
Todos os episódios são engraçados, têm conteúdo e a Hana-chan é adorável, tão adorável que derrete o coração mais empedrenido! Até gosto, e muito, da voz dela na versão portuguesa!
Mas queria falar mais concretamente do episódio nº 40, どれみと魔女をやめた魔女 (Doremi e a bruxa que desistiu de ser bruxa - o título no Panda também era algo parecido), que é de uma beleza estonteante e muitíssimo invulgar! É um episódio que se desenrola a um ritmo mais compassado e lento que os outros e que tem um tom mais contemplativo e filosófico. Doremi, sem nada para fazer, resolve baldar-se ao trabalho na Loja Mágica e ir deambular pelas redondezas. Acaba por ir parar a uma casa tradicional japonesa onde uma mulher trabalha o vidro. Essa mulher é uma bruxa que não usa magia. Durante o resto do episódio Doremi visita repetidamente a bruxa e vai aprendendo a fazer peças em vidro soprado.
O invulgar neste episódio está principalmente no modo como a história é contada, em planos com poucos diálogos, uma banda-sonora algo melancólica a acompanhar e uma luz quase diáfana que dá sempre um ar irreal à situação, como se Doremi estivesse a sonhar e não a viver a situação. Sempre que Doremi se dirige à casa, ela hesita um pouco na bifurcação onde normalmente passa para ir para casa e opta, naquele dia, por ir na outra direcção. A repetição, a aprendizagem de Doremi, a luz, a música, a atmosfera conduzem a uma questão pertinente: ao converter-se em bruxa, Doremi não envelhecerá e viverá muitíssimo mais que os humanos, que as pessoas que sempre a rodearam... será que ela quer mesmo ser bruxa? O modo como esse dilema, que poderia estar presente desde o início da(s) série(s), ou que poderia ser abordado em catadupa nos últimos episódios, é abordado de forma bela e subtil, demonstra um cuidado e inteligência acima da média por parte de quem produz e dirige a série.

おジャ魔女どれみドッカ~ン!
