23.12.05

メーリ・クリスマス

... ou seja: Feliz Natal!

Quem leia o meu outro blog já há de ter percebido que não ligo quase nada ao Natal, mas nos anime e manga costuma haver ilustrações tão boas de Natal e porque me apaixonei por esta, apesar de já ser do ano passado (se não me engano), deixo então aqui a Rei a a Asuka de Evangelion para dar as boas festas.

http://www.gainax.co.jp [JP]

Ando a re-ver: Shoujo Kakumei Utena

Felizmente tive a sorte de poder ver a série Shoujo Kakumei Utena relativamente pouco tempo depois de ela sair no Japão, numa altura em que até tirar mp3 da net era quase proíbitivo. Infelizmente no pacote de K7s VHS faltava um episódio, o 12.

Agora que tenho a série, e com melhor qualidade, em formato digital, tenho andado a revê-la aos pouquinhos e finalmente vi o episódio 12 que é bastante importante na série. É um episódio em que vemos uma Utena atípica, em vez de na sua habitual boa disposição energética de maria-rapaz, vêmo-la deprimida e sorumbática, de uniforme feminino, isto tudo porque perdeu um duelo com Touga porque ele se aproveitou da sua ingenuidade.

Utena é uma heroína, já de si, atípica para um anime. Para além de ser uma maria-rapaz a 100% (costumam sê-lo numa percentagem menor), de se vestir com uniforme de rapaz mas mesmo assim gostar de rapazes, é independente, determinada e inconformista. Mas do mesmo modo que é inconformista e rebelde também é idealista e ingénua. É engraçado que num anime de cores saturadas também as personagens o são de certo modo e Utena reflecte muito bem um desejo que se manifesta bastante nos anime, o de ser diferente e individualista, contrário às regras básicas da sociedade japonesa. Talvez por isso os heróis de anime tenham os cabelos de quase todas as cores menos o preto e tenham personalidades tão fortes e fora do comum (são muitas vezes preguiçosos ou têm um mau desempenho na escola) e raramente são os overachievers que a sociedade pede. Através do contraste de ver a Utena vestida como todas as raparigas do colégio e com atitudes tão passivas é que nos apercebemos da sua diferença e do que a faz a heroína da série. Definitivamente este é um episódio chave para a compreensão da protagonista e, para além disso, fica-lhe muito bem o uniforme feminino!

http://www.jrt.co.jp/yos/ikuniweb/toppage.htm [JP]

22.12.05

Terminei de ver: Glass no Kamen

Como eu esperava, o facto de a história não terminar com a série, soube a pouco. Aliás algo de surpreendente nestes anime mais antigos é que me agarram ao écran e fazem com que veja as séries quase de seguida, em todos os intervalos que consiga arranjar. Parece quando se lê um daqueles livros empolgantes que não se conseguem largar a não ser quando chegam ao fim e mesmo assim ainda queremos mais!

A desgraçada da Maya realmente sofre bastante, mas menos às mãos dos outros e mais em prol do sonho de ser actriz. Ao contrário das expectativas Ayumi, apesar de ser uma rival de peso, não é desonesta e não faz nada propositado para atrapalhar Maya a não ser esforçar-se mais ainda no seu próprio sonho. Como ainda não terminou a história ficou por ver qual das duas é que, no fim das contas, vai fazer de "Kurenai no Tenyou", a mítica peça sómente representada por Chigusa Tsukikage nos seus tempos áureos.

Maya, apesar dos sentimentos contraditórios acaba por se aperceber que Masumi é a mesma pessoa que "o homem das rosas púrpura", deixando-nos à espera do que possa vir a acontecer entre os dois nesta relação de amor-ódio. Quanto a Yuu, ele lá se esforça por dar a entender à distraída Maya, concentrada apenas em ser actriz, de que gosta dela. Apesar de alguns precalços ela acaba por perceber e respeitar o que ele sente e ele, ao perceber a dura concorrência que é a dedicação dela à carreira, resolve dar luta e ir para Nova Iorque estudar teatro como deve ser.

