29.6.06

Ando a ver: NANA

Parece que NANA anda engasgada: já tinha sido ultrapassado o obstáculo de um início um bocado atrapalhado, a história já estava encarrilada e a tornar-se interessante, Sachiko (a verdadeira) já tinha aparecido, os Blast reuniram-se e... pespegam-nos com um episódio de recapitulação para encher?!!

Detesto episódios de recapitulação, tenho sempre a sensação de que se está a desperdiçar tempo precioso em que a narrativa podia avançar, até hoje só vi um de que gostei: o da série do Discovery Channel, Mythbusters, mas a série proporciona-se a isso. O episódio 11.5 de NANA está muito bem montado, mas arrasta-se na mesma! Por esta altura da série, qualquer um está ansioso para saber mais, um episódio destes funciona como um anti-clímax... nem é altura para fazer uma interrupção na história, não se passaram assim tantas coisas, ainda está tudo a começar! Ggrrrrrrrr!

Só espero que a ameaça de haver mais um não seja cumprida!

NANA ーナナー

25.6.06

Tokyo Mew Mew

Sob o título internacional de Mew Mew Power, estreou na SIC um anime de uma fornada mais recente e invulgar nas habituais escolhas deste canal. Trata-se de um magical shoujo, um pouco produzido para agradar também a um público masculino dos otaku adoradores de meninas com um ar kawaii (=cute), de olhos exageradamente grandes e demasiado submissas.

Mesmo assim, ao ver um episódio fiquei agradávelmente surpresa por a série não ser tão má como quis pensar antecipadamente. Apesar do chamado fan service (guarda-roupa que mostra o corpo, pelo menos pernas, minissaias, cuecas muitas vezes visíveis) e do design demasiado cute das meninas, este anime pareceu-me simpático e deu-me vontade de pelo menos voltar a ver um episódio.

Trata-se de mais um plot em que um grupo de meninas se transformam em algo para combater invasores ou demónios. Desta vez as meninas transformam-se em gatinhas antropomórficas, e à civil, ora frequentam a habitual escola secundária (com o também habitual uniforme escolar de marinheiro) ou trabalham a part-time numa pastelaria, convenientemente vestidas de empregadas de mesa com aventais em forma de coração e cheios de folhinhos (por isso é que não me entusiasmei com as primeiras imagens que vi, apesar de adorar gatos).

Os seus aspectos e personalidades são também convenientemente maniqueístas e adequados aos seus nomes originais (que infelizmente foram "traduzidos" para banais nomes em inglês, tipo Zoey, Bridget e Renee): Ichigo (=Morango) é a chefe, simpática e querida e veste-se maioritáriamente de cor-de-rosa e vermelho, Mint (=Mentol) é a amiga pragmática que se veste de azul esverdeado e azul escuro, Lettuce (=Alface) é a amiga certinha e intelectual, usa óculos e veste-se de verde, Purin (=Pudim - como pudim flan) é a infantil e irritante mas gira e veste-se de amarelo e laranja e Zakuro (=Romã) é a "gaja boa", de cabelos compridos, provávelmente a mais séria e madura, que se veste de grená e púrpura.
Depois ainda há os convenientes rapazes bonitos, um loiro e outro moreno, para formarem um triângulo amoroso com a protagonista. E já me ia esquecendo da "adorável" mascote, uma espécie de bola de pêlo cor-de rosa com orelhas e cauda de gato. Não sei para que serve, deve ter a função de fazer o elo ou transição das vidas normais de adolescentes das raparigas para gatinhas com super-poderes.

Apesar de os achar exagerados, gostei dos "fatos de combate" das meninas, são bons potênciais cosplays, os de empregada de mesa é que já achei demasiadamente a "esticar a corda" (se bem que os japoneses adoram isso, basta olhar para Doremi).

Não me parece que a história tenha grande continuidade ou evolução ao longo dos episódios, mas é um anime engraçado e divertido q.b., que, nem que seja por ser diferente dos habituais anime a passar na SIC, vou tentar acompanhar, e espera-me uma saga, pelas minhas contas são 52 episódios!

SIC
sáb., dom., cerca das 8:20

Tokyo Mew Mew - Pierrot
TV Aichi - Tokyo Mew Mew
4Kids TV - Mew Mew Power

18.6.06

Terminei de ver: Ace o Nerae! (live action)

Tenho pouquíssima experiência em ver doramas japoneses, a grande maioria que vi até agora eram sentais, as séries vulgarmente conhecidas como Power Rangers, e Pretty Guardian Sailormoon, que era quase um sentai. Neste estilo de séries, a sensação de artificialismo é notória e faz parte, portanto é complicado separar delas uma boa realização ou uma boa performance de um actor, sendo o seu único termo de comparação elas próprias.

