28.5.08

Monstra 2008


Atama Yama (Mount Head) - Kôji Yamamura

Recentemente, durante o Festival de Cinema de Animação, Monstra, em colaboração com o novíssimo Museu do Oriente, os Lisboetas (eu incluída) tiveram uma oportunidade rara de ver animação japonesa de autor. Houve quatro tipos de sessões, abrangendo várias gerações de animadores, a primeira dedicada ao Mestre Osamu Tezuka, mostrando pequenos filmes mais experimentais do mesmo, uma segunda de filmes de Renzo Kinoshita, uma terceira dedicada ao Oriente visto pelo Ocidente e a quarta e última com os filmes de Kôji Yamamura.

Osamu Tezuka
Dos títulos que passaram, Lenda da Floresta, A Sereia, Pingo, Contos do Fim da Rua e Salto, já conhecia os dois últimos, sendo o meu preferido o brilhante Salto (Jumping). Esta pequeníssima amostra, fez-nos perceber o quão prolífico e ecléctico era Osamu Tezuka e deixou para trás a vontade de ver mais, muito mais.

Renzo Kinoshita
De Renzo Kinoshita passaram Made In Japan, Japonês, Picadon e Último Raid em Kumagaya. Esta sessão foi uma espécie de déjà-vu, pois já tinha visto todos os filmes e alguns (Picadon) mais que uma vez, talvez nos Nippon Koma. Kinoshita, cuja carreira se concentra mais nos anos 70, tem um estilo um pouco datado, mas que nos transporta no tempo, para um Japão que tende a desaparecer. Por outro lado, os seus filmes são sentidos testemunhos das bombas atómicas, pedem-nos para não esquecer a catástrofe que causaram. Destaco Made In Japan.

O Oriente visto pelo Ocidente
Passaram vários filmes de várias origens e a inspiração oriental não era apenas nipónica. De entre todos os títulos destaco em particular Screenplay, de Barry Purves, que repega na animação de marionetes (técnica desenvolvida originalmente na Checoslováquia, adoptada pelo realizador japonês Kihachiro Kawamoto, cuja estética de certo inspirou este filme), adaptando uma estética tradicional japonesa e do teatro de Kabuki e nos oferece um filme tecnicamente arrojado, muito bonito e muito japonês.

Kôji Yamamura
Até esta sessão só tinha visto o filme acima: Atama Yama (Mount Head). Depois de ver mais, Aquatic, Perspektivenbox, The Old Crocodile, Fig, A House, Kid's Castle, Pieces e A Child's Metaphysics, fiquei fã deste realizador muito criativo, que alia técnicas muito variadas (pintura no vidro, plasticina, tinta sobre papel) a aspectos da cultura popular japonesa, tais como o teatro Kyogen ou as antigas formas de narração japonesas. Como brinde a Monstra ainda nos proporcionou uma masterclass com o realizador, onde ele explicou a sua metodologia de trabalho e uma exposição com originais do seu último filme, em competição no festival, Franz Kafka's A Country Doctor.

23.5.08

Terminei de ver: xxxHOLiC

A estreia da nova série de xxxHOLiC, xxxHOLiC ◆ Kei, fez com que retomasse esta série que apenas ficou pendurada por falta de disponibilidade para ver tanto anime.

Comparando com a manga, que entretanto estou a ler, esta série faz muitas alterações, com alguma falta de lógica. A primeira grande alteração, e talvez a única justificada, é a liagação com a outra história das CLAMP, que se desenvolve em paralelo, Tsubasa-RESERVoir CHRoNiCLE-. Mas como não gostei de Tsubasa, não me faz diferença. De qualquer modo, esta ausência deve-se essencialmente ao facto de as duas séries serem produzidas por estúdios diferentes e emitidas em canais diferentes de televisão: Bee Train e NHK para Tsubasa e Production I.G. e TBS para xxxHOLiC. Outra alteração grande é a ordem das histórias, que não tendo grande força na narrativa principal, não faz mossa, mas que em certos casos, onde se justifica por falta de coincidência de calendário, obriga a mudanças na história, como foi o caso dos episódios do Dia de S. Valentim e White Day. Por outro lado houve episódios onde se acrescentou perfeito disparate gratuito de anime, talvez apenas para encher... Tenho bastante pena dessas alterações pois assim perderam-se alguns detalhes bem divertidos da manga. A última grande alteração, nem sempre consensual entre os fãs, foi a cor do cabelo de Ame Warashi, a espírito da chuva, azul claro na manga, vermelho fogo no anime. Apesar de eu gostar mais do vermelho, não encontro nenhuma razão para essa mudança.