Enfim, está visto que vou ter de ver a série de 2005 a ver se pelo menos a restante história, entretanto publicada na manga, está lá.

19.12.05

Howl no Ugoku Shiro

Eu sou da geração que ficou a conhecer melhor o anime através de Conan, o Rapaz do Futuro, lógicamente sou fã de Hayao Miyazaki. Mas foi longo o intervalo entre o ver o Conan e a restante obra dele que, felizmente, comecei pelo melhor: Tonari no Totoro.

Então finalmente vi O Castelo andante, levei este tempo todo por diversas razões de força maior mas também porque, desde que Miyazaki ficou na moda a minha paciência começou a escassear. Isto não quer dizer que não continue a gostar dos seus filmes, muito pelo contrário, quero é vê-los no meu tempo, ao meu ritmo.

O que achei mais curioso neste filme foi a história que, se analisarmos os outros filmes de Miyazaki, faz um pequenino desvio. Feitiçarias, cenários e adereços à parte esta história é a história de um tipo solteiro, que perdeu a capacidade de conviver com as pessoas em sociedade que o que precisa é de uma mulher pragmática para tomar conta dele. É claro que Miyazaki nos enche esta simples história das típicas características do seu universo: o character design, a música mediterrânica de Jo Hisaishi, as máquinas voadoras, as paisagens de cortar a respiração, o céu muito azul, etc... mas, à parte de, para variar, a personagem feminina continuar a ser muito forte, esta é principalmente uma simples história de amor e tudo o resto está la para enfeitar. Ah, sim! O Calcifer é kawaii!!!

Por um lado é bom quando realizadores ou autores de filmes mais especiais ou diferentes aproveitam com inteligência as facilidades que o sucesso lhes traz, e sem dúvida que Miyazaki o faz muito bem, sem perder a inocência e o charme. Mas ele já fez melhor, pois acho que este filme vale quase só pela história (que nao é dele) e menos pelo equilíbrio de todas as partes que constituem um filme. O Castelo andante é um bom filme e se não tivéssemos termo de comparação com outros filmes de Miyazaki diria até que é um excelente filme, mas ele já fez muito melhor e, assim o espero, voltará a fazer pois a sofisticação e as facilidades que a tecnologia e a fama lhe trazem só ajudam.

http://www.howl-movie.com/ [JP]
http://disney.go.com/disneypictures/castle/ [EN]

18.12.05

Glass no Kamen

Glass no Kamen (Máscara de vidro) é daquelas manga e anime shoujo que desde sempre me despertou a atenção por duas razões: primeiro porque é, juntamente com Versailles no Bara, um dos clássicos e porque tem bom aspecto. Com o tempo vim a perceber que também é uma das manga de maior longevidade no japão, pelo que percebi, encontra-se actualmente num hiato e tem 42 volumes publicados num espaço de mais de 10 anos!

Tudo isto e porque encontrei a série na net fez com que começasse a vê-la. A série é totalmente anos 80 com um genérico muito Fame/Flashdance-Made in Japan e uma canção a condizer. O guarda-roupa e parte da direcção artística também são bastante datados mas vêem-se bem e não chocam tanto como o genérico. A história já é mais neutra sendo um drama daqueles com convicção, em que a protagonista, Maya Kitajima, uma miúda de 14 anos, de uma família pobre é amadrinhada por uma ex-vedeta do teatro desfigurada e decadente, Chigusa Tsukikage, para aprender a ser actriz.

