6.8.19

Mary to Majou no Hana

Já devia ter escrito isto há meses, mas conheço bem este filme, pois a tradução para português é minha. Mary e a Flor da Feiticeira, estreou nas salas portuguesas, o que é raro num anime que não seja Ghibli. Infelizmente na maioria das salas apenas foi exibida a versão dobrada em português e não esteve muito tempo em cartaz.

Mary to Majou no Hana é o primeiro filme do Studio Ponoc, criado por ex-animadores do Studio Ghibli. Em Mary isso é evidente, tanto no estilo visual e character design, como no tipo de história escolhida. Mary é a adaptação do conto The Little Broomstick, por Mary Stuart.

Todo o contexto e cenários do "mundo real" em Mary é bastante britânico, com casas de tijolo vermelho, erva verde, muros de pedra e ovelhas a balir. Já o "mundo mágico" tem uma paisagem muito ghibliesca, fazendo lembrar muito Arrietty, mas como grande parte da equipa deste filme saiu da Ghibli, se acontecesse o contrário é que seria de estranhar. O filme é muito bonito, cenários impecavelmente detalhados, uma paleta de cores muito rica, e o mundo mágico é um arco-íris de criaturas e edifícios, qualquer coisa entre o realismo mágico da América Latina e o Steampunk, um Steampunk colorido.

Gostei muito da história, mas achei muito estruturada em episódios, cada acto parece uma narrativa fechada dentro de um arco maior. Esses actos são separados muito claramente: Prólogo com Charlotte jovem; Acto 1, a chegada de Mary a Red Mansion; Acto 2, à descoberta do mundo mágico; Acto 3, salvar Peter e os animais; Acto 4, recontar o passado e conclusão. Cada acto passa-se maioritariamente num cenário diferente, e cada transição envolve uma viagem na pequena vassoura. As personagens são bem desnvolvidas e gosto de não ser desvendada imediatamente a identidade de Charlotte. Mas as reviravoltas entre actos podem ser confusas e cansativas para um público infantil, notei isso na antestreia, na impaciência de alguns miúdos mais pequenos.

Mary to Majou no Hana tem uma banda sonora maravilhosa! Não me refiro propriamente à música, mas também, mas o modo como está construída, da conjugação da melodia, diálogos e efeitos sonoros e como suporta de forma maravilhosa a acção. É raro gostar tanto de uma banda sonora ao ponto de me deixar conduzir por ela num filme, foi isto que me aconteceu com Mary, mesmo tendo que rever o filme várias vezes por causa do trabalho.

Traduzi ambas as versões, legendas e dobragem, mas houve uma adaptação pela equipa de dobragem. Fora a eventualidade de certas frases não darem muito jeito, ou de algum modo não saírem bem aos actores, como espectadora e como tradutora, questiono opções como aportuguesar nomes. Se quando era miúda e não sabia línguas estrangeiras, ter nomes estrangeiros em personagens não me fazia confusão, pelo contrário, gostava de aprender nomes diferentes, hoje em dia, com o banho constante de internet que os miúdos apanham, menos ainda percebo o porquê de o fazerem. Deve ser o mesmo tipo de pensamento condicionado que acha que "desenhos animados são para crianças". Mas enfim, são opções. Seja como for, adorei traduzir este filme e agradeço muito à Outsider a oportunidade. Esperemos que venham mais, até porque quero ver mais anime no grande ecrã!

『メアリと魔女の花』公式サイト
MARY E A FLOR DA FEITICEIRA (Junho 2019)

3.8.19

Comecei a ver: Boku no Hero Academia

Shounen não é a minha cena, mas de vez em quando gosto de ver, em geral a série da moda, quando passa na TV. Ora, a série da moda, em Julho de 2019, é Boku no Hero Academia [A Minha Academia de Heróis].