De resto é um anime bem interessante, com um aspecto de comédia fantástica, gótica e esotérica, escondento por trás sentimentos e noções filosóficas bem sérios interessantes. Muitos desses conceitos de destino e etc. já vêm de trás na obra das CLAMP, directamente inspirados pelo Budismo e Xintoísmo, e não são, de forma alguma gratuitos.

O guarda-roupa de Yuuko continua fabulosamente exótico, se bem que aquém das ilustrações da manga. Com o tempo até passei a achar graça à canção do genérico inicial, 19 Sai, mas a primeira canção do genérico final, Reason, nunca me convenceu. Por outro lado a segunda canção do genérico final, Kagerou, interpretada pelo grupo(?) BUCK-TICK, fez me lembrar, juntamente com a animação de Maru, Moro e Mokona, a maneira de cantar do brasileiro Sidney Magal.

Há alguma coisa no final da série que me fez confusão: o penúltimo episódio termina como se fosse o fim da série, dando a ideia de que Yuuko vai continuar a atender quem precisar dela e depois há um último episódio, encarado como um especial, em que conta uma história bem pessoal de Watanuki. Não vejo porque não foi integrado no meio do resto da série, apesar de nos dar alguns elementos do passado de Watanuki, elementos que já andavam implícitos no resto dos episódios.

xxxHOLiC - TBS Animation

12.5.08

Zona Animax - 2ª leva


Já vem com algum atraso mas não queria deixar de opinar a 2ª leva da Zona Animax no AXN.

InuYasha
Continuo a gostar bastante, se bem que a história evolui um bocado devagar (é para fazer render o peixe). Mesmo assim é um bom exemplo de história de Rumiko Takahashi que alia de forma bastante equilibrada a acção, o romance e a comédia, não é é tão boa como algumas das anteriores.

Corrector Yui
Este anime parece-me um spin-off do clássico mahou shoujo, mas a Yui é tão parvinha e barulhenta que não consigo deixar de achar esta série irritante. Lá pelo meio vão se encontrando referências a outras séries ou filmes, inclusive tem (no episódio 5 ou 6) uma cena directamente inspirada na minha cena favorita de Totoro.

Ueki no Housoku [The Law of Ueki]
A primeira coisa irritante deste anime aborrecido é o mau português na tradução do título: A Lei do Ueki. Se Ueki é uma pessoa, deveria ser A Lei de Ueki... Adiante, este é um anime aborrecido, cuja permissa, um rapaz indiferente é arrastado para uma competição sobrenatural, parece vagamente interessante mas torna-se rapidamente repetitiva e chata. Nem a sua eléctrica amiga anima as coisas... deixei de ver.

Detective Conan
Para um anime com tanto sucesso no Japão, fiquei um pouco desapontada. Primeiro, para um anime desta duração (mais de 500 episódios) sente-se imensa falta de uma explicação conclusiva, para além da introdução no genérico, do que raio afinal se passou com Conan/Kudo. Depois os episódios, em forma de casos policiais, deixam muito aquém a intriga e não usam estratagemas clássicos da narrativa de suspanse as vezes que seriam de desejar. Para um anime que tem claramente inspiração directa nos livros de Agatha Christie, parece-me pouco criativo, ficando a curiosidade de compreender o mistério principal que envolve Conan. Mas como esta série é looonga, ainda há esperança.
Ah, a péssima tradução do espanhol faz com que hajam frases que não fazem sentido num anime que depende do texto e que os nomes japoneses sejam escritos numa grafia, no mínimo, esquisita e que não tem nada a ver com o português ou com a convenção adoptada internacionalmente para a escrita dos mesmos. Acho que o truque é ler os Y como J e os J como H, confuso não é?

