11.7.21

A Bershka Fez Asneira Outra Vez

soquetes Supii-chan e Kero-chan

Há pouco mais de dois anos, a Bershka já tinha alguma roupa com estampas com um ar "anime", mas ou eram imagens muito básicas, de séries super populares, como Pokémon ou Dragon Ball, ou eram colagens de ilustrações com um ar anime genérico, mas que não eram de série nenhuma. E todas elas neutras ou mais para rapazes ou crianças pequenas.

Entretanto na Primark, na secção de homem, apareciam ocasionalmente t-shirts de Dragon Ball, Naruto, Boku no Hero Academia, Pokémon (esta também às vezes na secção de criança) e pouco mais. Que tenha notado, nenhuma outra cadeia de fast fashion, talvez a Pull & Bear ou a H&M, tiveram t-shirts ou outras peças de roupa directamente ligadas ao anime. Tipicamente também, em todas estas cadeias, roupa com estampas da cultura pop, fora a Barbie, My Little Pony e pouco mais, só surgem nas secções de homem, rapaz ou criança.

Há uma geração inteira, que cresceu com o boom do anime dos anos 90, desejosa de t-shirts e afins das séries que os marcaram e a Bershka parece finalmente ter descoberto o filão. A primeira "colecção" digna do nome, foi a de Sailormoon, há cerca de ano e meio, tímida com uma t-shirt e um hoodie, com fundo preto. Pouco tempo depois, lançaram uma segunda colecção, desta vez com fundo branco, mas também com poucas peças. Mais seis meses e saiu a de Cowboy Bebop, também com poucas peças, mas desta vez mais arrojada, fundo amarelo e estampa holográfica. Tudo peças simples, unisexo, mas as imagens bem escolhidas, não foram as primeiras a aparecer numa busca do Google Images.

Mas tudo descambou com a colecção de Evangelion, com bastante mais peças, mas a usar sempre as mesmas 2 imagens da Rei ou da Asuka, pouco ou nada de Shinji ou dos EVAs, e um aproveitamento extremamente pobre dos excelentes gráficos da série. As peças estampadas também eram muito banais e como as imagens escolhidas também o eram, pareceu um design preguiçoso, para não dizer pior.

colecção Card Captor Sakura,
Bershka 2021

Eis que chegamos a esta semana e a Bershka lança uma colecção Card Captor Sakura! CLAMP! Em roupa, no ocidente! Mesmo sendo Sakura a série mais popular das CLAMP, é coisa para celebrar! Vou ao site ver a colecção e mega decepção!  Basicamente têm 2 estampas, as 2 faces das Clear Card, na frente com a Sakura, no fato cor de rosa do 1° genérico, e uma manta de retalhos de capturas de ecrã da série... As peças de roupa principais parecem pijamas foleiros de homem, e as que se destacam, o crop top anos 2000, as calças de ganga rasgadas e as soquetes, não são nada de especial ou não são suficientemente neutros. O top e as calças são muito juvenis, muito para miúdas de 12 anos, que, vá lá, ao menos são o público-alvo de CCS, e as meias muito infantis. Para além disso, só usam cores pastel (yuck!) e nem no rosa acertaram, o rosa de CCS é mais para o salmão. Basta fazer uma busca no Google, ou até mesmo na Amazon, para encontrar peças bem mais interessantes e com outras cores, como o vermelho, preto ou o dourado, ou mesmo um rosa mais forte, mais característico de CCS.
Mas não é só anime, a colecção de Powerpuff Girls consegue ser pior e a de CCS, apesar dos designs mais masculinos, é para miúdas dos 10-13 anos... no comments...

Card Captor Sakura na Amazon.com 

Os japoneses são muito estranhos com estas coisas, e vou apenas falar das CLAMP aqui. As CLAMP são super ciosas do merchandise das suas séries e raramente o design falha ao seu escrutínio, mas quando as coisas passam para o Ocidente, parece que estão a lixar-se para o que fazem com elas.
Se por um lado estou deveras contente por haver cada vez mais roupa com desenhos de anime, e também de anime shoujo, disponível e acessível em lojas genéricas, o design ainda fica muito aquém e revela por vezes um desconhecimento das séries por parte dos designers. Até mesmo o merchandise oficial, licenciado da Hello Kitty e da Sanrio, tem muito melhor qualidade e design o que é fabricado no Japão, que o do Ocidente, mesmo que seja produto de luxo. Mas depois, como há pessoas sedentas dessa roupa, acabam por esgotar na mesma. Como sempre fui mais selectiva, mesmo com t-shirts de concertos, etc. só compro se gostar do design. Isso resulta que, anos depois ainda uso essas peças, com orgulho e na rua, não é envergonhadamente como pijama, em casa.