Estou a ver a versão dobrada, vou já despachar o assunto:
Basicamente os portugueses estão deveras melhores nas dobragens, não tenho notado grandes disparates nas traduções (mesmo quando não se ouve o original, percebe-se quando as coisas estão mal traduzidas - sobretudo se se conhece a língua de origem), as interpretações, escolha de elenco e mesmo as vozes estão mais trabalhadas, com menos exagero e nota-se um verdadeiro empenho em fazer um trabalho sério e bem feito. No passado houve quem achasse imensa piada às graçolas de Dragon Ball Z, mas era humor barato e que desvirtuava a obra original, que tem imensa piada por si só. Dito isto, se não são "aquelas" séries que sei que vou gostar, ou se vejo mais por desporto, e isto vale tanto para shounen - onde acontece com maior frequência -, como para shoujo e outras demografias que vejo mais vezes. Se vejo "porque está a dar", não me importo muito de não ter as vozes originais, se mais tarde gostar muito da série, faço um esforço para tentar ver o original. Se não, fico-me pelas nossas dobragens, pois já não me dão vontade de atirar a tigela dos flocos à televisão.

Boku no Hero Academia é mais um daqueles shounens de grupo, com um elenco algo vasto, que leva uma série de episódios a introduzir, em geral com qualidades mais ou menos maniqueístas. Não há aqui grande novidade. A história do protagonista, Midoriya Izuku, é gira, o típico underdog que se desenrasca melhor que os outros, pois usa o raciocínio, a estratégia e é verdadeiramente corajoso, que tem o mérito reconhecido através do seu professor-mentor Allmight. Até aqui nada de especial. O que faz com que se destaque é, como diz o título, a narrativa passar-se no ambiente de uma escola de super heróis (mutantes). O autor tentou dar-lhes um ar diferente, grotesco, mas no conjunto acho que não funciona. Há 2 ou 3 designs que funcionam bem, mas os outros são um bocado WTF? O Watsuki, em Kenshin, resolveu isso muito melhor, pois atrasou a introdução das personagens mais grotescas o mais que pode e os designs são interessantes. Em One Piece isso é levado ao exagero, mas com um character design genial e com imenso sentido de humor. Compreendo perfeitamente que haja tantos cosplayers de One Piece, aquilo é um desfile maravilhoso de potenciais fatos!

E o que se passa com as temporadas que parecem incompletas? Já no último post queixei-me de Card Captor Sakura: Clear Card, e BnHA mal tinha introduzido os protagonistas e amigos, começam a acontecer coisas e BUM! 'bora lá acabar a temporada aqui. sem mais nem menos! Verificando o site oficial, são 63, sessenta e três, episódios! Detesto quando os canais de TV fazem estas divisões em temporadas a séries que só têm uma temporada, só para encaixar nos seus formatos. Só mesmo um fã ferrenho é que não fica baralhado! Quando regressar, intenciono continuar a ver, mas se começar a engonhar, como Naruto engonhou, páro. Para já, gostei muito do Allmight, do Izuku e da Tsuyu, ah e do Aizawa-sensei. Veremos onde vai dar...

TVアニメ『僕のヒーローアカデミア』
 
 BIGGS

9.7.19

Terminei de ver: Card Captor Sakura - Clear Card Hen


Acho que escapou-me algo, deve haver uma segunda temporada de Clear Card nos planos, pois o final é demasiado em aberto, parece que a história ficou a meio. Em todo o caso, espero que sim.

Como ainda não li a manga, a narrativa de Clear Card foi uma novidade completa. No geral gostei, mas achei morna, comparando com a série original. Apesar de haver alguns desenvolvimentos na narrativa principal, e "desvios" giros, como a visita de Meilin, a grande maioria dos episódios era a fórmula do costume, Sakura faz alguma coisa ou vai a algum lugar, Sakura sente uma carta, Sakura apanha carta. O pior não é isso, sobretudo se cada captura de carta for acompanhada por um figurino novo da Tomoyo, estamos bem, o pior foi a narrativa do trio Akiho, Kaito e Momo, que custou a desenvolver-se e não tem resolução na série. Aliás, basicamente terminou no clímax. Também achei que a maioria dos episódios espelhava de algum modo os episódios mais memoráveis da primeira série, e não é para isso que cá estou. Quero coisas novas, senhoras CLAMP!



Adorei a passagem da pureza do cristal do primeiro genérico, Clear, para a paixão das rosas vermelhas no segundo, Rocket Beat. Também adorei o vestido vermelho! Pensei que isto auspiciava algum desenvolvimento na relação Sakura-Shaoran. Realmente houve desenvolvimento, mas, como o resto da série, soube a pouco.

