23.12.06

Meri Kurisumasu VI

Esta época é bem fértil em imagens engraçadas, principalmente as de anime ou manga shoujo. Este ano escolhi uma que já foi o splash screen do site oficial de Sailormoon, uma das minhas séries anime preferidas de sempre.

Gosto desta imagem por uma razão: pertence à série de desenhos de Sailormoon já executados pela sua autora, Naoko Takeuchi, à posteriori, na fase de promoção tanto do site como da série live action e das reedições da manga. O traço é bem mais limpo e definido e Naoko soube fazer muitíssimo bem a transição de acabamentos totalmente à mão (pintados à mão sobre papel) para a ilustração em computador, ou seja, pintada e com acabamentos feitos em computador. Para mais exemplos é ver as novas capas da manga, que são lindíssimas.

20.12.06

CINE-ASIA: Ghost In the Shell 2: Innocence

Na sequência do Nippon Koma, na Culturgest, aqui fica a minha crítica a este filme, com o qual fiquei pouco impressionada.



Japão, 2004, 100Min.

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Ano 2032, Batou, personagem fácilmente reconhecível do filme anterior (Ghost In the Shell), gente da Section 9, é designado para investigar uma série de assassinatos de figuras importantes da sociedade, supostamente assassinadas por uma série de bonecas/robôs, as Gynoids, que avariam, matam os respectivos donos e de seguida se autodestroem. Na ausência da Major Kusanagi, que desapareceu em misteriosas circunstâncias e deixou fortes memórias a Batou, é-lhe atribuido um novo colega, Togusa, ex-detective da polícia. Os dois perseguem o criador das Gynoids sendo sucessivamente confrontados com a diferença entre homem e máquina, cada vez mais difícil de distinguir.

Crítica: Este filme é uma muito esperada sucessão do anterior êxito, principalmente entre os espectadores ocidentais, Ghost In the Shell. Feliz ou infelizmente, pelo meio houve a série dos três filmes do Matrix assumida e altamente inspirada neste filme o que torna o tema existêncialista das diferenças entre homem e máquina, animado e não-animado, com alma e sem alma, etc. um pouco gasto.

Ghost In the Shell 2: Innocence é um filme muitíssimo bem feito, com cenários em CG (computer graphics) e animações de paisagens e não só, monumentais, perfeitamente integrados com um character design um pouco mais próximo dos desenhos originais da manga de Masamune Shirow, com uma produção técnica e artística sem mácula. Pena é que a realização de Mamoru Oshii continua a ser uma realização mediana de “studio system”, pouco criativa, apesar do luxo do apoio técnico e artístico por trás desta produção.

Toda a temática filosófica é muito interessante, já vem directamente da manga, onde Masamune Shirow se diverte a dissertar e a fantasiar ao ritmo da pena e do pincel, mas neste filme sente-se um excesso de elementos e teorias com muito pouco desenvolvimento e menos ainda as conclusões. A falta de conclusões é de pouca relevância, pois a própria dissertação das diferenças entre homem e máquina é directamente proporcional aos avanços da tecnologia, e portanto as conclusões só poderão vir com as conclusões da própria humanidade. Mas a falta de desenvolvimento faz com que toda a introdução deste tema interessante mas denso, soe a académico, como se de um trabalho de faculdade se tratasse, onde o que interessa é mostrar quantidade e não qualidade. O espectador menos atento acaba por se perder entre tanta teoria e talvez não prestar atenção aos pormenores importantes.

A par da densidade do tema, sente-se falta do sarcasmo e sentido de humor algo perverso da manga, mistura essa que para além de cativar mais para o texto torna-o de mais fácil assimilação e muito mais divertido. Também se sente bastante a falta da major Kusanagi, seja pela sua figura escultórica, mas mais ainda pelo seu humor negro que contrapõe majestosamente a gravidade de Batou e a falta de ambição de Togusa.

Como o filme tem uma direcção artística de primeira e muitíssimo boa, engana muito parecendo um bom filme, com sequências de deixar qualquer um de queixo caído, tal é o deslumbramento provocado. A nível estético encontram-se influências directas de um outro filme, anterior a ambos os Ghost In the Shell, e que também já abordava, no início dos anos 80 e com grande sucesso, esta mesma temática, falo de Blade Runner. Outra curiosa influência é a do próprio Matrix, portanto já em 3ª mão.

Vale pelos cenários e sequências na cidade, pela parada com os elefantes (elementos importantes numa das alegorias mencionadas no filme), pela mansão e pela banda-sonora do mais-que-conhecido Kenji Kawai, que não desilude mas também surpreende pouco.

Classificação:6/10

17.12.06

Cowboy Bebop

Cowboy Bebop, que regressou à SIC-Radical, é uma das minhas séries anime preferidas e um clássico. Hoje finalmente madruguei para (re)ver Evangelion e acabei por ver o episódio de Cowboy Bebop, Session#09: Jamming With Edward, e tive a triste lembrança das péssimas legendagens/traduções. Entre outros erros (infelizmente até alguns de português) o pior é um que tem imenso a ver com a maneira de pensar dos japoneses e em particular da deliciosa personagem que é a Ed. Quando Ed entra em contacto com o satélite rebelde e decide dar-lhe um nome mais simples, ela chama-lhe "Npyu" da palvra konpyutaa [nota: escrevi a romanização do modo como se escreve computer em katakana], porque ela está a falar com o computador/inteligência artificial do dito satélite.

Eu sei que a série infelizmente não foi traduzida directamente do japonês, que foi traduzida de uma tradução, já algo criativa, francesa e daí ter ficado o satélite batizado de "Plume", o que não faz sentido nenhum pois Ed tinha acabado de explicar o porquê do novo nome. Também sei que é caro, difícil, etc. fazer traduções do japonês, mas neste caso (e de todos os outros anime) fala simplesmente mais alto a conveniência de despejar a tradução à empresa mais próxima, que faz descontos se houver um volume maior de projectos a legendar... resumindo: o dinheiro e a eventual rapidez falam mais alto. Só que, "depressa e bem, não há quem"!

A maior pena que tenho nisto tudo é que Cowboy Bebop é uma das melhores séries de anime que já passaram nas televisões nacionais, que inclusive já adquiriu o estatuto de clássico e, ao contrário dos clássicos dos anos 70 e 80, tem uma qualidade técnica muito acima da média. Foi um dos primeiros anime produzidos para um público-alvo mais maduro, na sequência da acima mencionada série Shin Seiki Evangelion, uma tendência que tem vindo a aumentar. Merecia um tratamento melhor.

Resta-me continuar a desfrutar de Cowboy Bebop e tentar não ler as legendas, para não me irritar logo a um sábado de manhã.

カウボーイビバップ

12.12.06

CINE-ASIA: Tonari no Totoro

Crítica, para o Cine-Asia, do meu filme preferido de Hayao Miyazaki.



Japão, 1988, 86min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Uma família, o pai e as duas filhas, a responsável Satsuki e a introspectiva Mei, mudam-se para uma nova casa no campo que mais parece uma mansão assombrada. A casa é perto de uma árvore centenária que esconde alguns mistérios. A mãe das raparigas está hospitalizada por perto o que as faz sofrer de modos diferentes. Sem notícias da mãe, Mei foge, fazendo com que Satsuki inicie uma extraordinária busca.

Crítica: “O meu vizinho Totoro” é um filme intemporal e para todos, tal é a sua universalidade. É talvez das obras mais fundamentais de Hayao Miyazaki, o filme que marcou o seu reconhecimento no Japão (basta ver a quantidade e variedade de merchandising existente). Mas este filme é muito para além de mero comércio, é um retrato do comportamento e modo de encarar a vida para os japoneses. O primeiro aspecto relevante será talvez a maneira como uma potencial casa assombrada e espíritos sobrenaturais não são uma via disciplinadora para as crianças, mas sim um dado extra, encarado com excitação e naturalidade, é como se viesse com o pacote de mudarem para o campo.

A história é de tal forma equilibrada e abrangedora que conjuga o lado fantástico, mais pitoresco, belo e infantil com uma narrativa que aborda a complexidade da mudança e de encarar a dor e eventual perda de um parente próximo, sem que o espectador dê muito por isso. É nessa subtileza que está a verdadeira magia de Totoro e se revela o génio de Miyazaki. Foi com certeza um filme muito trabalhado e amado por quem o fez.

Como curiosidade foi o próprio Hayao Miyazaki quem escreveu as letras de ambas as canções dos genéricos, com o propósito de serem de fácil entendimento tanto para crianças como adultos. No ocidente, são uma boa maneira para iniciantes à língua japonesa se sentirem preenchidos por as perceberem com facilidade. Isto traz-nos à que é provávelmente a primeira banda-sonora, da colaboração Miyazaki/Joe Hisaishi, que foi um sucesso de popularidade.

De resto este é um filme de pequenos detalhes: a arquitectura de uma casa no campo, as plantas, os animais, uma bolota, andar à boleia numa bicicleta, apanhar uma molha ao voltar da escola, pequenos hábitos do dia-a-dia, relações interpessoais entre crianças e adultos e um elogio à natureza como qualidade de vida e uma mais-valia para os seres humanos que a habitam. É também neste filme onde aparecem pela primeira vez os pequenos seres de fuligem que mais tarde retornam em “Sen To Chihiro no Kamikakushi”.

Desta volta, em vez da abordagem do choque, utilizada tanto em “Nausicaä”, como em “Laputa”, onde personagens lutam para defender a natureza, Miyazaki dá à ecologia uma forma mais ligada aos conceitos do Shitoísmo, ainda muito presentes na cutura japonesa. A árvore gigante é encarada com respeito e admiração, os seres/deuses sobrenaturais fazem parte da natureza e os seres humanos aceitam-nos com naturalidade e, mais uma vez, respeito. Os seres humanos integram-se na paisagem e vivem com e da natureza sem a adulterar em demasia, com propósitos egoístas e desnecessários.

Em contrapartida, através destas duas miúdas, de cerca de 10 e 4 anos, assistimos a um crescimento e aceitação de novas realidades muitas vezes tingidas por dificuldades difíceis de ultrapassar como é ter a mãe doente. Na esperança e preserverança de duas pequenas raparigas, temos a força para continuar a viver o melhor que podemos, apreciando as pequenas coisas do dia-a-dia.

A história é simples e com poucas reviravoltas, o que dá espaço para a apreciação dessa mesma natureza e dos seus habitantes,sejam eles as pessoas da aldeia, os animais domésticos ou selvagens ou seres sobrenaturais. Por isso o filme deixa muito espaço para as viagens mágicas com Totoro e os seus “colegas”, que constituem grande parte da atracção e apreciação deste delicioso filme. Não é um filme contemplativo e muito menos aborrecido, todas as cenas mágicas são isso mesmo, transportam-nos para uma outra realidade que gostariamos que pervalecesse mais tempo.

