22.5.06

CINE-ASIA: Fushigi no kuni no Miyuki-chan & Kagami no kuni no Miyuki-chan

Miyuki-chan no País das Maravilhas & Miyuki-chan no País do Espelho


Japão, 1995, 29min

Página Oficial - Trailer - Fotos

Sinopse: Uma versão dos dois contos de Lewis Carrol, “Alice no País das Maravilhas” e “Alice do outro lado do espelho” em fast-forward e só com mulheres.

Crítica: Estes OAV’s (Original Animation Video) são um dois-em-um que resultam de uma espécie de brincadeira das autoras da manga, as CLAMP, sobre alguns dos temas que lhes são mais queridos: os livros da “Alice” de Lewis Carrol e jogos de consola. A brincadeira, aliada ao delirante espírito criativo das quatro, resultou num projecto conjunto que incluiu uma manga de edição especial (formato grande e com mais narrativas para além das de Lewis Carrol, tal como “Miyuki-chan no País da TV”, “Miyuki-chan no País dos Jogos”, etc.) e estes dois curtíssimos mas muito intensos filmes, “Miyuki-chan no País das Maravilhas” e “Miyuki-chan no País do Espelho”.

O bom nos anime feitos a partir da obra das CLAMP é a garantia de proximidade com os desenhos e as histórias desenvolvidas por elas para papel. Elas costumam ter um controle estreito na concepção dos anime extraídos das suas manga, mesmo quando não as quatro integrantes da equipa. Normalmente Mokona Apapa (agora apenas Mokona), a desenhadora principal, supervisiona o character design ou cria o guarda-roupa e Nanase Ohkawa (agora Ageha Ohkawa), a argumentista do grupo, escreve os argumentos ou, no caso das séries de TV, supervisiona essa escrita.

Estes videos são totalmente delirantes! Os diálogos são tão poucos e tão integrados na acção que mesmo que não se perceba japonês e se vejam os filmes sem legendas se percebe quase tudo. A familiaridade com as histórias originais ajuda um pouco também. Apesar da velocidade, todos os elementos mais importantes da história estão lá e, de uma certa forma, esta pequena narrativa é uma lição para quem adapta romances ao cinema.

O desvio do original começa com a protagonista, Miyuki-chan, uma rapariga estudante da escola secundária, com o uniforme de marinheiro (serafuku), característico das escolas japonesas. Como está na sinopse, não há homens, portanto todas as personagens masculinas do original sofreram uma “troca de sexo” e todas as habitantes do País das Maravilhas e do País do Espelho são mulheres sexy e extremamente atrevidas.

O Coelho Branco é uma coelhinha da Playboy (Bunny-san), as maçanetas da “Porta” são as mamas da Rapariga da Porta e todas as outras apresentam um guarda-roupa bastante reduzido. Em vez de estranharem ou serem agressivas para Miyuki (como com a Alice original) elas flirtam abertamente com ela, chamando-a constantemente de menina querida (kawaii ojou-san) chegando até a alguns apalpões muito pouco desejados por Miyuki. O culminar deste “assédio” é a Rainha de Copas, uma dominatrix com direito a chicote e tudo e as cartas, que querem ser “castigadas” por ela! Ou então o jogo de xadrez que é um strip-chess... e mais não digo!

Todo o desenho de personagens é extremamente engraçado e criativo, Tweedle-dee (Cho-ri) e Tweedle-dum (Tou-ri) são duas lutadoras gémeas, mas vestidas uma de azul e outra de vermelho, qual Chun-li de “Street Fighter”, quando luta contra ela própria. Os cenários levam-nos às vezes à segunda paixão das CLAMP, os jogos de consola. As cascatas flutuantes em “Miyuki-chan no país do espelho” lembram directamente um jogo de plataformas tipo “Sonic” ou “Nights in Dreams” (bastante populares à época). A música é talvez a parte mais delirante dos filmes. É completamente repetitiva, como a música dos jogos de consola, mas vai mudando de ritmo conforme os acontecimentos e parece que nos suga mais ainda na louca espiral de peripécias por que Miyuki passa e que se sucedem umas às outras.

A animação é de qualidade OAV, isto é, superior à qualidade de animação usada em séries de TV e um pouco inferior à qualidade exigida à animação para cinema. O que não implica que não tenha algumas cenas bastante caricatas, onde a animação dificilmente poderia ser melhor. Apesar de estes filmes serem feitos directamente para o mercado de vídeo, tal como as séries de anime para televisão, são sempre filmados em película de 35mm, o que lhes dá sempre uma qualidade de imagem que nem sempre se nota no NTSC. Em suma, é uma versão bastante pervertida da Alice, mas muito, mesmo muito, divertida.

Classifcação: 7/10

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