Apesar de ainda ter visto muito pouco já deu para perceber que a palavra teatro e ser actor/actriz, nesta história tem um sentido mais lato, em japonês diz-se o-shibai que quer dizer literalmente 'actuar em palco', e é mesmo isso que Maya e as outras personagens fazem, não sómente teatro. É interessante perceber como o anime mudou tanto, as histórias dos shoujo dos anos 70 e 80 eram muito mais intensas e emocionantes do que o são hoje. Tal como Maya as protagonistas eram um exemplo de preseverança e de auto-sacrifício seja por elas ou pelos que amam, abdicando de sonhos e coisas importantes da vida pelo que realmente consideram importante ou justo no momento.

Típicamente numa história destas, além da severa professora, Maya tem dois love-interests, o 'gajo bom' mais velho e independente Masumi Hayami e o jovem puro e apaixonado Sakurakouji Yuu. Ela também tem uma rival, Ayumi Himekawa, que é em tudo, menos no talento, o oposto de Maya começando pelo apelido. Kitajima é comum, quer dizer "ilha do norte" e Himekawa é elegante, quer dizer "princesa do rio". Maya é morena, pequenina, magrinha, pobre e tem um ar comum, simples, enquanto que Ayumi é bonita, loira, tem o cabelo aos canudos, exuberante, rica e muito elegante. Apesar de a rivalidade entre as duas mal ter começado parece que Maya vai SOFRER, mas... também acho que lá para o fim as duas vão ser concorrentes leais, quem sabe até amigas.

A manga ainda não tem fim, como eu disse encontra-se num hiato. Pelo que sei, a série de 1984 que estou a ver, também não tem final e o mais provável é vir a deixar-me com aquela sensação de que fata algo quando a acabar de ver. Como dizem os americanos: closure. Nos anos 90 foi feita uma série de OVAs, seguida de um dorama (=drama, palavra usada em japonês para a novelização de histórias para televisão, as nossas telenovelas) e, este ano (2005) começou a dar uma nova série em que talvez haja uma conclusão. Se gostar da antiga vou ver também a nova.

http://www.dreamsaddict.com/GarasuNoKamen/Intro.html [EN]
http://myhome.naver.com/fischer/Miuchi/GMEnglish.htm [EN]

17.12.05

Terminei de ver: Versailles no Bara

Finalmente a emocionante história de Oscar François chegou ao fim e com ela a monarquia francesa. Um pouco como na revista Première vou comentar...

O melhor: A intrincada história que não fica muito atrás de Alexandre Dumas na ligação entre a ficção e os factos reais. O excelente character design por Shingo Araki (não me canso de o elogiar) e a lindíssima direcção artística.

O pior: A banda sonora demasiado "anime anos 80" que está muito ligada a este anime, mas que é demasiado datada. A animação por vezes um pouco rudimentar e as pequenas incorrecções históricas, principalmente no guarda-roupa.

Oscar François é uma personagem impressionante na sua força e convicções, uma mulher como poucas. Admirávelmente humana. Este anime merece a designação de clássico, é daqueles que, independentemente do gosto de cada um, qualquer fã sério de anime deveria ver. Está no meu TOP10!!

Noir

Foi com satisfação que confirmei hoje que está a dar um dos anime que mais satisfação me deu nos últimos anos na SIC-Radical, Noir.

Mireille e Kirika são duas muito eficientes assassinas a soldo ligadas por um destino ancestral. Ao juntarem-se assumem o lendário nome assassino de "Noir". Mireille é mais velha, vivida tem sentido de humor e é algo maternal. Por vezes, nos primeiros episódios, ela faz-me lembrar a personagem de Jean Reno no filme Leon de Luc Besson, principalmente na sua relação com a planta num vaso. Kirika é uma adolescente japonesa, órfã, introvertida e fria o que a torna mais arrepiante cada vez que mata alguém.

A acção passa-se maioritáriamente na Europa, na actualidade, apesar de um certo ambiente de época, por vezes anos 20/30, por vezes anos 50. A maioria dos episódios passa-se em França e parte na Córsega o que faz com que os cenários solarengos contrastem com a acção, bastante soturna, na luz brilhante do sul da Europa. Todas as cenas de acção, principalmente os tiroteios são brilhantes, muitíssimo bem realizadas deixando-nos colados ao écran. A história leva-nos de um policial em tons de filme negro (film noir, suponho que foi intencional) através de um puzzle de misteriosas pistas acerca da relação destas duas mulheres até a um destino gótico medieval de sacrifício.

