (Noda Megumi), uma rapariga trapalhona, desleixada com um ouvido musical excepcional e de Chiaki Shinichi um génio musical sobre-dotado, bonito e demasiado egoísta para seu próprio bem. Ao cruzar-se com Nodame, Chiaki treme até às fundações no seu carácter e na sua abordagem à música. Por mais improvável que o par seja, Chiaki fica impressionado com a espontaneidade com que Nodame toca o piano, por oposição à sua rigidez e exigência técnica. Nodame nem sequer sabe ler pautas, aliás característica dos "naturais" nesta série, e toca de ouvido. Ela não precisa de ouvir uma música mais que uma vez para a reproduzir extraordinariamente mas em versões muito pessoais que quase levam Chiaki à loucura. É na música que ambos encontram a sintonia, como aliás o demonstra a imagem — a primeira vez que tocam em dueto ao piano —, a rigidez e técnica de Chiaki compensam o improviso e emoção de Nodame e vice-versa, aproximando-os cada vez mais.

Como todas as séries saídas do Noitamina, Nodame Cantabile tem um cuidado técnico acima da média, mas no que Nodame é diferente é no uso da modelagem 3D e do rotoscópio para um maior rigor na representação e animação dos instrumentos musicais e das respectivas interpretações. Os instrumentos musicais são modelados em 3D e a animação das mãos do intérprete é feitas através de uma técnica chamada rotoscópio. Trata-se de filmar a cena em imagem real, por exemplo mãos a tocar piano, e depois redesenhar essa filmagem, fotograma a fotograma, em animação. Esta técnica dá um efeito realista ao movimento e torna-o também mais fluido. Os japoneses não fazem maravilhas com o 3D mas no caso de Nodame Cantabile aproveitam lindamente o que o 3D lhes pode oferecer de melhor para a animação dos instrumentos. Este cuidado com o rigor técnico musical inclui também, sempre que é tocada uma peça de música, uma legenda com o nome da peça e o autor da mesma, tornando-a também pedagógica.

Só é pena, mesmo muita pena, que a tradução continue a ser considerada um aspecto menor e seja muito aquém da série traduzida.
Erro nº 1: a tradutora deixou os honoríficos japoneses (os ~san, ~kun, ~chan, ~sama, etc.). Os honoríficos devem ser traduzidos sempre que isso for possível, no caso de ~san é utilizar Sr., Sra., etc. se for caso disso. Nunca esquecer que é normal que amigos ou colegas se tratem por ~san, portanto a palavra não implica forçosamente um tratamento formal. Portanto os honoríficos japoneses têm uma função ligeiramente diferente dos portugueses, servem para estabelecer o grau de formalidade da relação entre dois indivíduos. A razão é muito simples: um português que nunca tenha ouvido uma palavra de japonês não faz a mínima ideia do que seja ~san ou ~chan, portanto, como essas palavras têm uma razão de ser, têm de ser traduzidas. Mas já me estou a alargar, pois a série deve ter sido traduzida do inglês ou do francês, portanto o erro já deve vir de trás.
Erro nº 2: deram uma série, cujo tema principal é a música clássica, a traduzir a alguém que para além de não perceber patavina do assunto foi preguiçosa na pesquisa, cingindo-se apenas à Wikipédia em português, que já TODA a gente sabe que é 90% preenchida por brasileiros. Naturalmente os termos não vão coincidir e temos incoerências na tradução ao longo da série, como o uso de mais de que uma palavra para o mesmo conceito. Estudei música, já soube em tempos todos os elementos de uma orquestra (tinha de o saber), entretanto já estou muito esquecida, mas de uma coisa me lembro: apesar de ambos os termos estarem correctos no dicionário, em Portugal timbales (os "tambores" gigantes em cobre que costumam ficar na parte de trás de uma orquestra) são timbales e não tímpanos (aliás, se a memória não me falha, tímpano é a pele dos timbales propriamente dita), e o primeiro violino é primeiro violino e não concertino (até ver Nodame nunca tinha ouvido o termo referido a uma orquestra). O primeiro violino é a 2ª mais importante posição numa orquestra, sendo a 1ª ocupada pelo maestro. A palavra concertino faz sentido, mas o termo correcto em Portugal é primeiro violino. E nem me vou aprofundar mais nestas questões musicais, senão até fico mal-disposta... já para não falar em certas "traduções" de títulos de peças musicais... Nunca mais aprendem...