Com isto, espero mesmo que a Madhouse produza uma nova temporada, ou filme, ou filmes, que contem o resto da história, porque esta série não me convenceu, mesmo com os valores de produção altos.

クリアカード編 -カードキャプターさくら公式サイト-

19.4.19

Kazuo Koike


Kozure Ookami (Lone Wolf and Cub) foi das primeiras mangas que comprei na vida, das poucas que tenho em inglês e não japonês. A edição da Dark Horse é, dentro das edições americanas de manga, uma das melhores. Livros de pequeno formato, em volumes com mais que um capítulo, e não os "fascículos" de meia-dúzia de páginas, formato normal dos comics, mas que não é adequado à manga.

Só li Lone Wolf, nem sequer cheguei a ler Crying Freeman, de Kazuo Koike, que acabou de nos deixar, mas é uma das melhores mangas da minha biblioteca e das que li. Uma história mais realista que a clássica manga histórica, contando as façanhas de um Ronin que vagueia com o filho pequeno, num Japão feudal conturbado. Não li, mas vi o fabuloso filme Lady Snowblood, cuja manga e argumento também são dele.

De uma outra forma, perdemos mais um dos grandes da manga, que ajudou a criar um estilo e a trazer a manga para o Ocidente. Lone Wolf and Cub deu origem a uma série de filmes (japoneses), que sempre quis ver e nunca vi, e Kazuo Koike inspirou muitos autores de comics norte-americanos, colaborando inclusive nalguns. Tal como Monkey Punch e o seu Lupin, Koike é daqueles autores tão marcantes e tão imitados, que a origem já se diluiu no tempo.

Kazuo Koike (Wikipedia)

16.4.19

Monkey Punch

Não era um dos meus heróis, mas quase. Monkey Punch, de pseudónimo, foi fundamental para estabelecer determinados cânones do anime e manga modernos, sobretudo através da sua série mais famosa: Lupin III.

Até sempre, Punch-sensei, deixas mais que um legado, deixas um estilo indelével, um humor imortal.

モンキー・パンチ公式WEBサイト
Monkey Punch (Wikipedia)



17.2.19

Bananya

Facto: gosto de animes parvos; facto: gosto de gatos. Isso e não andar a conseguir ver série nenhuma até ao fim (faltam-me 2 episódios de Clear Card u_u') e de esta ser 13 episódios de 3 minutos, fez com que a despachasse à hora do almoço.

Bananya respeita o formato das séries com episódios com menos de 25 minutos que vi até agora: Chi's Sweet Home (3 min) e Bihada Ichizoku (9 min), apenas com cartão de título no início e genérico final de 30 segundos, com direito a ficha de personagens e fotos reais de gatos. A isto chamo o verdadeiro Rossio na Betesga!

Mesmo em 2,30 mins as histórias dos gatos-banana têm alguma intriga e até conseguem fazer piadas engraçadas. Desde que o espectador consiga abstrair-se o facto de as personagens serem gatos-banana (?!). Para não complicar, as personagens têm perfis maniqueístas, clássicos de aventuras de grupo japonesas: o herói, Bananya, cujo sonho é tornar-se numa banana coberta de chocolate - yum!; o intersse amoroso, Bananyako (Madonnya); o amigo Tora Bananya; o rival, Kenaga Bananya; o anti-herói, Kurobananya; o mentor/figura paternal, Oyaji Bananya; o aprendiz timido, Sabotora Bananya; o coro, o trio Tabananya; o bebé, Baby Bananya e os convidados, Miike Bananya, Namaste Bananya e Elizabeth Bananya. Mesmo assim é um elenco numeroso! A acção passa-se quase sempre na cozinha, onde os Bananya vivem, as suas aventuras são simples descobertas, como a visita do gato de rua, sempre quando os humanos da casa não estão presentes.

A animação é vectorial e bastante simples, facilitando a sua produção, mas com um character design giro e sólido, cenários simples em cores pastel, não parece um produto barato. Calculo que já haja uma boa variedade de merchandising por trás e que eventualmente faça mais sucesso como tal que a série em si, estilo Mamechiba ou as coisas da Sanrio (se bem que ainda não falei aqui do Gudetama :'D).

Com consciência que não é para todos, eu achei divertido e verei mais se vier a haver mais. Nya!

TVアニメばなにゃ公式ホームページ


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