Gosto imenso das cenas da vida quotidiana de Mireille a começar pelo apartamento dela, a mini-scooter e vê-la a trazer uma baguette ao fim do dia para casa. Os cenários na Córsega deixaram-me cheia de vontade de visitar a ilha, com as suas villas e vinhas sem fim.

Uma das coisas que mais me marcou quando vi este anime foi a banda sonora, muitíssimo tétrica de canções com vozes femininas, coros medievais em latim e letras sinistras. É arrepiante e muito boa. Como já disse acerca de Paradise Kiss, é raro gostar muito de uma banda sonora de um anime, portanto quando gosto é porque é bastante marcante e provávelmente invulgar.

Finalmente não posso deixar de dizer que a voz de Mireille é interpretada por uma das minhas seiyuu (actriz/actor de voz) preferidas, Mitsuishi Kotono, que fez anteriormente Usagi de Sailormoon, Misato de Evangelion, Excel de Excel Saga e muitas outras vozes pois ela é excelente e bastante popular no Japão.

http://www.jvcmusic.co.jp/m-serve/tv/noir/index.html [JP]

3.12.05

Nippon Koma: dia 6

Apesar de ser sábado, a sessão de hoje foi um bocado desinteressante. Pelo menos os dois documentários de hoje à tarde, Danchizake (Sake caseiro) e Good Morning Yokohama (Bom dia Yokohama), não foram desapontantes, se bem que também não foram brilhantes.

O que havia de interessante no primeiro era o modo como o pai do realizador é um pária na sociedade japonesa, mostrando a audiências ocidentais, muitas vezes ignorantes do verdadeiro Japão, que lá nem tudo é pink e que nem toda a gente vive bem, só porque é um dos países mais ricos do mundo. O modo artesanal com que o senhor faz o sake é, no mínimo, curioso, principalmente porque o realizador intercala as actividades do pai com o testemunho da mãe (os dois são ainda casados mas vivem separados). O final é a partilha do dito sake entre pai e filho. Eles aparentemente gostam e, pela cor, a zurrapa tem um ar forte!

O segundo filme mostra-nos quase literalmente o dia-a-dia na gigantesca estação de comboios de Yokohama, igual a tantas outras no Japão. É a confirmação de certos hábitos e maneirismos que só os japoneses têm. É um filme pertinente, como serão todos os outros com o mesmo tema, não fosse o Japão um país de comboios, já Ozu o afirmava repetidamente nos seus filmes.

http://www.midnighteye.com/reviews/homasake.shtml

Os 4 filmes da noite, a série Fade into White, tem o defeito que quase todos os filmes experimentais com pouca narrativa têm: até podem ser muito bem feitos, e estes eram sublimes no uso muito feliz do 3D a preto e branco muitíssimo saturado, mas costumam ser um bocado chatinhos. Apesar de esta ter sido uma das sessões mais curtas de todo o ciclo, estava farta de estar ali e no fim vi muitas (demasiadas) caras sonolentas.

http://www.alles.or.jp/~goshima/

Em resumo: comparando com os anos anteriores, esta edição do Nippon Koma foi, de certo modo desapontante.
Em 8 documentários/filmes experimentais só um foi marcante, Peep "TV" Show, que, felizmente não desapontou mas sim surpreendeu, e dois se viam sem problema, Danchizake e Good Morning Yokohama.
De todas as sessões de animação valeram a pena as duas de Paranoia Agent, que apesar de anime comercial era bem interessante no lado surrealista das narrativas japonesas, Memories porque, preconceitos à parte, é um excelente conjunto de filmes, a sessão de dia 1 dos filmes da OneDotZero, que continua a ter uma excelente escolha de filmes em 3D, videoclips e publicidade, e do filme Kakurenbo, por tudo, talvez tenha sido o anime de que gostei mais no festival, e ainda a sessão dos filmes de Kawamoto Kihachiro que apesar de terem, em média, 30 anos ainda espantam com a sua beleza e qualidade e, acima de tudo, mostram um lado tradicional do Japão ainda considerado muito belo contando histórias muito interessantes.