19.6.21

Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha Hen

Mais uma vez o trabalho deitou-me um anime no colo: Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha Hen, o filme de Kimetsu no Yaiba. Esta é mais uma daquelas séries que fiquei a conhecer através do cosplay, quando há alguns anos houve um boom de pessoas a fazer cosplay de Tanjiro ou Nezuko. Fiquei com alguma curiosidade, mas pouco mais...

O que me vale, para o trabalho, é que o filme vale por si e não foi preciso ver a série para perceber o contexto. E, em caso de dúvida, nada que uma pequena pesquisa na Wikipedia não resolva.

Kimetsu no Yaiba é um shounenzinho simpático, com as clássicas personagens maniqueístas, mas que se passa no início do séc.XX, ou fim do XIX, onde crianças são Caçadores de Demónios. O filme é uma espécie de episódio alargado, como aliás muitos filmes anime, surgidos de séries. 

A história, apesar de simples, está contada de uma maneira eficaz. Logo na segunda cena, através do modo como entram na missão, percebe-se o carácter de cada um dos Caçadores e a outra informação relevante é-nos dada quando encontram o mentor, Rengoku. As personagens são carismáticas q. b., provavelmente mais ainda para quem viu a série, e a história e a acção desenrola-se de forma linear, sem grandes surpresas. Por outro lado, os vilões, os demónios, são demasiado irritantes e nem dá gozo vê-los a apanhar. E depois, surge uma excelente oportunidade de usarem o seu ponto fraco e é desperdiçada.

O filme explora temas do sobrenatural, dimensões, subconsciente ou chakras, que suponho já tenham sido bastante abordados na série. Também é mais um que usa os elementos, água, fogo, vento e terra, neste caso é rocha, como o principio maniqueísta de caracterização dos protagonistas. Felizmente também introduz variantes, o que torna a série interessante. Outro grande ponto de interesse é eles seguirem técnicas de combate dos samurais, portanto com katanas, e o contexto da era Meiji (entretanto li algures que é era Taisho - 1912-1926), que torna o guarda-roupa automaticamente interessante, com muitos kimonos e semelhantes, com combinações de cores e padrões algo incomuns no anime.

É óbvio que muitas das temáticas são baseadas no folclore sobrenatural nipónico e no kaidan. É principalmente por isso que agora quero ver a série e ler a manga. Isso e o facto de o filme ser bem construído, mesmo que dois terços sejam combates. E o raio dos vilões têm a mania dos discursos wagnerianos, não se calam, rais'parta!

Tecnicamente, o filme é soberbo, gosto da imagem geral, dos cenários, de se passar sobretudo à noite (por motivos da narrativa) e, estranhamente, acho que o character design fofinho se integra muito bem nos cenários mais realistas. A paleta de cores foca-se em cores de pedras preciosas e a animação é muito boa. Não gostei muito do character design dos demónios, têm detalhes interessantes, como as íris, mas no geral acho-os demasiado complicadinhos. A animação 3D é demasiado 3D, isto é, não se funde inteiramente com a restante animação. As cenas de luta e invocação das técnicas são muito bem coreografadas, uma pessoa não fica perdida, e as técnicas são mesmo bonitas. A grande melhoria no anime dos anos 2000 em diante, é que já não se vê animação inconsistente e mesmo as séries de baixo orçamento são muito bem feitas. Portanto, é redundante ainda falar na qualidade da animação. 

Porque será que quando vejo a maioria dos shounens, parece que estou num jogo de combate, tipo street fighter? Dragon Ball Z é assim, Naruto é assim, Saint Seiya é assim. Basicamente os protagonistas vão saltando de luta em luta, fazendo pequenos upgrades a cada vitória. 

Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha Hen é um filme simpático, que certamente irá agradar mais aos fãs, mas que se vê muito bem independentemente disso.

劇場版「鬼滅の刃」 無限列車編

 


10.6.21

Koi Suru Vampire

Há alguns anos, um amigo meu andava à procura deste filme, sem o encontrar e, entusiasmada pela estética "vampire pink" do cartaz, fui à caça. Mas nos sítios habituais da candonga, não encontrava rigorosamente nada, menos ainda com legendas em inglês (o meu amigo não fala japonês). Até que, num último recurso, fui ver ao YouTube. Encontrei duas versões do filme, uma em japonês (e tailandês), com qualidade decente, e outra, com legendas em inglês, de que eu afinal precisava, pois não percebo patavina de tailandês, mas com uma musiqueta de fundo, baixinho, calculo para se esquivarem à censura youtubica, que às vezes chateia, outras nem por isso. Deixo os dois links no fim do post.