Há uma pequena piscadela de olho à paixão de Miyazaki por máquinas voadoras, na personagem do miúdo Kanta que brinca frequentemente com um pequeno avião de aeromodelismo. É um filme que nos diz para parar e olhar para as belas coisas em volta, apreciar a vida como ela é, não ambicionando para além das nossas capacidades, atropelando os que nos rodeiam. É um apelo à vida no campo, com as suas dificuldades mas maior qualidade de vida. E, convenhamos, o Totoro amolece o coração mais empedrenido!

Classificação: 9/10

10.12.06

Nippon Koma 06: dia 6

A sessão de hoje à tarde valeu o Nippon Koma inteiro! O filme Ski Jumping Pairs: Road to Torino 2006 é simplesmente hilariante! Numa edição anterior do Nippon Koma (estou com demasiada preguiça para ir ver qual delas foi) já tinham passado a sequência em 3D da 3ª parte deste filme, e já nessa altura despertou em mim valentes gargalhadas. Desta vez saí da sala cheia de lágrimas de riso.

Ski Jumping Pairs é um fakumentary (=falsomentário - se é que o género poderá existir) onde se simula, em três episódios, o acompanhamento do "drama" que foi o percurso da modalidade de saltos de ski em pares, desde a sua invenção/descoberta até ao reconhecimento como modalidade olímpica. Não fora o subtil humor japonês e a sucessão de disparate após disparate, cada vez mais descabido, o filme está de tal forma bem feito que convence. Todos os elementos que denunciam a ficção vão aparecendo em crescendo, provocando, de início apenas estranheza no espectador até o levar, por fim, com o 3D das sequências de saltos, às lágrimas de riso. Um excelente ensaio de humor e inteligência.

A sessão da noite apresentou um clássico do anime Ghost in the Shell: Innocence, um filme daqueles que já toda a gente viu, menos eu, que normalmente só costumo ver estes filmes se mos colocarem à frente e eu estar com preguiça suficiente para ficar ali a vê-los. Dentro dessa mesma preguicite é assim que acabo por ter visto este filme no Nippon Koma. Já que ia ver os filmes todos, já agora vejo o filme que todos os não-fãs de anime que dizem que apreciam anime já viram.

Sobre o filme em concreto, daqui a uns dias há de estar uma crítica minha no Cine-Asia, e aí falarei do que achei.

9.12.06

Nippon Koma 06: dia 5

A entrevista/conversa de Nagisa Oshima (com um fatinho de cabedal castanho todo catita!) a Shinsuke Ogawa era um dos filmes que mais queria ver neste ciclo, na sequência do Doc Lisboa. É, sem dúvida, um documento e testemunho interessante acerca da metodologia utilizada por Ogawa nos seus documentários. Não há dúvida que o senhor era exaustivo! O resultado foi exibido no Doc Lisboa, no filme Magino Mura.

Agora a seca que passei na sessão de animação de Tanaami Keiichi e Nobuhiro Aihara é indescritível! Cerca de duas horas de pequenos filmes em média de 6 minutos que mais pareciam ter 60! De todo o pacote apenas dois eram interessantes, Ki-Moving e Mask, e alguns dos écrans de títulos, o resto era uma sucessão de animações experimentais que se repetiam até à exaustão num desfilar de orelhas fálicas (não me perguntem!) que apenas provocavam gargalhadas nervosas em alguns dos espectadores. Foi daquelas sessões em que parte do público não aguentou e saiu a meio. Para chatear mais um pouco a ordem dos filmes foi alterada e as transições entre filmes demoravam demasiado tempo. Nem sequer colaram as cópias em película umas às outras, definitivamente este pessoal não faz testes de projecção!

7.12.06

Nippon Koma 06: dia 4

Hoje foi dia da sessão apoiada pela OneDotZero mas este ano achei o pacote algo fraquinho, sem nenhum filme que se destacasse. Mesmo assim houve alguns mais engraçados/interessantes que os outros:
  • Tough Guy, de Kishimoto Shintarou, as aventuras marciais de uma louva-a-deus;
  • Highway 77, de Nakao Hiroyuki, dois rockabillies a fazer pequenos delitos numa autoestrada, à laia de jogo de computador;
  • Platform, de Tacoroom, salarymen à tareia no cais de uma estação de metro, um filme que já tinha passado numa edição anterior do Nippon Koma, mas que é bom o suficiente para passar mais vezes;
  • os dois filmes da marca de cerveja Hifana, Mr. Beer, de 5jgn/VJ Gec e Wamono, de +Cruz/W+K Tokyo Lab;
  • Motto Shiritai Desu yo, de Hideyuki Tanaka, uma engraçadíssima publicidade do search engine japonês Goo;
  • e Speaker Typhoon, também de Hideyuki Tanaka, e também passado na Tailândia.

O documentário da noite, Kiba, Tokyo Micropole, era interessante no tema, banal como documentário e não era japonês, apesar de falar sobre a vida num bairro antigo do centro de Tóquio.

6.12.06

Nippon Koma 06: dia 3

Hoje foi um dia sem grandes acontecimentos, dentro ou fora do écran. O documentário da tarde era interessante no método mas não deixou marcas. A série Paranoia Agent foi projectada em japonês (com legendas em inglês) e acabou.

Se a organização do Nippon Koma, com aquele relambório todo sobre o anime ser hoje-em-dia apenas uma indústria de conteúdos, acha que Paranoia Agent não é anime de conteúdos e é do melhorzinho que se anda a produzir no Japão... acho que estão mal informados ou mesmo enganados. Paranoia Agent é uma série engraçada, bem feita, interessante nalguns aspectos, mas que não deixa marcas apesar de se destacar num aspecto: a crítica social. Só que essa crítica é feita de um modo comedido e tortuoso o que faz com que seja pouco eficaz. Gosto mais quando as séries me emocionam, chocam, esta sensação de falta de tempero faz com que continue a não ligar muito ao anime 'mainstream' das supostas elites de apreciadores.

5.12.06

Nippon Koma 06: dia 2

As falhas técnicas continuam... mas as de hoje foram apenas ridículas e nada graves. Na sessão de curtas de animação, mais que uma vez o público viu o interface do DVD e um dos filmes, felizmente um dos mais engraçados passou duas vezes.


Hoje as animações venceram, o documentário não era nada de especial. Dos filmes de animação gostei particularmente de Gate Vision de Kobayashi Kazuhiko, que filma uma viagem de Shinkansen (comboio-bala) através de uma lente que dá à imagem um efeito, tipo caleidoscópio, o que transforma a paisagem em grafismos muito interessantes.

O outro filme de que gostei (e o que foi repetido) chama-se Kotasu Neko (Lit.: Gato da 'braseira', mas que poderia ser traduzido muito livremente como Gato de sofá), de Aoki Jun. Kotatsu Neko é uma aparente animação de marionetes (stop motion), mas em 3D, divertidíssima com um gato preguiçoso que faz tudo, menos o óbvio, para alcançar os objectos que não estão ao alcance da pata. O filme é não só divertido pela situação em si, mas também pela música, um metal da pesada em que o vocalista, com uma voz bem rouca e grave, canta diversas vezes "Kotatsu Neko...". Só ouvindo mesmo!

4.12.06

Nippon Koma 06: dia 1

O ano passado fiz um report diário aqui neste blog sobre essa edição do Nippon Koma, a que assisto desde a primeira. Este ano não penso ser tão exaustiva, mas apenas falar dos filmes que mais me chamaram a atenção ou de pormenores interessantes, principalmente nas sessões de curtas de animação.

Este ano, à semelhança do ano passado, o "festival" não começou bem... hoje também houve projecção da série Paranoia Agent e, para manter a coerência a sessão foi projectada com a dobragem em inglês e legendas em inglês. Como se o facto já não fosse grave, por vezes o diálogo e a legendas "não batiam a bota com a perdigota". Refraseio: o que era dito muitas vezes não correspondia ao que era escrito. Resta apenas uma dúvida: qual versão estará correcta? Ao menos ao ouvir a versão original pode-se ter alguma noção da qualidade da tradução.

Mais uma vez lá fui eu fazer o papel da vilã, mal a sessão começou protestei para que pusessem as vozes originais, mas nada... No fim da sessão, os desgraçados dos arrumadores (por sinal um deles o mesmo do ano passado) é que me tiveram de ouvir... de novo! Mas não se pode deixar passar um erro destes que ainda por cima é sinónimo de preguicite aguda. Não se explica que um comissário ou organização que põe de pé este ciclo de cinema/vídeo não faça antecipadamente um teste de projecção dos filmes, juntamente com o projeccionista, principalmente tratando-se, como era o caso desta sessão, de um DVD americano que muito provávelmente está formatado para iniciar assim, em inglês.

Só espero que um erro tão estúpido como este não volte a acontecer. Se quando há ciclos como este, mais alternativos mas oficiais e as coisas não correm como deve ser, depois não se admirem de o pessoal fazer downloads dos filmes na net!

3.12.06

Duas versões de Tóquio

Tenho andado um bocado distraída (quem sabe se cansada também) e só na semana passada é que reparei que estão a re-transmitir na SIC Radical o "meu" Evangelion, com o reeditado título de Neon Evangelion. Será que se esqueceram da palavra Genesis? Se é para encurtar, seria preferível chamarem apenas de Evangelion (que se lê: ê-van-gue-lion, à alemã, e não como muitas outras variantes que já ouvi). Ontem acabei por não ver, para confirmar se está na versão original legendada ou se repetiram as dobragens que passaram anteriormente na SIC. Como o site deles nunca está actualizado só mesmo ligando a TV é que se fica a saber...

Num comentário a um post deste blog sobre Tokyo Mew Mew também fiquei a saber que a série aparentemente está a dar no Canal Panda, mas como o site do Panda também nem sempre é devidamente actualizado... mais uma vez, só vendo.

SIC Radical
Canal Panda

18.11.06

A propósito de Jigoku Shoujo

Para além de a segunda série, Jigoku Shoujo, Futakomori, já ter estreado também estreou um dorama da mesma. Apesar da curiosidade, estou um pouco céptica. Talvez por a rapariga que faz de Enma Ai não corresponder, de todo, ao que esperaria em termos físicos, em suma, acho-a feinha e com um ar demasiado real, carne-e-osso. Deveria ter um ar mais etéreo, talvez uma pele mais clara, não sei... Também não gostei do Wanyuudou pelas mesmas razões e por ser mais gordo e ter cabelo! Em contrapartida Honee Onna e Ichimoku Ren já estão mais perto dos desenhos originais. Hajime e Tsugumi então não têm mesmo nada a ver! Hajime tem um ar muito pouco desleixado e Tsugumi é velha demais.

Mesmo assim acho que a curiosidade há de levar a melhor e hei de acabar por ver a série.