Ace o Nerae! tem um formato mais comum, de série de televisão e portanto uma qualidade acima da média se formos comparar com os sentais. É adaptado de uma manga e anime, mas do género desportivo, isto é, muito contextualizado numa realidade banal. Com isto tudo e comparando com outras séries de televisão (independentemente da nacionalidade ou género), achei a série, narrativamente, muitíssimo bem estrturada.

Como disse no meu primeiro post sobre a série, cada episódio representa uma viragem na vida da protagonista, Hiromi Oka, todas as personagens estão muito bem definidas e claramente caracterizadas. Cada episódio é coerente sobre si, não deixando pontas soltas, fechando a cada um, um capítulo. As actrizes e actores têm performances sólidas, com destaque, pela positiva para Matsumoto Rio (Ochoufujin) que até é convincente a jogar ténis mantendo o penteado e a roupa impecáveis a toda a hora. Pela negativa talvez Sakai Ayana, não me convenceu como Midorikawa Ranko, deveria ser mais dura e máscula, e menos menina. Ranko é, talvez, das personagens mais perturbadas da série, tendo uma relação bem dúbia com o meio-irmão. Nesta versão isso foi pouco utilizado, ficando a relação de ambos suavizada a uma relação comum de irmãos com uma difeença grande de idades.

Quem perceba de ténis (não é o meu caso, apenas dou umas raquetadas), pode achar que, principalmente as raparigas, são pouco convincentes a jogar. Mas acho que isso está mais no modo como elas se mexem, como já disse Matsumoto Rio convence, e como são filmadas que com o facto de saberem jogar ténis. Penso que houve uma certa preocupação em não as mostrar demasiado profissionais e manter certos maneirismos femininos muito japoneses, tais como certos gestos com as mãos, o modo como Hiromi cai ou, até ao final da série, Hiromi continuar a meter os pés e joelhos para dentro, como qualquer adolescente japonesa. Talvez seja o meu olhar ocidental a falar mais alto, mas também estou a ser demasiado picuinhas.

A história é uma boa história de amadurecimento e manteve-se semelhante à primeira fase do anime, resumindo a fase profissional da carreira de Hiromi a uma conclusão. A meio do último episódio estava com medo de como resolveriam o final, principalmente após a morte de Jin, mas, ao contrário do que costuma ser mais comum, a elipse de tempo está bem feita (até Aya Ueto parece mais adulta) e não temos a sensação de que a acção acelerou para enfiar lá a informação toda no final. Só a tímida e desajeitada relação amorosa entre Hiromi e Todou me faz uma certa confusão, mas é uma abordagem demasiado japonesa para olhos habituados casais televisivos/cinematográficos norte-americanos ou brasileiros, onde as pessoas se tocam e trocam intimidades com outro à vontade e frequência.

Ace o Nerae! foi uma boa primeira abordagem à ficção televisiva japonesa, deu para perceber que aqueles senhores (e senhoras) sabem muito bem o que andam a fazer, não brincam em serviço e são tudo menos verdes na matéria. Há realmente algum desfasamento cultural e sociológico, mas o resultado final superou as minhas expectativas.

Ace o Nerae! - TV Asahi (1)
Ace o Nerae! - TV Asahi (2)

15.6.06

Kiteretsu Daihyakka

Tardei em comentar a novidade anime do mês no Canal Panda, Kiteretsu Daihyakka, em português apenas Kiteretsu.

Quem vir um episódio fácilmente percebe que este anime é da mesma autoria de Doraemon, Fujiko F. Fujio. Aliás é no excesso de semelhanças que está a falta de interesse neste anime. Parece que estamos a ver um clone barato de Doraemon, todas as personagens têm caracterizações demasiado parecidas, portanto perde na originalidade e na graça que me leva a ver, com gosto, um episódio de Doraemon de vez em quando.

O único aspecto que difere é que o protagonista humano, Kiteretsu é, ao contrário de Nobita, um miúdo dotado, génio inventor, portanto é ele quem engendra os inventos mirabolantes que lhes permitem ter aventuras fora do vulgar. O robôzinho que o acompanha por todo o lado, chamado Koro, qual Doraemon, é invenção de Kiteretsu e não faz muito mais que ser seu interlocutor. Todas as outras personagens têm equivalentes bem semelhantes em Doraemon: Miyo é Shizuka, Gorila é Gigante (aqui até as alcunhas são semelhantes) e Dongari será Suneo.