O filme é uma historieta romântica de uma vampira, Kiira, que se apaixona por um mortal, Tetsu. Já se percebeu o conflito... Depois de conhecer o seu mortal, Kiira sofre uma desgraça na família, que faz com que vá viver com a tia jeitosa, na prosaica Yokohama, e ajudar na padaria da família, vampira, Ban Panya (um trocadilho à japonesa, o nome da família é Ban e "panya" significa padaria, tudo junto dá, foneticamente, "vampire"). Ela vive feliz a sua vidinha de pasteleira, mas volta a cruzar-se com o seu amor, ao mesmo tempo que a tragédia do passado também a alcança. Naturalmente, como o bom shoujo romântico que é, termina tudo na paz dos anjos.

O filme usa alguns dos cânones clássicos da mitologia dos vampiros, o morder, a sede de sangue, o viver para sempre e não envelhecer, detestar alho e prata e pouco mais. Ignora outros, como andar à luz do dia, crucifixos, não me lembro se se vêem ao espelho ou não, e mais umas quantas. Depois introduz o amor romântico, as tradições de família e vampíricas, a música pop, as amizades, tudo envolvido pelo tema da pastelaria kawaii.

O filme é morno, estava à espera de ser mais kitsch e de me divertir com isso, mas mesmo assim é engraçado. Adorei os trocadilhos com os nomes: Ban Kiira = VanKiller; Ban Panya = VanPire; etc. e do amor dela ser músico aspirante. A história de Kiira é clássica, mas contada sem muito dramatismo, apesar da tentativa na narração inicial, com grafismos góticos e da iluminação e décor gótico da mansão da sua família. Mas a coisa não deixa de ser morna o que torna tudo levezinho demais. Gostava de ver ou melhor dramatismo, ou uma encenação num tom de comédia camp ou kitsch.

E depois há aquele estilo interpretativo dos actores japoneses, cheios de maneirismos do kabuki, que para os japoneses é capaz de passar despercebido, mas que a nós, ocidentais, causa sempre estranheza. Mas, nas poucas cenas mais dramáticas do filme, eles mudam de registo e revelam-se actores decentes, capazes de interpretações dramáticas e com emoção e empatia.

Fora a sequência inicial, na mansão "gótica" dos Ban e um ou outro efeito ao longo do filme, há muito pouco de fantástico, menos ainda de terror, para um filme com "Vampire" no título. Mesmo assim, já não via um dorama há bastante tempo, soube bem, mas também soube a pouco.

Koi Suru Vampire  Vampire in Love 2015 Engsub (a tal versão com a musiqueta)

恋する•バンパイア Vampire in Love 2015 (o original)

恋する•ヴァンパイア

3.5.21

Roupa de Eva na Bershka

Encontrar roupa com desenhos tirados de anime e manga, oficial, legal, etc, era quase impossível há uns anos, só se encontravam coisas nos eventos e aí era quase tudo de Dragon Ball, Naruto ou Bleach. Mas nos últimos 2, 3 anos, a coisa tem mudado e cada vez mais cadeias de lojas começam a apostar em roupa de anime ou manga, estando entre elas a Primark, a Mó, a Pull & Bear e a Bershka. 

Quarta-feira passada fui a uma loja da Bershka para comprar umas sandálias (comprei). Já depois de pagar, reparei num expositor cheio de coisas de Evangelion, que é uma série de anime que faz parte da minha vida praticamente desde que foi lançada. Misato tem sido o meu nick também desde então. 

Fui directamente ao expositor ver as peças, mas infelizmente rapidamente constatei que, fora umas mangas, um fato de banho e uma camisa tipo havaiana, era tudo tão banal! Numa série com uma imagética tão forte e uma arte gráfica com um potencial gigantesco, foi uma bela decepção. O lado positivo? Não gastei dinheiro. Fora a minha queixa habitual de que, para variar, nunca há Misatos (nem nos artigos japoneses 😭😭😭), limitaram-se a ir buscar as imagens mais vistas de Eva, nomeadamente a Rei, algumas da Asuka e do Shinji e o EVA-01 e nem se esforçaram minimamente, estamparam uns rectângulos sobre t-shirts brancas ou pretas e já está. Nem um Kaworuzinho, ou uma Mari, para amostra.

Por isso hoje fui "passear" à Eva Store, uma loja online, dedicada a artigos só da série Evangelion, que está aberta há vários anos. Não querendo ser injusta, fui só ver a secção de roupa, onde há de tudo: desde artigos subtis, como gravatas ou t-shirts, onde os gráficos da série são integrados de forma discreta, a artigos de cosplay, como os ganchos da Asuka e da Rei, ou o uniforme base da Nerv. 

Os designs também variam muito, desde ir buscar directamente elementos da série, como os títulos, ou as cores dos EVAs, até designs com um ar retro, como sukajans (blusões retro em cetim, com desenhos bordados, de inspiração americana) ou t-shirts com ilustrações com um estilo anos 50. Do mesmo modo, há várias colaborações com diversas marcas, mas todos mantêm uma coerência de cores e elementos. Junto algumas imagens de artigos à venda na Eva Store a que acho piada e que têm designs criativos.