地獄少女 ドラマ

15.11.06

Puca-puca Rei-chan

É daquelas coisas completamente parvas (e publicidade gratuita à Gainax) mas apesar de não ligar em absoluto à personagem da Rei em Evangelion, sempre achei piada ao spin-off criado pela própria Gainax que é a Puca-puca Rei-chan. Hoje "esbarrei" com estas blog tools no site deles, que não fazem rigorosamente nada de especial, a Rei limita-se a flutuar em LCL, e não resisiti em colocar uma aqui em baixo. Só é pena que não se podem ver/ler os caracteres japoneses em condições, mas isso é culpa de quem fez os filmezinhos em flash... paciência.

Os restantes e mais uns screensavers estão na Evastore.

6.11.06

Victorian Romance Emma

Quem sabe se pelas suas semelhanças ou insularidade sou bastante atraída por duas culturas estrangeiras: a inglesa e a japonesa. Talvez por isso senti curiosidade em ver este anime pouco conhecido e muito pouco comum na conjugação de uma série anime com uma temática da Inglaterra, em particular uma Londres Victoriana. Esta é a junção de quase tudo o que de mais apelativo encontro em ambas as culturas.

Tudo neste anime é diferente do que se costuma ver: o detalhe victoriano (literalmente), os excelentes e históricamente rigorosos cenários e direcção artística, o ritmo compassado e lento, a banda-sonora, etc. Há um certo empenho neste anime que o torna especial, é, sem dúvida, uma produção extremamente cuidada e fora dos parâmetros comuns para televisão.

Apenas uma coisa se manteve coerente em relação a outros anime e, em particular, à cultura japonesa: a história. É algo melancólica e uma slice-of-life sem um fim conclusivo, fechado, com moral ou feliz. Nisso, que considero o melhor das narrativas nipónicas, este anime surpreendeu e agradou.

É triste e enervante ver até que ponto a rigidez do estatuto social e das regras da educação victorianas levam duas personagens a não escolher o caminho que desejariam. Toda a acção decorre dentro de um decoro e timidez impostos que atrasam tomadas de decisão e transformam as pessoas em fantoches de uma sociedade virada para a ascenção social e económica. O indivíduo não tem lugar, tem de servir o grupo, isto é: a família. Provavelmente os japoneses revêm na sociedade victoriana as suas próprias dificuldades sociais em se imporem como indivíduos com vontade própria e poder decisivo nas próprias vidas.

Definitivamente basta abrir um pouco os olhos, prestar alguma atenção e ver com olhos de ver para perceber que se andam a produzir muito boas séries de anime no Japão, que há muito já ultrapassaram o estigma de desenhos animados para criancinhas. Este é um anime para ver com atenção e calma, de preferência acompanhado por uma bela chávena de Earl Grey, para nos fazer recordar dos "bons velhos tempos" das séries da BBC, tais como Reviver o Passado em Brideshead, A Família Bellamy e outras, que passavam na RTP.

英國戀物語エマ

4.11.06

CINE-ASIA: DocLisboa 2006 Report

Dada a oportunidade e privilégio que tive em poder assistir de perto ao DocLisboa e ter um contacto um pouco mais próximo com os dois realizadores japoneses presentes, fiz um pequeno e pessoal relatório sobre o que assisti no festival para o Cine-Asia.

Para ler basta clicar no título deste post.

1.11.06

Comecei a ver: Princess Tutu

Princess Tutu foi daqueles anime que me apelou devido ao factor rapariga: o Ballet. Felizmente que no pacote veio muito mais que isso, esta é uma série de anime, shoujo claro, de-li-ci-o-sa!

A narrativa adapta muito livremente certas partes do conto do Quebra Nozes (de Hans Christian Andersen), junta-lhes personagens e a partitura de muitos dos grandes ballets clássicos, num universo que mistura realidade com contos de fadas num resultado algo insólito. As personagens tanto podem ser humanas como animais ou bonecos a começar pela protagonista Ahiru, cujo nome significa pato e que é mesmo uma patinha amarela, mas que é transformada, por Drosselmeier (o misterioso tio de Clara em Quebra-Nozes), numa rapariga algo desastrada. O professor de dança é um gato (Neko-sensei) que, quando se irrita, pede as alunas em casamento e, quando elas recusam passa de um comportamento humano antropomórfico para um comportamento 100% felino.

Cada episódio tem alguma ligação a algum ballet conhecido e a junção de uma protagonista desastrada e cómica, com duas melhores amigas totalmente sarcásticas, a um "principe" romântico e vilões algo trágicos, dão um resultado bem interessante.

Toda a direcção artística é muito bonita e variada, dentro de um tom germânico na arquitectura. O character design é muito engraçado e, devido à variedade das personagens, não se cinge a apenas um grafismo fixo em que mudam as cores dos olhos e cabelos para diferenciar personagens.

Também adorei as duas canções dos genéricos, extremamente adequadas ao tipo de anime que é, e com uma fortíssima remeniscência de certas cançõezinhas dos anos 60, cantadas suavemente por uma voz muito feminina.

プリンセスチュチュ
ADV: Princess Tutu

29.10.06

Terminei de ver: Jigoku Shoujo

Finalmente acabei de ver esta série. Sem surpresas, as histórias individuais de cada episódio mantiveram-se iguais, para a narrativa se precipitar numa conclusão nos últimos 5. Em cinco episódios é nos mostrado o porquê da existência da Jigoku Shoujo, tudo o que provocou e realmente havia uma ligação forte entre Shibata e Tsugumi e Enma Ai, mas o final fica algo inconclusivo, talvez porque já estivesse na mira uma segunda série, que entretanto já estreou.

No geral gostei da série, apesar de ser muito repetitiva. A ambiência sinistra e soturna, muito bem suportada pela banda-sonora e pelos gráficos ajudaram bastante a que se visse a série na quase totalidade sem enjoar muito. No geral as histórias individuais eram convincentes, nem que seja na inutilidade da vingança. De qualquer modo preferia que ao longo da série tivessem sido dadas mais dicas acerca do passado de Ai e da sua ligação a Tsugumi, mesmo que de modo subtil e sem chamar a atenção. Na conclusão achei que faltava alguma densidade à personagem de Ai para se querer vingar, tantos séculos depois, depois de um longo esquecimento, com tanto ódio. Para haver sentimentos fortes, tem de haver uma motivação forte, senão não convence.

Como vem aí mais, vamos lá ver se a segunda série preenche os vazios e complementa bem a primeira.

地獄少女

Ando a ver: NANA

25 episódios, metade da série, genéricos novos. Gosto mais desta abertura, conta mais a história e está mais próxima dos gráficos de Ai Yazawa. Mesmo assim acho que, na tentativa de dar um tom realista a NANA, a direcção artística, se bem que muito boa, descola-se das cores fortes e das superfícies lisas ou com padrões da manga. Dado que aparentemente Anna Tsuchiya anda demasiado ocupada com o lançamento de um album, ou semelhante, agora Olivia canta ambas as canções. Também prefiro esta canção, a música de Olivia é algo gótica mas interessante, ao passo que há algo na música, ou na voz, de Anna Tsuchiya que não me convence.

A história já ultrapassou a linha narrativa do filme e, como ainda não li a manga, tudo daqui para a frente é (mais ou menos) surpresa. A história de Hachi adensou-se, ela começa a ser confrontada com a própria futilidade e facilidade com que se entrega ao primeiro que aparece. Nana e grande parte dos outros andam preocupados com ela, mas seguem as suas vidas com o próximo grande concerto que deverá ser decisivo na carreira dos Blast. Para isso Misato (não eu ;) ) voltou a aparecer e o resto... virá.

NANA ーナナー

13.10.06

CINE-ASIA: Tenkuu no Shiro Laputa



Japão, 1986, 124min

Página Oficial - Trailer - Fotos

O CASTELO DO CÉU LAPUTA
Sinopse: Sheeta cai misteriosamente do céu literalmente para os braços de Pazu, que vive e trabalha numa pequena cidade nas montanhas. Este encontro leva ambos a uma série de aventuras provocadas pela perseguição de piratas do ar e do exército a Sheeta, que acabam numa busca pela identidade dela e pelo misterioso castelo no céu, Laputa.

Crítica: Mais um filme onde Hayao Miyazaki expressa a sua profunda paixão por máquinas voadoras, desta vez a quase totalidade do filme se passa com os pés muito pouco assentes na terra. É um filme com uma permissa simples, todas as personagens buscam no castelo Laputa um sonho, uma utopia. Sheeta busca a sua identidade, Pazu concretizar o sonho do pai e aprender com a tecnologia, os piratas tesouros e o exército, na personagem de Muska, o poder. A dada altura todos encontram o que buscam, mas nem todos são bem sucedidos e simplesmente os maus são castigados e os bons recompensados, mas não sem algum sacrifício ou a destruição do próprio sonho.

Com um enredo mais político mas ao mesmo tempo mais simples que Nausicaä, Laputa é um filme um tanto desequilibrado, balançando entre peripécias que se arrastam e climaxes imponentes. Mas se algumas partes se prolongam, tudo é compensado com a chegada ao fantástico castelo no céu. Toda a paisagem é lindíssima, a concepção arquitectónica do castelo de uma decadência romântica e é aí que o filme verdadeiramente começa a cativar com a resolução, pouco a pouco, de todos os mistérios.

Também é na fase do castelo que verdadeiramente vemos a mensagem ecológica de Miyazaki em acção, num castelo de uma civilização tecnológicamente avançada mas que, à semelhança de Macchu Picchu (onde muita da paisagem se inspira) ou das cidades dos Maias, foi misteriosamente abandonado. Como tal a natureza tomou conta do lugar indiscriminadamente até tornando o único robô que resta em actividade numa espécie de delicado protector da natureza, ao contrário do seu aspecto beligerante. Neste robô encontro uma outra referência a um importantíssimo filme de animação francês, “Le Roi et L’Oiseau”, de 1980, onde um robô semelhante, delicadamente abre a gaiola de um minúsculo passarinho.

Se prestarmos atenção, a grande maioria dos filmes de Miyazaki são conduzidos por uma protagonista forte (Nausicaä, Kiki, Chihiro, etc.). Neste filme temos uma personagem masculina em pé de igualdade, Pazu. Em muitos aspectos acho-o muito semelhante a Conan (da famosa série de TV “Mirai Shounen Conan” – “Conan, o rapaz do futuro”), na determinação, no engenho e em vários aspectos físicos, a começar pela fisionomia e a terminar nalguma agilidade fora do comum.