Não sei se terá sido uma boa aposta dobrar o nº de sessões em relação aos anos anteriores. Antes, em vez de 12 sessões eram 6 sessões que repetiam alternadamente (uma vez às 18h30 e outra às 21h30) pelos 6 dias. Acho que aqui o ditado "poucos, mas bons" se aplica, não fica bem ser ganacioso. Peca também o festival este ano pelas falhas técnicas que foram demasiadas, entre dobragens em inglês e falta de legendagem em muitos dos filmes que passaram, não foi só a sessão de Kihachiro. Outra falha é a falta de informação e a má tradução dos textos do programa. Era bom que para a próxima, para além da tradução dos títulos lá estivessem os títulos originais e outra informação como, por exemplo, a distribuidora ou produtora ou ainda o título do videoclip e não o nome da banda/músico. Se se quer procurar mais informação sobre os filmes que vimos, na maioria das vezes é difícil assim. Esperemos que para o ano melhore um bocadinho. Lá estarei de novo.

2.12.05

Nippon Koma: dia 5

A sessão da tarde foi mais uma sessão de curtas de animação mas mais experimentais ou de autor e menos marcantes que as de ontem à noite. Não me lembro bem de todos, portanto vou saltar alguns.

Shimomomo (Pêssegos congelados) é um filme bonitinho que nos mostra uma rapariga a tirar uma lata de sumo de pêssego, único item no seu frigorífico, que está colada no congelador.
Yume no nokori (Remanescente do sonho) é um mais um filme em 3D que aborda o dia-a-dia de um estudante de escola secundária com as suas frustrações, etc., etc...
Jii-san no tsubo (A jarra do velhote) é um filme, do ponto de vista de uma máquina fotográfica do velhote que faz várias tentativas, com mudanças de zoom, foco, etc. de fotografar uma jarra em cima de uma mesinha.
Tools (Ferramentas) é um filme muito sinistro em 3D (pelo que percebi pelas legendas em japonês - o filme era falado numa lingua inventada), em que um sapo tenta extorquir dinheiro de um outro animal através de violência.
Polygonhand_oooo.jpg filma umas mãos com efeitos 3D.
Gravitation (Gravitação) é um bonito filme em fundo preto com traços a branco e pontualmente outras cores vivas, onde uma miúda é atraída pela gravidade da Lua para o espaço.
Maze (Labirinto) é um filme feito a partir de fotografias ligadas por fades e morphing que nos mostra um pequeno labirinto de ruas estreitas japonesas.
Real é um interessante filme que usa imagens reais e as fragmenta.
Platform (Plataforma) é um divertido filme que mostra, através de animação de plasticina, o que se passa numa dada plataforma do metro quando os comboios páram e os salarymen saem e se encontram, cada um com o seu jornal.
Chalkdust (Pó de giz) é um filme melancólico que mostra um homem que desenha diversas figuras no chão enquanto que as restantes pessoas passam como sombras.
Vamos almoçar juntos (não consegui apanhar o título original) é um colorido filme que conta sobre um miúdo que não quer comer. Apesar do grafismo com cores muito vivas os pratos de comida vão parecendo cada vez mais deliciosos. A não ver de estômago vazio.
Papillon Yoshiko (Borboleta Yoshiko) é um filme com uma animação infantil e rudimentar mas algo erótica sobre o corpo de uma rapariga.
Fancy (Distinto) sobre imagens de uma mulher a preto e branco e com uma música desconstruída ao inverso, vemos formas florais surgir.
Kougan é um engraçado filme de animação de plasticina cuja história faz lembrar a original do Planeta dos Macacos.