テレビアニメ「のだめカンタービレ」公式サイト

Animax

23.2.11

Animax: a metamorfose


Já é sabido que o Animax em Maio irá oficialmente dar lugar a outra coisa, outra coisa essa que se tem vindo a infiltrar na programação de anime... É a hora da metamorfose!!

Não tive o canal Animax desde que começou em Portugal (o meu provedor de TV por cabo não o tinha - e era o mais popular na altura!), só desde há mais ou menos um ano é que pude comprovar do que o canal se tratava. Mas desde o início, através da pequena previsão que nos deu o AXN e depois olhando para a grelha de programação, deu para perceber que o canal não começou da melhor forma.

O Animax e a SONY Portugal deveriam ter prestado mais atenção ao produto que tinham em mãos e às pessoas a quem ele se destinava. A escolha de séries foi realmente equilibrada, passando por séries como Super GALS!, Death Note, Inu Yasha, Crayon Shin-chan, Paradise Kiss, Le Chevalier D'Éon, Saiyuki, Detective Conan, Honey and Clover, Kinniku-man, Yakitate! Ja-pan, Saint Seiya, Lupin III, Blood + e tantas outras. Olhando para trás, pode-se ver que é uma boa selecção, feita com algum critério, tentando atingir uma gama maior de fãs, incluindo o sempre excluído público feminino e apostando na qualidade. Só é pena o tratamento que as séries levam depois, com um total desrespeito das mesmas em traduções medíocres, com mau português, português espanholado, horários esquizofrénicos, falta de respeito pela ordem dos episódios ou séries e total falta de comunicação com o público.

Com uma postura distante e elitista, falta de investimento na divulgação por onde mais se encontram fãs de anime, a internet, a não colaboração utilizando as ferramentas sociais à disposição (site oficial, blogs, fóruns, FaceBook, Twitter, MySpace e afins), anunciaram um fim prematuro a um canal com enorme potencial mas menosprezado logo à partida por quem o criou ou administrou.

Lamento o final do Animax mas na realidade não fico assim com tanta pena. Tantas vezes que, ao ver o tratamento dado às séries que emitiam, não pensei que estavam a empurrar o público para procurar as séries que queria ver pelos meios menos próprios que tanto condenam? Eu sou a primeira a querer ver as séries de modo correcto e legal, através da televisão (mais barato) ou, sempre que possível, pela compra de DVDs (mais caro), mas quando quem tem esses meios de distribuição nas mãos trata tão mal o seu produto, só me resta uma alternativa: a internet! Portanto só posso fazer um belo manguito ao Animax e à SONY Portugal! Vão morrer longe!!

Por outro lado, é com TODO o prazer que anuncio (se bem que também já é mais que sabido) o regresso de Sailormoon no mês de Março ao Canal Panda (deve começar logo dia 1 como é habitual no canal)! Infelizmente a série regressa com a dobragem original, onde, entre outras liberdades "criativas", Luna e Artemis fizeram operações de troca de sexo e a Luna tem a voz do Topo Gigio (ewwwww!).

Animax Portugal
Panda TV

Animax/Canal Panda

19.2.11

Ando a ver: Honey and Clover


Há uma coisa que me agrada IMENSO em Hachi-Kuro, para além de ser uma excelente série, naturalmente, a sua imprevisibilidade. Nos primeiros episódios damos por nós a torcer por dois casais, Takemoto + Hagu e Mayama + Yamada. Mas... rigorosamente NADA nos garante que eles fiquem juntos e, ao contrário das estruturas narrativas de praticamente todas as soaps no mundo, que nos apresentam os casais principais logo nos primeiros episódios, para depois passarmos 100 e tal a sofrer para que fiquem juntos, coisa que acontece apenas no final, Hachi-Kuro não nos indica nada disso. Mas pode surpreender! É claro que ainda não cheguei ao fim, existe ainda a segunda série, mas mesmo assim, para já, tudo me leva a acreditar que no final ninguém será o mesmo. Nem as personagens da série, que já estão a evoluir a olhos vistos, nem nós que fomos surpreendidos com uma série de anime excepcionalmente bem escrita.