Lupin III
Claramente a minha série preferida desta leva! Apesar da animação um pouco antiquada e menos fluída, é uma série que tem personagens divertidas e cativantes, histórias cheias de acção e uma banda-sonora excelente! É daquelas séries que não sei de qual personagem gostar mais: se do cool Lupin, se do pragmático Jigen, da aldrabona Fujiko, do eficiente Goemon ou do trapalhão Zenigata. São todos fantásticos e todos constroem excelentes episódios. E depois cada estratagema mais rocambolesco de Lupin para levar a bom porto os seus roubos ou salvamentos, são de partir o coco a rir! Saio daqui a cantar...
♪Lupin the Thiird, Lupin the Thiiird, Lupin, Lupin Lupin...♪

Kochikame, a louca academia de polícia
Já tinha visto alguns episódios desta série no Canal Panda, mas agora estou a divertir-me bastante a vê-la de fio a pavio no AXN. Este é um típico anime de comédia, bastante inocente mas por vezes atrevido, que conta as desventuras de um polícia demasiado calão para o ser. Claro que vendo isto do ponto de vista da polícia japonesa, que serve mais para dar informação aos transeuntes ou ajudar a comunidade, já nos parece um pouquinho mais plausível. Mesmo assim os exageros de Ryo são demais e proporcionam uns bons 25 minutos de anime. É uma série estruturada sem uma continuidade forte, mas com divertidas e loucas histórias por episódio.

AXN
sábado e domingo, a partir das 12:45h
e a partir das 6:45 (repetição)

Zona Animax

10.5.08

Witch Hunter ROBIN

Levada pelo meu gosto pelo fantástico, resolvi ver Witch Hunter ROBIN, um anime já um tanto datado. Infelizmente é mais uma daquelas séries que impressionam pela originalidade e aparência mais séria ou adulta, mas que acabam por desiludir por não oferecerem, afinal, nada de novo.

Robin Sena é uma rapariga de 15 anos que, apesar de ter nascido no Japão, viveu em Itália, num convento, até ao início da série. Ela regressa ao Japão para integrar uma equipa de caçadores de Witches. Não vou utilizar a tradução, bruxa ou feiticeira, porque para além de estas(es) Witches não corresponderem à definição literal da palavra, tanto podem ser homens ou mulheres para o que a palavra em inglês (utilizada no original) é mais prática, não tendo género. Na equipa temos um pouco de tudo: o geek de computadores (sem poderes), a mulher maternal, a rapariga fútil, o rapaz imaturo e o líder carismático e também sorumbático. De todos só mesmo Robin e Amon (o líder) são mais góticos no visual, parecendo que Robin está sempre com as roupas de alguém maior que ela... Mas Robin tem uma Vespa e por isso já gosto dela!

Esta equipa usa os seus próprios poderes para caçar Witches rebeldes, sem os matar. Robin usa o fogo e tem uma certa dificuldade em adaptar-se às regras desta equipa e da sociedade japonesa em geral. As histórias são independentes com uma ténue linha condutora através dos episódios que nos vai dando pormenores da vida de Robin e das personalidades dos outros elementos. A meio a narrativa concentra-se mais em Robin e o seu passado misterioso, passando a caçadora a ser a caça.

A acção passa-se na actualidade, mostrando por vezes lados socialmente menos aceitáveis, tais como os sem-abrigo ou outras realidades invulgares nos anime. Portanto quase todos os cenários são paisagens realistas de Tóquio, mas sem referências marcantes excepto o ocasional plano da Tokyo Tower ou das torres do Município. A excepção é o edifício da organização (STN) que faz em quase tudo lembrar o edifício do Blade Runner e o escritório, mais concretamente, parece o escritório da série de TV Earth: Final Conflict. Ah! E gosto da maneira como os japoneses dizem Robin (com ênfase no in), é giro!

Queria ver, já vi, está visto. É um anime um bocado chato de ver, pois arrasta-se e não deixa recordações memoráveis...

Witch Hubter ROBIN [JP]
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