http://www.open-art.tv/theater/movielist.html

Agora vamos provávelmente ao melhor filme do festival! Os documentários têm desapontado bastante mas Yutaka Tsuchiya não desapontou! Na primeira edição do Nippon Koma, em 2003, tive a sorte de, entre os filmes que pude ver, estar incluído um outro filme dele, The New God, de que até hoje me lembro como um excelente retrato de uma parcela da sociedade japonesa. Também era muito divertido. O filme de hoje, Peep "TV" Show, mostra mais um pouco desses nichos da sociedade que continuam a passar pela falta de objectivos e de identificação sentida pela juventude japonesa. Yutaka mostra-nos isso através de um voyeur e de uma Goth-Loli com um excelente sentido de humor e um realismo de fazer inveja ao prórpio site www.peeptvshow.net (que ainda existe!!!) do voyeur. Desta vez Tsuchiya já contou com a colaboração da sua antiga vítima em The New God, Karin Amamiya, cuja amizade vimos surgir no filme. É difícil escolher um momento no filme, mas talvez o meu preferido seja a cena em que os dois protagonistas, Moe e Hasegawa, correm pelo cruzamento de Shibuya, antes de irem para uma casa de banho pública feminina filmar.

http://www1.cts.ne.jp/~w-tv/pts_index_e.html
http://www.asahi-net.or.jp/~kn5t-szk/index.htm

1.12.05

Nippon Koma: dia 4

Não sei o que se passa com a programação dos documentários deste ano mas eu estou a achar todos uma seca. Se calhar não atinjo o propósito destes filmes. O de hoje, Tegami (Carta), tem uma excelente ideia mas muitíssimo mal desenvolvida e técnicamente muito má. A ideia, mostrar o diálogo (quase de surdos) por mensagem de telemóvel de um adolescente com os seus correspondentes, é, na minha opinião excelente e daria pano para mangas em linguagem cinematográfica. Pena que o resultado é um filme chato em que os picos de interesse se focam quase no toque do telemóvel de mensagem nova, isto tudo porque os tempos de espera vão sendo progressivamente maiores até à seca final. Acredito que esta cadência tenha sido propositada, mas que é uma grande seca, é! Mas o pior mesmo não foi isso. Se a imagem era de má qualidade pela fraca iluminação e falta de compreensão que provocava o pior era um som, muito degradado, quem sabe na pós produção, que parecia que estava a ser ouvido num sistema sonoro de péssima qualidade, com demasiados ruídos de linha, má calibração do sistema e desgaste do original. Isso, mais que tudo irritava imenso o que não ajuda num filme de difícil digestão.