Na direcção artística vemos aqui uma confirmação do rumo já anteriormente traçado de paisagens idílicas onde a natureza domina, onde o céu é muito azul e o verde muito verde. A característica mais marcante e invulgar sendo que as poucas paisagens terrestres são extremamente acidentadas, paisagens agrestes onde difícilmente o homem e a sua tecnologia destroem sem critério (mais uma referência a Macchu Picchu). O culminar da beleza desta paisagem é o castelo que lembra certas representações, da pintura do periodo romântico europeu, de um certo Olimpo utópico.

A animação é, como sempre, intocável, abusando, no bom sentido, de cenas aéreas em céus nublados. A banda-sonora é, como sempre, de Joe Hisaishi mas ainda bastante discreta e sem um tema marcante. É um filme espectacular em termos visuais e detalhe, com talvez alguma ressalva para a narrativa ligeiramente desequilibrada.

Classificação: 7/10

6.10.06

1 ano de anime-comic

Já me ia esquecendo, sou um bocado distraída com certas comemorações, mas a verdade é que dia 8 este blog já faz um ano.

Para comemorar fiz um título para o blog em imagem, coisa que já andava para fazer há que tempos. O título só em texto nunca me deixou 100% satisfeita, mais ainda tendo o blog o nome que tem.

Recentemente houve alguns intervalos no visionamento de anime, muito devido à ausência de episódios novos de algumas das séries que ando a ver: Jigoku Shoujo, xxxHOLiC e, em parte, NANA. Mas o intervalo terminou, ando a ver mais novas séries como Le Chevalier D'Eon, continuo a ver, mais devagarinho, Daddy Longlegs, Ashita no Nadja, Hiatari Ryoukou, Utena, Candy Candy e muitas outras, portanto os posts mais frequentes voltarão.

30.9.06

Comecei a ver: Le Chevalier D'Eon

Em época em que Versailles está na moda foi uma boa ocasião de começar a ver um anime que já algum tempo me tinha despertado uma pequena faísca de curiosidade, Le Chevalier D'Eon. Acabei de ver o primeiro episódio e fiquei franca e agradávelmente surpresa!

Este anime, para além de dois ou três factores que me chamaram a atenção: séc.XVIII, Corte de Luís XV, a qualidade dos gráficos e um título carismático, presenteou-me com vários outros, que habitualmente me cativam, dos quais eu não estava à espera: intriga política e de corte, mistério, suspanse, misticismo, sociedades secretas e as coisas nunca serem o que parecem.

Quanto à banda-sonora ainda pouco impressionou, mal dei por ela, mas a parte técnica (character design, cenários, animação, realização) é extremamente cuidada. Mal comparando com o único outro anime passado em cenário semelhante (se bem que cronológicamente uns anitos mais tarde), Versailles no Bara, é engraçado ver a mudança de perspectiva dos japoneses em relação à Europa e à história europeia. Não que Versailles no Bara seja mau, pelo contrário é uma das melhores séries de anime que já vi, mas tem algumas incorrecções algo pitorescas, em geral derivadas da ignorância dos japoneses da cultura europeia. No caso de Chevalier já existe um outro rigor, pois hoje-em-dia certas incorrecções, que em Beru Bara ninguém dá importância, seriam imperdoáveis. O character design é mais realista e o guarda-roupa, tanto quanto deu para perceber pelo episódio, não tem incorrecções históricas. A partir do momento em que incluem Mme. Pompadour como personagem, mesmo que secundária, o guarda-roupa não poderia falhar. Os cenários recorrem muito a modelos em 3D, principalmente do Palácio de Versailles, que, apesar de óbvios não perturbam em absoluto pois para além de bem integrados na acção levaram um "tratamento" que lhes dá uma textura de pintura.

O primeiro episódio agarrou e fidelizou-me à primeira, espero que esta série não sejam apenas promessas vãs.

シュヴァリエ

24.9.06

Ando a ver: NANA

21.5, mais um episódio de recapitulação... claro que me irritou, se um é muito, dois são demais! E só espero que não haja mais! (esperança vã...)

Como atenuante, felizmente que o episódio era bastante mais bem montado que o anterior (11.5) e o sketch da "Sala da Junko" foi apurado, está mais curto e mais engraçado.

A série anda de vento em popa, já se cruzaram quase todas as personagens principais e aconteceram algumas cenas importantes e bem emocionantes.

A apresentadora no fim continua super irritante, mas os mini-CDs-porta-chaves dos gachapon, que ela mostrou, são muito kawaii!

NANA ーナナー

17.9.06

Manga Mania

Bem... como os portugueses não são desenrascados e rápidos nos negócios, já tarde e a más horas (basta ver as datas de produção dos títulos apresentados) a Salvat se propôs a edição de alguns clássicos (filmes) anime (para além da edição de Captain Tsubasa e Dragon Ball).

Só tenho pena de duas coisas (as de sempre):
1. de o título continuar com o infeliz erro de chamar manga (banda-desenhada) a anime (animação). Se o erro fosse só com a designação japonesa até lhe chamaria preconceito, mas infelizmente, apesar de serem dois meios totalmente diferentes (apesar de elos em comum bastante fortes), a tendência para se confundir banda-desenhada com desenhos animados ou animação é geral.
2. Serem os títulos de sempre (Akira, Ghost In the Shell, Appleseed, etc.) demasiado cingidos a apenas um género o dos filmes de acção, ficção-científica, terror, ou mais concretamente para quem se diz entendedor, o cyberpunk.

Mas tudo tem o seu lado positivo e o facto de ver nas bancas de jornais títulos de anime à venda que, há 10 anos atrás, eram caros e difíceis de arranjar ou apenas visionar, é um bem que já vem tarde, mas vem!

Pessoalmente não vou comprar nenhum, a não ser que no meio da lista de títulos esteja alguma surpresa, mas não acredito muito.

Editorial Salvat - Manga Mania

8.9.06

Ando a re-ver: Hiatari Ryoukou!

Não sou fã dos desenhos de Mitsuru Adachi, o autor desta manga e anime, mas adoro as suas histórias! Acho os desenhos, principalmente o character design feio e esquisito, com narizes demasiado arrebitados e cabelos demasiado acachapados, se bem que reflecte muito mais uma realidade japonesa que ver pessoas com cabelos loiros, cor-de-rosa ou mesmo azuis.

Mas o bom de Mitsuru Adachi é a garantia de histórias interessantes, apelativas, muito japonesas e muito ligadas a uma realidade do dia-a-dia, principalmente dos adolescentes de das escolas secundárias.

Quando vi este anime pela primeira vez, há cerca de 10 anos na RTP, fiquei surpresa ao peceber que estava a ver o meu primeiro anime soap. Cá está, não gostei dos desenhos, mas a história prendeu-me desde o primeiro e atribulado episódio para não a largar enquanto não chegou ao final. Com este anime aprendi a dizer yoshi (era legendado), que quer dizer qualquer coisa como 'boraí, fiquei a compreender um pouco do dia-a-dia dos adolescentes numa escola japonesa e não só, um pouco do seu sistema educativo, com aulas de manhã e os clubes à tarde e que o beisebol é o desporto favorito do Japão, suplantando mesmo o muitíssimo popular e respeitado kendo. Para além disso fiquei a saber muito melhor como funcionam as relações interpessoais, principalmente entre adolescentes, nas pequenas coisas como hábitos, pequenos pudores e convenções sociais.

Mas a história de Kasumi, da sua atrevida tia e dos hóspedes e colegas de Kasumi tem imenso que se lhe diga, desperta a curiosidade e fez-me esquecer por completo o facto de não gostar dos desenhos. É um prazer rever este anime, agora com termo de comparação, que passou a ser um clássico e marcou o género de anime soap ou "pedaço de vida".

[infelizmente não encontrei um site oficial]

2.9.06

Ando a ver: Tokyo Mew Mew


O título deste post talvez devesse ser "Não ando a ver:..." pois a SIC voltou a fazer das suas! Como se já não bastasse estarem a emitir a versão censurada pelos americanos de Tokyo Mew Mew, ainda por cima aparentemente cancelaram ou mudaram de horário a série, claro está, sem pré-aviso! O que é certo é que hoje não deu e parece que amanhã também não dá :'(

27.8.06

CINE-ASIA: Kaze no Tani no Nausicaa (Nausicaä)

Japão, 1984, 116min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Num mundo de uma ecologia distorcida, Nausicaa, a corajosa princesa do pequeno reino do Vale do Vento, esforça-se em manter pacificamente o instável equilíbrio entre uma natureza de desertos e florestas tóxicas habitadas por insectos gigantes e possíveis invasões de povos vizinhos. Mas o Vale do Vento é invadido, o pai de Nausicaa assassinado e, para poupar o seu povo de mais sofrimento, Nausicaa vê-se envolvida numa guerra inútil contra os insectos enquanto que a solução para uma vida melhor está mesmo debaixo dos seus narizes.

Crítica: Talvez o único filme de Miyazaki baseado numa manga do mesmo, este primeiro filme dos Estúdios Ghibli representa, desde logo, as preocupações principais do realizador: a ecologia e a sua paixão por máquinas voadoras. De todos os filmes dele, Nausicaa é o filme onde a temática da ecologia ocupa quase a totalidade do filme, imediatamente seguida de um modo pacífico de resolver conflitos face a um mundo em guerra.

As máquinas voadoras, tema quase sempre presente nos filmes de Miyazaki, têm aqui um papel vital tanto no desenvolvimento da história como na definição das personagens. O Mehve, as asas voadoras de Nausicaa, é o sonho de Ícaro concretizado. Todas as naves do povo do Vale do Vento têm um certo ar robusto mas prático, sendo o Mehve particularmente ágil e delicado. As naves dos Dorok, em contrapartida, são maiores, mais agressivas, escuras e cheias de apêndices. Fora o filme “Porco Rosso”, este é provávelmente o seu filme onde aparelhos voadores têm uma presença mais forte.

Mesmo ainda não tendo a exuberância de alguns dos filmes posteriores, de ser um filme mais comedido, a sua história é extremamente complexa e apaixonante. Parece que toda a indignação de Miyazaki pelo que os homens andam a fazer ao planeta Terra foi canalizada para este filme.

Nausicaa é uma rapariga fora do comum, mesmo para o seu povo que a adora, desde miúda que tem uma empatia especial com os Ohmu, uma espécie de reis da comunidade de insectos gigantes, e resolve sempre os conflitos com os insectos sem destruição nem morte. A sua paixão pelas florestas tóxicas, provocadas pelos esporos espalhados pelos insectos choca até o aventureiro Yupa, habituado às agrestes florestas. A oposição do carácter pacifista e ecologista de Nausicaa com o da Princesa Kushana, cruel, implacável e ambiciosa, é mais um demonstrativo da inutilidade da maioria das guerras e de como elas podem ser resolvidas, de forma pacífica, através de negociação e estudo.

