11.12.08

Nippon Koma 08: dia 4

Com A Permanent Part-Timer in Distress (o título original não é em inglês) temos o regresso de dois autores clássicos no Nippon Koma, Yutaka Tsuchiya, que desta vez produz, e Karin Amamiya, consultora e acho que também entra de raspão no filme. Será a Gothic Lolita que se vislumbra mais que uma vez no canto do ecrã? Acredito que sim. Este filme é também o primeiro documentário 100% japonês e não sobre algo japonês, o que muda radicalmente o olhar e, de certa forma, a temática que tem sido coerente até agora. Não sendo este o filme vindo destes autores que prefiro, mantém-se coerente com as polémicas temáticas sócio-juvenis que caracterizam os outros dois filmes que vi deles. Desta vez seguimos a indecisão apática de um jovem japonês de 23 anos que, por força das circunstâncias e talvez de alguma falta de iniciativa, se encontra num beco sem saída ou um andar em círculos laboral. Ele mantém um inseguro e desinteressante emprego de part-time numa fábrica e tenta alcançar o seu sonho utópico de uma Tóquio onde tudo acontece, ao fim-de-semana, onde se torna um sem-abrigo temporário. Mais uma vez se recorre através de uma pequena câmara o uso de um vídeo-diário, dando um realismo cru à história. Neste filme senti um pouco a falta do sentido de humor que caracterizava os filmes anteriores de Tsuchiya, e mais uma certa tentativa mal-amanhada de ser poético. Mas a questão social passou na mesma e é duro admitir, mas a realidade japonesa não passa para nós (espectadores portugueses) de uma ilusão tão grande como a sonhada Tóquio de Hiroki, o realizador/protagonista.

A sessão da noite foi uma sessão de curtas de animação do mesmo autor, Tomoyasu Murata, a grande maioria utilizando mistura de técnicas artesanais como plasticina e desenho em papel, animação de volumes ou marionetas e acetatos, etc. De todos os filmes, nem todos particularmente interessantes, destaco os três filmes da série de cinco The Road, uma série de animações de marionetas, que segue num ambiente melancólico e intimista o percurso de um homem. Apesar de deixar qualquer um cabisbaixo, é notório e interessante o modo não linear e indefinido com que se passa de um mundo aparentemente realista para um universo interior do protagonista. O filme de que gostei mais, foi o mais experimentalista de todos, Metropolis (não confundir com a longa de Rintaro), uma montagem de imagens nocturnas das luzes de Tóquio, lembrando vagamente os Koyaanisqatsi e Powaqatsi de Godfrey Reggio, mas com uma banda-sonora mais ambientalista e menos dramática.

Culturgest

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