http://www.imdb.com/title/tt0383006/

A sessão da noite, pelo contrário, foi provávelmente uma das melhores até agora. Os filmes, em 3D, da distribuidora Onedotzero continuam a ser prestigiantes e muito bons! Os filmes são muitos, vou tentar comentar cada um deles.
Acidman (Homem ácido) é um videoclip, um pouco delirante, de imagens coloridas de natureza. Achei lindíssimo e a música também era bastante interessante.
Triple Jump (Salto triplo) é uma publicidade para as companhias ANA (aviões), JR (comboios) e JAL (aviões) para levar as pessoas a fazer ski. O divertido é um 3D excelente de três avestruzes radicais a esquiar.
Hybrids (Híbridos) é também uma publicidade, desta vez para a Nike, que parodia as séries tipo Transformers ou os sentai (Power Rangers) com personagens kawaii (giras) que se acopulam para se tornarem mais fortes. A ironia é que, quando se acopulam, em vez de ficarem um mecha gigante, ficam de um tamanho diminuto.
Akanegumo (Nuvens Akane) é um clip bem engraçado que retrata, através do som de Taiko, em vez do coração, as emoções por que passa um miúdo para entregar uma carta de amor à menina bonita da turma (Akane). Típicamente não consegue, mas recebe o certificado de tocador de taiko. Excelente!
Trainsurfer (Surfista de comboio) são dois episódios hilariantes, do que pressuponho seja uma série para a MTV Japan (tinham nº de episódio - 69 e 88), de uma espécie de anti-heróis que surfam, literalmente, em cima dos tejadilhos dos comboios citadinos. A fazer download se possível!
Catwalk (Passarela) é um filmezinho muito engraçado que nos mostra uma miúda que anda em cima de um muro préviamente ocupado por um gato. Muito bonitinho.
Mobile Suit Gundam MS Igloo é uma publicidade a um produto subsidiário da muito conhecida série de anime Mobile Suit Gundam. Confesso que percebo pouco de Gundam e não percebi exactamente do que se tratava, talvez um jogo para consola ou computador. O 3D era do estilo realista, como nos jogos de computador ou no filme Final Fantasy.
Afra: Dance (Dança) é um videoclip do grupo Afra muito psicadélico que foi buscar os efeitos de vídeo muito usados nos anos 80 (Baboushka de Kate Bush, por exemplo) e os transpôs para um 3D colorido. A música do grupo é muito vocal. Interessante.
3-Men (3-Homens) é mais um clip em 3D que usa as cores primárias para a caracterização das personagens.
Loop Pool (Piscina em Loop) é uma representação da cadeia alimentar num 3D muito bonito e bem conseguido cujo final tem um twist engraçado.
Tope con Giro é um clip onde salarymen saltam em camas elásticas criando ritmos de samplig acumulativos. Irónico.
Afra: Digital Breath (Respiração digital) é um clip do mesmo grupo (músico?) Afra mas que desta vez o resultado é bem mais interessante. Partindo da música, que são vocalizações quase suspiradas, vai se criando um universo 3D em redor do músico. Gostei imenso (da música e do clip).
YKK AP Evolution (Evolução YKK AP) uma publicidade para a firma de construcção YKK AP que combina de forma espectacular imagem real com formas escultóricas em 3D que pairam no ar. Excelente!
TV Zamurai é mais um clip que usa os ritmos de um DJ sobre os pratos de disco para criar texturas e ambientes.
Life no Color (Cor da vida) mostra um universo num futuro próximo em que, por baixo de viadutos circulam adolescentes, de escola em escola, em cadeiras tipo teleférico de esqui. A paisagem é de um urbanismo Nova Iorquino com pátios, grafittis e redes de galinheiro. No meio disto tudo percebemos o fragmento de uma história da relação entre um rapaz e uma rapariga que apenas se conhecem de se cruzar nas cadeiras/teleférico.
Nitro Microphone Underground é mais um videoclip. É mais uma prova de que os japoneses são definitivamente bons no hip-hop!
Moment of Love (Momento de amor) diversas formas num 3D muito geométrico, carros, edifícios, helicópteros, etc. são desmontadas ao ritmo da música. Um excelente uso do 3D no seu melhor.
Ex-fat Girl (Rapariga ex-gorda) é uma sátira aos videos de exercício físico onde a rapariga ex-gorda nos mostra, à frente de uma turma de poodles barbeados, vários métodos para sermos como ela. Um vídeo surrealista e muito engraçado.
Bloodthirsty Butchers: Jack Nicholson é um videoclip que me lembro de ter visto muito recentemente, acho que na SIC-Radical, não me lembro bem onde. A música é boa e o vídeo muito bom na sua ironia à vida cinzenta do dia-a-dia.