Mesmo não sendo tão “de encher o olho” como a maioria dos filmes posteriores, este filme mostra-nos maravilhosas paisagens de desertos ventosos, o verdejante Vale do Vento e as Melancólicas florestas tóxicas. As cenas de acção, principalmente as aéreas, são feitas com uma mestria fora do comum e uma beleza deslumbrante. Outros elementos clássicos de um filme de Miyazaki também já estão presentes, tais como céus muito azuis, águas límpidas e claras, campos verdejantes, personagens fortes, criaturas estranhas, velhotes com um ar de cara de couro curtido e uma excelente conjugação de momentos em que a história flui e outros mais contemplativos, mas perfeitamente integrados no contexto do filme. Curiosamente os insectos são apresentados como mais umas vítimas do Homem, o ênfase não é posto em serem horrorosos ou nojentos, mas na demonstração de carácter e densidade psicológica. A certa altura damos por nós a torcer pelos Ohmu e não pelos cruéis Dorok.

Aqui temos uma prova (se é que haveria necessidade de haver provas) de que a animação para ser boa, densa, para adultos, com temas importantes e interessante, precisa essencialmente de um bom tema e de uma boa história aliadas a uma boa realização. A animação, como sempre nos Estúdios Ghibli é impecável e de um cuidado impressionante. O character design é fácilmente reconhecível como sendo um Miyazaki, não é particularmente belo, mas cada personagem e seus adereços são concebidos detalhe meticuloso.

Este é um filme intenso, profundo, cheio de conteúdo, dá que pensar, tem uma mensagem positiva sem ser moralista ou castradora e é muito bem feito de um modo comedido, sóbrio, mas eficaz e sem desperdício.

Classificação: 8/10

16.8.06

Barrigada de anime

Não é novidade nenhuma que o Canal Panda aposta já há bastante tempo no anime, mas hoje reparei que foram nada menos que 7 anime seguidos (se não me engano a ordem era esta):
  1. Ojamajo Doremi # (Doremi II)
  2. Ashita no Nadja (Nadia)
  3. Doraemon (Doraemon IV)
  4. Captain Tsubasa J (Oliver e Benji)
  5. Kaitou St. Tail (A ladra Meimi)
  6. Kiteretsu Daihyakka (Kiteretsu)
  7. Beyblade G Revolution (Beyblade III)
Costuma se dizer que não há fome que não dê em fartura... apesar do público alvo infanto-juvenil, há para todos os gostos e só espero que o Canal Panda continue assim e passar anime popular e relativamente recente, junto com algumas pérolas vintage.

Canal Panda

29.7.06

CINE-ASIA: Kagen no Tsuki (Last Quarter)

Apesar de ser um filme live action, como é uma adaptação de uma manga de Ai Yazawa, para mim faz sentido publicar aqui o texto.



Japão, 2004, 112min

Site oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Mizuki zanga-se com o namorado na festa do próprio aniversário e vagueia pelas ruas. Atraída por uma melodia melancólica, acaba chegando a uma estranha mansão, com um ar assombrado, e entra. Lá dentro conhece um misterioso músico, chamado Adam. Saturada da família que não a compreende, Mizuki muda-se para a mansão sem avisar ninguém. Uma noite de quarto minguante, quase lua nova, ao atravessar uma passadeira de peões com sinal vermelho para encontrar Adam do outro lado, é chamada pelo namorado, Tomoki, e Mizuki vê-se subitamente à porta da mansão, mais assustadora e abandonada que antes.


Crítica: Baseado na manga homónima de Ai Yazawa, que se celebrizou pela adaptação também ao cinema de outra sua manga, Nana, este filme é uma história de fantasmas sem ser um filme de terror.

Apesar de adaptado, o argumento foi claramente reescrito para servir os seus bastante conhecidos actores em particular Hyde, também autor do tema principal. No geral a ambiência é mais negra e gótica que no original, sendo uma das maiores mudanças a cor de vestido de Eve, de um branco com um estilo anos 60 para um preto bastante gótico. Mas como apenas folheei a manga, não a li, vou deixar as comparações por aqui.

Como curiosidade, os papeis principais do filme são interpretados por actores bem conhecidos do público japonês e um pouco do público ocidental. Chiaki Kuriyama (Mizuki/Eve) era a rapariguinha, Gogo Yubari de Kill Bill vol.1 e uma das alunas de Battle Royale, Hiroki Narimiya (Tomoki) é bastante conhecido no Japão e também entrou em Nana, como Nobu, Hyde (Adam) é o famosíssimo vocalista e compositor da banda L’Arc~En~Ciel, do tema principal de Final Fantasy: The Spirits Within e ainda, num papel secundário, como Doujima, temos o veterano Ken Ogata, actor japonês bastante conhecido no ocidente, principalmente em filmes ocidentais como Mishima ou The Pillow Book.

É interessante ver como o desenrolar do enigma que rodeia Mizuki/Eve/Sayaka é pontuado pela descoberta gradual do principal tema musical. De início apenas ouvimos alguns acordes do refrão, ora na guitarra de Adam, ora ao piano por Mizuki para culminar na interpretação completa do tema por Eve ao piano, num clímax muito bem construído. Este é talvez um dos aspectos mais interessantes e envolventes do filme, pois a canção é, sem dúvida, um dos elementos mais importantes e de ligação do filme.

Este filme está dividido em duas partes distintas, que seguem ritmos diferentes. A primeira, mais naturalista, funciona como um prólogo e segue o pequeno drama emocional de Mizuki, da sua relação com o pai e a família e a traição do namorado. A segunda parte, mais onírica, é o desvendar, por parte dos miúdos, Hotaru, Miura, e Tomoki do mistério que rodeia Eve/Sayaka e que prendeu Mizuki num limbo. A diferença entre as duas narrativas deveria ter sido feita de forma mais clara. A cena do acidente, é intensa, mas de início o filme parece que não arranca. Talvez se os dois mundos fossem mais contrastantes (por exemplo um diurno e outro nocturno) ou a primeira parte mais curta ainda, a sensação de desvio fosse mais eficaz. Assim dá-nos a sensação de estar a ver um pedaço de uma história que fica interrompido para continuar noutra cuja única ligação é Mizuki.

Por outro lado, o crescendo em que se desenrola a segunda parte, que culmina com a resolução da história, sempre acompanhada pela banda-sonora e pelo tema principal, é muito interessante e empolgante. Por vezes há exemplos de uma boa montagem e a narrativa está bem estruturada.

Há algo na suposta iluminação nocturna da mansão de enervante. O filme tem, em geral, uma fotografia bastante bem conseguida, apesar de muito escura e nocturna, mas os contrastes entre azuis e laranjas na mansão fazem sempre lembrar iluminação feita em (má) televisão, para simular noite. Pode ser que o efeito pretendido seja uma certa ambiência sobrenatural, o trabalho de design de produção (cenários, decoração) está bastante bem conseguido nas diversas variantes da mansão, mas o efeito final acaba sendo artificial. Com isso, os poucos efeitos especiais também acabam por ter um ar bastante televisivo, lembrando alguns tokusatsu (séries televisivas com super-heróis) mais recentes.

O filme revela um bom esforço para contar esta história sobrenatural e romântica, mas é desequilibrado nalguns aspectos, variando entre o aborrecimento provocado pelo desenrolar lento de algumas sequências e o emocionante crescendo final. No todo é um filme que se vê com algum prazer, a história é bastante interessante e insólita, mas os defeitos são demasiado evidentes.

CLASSIFICAÇÃO: 6/10

22.7.06

CINE-ASIA: Bishoujo Senshi Sailormoon SuperS

Sailor 9 senshi shûketsu! Black Dream Hole no kiseki


Japão, 1995, 60min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Usagi, Chibi-usa e as amigas fazem biscoitos em casa de Makoto. Chibiusa oferece os dela a um rapaz gentil que conhece na rua, Peruru, e Usagi oferece os dela ao namorado, Mamoru. Em casa de Mamoru os dois ouvem na rádio a notícia de que andam a desaparecer misteriosamente, durante a noite, as crianças de várias cidades. Nessa mesma noite uma estranha melodia encanta as crianças de Tóquio e, juntamente com elas, Chibiusa.
Usagi e as amigas seguem-na e descobrem que as crianças estão a ser raptadas para um navio extraterrestre, sob o comando de Vadiane que quer usar a energia dos sonhos das crianças para criar o “black dream hole” que sugará a energia da Terra e do Universo. Super Sailormoon e Super Sailor Chibimoon unem as forças e, com a ajuda de Peruru e das outras 7 guerreiras, destroem os planos de Vadiane e devolvem as crianças à Terra.

Crítica: Baseado livremente no conto “O flautista de Hamelin” e outros contos tradicionais europeus, Sailormoon SuperS tem uma narrativa simples e concisa que dá espaço tanto a mostrar as personalidades das protagonistas da série de Sailormoon como para demonstrar os seus poderes. Apesar de não ser particularmente interessante a história, pode-se dizer que os argumentistas aprenderam com os filmes anteriores a dosear os “elementos obrigatórios” com os elementos novos.O equilíbrio entre a relação de Usagi, Chibiusa e Mamoru, as cinco amigas Usagi, Ami, Rei, Makoto e Minako, as outer senshi Haruka/Uranus, Michiru/Neptune e Setsuna/Pluto e as respectivas transformações e ataques com uma narrativa nova, com novos vilões e co-adjuvantes. Neste filme também são introduzidos alguns dos novos elementos da série de televisão Sailormoon SuperS, tais como a fase pré-adolescente romântica de Chibiusa e um ambiente algo delicodoce.

Mesmo tendo um maior equilíbrio que os filmes anteriores a história nova falha em ser pouco forte e motivada. É demasiado açúcarada e de um romantismo algo pueril, mas não tão emocionate, sofrida ou negra como seria de desejar. Infelizmente esta fase da série de televisão foi reescrita para um público mais novo que o que seguia a série e a manga desde o início (já se tinham passado cerca de três anos, desde então) o que desapontou um pouco. Na manga a história foi ficando progressivamente mais intensa, soturna e madura e o anime não seguiu esse crescimento, tal como este filme, surgido da série de TV.

Técnicamente é um filme sem mácula mas também sem impressionar. O character designer é o mesmo que entrou para a quarta série, que elevou considerávelmente os acabamentos e paleta de cores para um nível de qualidade correspondente à popularidade da série. Os técnicos cumprem as suas funções de um modo profissional e competente mas não vemos nenhum rasgo de criatividade ou originalidade em relação ao que fora feito anteriormente. A pequeníssima excepção é a arquitectura do início do filme, claramente mais europeia, quem sabe se alemã, inspirada no conto original, pois essa acção não se passa obrigatóriamente no Japão.

A banda-sonora é discreta e condizente com a acção, integrando muito o som das flautas com um toque de música clássica, sistema aliás já utilizado no filme anterior a partir da permissa das bailarinas. Este é um filme que se vê, mas com a caução para quem não goste de filmes muito cor-de-rosa, o que lhe vale é que não é muito longo, não se corre o risco de um enjoo demasiado forte.