Desde o ano passado, com o lançamento da colecção da Sailormoon, não resisti, comprei o hoodie da Black Lady, ainda no meio de peças com ilustrações "estilo manga", que a Bershka parece que descobriu o mercado do merchandise ligado a anime. Também já teve coisas giras de Pokémon, o hoodie amarelo com a Faye de Cowboy Bebop (queria, mas o orçamento anda curto!), e agora Evangelion... espero que continuem a ter este tipo de peças, até porque a qualidade da Bershka está melhorzinha, o meu hoodie tem boa qualidade, a estampa é de boa qualidade, mas invistam em designers, e justifiquem os preços, por favor! Conseguiram com Sailormoon, conseguiram com Cowboy Bebop, também deviam conseguir com Evangelion.

Evangelion na Bershka

Eva Store 

2.5.21

Ando a ver: Naruto Shippuden

Andava sem nada para ver ao pequeno almoço e o anime cada vez mais escasseia nos canais de TV, quando me lembrei que estava a dar Naruto Shippuden na SIC Radical. Já tinha desistido de Naruto quando começou a engonhar, ainda antes de Shippuuden, mas resolvi dar-lhe outra oportunidade.

Infelizmente não foi assim tão simples. O primeiro choque foi estar dobrado em português. Lembro-me claramente de ouvir o Naruto a dizer os seus clássicos "~dayo" e de certos nomes definitivamente em japonês. Não sou 100% contra as dobragens, mas prefiro sempre legendado, sobretudo quando se trata de uma série demasiado "pesada" para passar num canal generalista de manhã, que ainda por cima passa num canal como a SIC Radical, canal para adultos, ou jovens adultos, onde o argumento de ter de ser dobrado para a compreensão das criancinhas não se justifica. Mas adiante. A outra crítica é que a SIC Radical não cumpre horários e tem sido raro conseguir ver episódios inteiros (gravados na box). Ou vejo o finzinho, ou perco o início (menos mau) ou nem gravo o episódio. 30 a 40 minutos de desfasamento é demasiado e a culpa é inteiramente da SIC Radical que não cumpre os horários que envia às operadoras.

Isto tudo torna-se ainda mais complicado numa série que deixou de ser linear, tem imensas personagens, imensas narrativas paralelas, alternativas ou em flashback, e resolveu contar tudo tintim por tintim. A história evoluiu, apesar de ainda engonhar bastante. Quando comecei a ver, na temporada 8 ou 9, nos parâmetros da SIC Radical, estavam todos envolvidos numa batalha interminável, com várias frentes, onde eu não estava a pescar grande coisa. Mas lá fui preenchendo os buracos, de alguma coisa serve o engonhanço, e a batalha já terminou e a guerra aparentemente ganha. SPOILERS: tudo remonta à pré história daquele mundo, e a guerras entre deuses.

Mas Naruto Shippuden tem qualidades, uma delas é ir beber à mitologia animista japonesa e, de certa forma recontar essa história nos parâmetros do "ninjutsu" daquele mundo. Naruto está menos idiota, Sasuke menos pedante, a Sakura menos ingénua e, no geral todos estão mais interessantes. Continuo a ter como preferidos o Itachi, o Kakashi, o Iruka-sensei, o Jiraya, o Rock Lee, o Neji, o Shino, o Gaara, a Tsunade, acrescentei os pais de Naruto, o tipo do polvo (o nome fugiu-me), o Primeiro Hokage e mais uns quantos, que foram agora novidade. Agora que cheguei a uma parte onde aparentemente o Naruto e o Sasuke finalmente se reconciliaram, resolvi finalmente postar.

Em vez de deixar de engonhar, Shippuden complicou mais ainda a narrativa, recontou parte da história que tinha visto em Naruto, mas com os pais dele vivos e basicamente explicou a coisa. Como há sempre algo mais para esticar, sei que ainda tenho uma série de episódios pela frente, mas a narrativa principal está esclarecida. Gostava de ter visto tudo, no meio dos episódios que a box não gravou, estava a história da origem do Gaara, que continuo sem saber. Snif... Mas também não tenho paciência para rever tudo. Se quando chegar ao fim a SIC Radical recomeçar, talvez tente rever.

Séries muito longas têm esse defeito, acabo por só ver parte, perco episódios pelo meio e acabo por não perceber bem a história. Não gosto o suficiente de Naruto para ficar realmente com pena, mas a história, engonhanço à parte, até é interessante e as personagens são bem construídas.

N A R U T O ーナルトー疾風伝

SIC Radical 


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