7.11.05

Ando a ver: Beru Bara

Desde que Nadja já acabou (e reiniciou) no Panda e que Last Exile acabou que não tenho prestado grande atenção aos anime que têm passado nas TVs, excepto Astro Boy. Em parte isso acontece porque tenho visto também os originais, sem censura.

Há já cerca de um mês fiquei chocadíssima por ter visto um episódio de Beru Bara (Berusaiu no Bara = A Rosa de Versailles) no Panda e ter me apercebido que estava grosseiramente censurado e pior, muito provávelmente pelos mesmos franceses que forneceram a série ao canal e lhe mudaram a música do genérico por uma canção que não tem nada a ver.

Como já andava a tirar episódios da série da net (só tinha ainda visto os primeiros 4) ultimamente tenho andado a ver a série e a gostar bastante.

A realização, apesar de ligeiramente datada é muito boa usando muito, em situações de tensão, o recurso a tons contrastantes ou ao vermelho, quase monocromático e a elementos muito gráficos. Com o cada vez maior recurso aos computadores para fazer quase tudo nas séries actuais, certos códigos cinematográficos andam a perder-se e com eles talvez alguma eficácia no uso da linguagem.

O character design e a animação talvez sejam os factores que mais envelheceram. O character design agrada-me muito, sou fã de Shingo Araki, mas é realmente muito exemplificativo do típico character design de shoujos dos anos 70. A animação peca um pouco por ser um bocado estática e abusar um pouco dos ciclos (ou repetições), mas mesmo assim a realização é suficientemente boa para utilizar essas limitações em sua vantagem. A paleta de cores é também um pouco limitada, parece que comprámos uma caixa de lápis de cor Caran D'Ache e que não temos escolha para além das 40 cores disponíveis. Mas, em contrapartida os cenários são muito bons, provávelmente tirados de fotos do Palácio de Versailles e de outros locais que se vão vendo na série.

A banda-sonora, apesar de encaixar lindamente no clima de intriga de corte, é bastante datada (parece que o compositor dos anime naquela altura era sempre o mesmo) e não tem absolutamente inspiração nenhuma em música do séc. XVIII. Como é coerente com a concepção visual acaba por se diluir bem e a música do genérico, se bem que muito baseada em Enka (Enka é um estilo de música popular japonesa, dizem semelhante ao fado - eu não acho -, muito utilizada em cinema e anime nos anos 60 e 70) é dramática o suficiente.

Fora o guarda-roupa, onde, principalmente nas personagens principais, se tomam algumas liberdades históricas (os vestidos de Maria Antonieta foram estilizados para uma moda-anime anos 70 e os fatos militares de Oscar são inspirados em fatos posteriores do fim do séc. XVIII), há poucas incorrecções históricas fora a Ópera de Paris, que ainda não tinha sido construída. Eventualmente, lá mais para a frente, encontrarei outras incorrecções, mas não conheço assim tão bem esse período da história de França e, apesar disso, há uma grande preocupação com a correcção dos factos históricos e mesmo explicação de certos hábitos sociais estranhos a um público nipónico ignorante, em imensos aspectos, da história da Europa.

http://www.ladyoscar.com/

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