Classificação: 5/10

8.7.06

CINE-ASIA: Bishoujo Senshi Sailormoon S


Japão, 1994, 60min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Luna, a gata falante de Usagi, sente-se mal num passeio ao centro da cidade e decide regressar a casa. Pelo caminho é salva por Kakeru, um astrónomo, que cuida dela com carinho no seu loft/observatório. Kakeru anda em atrito com a namorada, Himeko, pois ela encara a investigação espacial com pragmatismo científico ao contrário dele que, romanticamente, acredita na existência de Kaguya-hime, a princesa do conto de fadas. Luna repara que, para além de deprimido, Kakeru apresenta sintomas estranhos e quer ajudá-lo...

Crítica: O investimento feito no filme anterior provou-se lucrativo e, menos de um ano depois, foi feito novo filme, desta vez a partir da terceira série de Sailormoon, Sailormoon S.

Quando falo em investimento foi mesmo de investimento que se tratou para este filme. A história, baseada livremente na lenda japonesa “O cortador de bambú” ou “Princesa Kaguya”, foi escrita pela autora da manga, Naoko Takeuchi, e publicada em livro. O artwork novo foi concebido por ela e o character design, as cores, os cenários e tudo mais, receberam os seus próprios “power-ups”. Todo o guarda-roupa é novo, há um maior cuidado com sombras, reflexos, acabamentos e as cores são mais vivas e brilhantes. A narrativa científica espacial derivou grandemente de uma visita de Naoko Takeuchi ao “NASA Space Center” e, como foi sendo seu hábito, ao longo de toda a manga de Sailormoon, juntou várias temáticas, de diferentes origens, pelo denominador comum, a Lua.

Apesar de mais original, a história resulta um pouco confusa e mal desenvolvida. O tema da astronomia é abordado pela rama e a sua ligação à lenda da Princesa Kaguya demasiado frágil. Acredito que Naoko Takeuchi tenha querido transmitir que só ciência não enriquece a alma das pessoas, mas desta forma os dois modos de pensar não se uniram. Vale pelo dilema emocional de Luna, que habitualmente é a personagem pragmática e sensata que dá as explicações mais elaboradas acerca do universo Sailormoon. Esta pequena narrativa, acaba por, através da excelente animação e do maravilhoso desempenho da actriz de voz, se destacar e reforçar a verdadeira permissa da série, da amizade e amor que tudo resolvem.

As extraterrestres invasoras, não passam disso, apesar de muito bem animadas. A sua ligação, através do meteorito, à linha narrativa dos astrónomos é muito fraca e a sua motivação, adicionar a Terra a uma colecção de planetas gelados, demasiado pouco convincente. Só os poderes impressionam, pois as guerreiras não dão cabo delas à primeira. As batalhas resultam menos emocionantes e empenhadas que no filme anterior. Mesmo a muito desejada por muitos fans integração das Outer Senshi (guerreiras do sistema solar exterior) sabe bem, mas soa a falso.

Ocupando mais tempo de filme que a história de Luna, as cenas com as guerreiras parecem enfiadas à força no filme, para mostrar um catálogo de transformações, ataques e power-ups. Até Chibiusa tem direito a transformação (em Sailormoon S ela já é guerreira, mas nunca se vê a sua transformação). Mais uma vez a única transformação que faz sentido é a de Luna, que nem é a mais elaborada, apesar de bonita.

Tecnicamente o filme é muito bom, mas a realização é simplesmente académica e o argumento demasiado frágil e “colado com cuspo”, podendo o filme ser reduzido a 1/3 e enfiado no meio da série como um episódio especial. É pena!

Classificação: 6/10

2.7.06

Ando a ver: Tokyo Mew Mew

Como me enervam solenemente remontagens das séries anime, sejam elas americanas, francesas ou outras, que normalmente implicam censura - sempre questionável -, e os genéricos da versão americana de Tokyo Mew Mew são um bocado básicos, deixo aqui as versões originais.


Tokyo Mew Mew - My Sweetheart (OP)


Tokyo Mew Mew - Koi wa a la mode (ED)

Tokyo Mew Mew - Pierrot
TV Aichi - Tokyo Mew Mew
4Kids TV - Mew Mew Power

29.6.06

Ando a ver: NANA

Parece que NANA anda engasgada: já tinha sido ultrapassado o obstáculo de um início um bocado atrapalhado, a história já estava encarrilada e a tornar-se interessante, Sachiko (a verdadeira) já tinha aparecido, os Blast reuniram-se e... pespegam-nos com um episódio de recapitulação para encher?!!

Detesto episódios de recapitulação, tenho sempre a sensação de que se está a desperdiçar tempo precioso em que a narrativa podia avançar, até hoje só vi um de que gostei: o da série do Discovery Channel, Mythbusters, mas a série proporciona-se a isso. O episódio 11.5 de NANA está muito bem montado, mas arrasta-se na mesma! Por esta altura da série, qualquer um está ansioso para saber mais, um episódio destes funciona como um anti-clímax... nem é altura para fazer uma interrupção na história, não se passaram assim tantas coisas, ainda está tudo a começar! Ggrrrrrrrr!

Só espero que a ameaça de haver mais um não seja cumprida!

NANA ーナナー

25.6.06

Tokyo Mew Mew

Sob o título internacional de Mew Mew Power, estreou na SIC um anime de uma fornada mais recente e invulgar nas habituais escolhas deste canal. Trata-se de um magical shoujo, um pouco produzido para agradar também a um público masculino dos otaku adoradores de meninas com um ar kawaii (=cute), de olhos exageradamente grandes e demasiado submissas.

Mesmo assim, ao ver um episódio fiquei agradávelmente surpresa por a série não ser tão má como quis pensar antecipadamente. Apesar do chamado fan service (guarda-roupa que mostra o corpo, pelo menos pernas, minissaias, cuecas muitas vezes visíveis) e do design demasiado cute das meninas, este anime pareceu-me simpático e deu-me vontade de pelo menos voltar a ver um episódio.

Trata-se de mais um plot em que um grupo de meninas se transformam em algo para combater invasores ou demónios. Desta vez as meninas transformam-se em gatinhas antropomórficas, e à civil, ora frequentam a habitual escola secundária (com o também habitual uniforme escolar de marinheiro) ou trabalham a part-time numa pastelaria, convenientemente vestidas de empregadas de mesa com aventais em forma de coração e cheios de folhinhos (por isso é que não me entusiasmei com as primeiras imagens que vi, apesar de adorar gatos).

Os seus aspectos e personalidades são também convenientemente maniqueístas e adequados aos seus nomes originais (que infelizmente foram "traduzidos" para banais nomes em inglês, tipo Zoey, Bridget e Renee): Ichigo (=Morango) é a chefe, simpática e querida e veste-se maioritáriamente de cor-de-rosa e vermelho, Mint (=Mentol) é a amiga pragmática que se veste de azul esverdeado e azul escuro, Lettuce (=Alface) é a amiga certinha e intelectual, usa óculos e veste-se de verde, Purin (=Pudim - como pudim flan) é a infantil e irritante mas gira e veste-se de amarelo e laranja e Zakuro (=Romã) é a "gaja boa", de cabelos compridos, provávelmente a mais séria e madura, que se veste de grená e púrpura.
Depois ainda há os convenientes rapazes bonitos, um loiro e outro moreno, para formarem um triângulo amoroso com a protagonista. E já me ia esquecendo da "adorável" mascote, uma espécie de bola de pêlo cor-de rosa com orelhas e cauda de gato. Não sei para que serve, deve ter a função de fazer o elo ou transição das vidas normais de adolescentes das raparigas para gatinhas com super-poderes.

Apesar de os achar exagerados, gostei dos "fatos de combate" das meninas, são bons potênciais cosplays, os de empregada de mesa é que já achei demasiadamente a "esticar a corda" (se bem que os japoneses adoram isso, basta olhar para Doremi).

Não me parece que a história tenha grande continuidade ou evolução ao longo dos episódios, mas é um anime engraçado e divertido q.b., que, nem que seja por ser diferente dos habituais anime a passar na SIC, vou tentar acompanhar, e espera-me uma saga, pelas minhas contas são 52 episódios!

SIC
sáb., dom., cerca das 8:20

Tokyo Mew Mew - Pierrot
TV Aichi - Tokyo Mew Mew
4Kids TV - Mew Mew Power

18.6.06

Terminei de ver: Ace o Nerae! (live action)

Tenho pouquíssima experiência em ver doramas japoneses, a grande maioria que vi até agora eram sentais, as séries vulgarmente conhecidas como Power Rangers, e Pretty Guardian Sailormoon, que era quase um sentai. Neste estilo de séries, a sensação de artificialismo é notória e faz parte, portanto é complicado separar delas uma boa realização ou uma boa performance de um actor, sendo o seu único termo de comparação elas próprias.

Ace o Nerae! tem um formato mais comum, de série de televisão e portanto uma qualidade acima da média se formos comparar com os sentais. É adaptado de uma manga e anime, mas do género desportivo, isto é, muito contextualizado numa realidade banal. Com isto tudo e comparando com outras séries de televisão (independentemente da nacionalidade ou género), achei a série, narrativamente, muitíssimo bem estrturada.

Como disse no meu primeiro post sobre a série, cada episódio representa uma viragem na vida da protagonista, Hiromi Oka, todas as personagens estão muito bem definidas e claramente caracterizadas. Cada episódio é coerente sobre si, não deixando pontas soltas, fechando a cada um, um capítulo. As actrizes e actores têm performances sólidas, com destaque, pela positiva para Matsumoto Rio (Ochoufujin) que até é convincente a jogar ténis mantendo o penteado e a roupa impecáveis a toda a hora. Pela negativa talvez Sakai Ayana, não me convenceu como Midorikawa Ranko, deveria ser mais dura e máscula, e menos menina. Ranko é, talvez, das personagens mais perturbadas da série, tendo uma relação bem dúbia com o meio-irmão. Nesta versão isso foi pouco utilizado, ficando a relação de ambos suavizada a uma relação comum de irmãos com uma difeença grande de idades.

Quem perceba de ténis (não é o meu caso, apenas dou umas raquetadas), pode achar que, principalmente as raparigas, são pouco convincentes a jogar. Mas acho que isso está mais no modo como elas se mexem, como já disse Matsumoto Rio convence, e como são filmadas que com o facto de saberem jogar ténis. Penso que houve uma certa preocupação em não as mostrar demasiado profissionais e manter certos maneirismos femininos muito japoneses, tais como certos gestos com as mãos, o modo como Hiromi cai ou, até ao final da série, Hiromi continuar a meter os pés e joelhos para dentro, como qualquer adolescente japonesa. Talvez seja o meu olhar ocidental a falar mais alto, mas também estou a ser demasiado picuinhas.

