12.11.08

Toki o Kakeru Shoujo

Makoto é uma rapariga comum que se vê envolvida numa estranha situação em que pode dar saltos no tempo. Com esta premissa tão simples temos em Toki o Kakeru Shoujo (A Rapariga que Salta no Tempo) um excelente filme que merece toda a fama que tem adquirido desde que foi lançado.

Para além de Makoto temos os seus dois melhores amigos, Chiaki e Kousuke, com quem joga catch ball todos os dias, a sua amiga Yuri e, claro a família. De forma não-linear o filme conta-nos cerca de uma semana da vida de Makoto, desde a saída apressada de bicicleta para a escola, adormecer nas aulas, as tarefas após as aulas, o jogo com os dois rapazes, preguiçar em casa. O que acontece é que, graças a um acidente, Makoto descobre que pode "navegar" no tempo à descrição, através de saltos. Com isso Makoto vai "ajustando" os seus dias, corrigindo erros, mudando pequenas situações, etc. Mas, é óbvio, saltar no tempo não se faz sem as suas consequências.

Para começar, a narrativa relativamente complexa deste filme está extremamente bem construída e sem buracos. É muito fácil numa história que envolve saltos no tempo e a não-linearidade cair em erros de pormenor que estragam o fluir geral, mas neste caso a história é estanque, sem falhas e bem estruturada. Depois vem o excelente nível da animação, que surpreende a cada momento. Não segue as habituais regras para poupar tempo do anime, com longos movimentos de câmara sobre imagens paradas das personagens, muito pelo contrário, cada cena e cada plano é soberbamente animado, cheio de dinamismo, com um detalhe que ganha maior relevo na simplicidade do desenho de personagens. O desenho de personagens é simples, num estilo bastante "ghibliesco" mas mais detalhado, moderno, e muito expressivo. Os cenários também partilham essa característica "ghibliesca" [boa, usei o palavrão duas vezes!] sendo lindíssimos, em particular a casa de Makoto, e muito detalhados, mantendo o realismo da paisagem urbana japonesa. Os poucos 3D existentes estão perfeitamente integrados e só são utilizados como efeito especial.

Já me esquecia de falar da banda-sonora que, não sendo particularmente marcante ou espectacular e sendo constituída por uma conjugação de várias melodias pré-existentes, é uma banda-sonora realista, que apoia a história, de forma discreta e agradável, sem se sobrepor ou destacar. É daquelas bandas-sonoras que não faz multidões saírem para comprar o CD, mas que encaixa no filme na perfeição.

Num filme tecnicamente tão bem conseguido, aliado a uma história muito bem estruturada e emocionante, com reviravoltas surpreendentes sem cair no lugar-comum, deixamo-nos levar, guiados por Makoto, torcendo por ela e desejando a mudança prometida. Toki o Kakeru Shoujo é um filme de sobre o amadurecimento com um toque de fantasia, mantendo "a cabeça no céu e os pés na terra", utilizando as doses certas de realismo e fantasia para nos deixar com uma sensação agradável da satisfação de ter visto um excelente filme com cheiro a Verão.

La Traversée du Temps - Le film [FR]
The Girl Who Leapt Through Time [EN]
時をかける少女 [JP]

4 comentários:

. disse...

É curioso, ainda há poucos dias reparei neste filme na amazon.co.uk e achei que deveria ser um bom filme, que me agradaria e que, portanto, era um filme a ver. Com este teu post e tudo o que dizes nele, a minha curiosidade aumentou. Agradeço-te, por isso, que o tenhas feito. =)

Misato disse...

Vê, que vale a pena! É talvez dos melhores filmes de anime do ano passado. E, pelo que me parece, deve ser do género de filmes que tu gostas.

Anónimo disse...

Gostei do filme. Embora a ideia "Time waits for no one" esteja bastante batida, este filme fez uma boa reinvenção. Fiquei com a ideia de que a Makoto podia ser a tia. Acho que faz algum sentido, a Makoto prometeu ao Chiaki que faria tudo para que ele pudesse ver o quadro e o trabalho da tia foi restaurá-lo. Além disso a tia compreendia o "Time Leap" e elas até são fisicamente parecidas.

Misato disse...

Bem, segundo um dos resumos que li, a história original, do mesmo autor de Paprika, tem como protagonista a tia de Makoto e não Makoto (que não existe no original). De certo modo esta adaptação é mais uma reinterpretação da história, pois apesar de as situações serem semelhantes, as personagens são outras.

Talvez os argumentistas encarem a história do filme como uma história paralela ou alternativa à do livro, ficando a tia como uma personagem que "compreende" o que Makoto está a passar.

Quanto à ideia batida... o cinema e o anime estão cheios de ideias batidas e não é por isso que deixam de sair bons resultados.

Isto é apenas a minha teoria a partir do que disseste, Ayumi, e do que sei (que não é muito) acerca da adaptação do filme. Uma coisa é certa, deixou-me com bastante vontade de ler o livro, que é um bestseller no Japão.

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