http://www.onedotzero.com/home.php

Kakurenbo (Jogo de escondidas) não é um videoclip nem publicidade, mas sim uma curta de animação. Oito miúdos reúnem-se para jogar um sinistro jogo de escondidas chamado O-To-Ko-Yo (uma variante da frase que os miúdos cantam quando jogam às escondidas: Mou ii yo! Mada da yo!). A zona onde o jogo se passa é uma variante em altura de arquitectura tradicional japonesa com bastante iconografia das histórias de terror tradicionais e da mitologia shinto. Digamos que esta história é uma variante moderna da atmosfera dos contos tradicionais misturada com uma dose de mito urbano. O facto de nunca vermos as caras de nenhum dos miúdos (eles têm de usar máscaras de raposa para jogarem) e de se brincar no character design de cada máscara para caracterizar cada um (gostei muito dos gémeos) reforça o ambiente sinistro da história. Os oni (demónios) e, mais tarde, a resolução da história ajudam mais ainda. É um filme a ver e rever, mesmo que os outros filmes da sessão não fossem bons, só por este tinha valido a pena!

http://centralparkmedia.com/kakurenbo/main.html

Nippon Koma: dia 3

Hoje a sessão da tarde valeu a pena, não fora o "pequeno" problema técnico de os filmes não virem legendados. Pelo menos desta vez houve um embaraçoso pedido de desculpas público.

Kawamoto Kihachiro, o realizador das curtas-metragens de animação, Oni (Demónio), Tabi (Viagem), Shinjin no Shogai (Vida de um poeta), Dojoji (Templo Dojoji), Kataku (Casa de chamas), é bastante conhecido no meio principalmente pelas suas animações de marionetas, graças a um encontro, e posterior aprendizagem, com o criador e mentor dos estúdios de animação de marionetas checo Jiri Trnka. Oni, Dojoji e Kataku são exemplos da sua lindíssima animação de marionetas os três com um visual muito tradicional japonês. Oni tem uma estética que lembra muito as caixas de laca negra com motivos a dourado, Dojoji os biombos pintados com paisagens e Kataku lembra mais as aguarelas ou pintura tradicional. As histórias são baseadas em lendas e contos tradicionais, num universo fantástico de oni (demónios), yuurei (espíritos) e outras criaturas mágicas num tom sinistro, até um bocado arrepiante para olhos ocidentais. Foi este tipo de histórias que primeiro me atraiu à narrativa japonesa e isso reflecte-se muito noutros contextos, principalmente em anime.

Quem tenha nascido antes de 1980, e se prestou atenção, muito provávelmente assistiu a algum destes filmes no programa de Vasco Granja.

Os outros dois filmes são uma incursão pela animação de recortes, formato menos habitual do autor, mas com resultados bem interessantes. Tabi é uma viagem onírica por um museu virtual, muito surrealista, onde se atravessam os universos de Dali, Magritte e Chirico, entre outros. Shinjin no Shogai é bastante mais soturno, com um grafismo a sépia que contrasta com o casaco vermelho do final que eu interpretei como um raio de esperança.

http://www.kihachiro.com/
http://www.midnighteye.com/interviews/kihachiro_kawamoto.shtml

Os dois documentários da noite deixaram uma sensação estranha. Pertencem ambos àquela categoria de documentários que mencionei ontem, mas de certa forma não convenceram... O primeiro filme, Kyakarabaa, é uma espécie de relato, na primeira pessoa, da frustração de ter sido criada pela avó e de nunca ter vivido com os verdadeiros pais. Apesar das sensações fortes não percebi bem o interesse do filme. O segundo, Kage (Sombra), quando acabou, ainda pareceu mais inútil. Um homem filma uma mulher, mais nova, e diz-lhe que é o seu verdadeiro pai. A rapariga é bastante convincente nas suas reacções, apesar de contida é muito expressiva, mas no fim ficou uma sensação desagradável de desconfiança de que tudo aquilo foi encenado, de que andaram a aldrabar o público. Não gosto dessa sensação...

http://www3.kcn.ne.jp/~kumie/
http://www.imdb.com/title/tt0331543/
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