A história é uma boa história de amadurecimento e manteve-se semelhante à primeira fase do anime, resumindo a fase profissional da carreira de Hiromi a uma conclusão. A meio do último episódio estava com medo de como resolveriam o final, principalmente após a morte de Jin, mas, ao contrário do que costuma ser mais comum, a elipse de tempo está bem feita (até Aya Ueto parece mais adulta) e não temos a sensação de que a acção acelerou para enfiar lá a informação toda no final. Só a tímida e desajeitada relação amorosa entre Hiromi e Todou me faz uma certa confusão, mas é uma abordagem demasiado japonesa para olhos habituados casais televisivos/cinematográficos norte-americanos ou brasileiros, onde as pessoas se tocam e trocam intimidades com outro à vontade e frequência.

Ace o Nerae! foi uma boa primeira abordagem à ficção televisiva japonesa, deu para perceber que aqueles senhores (e senhoras) sabem muito bem o que andam a fazer, não brincam em serviço e são tudo menos verdes na matéria. Há realmente algum desfasamento cultural e sociológico, mas o resultado final superou as minhas expectativas.

Ace o Nerae! - TV Asahi (1)
Ace o Nerae! - TV Asahi (2)

15.6.06

Kiteretsu Daihyakka

Tardei em comentar a novidade anime do mês no Canal Panda, Kiteretsu Daihyakka, em português apenas Kiteretsu.

Quem vir um episódio fácilmente percebe que este anime é da mesma autoria de Doraemon, Fujiko F. Fujio. Aliás é no excesso de semelhanças que está a falta de interesse neste anime. Parece que estamos a ver um clone barato de Doraemon, todas as personagens têm caracterizações demasiado parecidas, portanto perde na originalidade e na graça que me leva a ver, com gosto, um episódio de Doraemon de vez em quando.

O único aspecto que difere é que o protagonista humano, Kiteretsu é, ao contrário de Nobita, um miúdo dotado, génio inventor, portanto é ele quem engendra os inventos mirabolantes que lhes permitem ter aventuras fora do vulgar. O robôzinho que o acompanha por todo o lado, chamado Koro, qual Doraemon, é invenção de Kiteretsu e não faz muito mais que ser seu interlocutor. Todas as outras personagens têm equivalentes bem semelhantes em Doraemon: Miyo é Shizuka, Gorila é Gigante (aqui até as alcunhas são semelhantes) e Dongari será Suneo.

Acho muito mais piada à relação Nobita-Doraemon que à relação Kiteretsu-Koro. Nobita é desastrado, preguiçoso e incompetente e depende das fantásticas invenções do futuro e do bom-senso de Doraemon para se safar nas trapalhices que inventa. Kiteretsu, sendo um miúdo sobredotado, tira logo a graça toda, com a sua inteligência acima da média. Enquanto que em Doraemon as peripécias dependem da incompetência de Nobita e da sua aptidão para criar problemas para si e para os amigos e familiares, em Kiteretsu passa-se o contrário, todos dependem de Kiteretsu para lhes resolver os problemas. Mais básico e linear. O mal, o mal foi Doraemon ter sido inventado primeiro e Kiteretsu ter vindo beber desse sucesso, senão até que seria um anime razoável para miúdos.

Fiquei surpreendida ao perceber, na pesquisa que fiz sobre a série, que durou uns espantosos 301 episódios. Estar a ser exibida no Canal Panda justifica-se, talvez como se justificou no Japão, por durar tanto tempo, por ser um anime para crianças. Como fã de anime que sou, o interesse por um clone de Doraemon é limitado e se vi e verei no futuro um episódio, será apenas porque calhou no horário ou no zapping.

Mesmo assim recomendo outro anime da mesma autoria, Ninja Hattori, que também já passou no Canal Panda, e cuja a história, partilhando um universo semelhante do dia-a-dia de crianças da primária, tem uma permissa mais interessante, integrando dois pequenos irmãos ninjas (um mais experiente e outro aprendiz) num quotidiano banal.

キテレツ大百科

Canal Panda
2ª - 6ª: 09:00, 14:00

CINE-ASIA: Bishoujo Senshi Sailormoon R


Japão, 1993, 60min

Site oficial - Trailer - Fotos 1 2

Sinopse: A tranquilidade de um passeio em grupo por Usagi, Mamoru e as amigas é perturbada por uns estranhos acontecimentos, seguidos de um ataque extraterrestre. Como Sailor Senshi (Guerreiras Sailor), Usagi (Moon), Ami (Mercury), Rei (Mars), Makoto (Jupiter), Minako (Venus) e Mamoru (Tuxedo Mask) conseguem neutralizar temporáriamente o ataque. Mas Fiore, o extraterrestre, fere gravemente Tuxedo Mask e rapta-o. Para resgatar Tuxedo Mask e salvar a Terra do ataque, as guerreiras teletransportam-se para a nave espacial de Fiore, travam uma dura batalha mas tudo acaba em bem graças ao poder do Cristal Prateado, à amizade e ao amor.

Crítica: Este filme é um típico exemplo de um filme produzido sob a sombra de uma série de anime bastante popular, transportando-a para mais um meio comercial, o cinema. Ao adapatar a manga de Sailormoon para série anime, provávelmente nem a autora da manga, Naoko Takeuchi, nem os estúdios que a produziram, Toei Animation, previram o boom de sucesso que ela acabou sendo. Talvez por isso o filme para cinema tardou e só foi produzido no seguimento da segunda série de televisão, Sailormoon R (mais de 1 ano após o início da exibição).

Para quem vê este filme sem estar a par da série de televisão pode não perceber algumas das subtilezas deste universo. Há realmente uma pequena apresentação, antes do genérico, mas limita-se a mostrar quem elas são e o que fazem de extraordinário. É supreendente como o realizador, Kunihiko Ikuhara, não caiu na tentação de fazer uma re-introdução psicológica das personagens que, à partida, toda a gente conhecia, na introdução do filme. Foi sim introduzindo algumas das suas características-chave ao longo da narrativa, contando, pelo meio, alguns pormenores nunca antes vistos. Portanto, o espectador ignorante do mundo Sailormoon acaba não saindo baralhado, mesmo não possuindo muitos dados acerca da série.

Esta história é 100% original, foi escrita pelo argumentista da Toei e não baseada em acontecimentos ou persongens da manga. Com isso segue uma intriga bastante típica da série de televisão, funcionando como um episódio alongado ou especial, que se poderia integrar algures a meio da série em exibição na TV, como um complemento.

A história, seguindo essa fórmula sedimentada, aproveita bem as características da série, dando-lhes a volta e introduzindo dados novos que provávelmente já tinham intrigado os fans (tal como a explicação para as rosas vermelhas de Tuxedo Mask). Graças ao tempo mais alargado disponível, permite-se uma estrutura mais cinematográfica contando duas histórias, em tempos diferentes e em paralelo, unindo-as no fim, na conclusão. Apesar de ser um shoujo (anime para raparigas) os 60 minutos estão cheios de acção, de batalhas atrás de batalhas, que culminam num emocionante climax do desafio final que se põe às meninas. Mesmo sendo evidente o investimento comercial (vamos-fazer-mais-uns-trocos-em-salas-de-cinema e vamos-editar-mais-uns-CDs-com-canções-novas) o resultado final é surpreendentemente coerente e agradável, com uma qualidade acima da média para um filme anime quase exclusivamente criado para fazer dinheiro.

Devido a tanto sucesso os meios de produção disponibilizados são bons e caros, sendo a pintura dos acetatos, cenários, animação e todo o artwork muito mais cuidados que na variante para TV. São impressionantes os cenários do bairro Azabu-juban, em Tóquio, onde elas vivem, que neste filme se percebe muito melhor como é. Os ataques, para além das sequências utilizadas na série, são nos mostrados com variantes novas e as sequências das transformações foram “polidas”. Houve também um dos primeiros e tímidos investimentos em animação 3D digital na nave espacial extraterrestre. Mesmo que rudimentar, foi um grande avanço, os japoneses tardaram bastante a integrar o 3D na animação tradicional, só os produtos de garantido sucesso comercial foram alvo desses primeiros investimentos. A banda-sonora também sofreu algumas reorquestrações e teve direito a uma série de temas novos, uma das novas canções é cantada pelas actrizes que dão a voz às personagens (Moon Revenge) e que reforça a batalha final.

É um filme de entretenimento, que se vê com boa disposição e que alia, em equilíbrio, cenas de dia-a-dia e comédia com cenas de acção e romance numa conjugação de géneros, muito característica do anime para raparigas, sem tentar se levar demasiado a sério.

Classificação: 7/10

8.6.06

CINE-ASIA: Ugetsu Monogatari (Contos da Lua Vaga)

Mais uma crítica a um filme japonês, desta vez o lindíssimo clássico de Kenji Mizoguchi. Leiam, mas, principalmente, vejam o filme!

3.6.06

Comecei a ver: Ace o Nerae! (live action)

Não é o anime com muita pena minha. Há uns anos passou na RTP, sob o título de Jenny, a Tenista, e o impacto do anime em mim foi muito grande. Pela primeira vez tinha uma paleta de cores extremamente invulgar, muito cheia de cores quentes e tons escuros, um character design mais adulto e uma história de conquista pelo esforço. Já tinham sido exibidos alguns anime de desporto, mas este foi o primeiro que verdadeiramente me impressionou.

Há cerca de dois anos esta manga de 1974, foi novamente adaptada para televisão, pela ocasião em que se comemoravam 20 anos da manga que foi também reeditada numa box de luxo. Desta vez a adaptação foi um dorama, ou seja, no formato telenovela japonês. Nessa altura tive curiosidade em ver a série, mas como coincidiu com o dorama de Sailormoon, acabou sendo adiada.

Enquanto que a adaptação de Sailormoon foi produzida para um público mais infantil e, portanto, foi uma série de 49 episódios de 25 minutos, Ace o Nerae!, com um público-alvo mais velho, tem 9 episódios de 45 minutos.

Devido ao tipo de produção leva-se consideravelmente menos tempo a "entrar" naquele universo e, fora o penteado e laço de Ochoufujin e a ocasional bola de ténis digital, está tudo bastante credível e realista. Os actores também têm performances mais naturalistas e sérias, talvez fruto de uma maior experiência (a maioria das meninas em Sailormoon nunca tinham feito nada antes). Aya Ueto, nome facilmente reconhecível a quem segue as idols japonesas, tem uma performance bastante sólida como a protagonista Oka Hiromi.