Acho muito mais piada à relação Nobita-Doraemon que à relação Kiteretsu-Koro. Nobita é desastrado, preguiçoso e incompetente e depende das fantásticas invenções do futuro e do bom-senso de Doraemon para se safar nas trapalhices que inventa. Kiteretsu, sendo um miúdo sobredotado, tira logo a graça toda, com a sua inteligência acima da média. Enquanto que em Doraemon as peripécias dependem da incompetência de Nobita e da sua aptidão para criar problemas para si e para os amigos e familiares, em Kiteretsu passa-se o contrário, todos dependem de Kiteretsu para lhes resolver os problemas. Mais básico e linear. O mal, o mal foi Doraemon ter sido inventado primeiro e Kiteretsu ter vindo beber desse sucesso, senão até que seria um anime razoável para miúdos.

Fiquei surpreendida ao perceber, na pesquisa que fiz sobre a série, que durou uns espantosos 301 episódios. Estar a ser exibida no Canal Panda justifica-se, talvez como se justificou no Japão, por durar tanto tempo, por ser um anime para crianças. Como fã de anime que sou, o interesse por um clone de Doraemon é limitado e se vi e verei no futuro um episódio, será apenas porque calhou no horário ou no zapping.

Mesmo assim recomendo outro anime da mesma autoria, Ninja Hattori, que também já passou no Canal Panda, e cuja a história, partilhando um universo semelhante do dia-a-dia de crianças da primária, tem uma permissa mais interessante, integrando dois pequenos irmãos ninjas (um mais experiente e outro aprendiz) num quotidiano banal.

キテレツ大百科

Canal Panda
2ª - 6ª: 09:00, 14:00

CINE-ASIA: Bishoujo Senshi Sailormoon R


Japão, 1993, 60min

Site oficial - Trailer - Fotos 1 2

Sinopse: A tranquilidade de um passeio em grupo por Usagi, Mamoru e as amigas é perturbada por uns estranhos acontecimentos, seguidos de um ataque extraterrestre. Como Sailor Senshi (Guerreiras Sailor), Usagi (Moon), Ami (Mercury), Rei (Mars), Makoto (Jupiter), Minako (Venus) e Mamoru (Tuxedo Mask) conseguem neutralizar temporáriamente o ataque. Mas Fiore, o extraterrestre, fere gravemente Tuxedo Mask e rapta-o. Para resgatar Tuxedo Mask e salvar a Terra do ataque, as guerreiras teletransportam-se para a nave espacial de Fiore, travam uma dura batalha mas tudo acaba em bem graças ao poder do Cristal Prateado, à amizade e ao amor.

Crítica: Este filme é um típico exemplo de um filme produzido sob a sombra de uma série de anime bastante popular, transportando-a para mais um meio comercial, o cinema. Ao adapatar a manga de Sailormoon para série anime, provávelmente nem a autora da manga, Naoko Takeuchi, nem os estúdios que a produziram, Toei Animation, previram o boom de sucesso que ela acabou sendo. Talvez por isso o filme para cinema tardou e só foi produzido no seguimento da segunda série de televisão, Sailormoon R (mais de 1 ano após o início da exibição).

Para quem vê este filme sem estar a par da série de televisão pode não perceber algumas das subtilezas deste universo. Há realmente uma pequena apresentação, antes do genérico, mas limita-se a mostrar quem elas são e o que fazem de extraordinário. É supreendente como o realizador, Kunihiko Ikuhara, não caiu na tentação de fazer uma re-introdução psicológica das personagens que, à partida, toda a gente conhecia, na introdução do filme. Foi sim introduzindo algumas das suas características-chave ao longo da narrativa, contando, pelo meio, alguns pormenores nunca antes vistos. Portanto, o espectador ignorante do mundo Sailormoon acaba não saindo baralhado, mesmo não possuindo muitos dados acerca da série.

Esta história é 100% original, foi escrita pelo argumentista da Toei e não baseada em acontecimentos ou persongens da manga. Com isso segue uma intriga bastante típica da série de televisão, funcionando como um episódio alongado ou especial, que se poderia integrar algures a meio da série em exibição na TV, como um complemento.

A história, seguindo essa fórmula sedimentada, aproveita bem as características da série, dando-lhes a volta e introduzindo dados novos que provávelmente já tinham intrigado os fans (tal como a explicação para as rosas vermelhas de Tuxedo Mask). Graças ao tempo mais alargado disponível, permite-se uma estrutura mais cinematográfica contando duas histórias, em tempos diferentes e em paralelo, unindo-as no fim, na conclusão. Apesar de ser um shoujo (anime para raparigas) os 60 minutos estão cheios de acção, de batalhas atrás de batalhas, que culminam num emocionante climax do desafio final que se põe às meninas. Mesmo sendo evidente o investimento comercial (vamos-fazer-mais-uns-trocos-em-salas-de-cinema e vamos-editar-mais-uns-CDs-com-canções-novas) o resultado final é surpreendentemente coerente e agradável, com uma qualidade acima da média para um filme anime quase exclusivamente criado para fazer dinheiro.