Agora só espero que o fim anunciado do canal Animax não me faça recorrer a meios menos próprios para terminar de ver esta série...

ハチミツとクローバー
Honey and Clover (J.C. Staff)

Animax

15.1.11

Ando a ver: Crayon Shin-chan


Crayon Shin-chan é divertido, mas no episódio 45, 3º segmento, até o Shin-chan perdeu o controle e foi o episódio mais hilariante de Crayon Shin-chan que vi até agora (restam-me 700 e tal e a contar~)!

Falo de マユゲなしの顔だゾ ("A cara sem sobrancelha") em que Shin-chan, como sempre, vê o pai a arranjar-se para ir ao trabalho e, macaquinho de imitação, ata uma gravata ao pescoço, usa as gavetas da cómoda como escada e trata de rapinar a máquina de barbear do pai!

A partir daí é um desenrolar descontrolado de piadas brilhantes, e desculpem já antecipadamente, mas TENHO de descrever isto, é irresistível! SPOILERS!
Shin-chan liga a máquina de barbear e imita o pai. A coisa corre mal e a máquina desvia-se, rapando uma sobrancelha. Shin-chan consegue escapulir-se de casa, "vou brincar!", e vai ter com os amigos que jogam futebol. Ao aperceberem-se da falta de sobrancelha, uns ficam apavorados enquanto que Nene, a única rapariga do grupo, acha que ele fica mais fofinho. Shin-chan fica na brincadeira até ao sol se pôr e ter de finalmente enfrentar a mãe.

O mais hilariante é que Shin-chan age fora do seu normal, percebe que fez asneira da grande e em vez de enfrentar a "fera" com a lata insolente do costume, pisga-se!

Ao chegar a casa ele ainda consegue protelar, mas a mãe aldraba-o e ele acaba por mostrar a cara. Segue-se o raspanete de sempre (acho que desta não houve carolos) mas, como se o episódio não pudesse ficar ainda mais hilariante, o final é o pico das gargalhadas. Misae, preocupada em resolver a questão, agarra numa Sharpie e desenha a sobrancelha em falta na testa de Shin-chan, que não fica calado e critica os dotes "artísticos" da mãe, claro!

テレビ朝日|クレヨンしんちゃん
バンダイビジュアル★クレヨンしんちゃん★

Animax

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12.1.11

Ando a ver: Super GALS! Kotobuki Ran

Algo familiar esta imagem, não? Sim, lembra outra série de anime, aparentemente em nada relacionada com Super GALS!. Quem lê o Anime-comic já deve ter percebido que adoro uma boa citação, principalmente se essa citação é:
1. de uma série anime que conheço;
2. de uma série que conheço e gosto;
3. é bem encaixada na narrativa e feita com humor, de preferência.

Ora bem, a série citada é Ace o Nerae!, da qual já aqui falei, mas que infelizmente ainda não pude terminar de ver, que é um dos grandes clássicos do anime shoujo desportivo e que foi feito por um dos grandes nomes do anime dos anos 70-80: Osamu Dezaki. Na realidade quem vemos nesta imagem é Ran, que na sua multiplicidade de talentos até serve para substituir a capitã do clube de ténis da escola, Hiromi Ryuuzaki! O nome soa familiar? E é! Hiromi é o primeiro nome da protagonista de Ace o Nerae! e Ryuuzaki é o apelido da sua mentora/rival, a rainha do ténis da escola, Ochoufujin, aquela dos canudos no cabelo e laço cor-de-rosa. A homenagem, para além de engraçada é bem feita, foram "pescar" uma das características estéticas mais marcantes de Dezaki, os planos/quadros parados, sem animação, cujo único movimento é um ligeiro afastamento da câmara ou panorâmica. Essa foi uma opção que Dezaki tomou por causa das grandes condicionantes técnicas da época, mas que tem um efeito dramático forte e muito marcante.

E, para variar, Ran vence o colégio rival, com uma perna às costas, mesmo sem treino exaustivo algum, com o objectivo de consumir as prometidas takoyaki que quiser! Só mesmo a Ran!

Continuo a achar curioso como um anime sobre personagens e situações aparentemente fúteis e vazias consegue ser tão engraçado e cheio de conteúdo! Super GALS! Kotobuki Ran continua a ser uma muito agradável surpresa.

超GALS!寿蘭


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