10.11.05

Jigoku Shoujo

Atraída pelo visual das publicidades que vi (na net e em revistas), comecei a ver um anime, também muito recente, Jigoku Shoujo (Rapariga do Inferno).

Ainda só vi dois episódios, mas o que vi agradou-me. Há muito que não via um anime de terror intimista, as poucas coisas que vi vagamente próximas a este anime foram Vampire Princess Miyu, na mitologia, um pouco no visual e na estrutura da narrativa e Lain, no ambiente. Este anime é uma mistura de adolescência deprimida/oprimida, mitologia shintoísta e terror gráfico, muito ao estilo de Dario Argento.

As duas primeiras histórias são casos clássicos de adolescentes oprimidas nas escolas secundárias japonesas. A primeira é uma menina simples e bem comportada que é diáriamente chantageada e roubada pela colega bonita e popular e seu grupo de acólitas, até que tenta o suicídio (a propósito: já não é a primeira vez que reparo que, quando um japonês se suicida, atirando-se de um prédio, descalça os sapatos, deve ser para poder pisar os tatami do além). A segunda é uma rapariga constantemente assediada por um psicopata que vem a ser o inspector da polícia encarregue de resolver o seu caso, que se prolonga há um ano. Para vingar estes casos de desespero há um site na net onde elas (ou eles) podem pedir vingança em seu lugar. Ao aceitar, recebem um SMS da Jigoku Shoujo a dizer que o assunto está a ser tratado.

Cada episódio é um caso independente que despoleta o mecanismo da vingança e nos mostra as personagens principais do anime. Enma Ai é a Jigoku Shoujo (Rapariga do Inferno), com um ar de colegial japonesa mórbida. Depois há Ichimoku Ren, um rapaz com um ar normal, Hone Onna uma mulher de ar sedutor que se veste de kimono mas como uma prostituta e Wanyuu Dou que é um senhor mais velho que se veste de kimono com um fedora na cabeça e é a voz que ouvimos quando a vingança é posta em curso. Estes quatro são os agentes que explicam e encaminham os "clientes". Ao aceitar serem vingados, o seu alvo é enviado directamente para o inferno, mas há contrapartidas, a alma dos vingados não poderá ir para o céu, quando morrerem, estará condenada a vaguear eternamente e ficam com uma marca ou selo no esterno, como comprovativo do acordo que fizeram.

Enfim, trata-se simplesmente do tema da venda da alma ao diabo, mas passado para um universo shitoísta. É nestas alturas que tenho mesmo pena de não perceber nada de shintoísmo, de apenas reconhecer alguma da sua simbologia. Se dá excelentes histórias de terror, só pode ser uma mitologia interessante.

Quanto ao anime em si, gosto bastante do character design, principalmente o das personagens principais, mas por vezes as feições dos mortais parece que se distorcem, talvez seja propositado, pois o efeito é, sem dúvida inquietante, mas é também muito esquisito. A animação é bastante boa, mas sem nada de surpreendente excepto o efeito no kimono de Enma Ai, efeito esse que tem sido bastante utilizado desde o seu aparecimento, mas que aqui é eficaz sem exageros. Os cenários são bastante bons, muito realistas mas também sem nada de novo. Condizem com a história e a sua situação. Não gosto particularmente das músicas dos genéricos, mas também não me chateiam. A banda-sonora dos episódios já é mais elaborada, com alguns sons que fazem a ligação ao universo shintoísta, como os guizos e que arrepiam.

O ambiente é bastante sinistro e algo angustiante, só não chega a assustar verdadeiramente porque, em 25-30 minutos, não há tempo!

http://www.jigokushoujo.com [JP]

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...