Devido a tanto sucesso os meios de produção disponibilizados são bons e caros, sendo a pintura dos acetatos, cenários, animação e todo o artwork muito mais cuidados que na variante para TV. São impressionantes os cenários do bairro Azabu-juban, em Tóquio, onde elas vivem, que neste filme se percebe muito melhor como é. Os ataques, para além das sequências utilizadas na série, são nos mostrados com variantes novas e as sequências das transformações foram “polidas”. Houve também um dos primeiros e tímidos investimentos em animação 3D digital na nave espacial extraterrestre. Mesmo que rudimentar, foi um grande avanço, os japoneses tardaram bastante a integrar o 3D na animação tradicional, só os produtos de garantido sucesso comercial foram alvo desses primeiros investimentos. A banda-sonora também sofreu algumas reorquestrações e teve direito a uma série de temas novos, uma das novas canções é cantada pelas actrizes que dão a voz às personagens (Moon Revenge) e que reforça a batalha final.

É um filme de entretenimento, que se vê com boa disposição e que alia, em equilíbrio, cenas de dia-a-dia e comédia com cenas de acção e romance numa conjugação de géneros, muito característica do anime para raparigas, sem tentar se levar demasiado a sério.

Classificação: 7/10

8.6.06

CINE-ASIA: Ugetsu Monogatari (Contos da Lua Vaga)

Mais uma crítica a um filme japonês, desta vez o lindíssimo clássico de Kenji Mizoguchi. Leiam, mas, principalmente, vejam o filme!

3.6.06

Comecei a ver: Ace o Nerae! (live action)

Não é o anime com muita pena minha. Há uns anos passou na RTP, sob o título de Jenny, a Tenista, e o impacto do anime em mim foi muito grande. Pela primeira vez tinha uma paleta de cores extremamente invulgar, muito cheia de cores quentes e tons escuros, um character design mais adulto e uma história de conquista pelo esforço. Já tinham sido exibidos alguns anime de desporto, mas este foi o primeiro que verdadeiramente me impressionou.

Há cerca de dois anos esta manga de 1974, foi novamente adaptada para televisão, pela ocasião em que se comemoravam 20 anos da manga que foi também reeditada numa box de luxo. Desta vez a adaptação foi um dorama, ou seja, no formato telenovela japonês. Nessa altura tive curiosidade em ver a série, mas como coincidiu com o dorama de Sailormoon, acabou sendo adiada.

Enquanto que a adaptação de Sailormoon foi produzida para um público mais infantil e, portanto, foi uma série de 49 episódios de 25 minutos, Ace o Nerae!, com um público-alvo mais velho, tem 9 episódios de 45 minutos.

Devido ao tipo de produção leva-se consideravelmente menos tempo a "entrar" naquele universo e, fora o penteado e laço de Ochoufujin e a ocasional bola de ténis digital, está tudo bastante credível e realista. Os actores também têm performances mais naturalistas e sérias, talvez fruto de uma maior experiência (a maioria das meninas em Sailormoon nunca tinham feito nada antes). Aya Ueto, nome facilmente reconhecível a quem segue as idols japonesas, tem uma performance bastante sólida como a protagonista Oka Hiromi.

Mas quem realmente me impressionou foi Ochoufujin (Madame Butterfly, na versão portuguesa), ou Ryuuzaki Reika, o seu verdadeiro nome (Matsumoto Rio interpreta). Apesar do visual bastante próximo da manga de 74 e um pouco artificial, toda a sua performance estabelece uma coerência de tal forma forte que rapidamente esquecemos a sua caracterização física e a tomamos como elemento-chave da personagem. Reika é uma menina bem, muito rica, que práticamente nasceu a jogar ténis, pois o seu pai é o presidente da Federação Japonesa de Ténis. A sua pose de vedeta do colégio, especializado na modalidade, o seu ar de aluna mais velha, perfeita e mais talentosa que aconselha as outras, o seu altruísmo e frieza, aliados a um modo de falar mais elegante e roupas civis chiques e adultas, acabam por ter tudo a ver com o seu visual. Reika tem personalidade forte, é talentosa, mas acaba por sofrer por ter tomado uma postura fria e superior, chocando os demais se porventura tem algum acesso de emotividade.

Como os episódios são menos e mais longos a história desenvolve-se de forma mais escorreita sem introduzir demasiada palha ou o clássico episódio de fazer-render-o-peixe. Cada episódio até agora representa, de alguma forma, um ponto de viragem para Hiromi. Também a quantidade de merchandising/product placement é menos óbvia, fora as inevitáveis marcas de equipamento desportivo.

Quero ver mais e rever a série de anime (já agora ler a manga)!

Ace o Nerae! - TV Asahi (1)
Ace o Nerae! - TV Asahi (2)

PS - não sei bem porquê a TV Asahi resolveu fazer dois sites, com conteúdos semelhantes mas que se complementam.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...