Mas quem realmente me impressionou foi Ochoufujin (Madame Butterfly, na versão portuguesa), ou Ryuuzaki Reika, o seu verdadeiro nome (Matsumoto Rio interpreta). Apesar do visual bastante próximo da manga de 74 e um pouco artificial, toda a sua performance estabelece uma coerência de tal forma forte que rapidamente esquecemos a sua caracterização física e a tomamos como elemento-chave da personagem. Reika é uma menina bem, muito rica, que práticamente nasceu a jogar ténis, pois o seu pai é o presidente da Federação Japonesa de Ténis. A sua pose de vedeta do colégio, especializado na modalidade, o seu ar de aluna mais velha, perfeita e mais talentosa que aconselha as outras, o seu altruísmo e frieza, aliados a um modo de falar mais elegante e roupas civis chiques e adultas, acabam por ter tudo a ver com o seu visual. Reika tem personalidade forte, é talentosa, mas acaba por sofrer por ter tomado uma postura fria e superior, chocando os demais se porventura tem algum acesso de emotividade.

Como os episódios são menos e mais longos a história desenvolve-se de forma mais escorreita sem introduzir demasiada palha ou o clássico episódio de fazer-render-o-peixe. Cada episódio até agora representa, de alguma forma, um ponto de viragem para Hiromi. Também a quantidade de merchandising/product placement é menos óbvia, fora as inevitáveis marcas de equipamento desportivo.

Quero ver mais e rever a série de anime (já agora ler a manga)!

Ace o Nerae! - TV Asahi (1)
Ace o Nerae! - TV Asahi (2)

PS - não sei bem porquê a TV Asahi resolveu fazer dois sites, com conteúdos semelhantes mas que se complementam.

30.5.06

Ando a ver: NANA

Já ando mais entusiasmada com esta série. Passados os rumores de que Ai Yazawa andava insatisfeita com a adaptação e retomado o fio narrativo da manga, parece que a história encarrilou. Se contar a história das duas Nanas de forma não linear resultou no filme e ajudou numa necessária economia narrativa, na série, definitivamente, não funcionou.

Habituei-me às vozes e já não me fazem confusão. Agora que se começou a entrar verdadeiramente na história das duas raparigas, a perceber que Hachi, apesar de subserviente, é suficientemente simpática e fiel para ser impossível gostar dela, que Nana, por trás da aparência fria tem sentido de humor e é generosa, já há espaço para a relação delas se desenvolver. Agora é que se começa a ver em acção o génio de Ai Yazawa que consegue criar histórias comuns, que nos tocam a todos, em ambientes menos comuns.

Estou expectante para ver como vai ser o concerto dos Trapnest, o reencontro de Nana com Ren e o recomeçar dos Blast.

Só continuo a detestar aqueles finais com uma menina de carne e osso chamada Nana, suposta apresentadora de TV, que não têm graça nenhuma e descontextualizam totalmente a série, apesar de serem um modo de nos mostrar locais que existem na realidade.

NANA ーナナー

22.5.06

CINE-ASIA: Fushigi no kuni no Miyuki-chan & Kagami no kuni no Miyuki-chan

Miyuki-chan no País das Maravilhas & Miyuki-chan no País do Espelho


Japão, 1995, 29min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Uma versão dos dois contos de Lewis Carrol, “Alice no País das Maravilhas” e “Alice do outro lado do espelho” em fast-forward e só com mulheres.

Crítica: Estes OAV’s (Original Animation Video) são um dois-em-um que resultam de uma espécie de brincadeira das autoras da manga, as CLAMP, sobre alguns dos temas que lhes são mais queridos: os livros da “Alice” de Lewis Carrol e jogos de consola. A brincadeira, aliada ao delirante espírito criativo das quatro, resultou num projecto conjunto que incluiu uma manga de edição especial (formato grande e com mais narrativas para além das de Lewis Carrol, tal como “Miyuki-chan no País da TV”, “Miyuki-chan no País dos Jogos”, etc.) e estes dois curtíssimos mas muito intensos filmes, “Miyuki-chan no País das Maravilhas” e “Miyuki-chan no País do Espelho”.

O bom nos anime feitos a partir da obra das CLAMP é a garantia de proximidade com os desenhos e as histórias desenvolvidas por elas para papel. Elas costumam ter um controle estreito na concepção dos anime extraídos das suas manga, mesmo quando não as quatro integrantes da equipa. Normalmente Mokona Apapa (agora apenas Mokona), a desenhadora principal, supervisiona o character design ou cria o guarda-roupa e Nanase Ohkawa (agora Ageha Ohkawa), a argumentista do grupo, escreve os argumentos ou, no caso das séries de TV, supervisiona essa escrita.

Estes videos são totalmente delirantes! Os diálogos são tão poucos e tão integrados na acção que mesmo que não se perceba japonês e se vejam os filmes sem legendas se percebe quase tudo. A familiaridade com as histórias originais ajuda um pouco também. Apesar da velocidade, todos os elementos mais importantes da história estão lá e, de uma certa forma, esta pequena narrativa é uma lição para quem adapta romances ao cinema.

O desvio do original começa com a protagonista, Miyuki-chan, uma rapariga estudante da escola secundária, com o uniforme de marinheiro (serafuku), característico das escolas japonesas. Como está na sinopse, não há homens, portanto todas as personagens masculinas do original sofreram uma “troca de sexo” e todas as habitantes do País das Maravilhas e do País do Espelho são mulheres sexy e extremamente atrevidas.

O Coelho Branco é uma coelhinha da Playboy (Bunny-san), as maçanetas da “Porta” são as mamas da Rapariga da Porta e todas as outras apresentam um guarda-roupa bastante reduzido. Em vez de estranharem ou serem agressivas para Miyuki (como com a Alice original) elas flirtam abertamente com ela, chamando-a constantemente de menina querida (kawaii ojou-san) chegando até a alguns apalpões muito pouco desejados por Miyuki. O culminar deste “assédio” é a Rainha de Copas, uma dominatrix com direito a chicote e tudo e as cartas, que querem ser “castigadas” por ela! Ou então o jogo de xadrez que é um strip-chess... e mais não digo!

Todo o desenho de personagens é extremamente engraçado e criativo, Tweedle-dee (Cho-ri) e Tweedle-dum (Tou-ri) são duas lutadoras gémeas, mas vestidas uma de azul e outra de vermelho, qual Chun-li de “Street Fighter”, quando luta contra ela própria. Os cenários levam-nos às vezes à segunda paixão das CLAMP, os jogos de consola. As cascatas flutuantes em “Miyuki-chan no país do espelho” lembram directamente um jogo de plataformas tipo “Sonic” ou “Nights in Dreams” (bastante populares à época). A música é talvez a parte mais delirante dos filmes. É completamente repetitiva, como a música dos jogos de consola, mas vai mudando de ritmo conforme os acontecimentos e parece que nos suga mais ainda na louca espiral de peripécias por que Miyuki passa e que se sucedem umas às outras.

A animação é de qualidade OAV, isto é, superior à qualidade de animação usada em séries de TV e um pouco inferior à qualidade exigida à animação para cinema. O que não implica que não tenha algumas cenas bastante caricatas, onde a animação dificilmente poderia ser melhor. Apesar de estes filmes serem feitos directamente para o mercado de vídeo, tal como as séries de anime para televisão, são sempre filmados em película de 35mm, o que lhes dá sempre uma qualidade de imagem que nem sempre se nota no NTSC. Em suma, é uma versão bastante pervertida da Alice, mas muito, mesmo muito, divertida.

Classifcação: 7/10

16.5.06

~Ayakashi~ Bake Neko


Bake Neko só tem três episódios, mas de resto a política da série manteve-se: os genéricos mudaram seguindo o grafismo da história que também mudou.

Esta história fala de um vendedor de remédios que entra, sem ser convidado, num casamento de uma família de classe alta. A noiva morre imediatamente antes de sair de casa e o vendedor revela-se mais como uma espécie de exorcista ou xamã, cuja missão ali é matar um demónio que assombra a casa e os seus habitantes.

O grafismo é deveras interessante, a paleta de cores parece imediatamente tirada de uma gravura de kabuki de primeira edição, em que as cores mais primárias têm um brilho de novas. Todo o design dos cenários é extremamente barroco e colorido, a arquitectura da casa é tradicional, mas a sua decoração não corresponde à decoração, normalmente sóbria, em que as cores são secundárias, com contrastes fortes de claro-escuro. Aqui não há um painel, porta ou parede que não seja decorado, com motivos de animais, há umas fusuma (portas de correr) ricamente decoradas com dois galos, flores, plantas, etc. Também há uma grande predominância de vermelhos e azuis-esverdeados, sem abandonar, claro, o preto e os dourados. Variadas vezes somos lembrados das cores da cortina de um palco de kabuki, na sua exuberância. Em cima disto tudo, inclusive das personagens, foi aplicada uma textura, semelhante ao papel feito à mão, que reforça mais ainda esta sensação de gravura.

O character design é também muito interessante, principalmente porque não há duas caras parecidas (corrijo, há duas: Tamaki e a noiva, mas faz sentido), e são algo caricaturados. Todos têm caras com feições muito características, o velho tem penca de velho, a noiva (e Tamaki) são as duas belezas da história, a criada tem feições redondas e lábios cheios, um dos homens tem manchas na cara, um outro covinha no queixo, etc., etc. O único que é verdadeiramente diferente é o vendedor de remédios que, apesar de se dizer humano tem orelhas em bico e umas pinturas-tatuagens na cara que lhe dão imediatamente uma ligação ao xamanismo nipónico. É talvez a personagem com o character design de que menos gosto, talvez por ser o menos realista do conjunto, mas continua a fazer sentido, pois deixa-nos sempre na dúvida em relação ao que a personagem verdadeiramente é.

A animação continua sem mácula e a história é bastante interessante, emocionante e um pouco sinistra, pois a maldade dos homens supera a maldade do demónio (Bake Neko=gato-demónio).

Com esta história, termina a série ~Ayakashi~. Foi uma excelente aposta pois as histórias confirmam a grande fama de histórias fantásticas que o Japão tem. O grafismo e realização mudarem com cada história fez com que toda a série tivesse um ar de animação de autor, mais cuidada, trabalhada e personalizada, disfarçada de animação comercial. Esta série é um bom exemplo para mostrar que a animação no Japão não é só Ghost In the Shell ou Akira, que eles têm excelentes profissionais e uma tradição na animação de autor maior ainda!

É no Japão que há um dos mais importantes festivais de animação do mundo, o Festival de Hiroshima, e muitos dos autores, que trabalham na indústria para televisão, quem sabe se para pagar as contas, têm uma rica obra de filmes de autor bem menos conhecida que os seus trabalhos mais comerciais. O maior exemplo disso é o grande Osamu Tezuka, autor da primeira série de animação para televisão, Tetsuwan Atom, Astro Boy, que tem uma enorme filmografia de pequenos e muito bons filmes de autor.

怪~ayakashi~

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