7.11.25

Bishoujo Senshi Sailormoon x Pretty Guardian Sailor Moon

Sailormoon é a manga da minha vida, mesmo não sendo a minha manga preferida (é o X, das CLAMP). Os primeiros volumes da manga de Sailormoon foram os meus manuais secundários de japonês em 1994-5, foi com Sailormoon que aprendi os hiraganas e katakanas, mesmo antes de iniciar o curso de língua japonesa, em 1995. Portanto, o entusiasmo por saber que a manga iria ser lançada em Portugal foi imenso, mas com um misto de desapontamento, pois gostava de ter sido eu a traduzi-la, que é coisa que eu faria de olhos vendados e com uma perna às costas.

Esta edição portuguesa é fruto de uma colaboração entre a Distrito Manga, chancela de manga da gigantesca editora Penguin, e a editora brasileira JBC. Por isso, em vez de se seguir as directrizes gerais da Penguin, pelo menos da Penguin britânica, de traduzir sempre que possível a partir da língua original, sem traduções em segunda mão, foi feita uma adaptação do texto brasileiro para português de Portugal. Não questiono as traduções brasileiras de manga, pois, além de o Brasil ter a maior comunidade japonesa fora do Japão, as traduções de manga brasileiras que já li, tenho algumas, como Ribon no Kishi (A Princesa e o Cavaleiro), são talvez as melhores traduções em línguas ocidentais de manga que já li. Os franceses fartam-se de inventar, os americanos alteram coisas à vontade do freguês, as traduções italianas e as espanholas são as melhorzinhas de todas as que já li, além das brasileiras. Mas o português do Brasil e o português de Portugal têm vocabulário, gramática e expressões idiomáticas diferentes, para não falar que somos dois países culturalmente muito diferentes. Apesar de a língua ser a mesma, esta acaba por ser, para todos os efeitos, uma tradução em segunda mão e sabemos no que isso dá: lost in translation... (mas parece que os japoneses têm muita dificuldade em compreender isso).

No primeiro sábado da Amadora BD de 2025, fui ao lançamento oficial da manga e comprei o primeiro volume. Este post é uma análise comparativa de-ta-lha-da (vai ser longa) e honesta da edição portuguesa do primeiro volume da manga de Sailor Moon.

Vamos por partes, como diz o talhante:

A Arte Gráfica

Esta é a comparação mais fácil. A primeira grande diferença é o tamanho do livro, que não é tamanho tankoubon, o tamanho tradicional das mangas no Japão (17 x 11cm - mais ou menos um A6), mas entre o A6 e o A5. Se no Japão as mangas têm na maioria dos casos o formato tankoubon, não percebo o porquê das editoras de outros países mudarem o formato (nem as diferenças na distribuição da história por volumes, que não é este caso), principalmente quando é um selo de uma grande editora como a Penguin, cujo formato principal de publicação é o livro de bolso, muito próximo do tankoubon. Mas se a Distrito Manga começou a publicar as mangas com este formato, então já não há grande volta a dar.

A capa é única, não tem a sobrecapa típica das edições japonesas e é numa cartolina um pouco mais rija, o que me é um bocado indiferente, apesar de preferir o formato japonês. A edição japonesa também tem as letras do título em relevo, a portuguesa é plastificada. Também na capa, e nas primeiras páginas a cores, temos cores muito mais vivas na edição portuguesa e uma coisa que me fez alguma confusão, a necessidade de usar texto colorido nas primeiras vinhetas, no original a preto, por alguma razão que a razão desconhece, acharam bem por o texto a vermelho... não percebo. Mas é um pequeno detalhe. Por fim, nas badanas, na da capa japonesa tem uma breve biografia de Naoko Takeuchi, mas na portuguesa são ambas iguais à badana da contracapa japonesa. A primeira tiragem desta edição da manga no Japão - infelizmente não consegui arranjá-la no primeiro volume, mas consegui em todos os seguintes - também inclui uma folha de autocolantes com os novos designs chibi das respectivas Sailor das capas, mas este lançamento inclui um marcador de livros catita, em cor de rosa, com a ilustração da contracapa (não, não estava à espera dos autocolantes).

O papel é mais grosso, liso e branco que o das mangas japonesas e não gosto desse papel. Na cartolina plastificada da capa e no papel acetinado das páginas a cores, acho bem, mas no resto, gosto sempre mais do papel creme e mais mate e rugoso, reciclado, usado com frequência em livros de bolso, pois é mais macio e mais confortável à vista, além de ser mais leve.

O Texto

Abro o livro e, logo na primeira página deparo-me com um erro gramatical: "Vou-me atrasar!" Esta frase não é um erro no Brasil, mas cá é! Em português de Portugal deveria ser sempre "Vou atrasar-me!" Aliás até o hífen está a mais, portanto não é só um erro gramatical como ortográfico, pois o verbo principal é o verbo atrasar, portanto o verbo reflexo, e o "me" só tem o hífen quando é a seguir ao verbo: "atrasar-me". Este artigo nas Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, explica a diferença das normas. Não, não vou esmiuçar todos os erros, não me pagam para ser revisora (ai o meu pet peeve: "estou a ir"), mas é só um primeiro exemplo que demonstra que a adaptação de Sailor Moon não foi feita com o cuidado desejado. Atenção, também já fiz este erro (e muitos outros) no meu trabalho, e com certeza farei outros, isto resolvia-se com um bom revisor, mas na ficha técnica ele é inexistente, é, infelizmente, uma profissão em declínio. Só tenho a agradecer a todos os revisores que me corrigiram ao longo dos anos, aprendi muito com eles e também melhorei muito o meu trabalho graças a eles.

No geral achei o texto bastante fraco, não que o texto de Sailormoon tenha grande qualidade literária, mas é decente, e nalguns casos a tradução desvia do original, principalmente por falta de uma capacidade de síntese e de "ouvir os diálogos na cabeça" da pessoa que fez a adaptação. Como eu calculava, depois de ver a primeira página, a preocupação principal da editora foi a de trocar qualquer vocabulário notoriamente brasileiro pela sua versão portuguesa, apesar de terem escapado alguns ("lixeira"), mas esqueceram-se da gramática e das expressões idiomáticas portuguesas, há excesso de pronomes pessoais, frequentemente texto a mais, algumas vezes texto a menos ou em falta, algumas gralhas e muita, muita tradução duvidosa, muito provavelmente fruto da adaptação. Uma das razões porque gosto de traduzir do japonês para português, duas línguas completamente opostas na complexidade e estrutura, para não mencionar os alfabetos, é que a língua portuguesa é tão rica que de alguma forma é relativamente fácil de dar a volta a determinadas expressões intraduzíveis literalmente, ao contrário do inglês, bastante menos versátil.

Em termos do texto, outra coisa chamou-me a atenção, o excesso de texto e de expressões como "porque é que". Para além de serem muito longas para um espaço físico bastante limitado dos balões (não vejo grande diferença entre os balões da banda desenhada e as legendas para cinema), que é sempre um factor que condiciona a tradução nestes formatos. É um coloquialismo muito feio e infantil. OK, a Usagi tem 14 anos, é infantil, mas fora algumas expressões ocasionais, ela fala um japonês coloquial correcto, portanto quere-se um português coloquial correcto.

Ai as onomatopeias! Quem fez esta adaptação/tradução não deve ler banda desenhada com frequência. Explicação: a língua japonesa é extremamente rica em onomatopeias, que se usam para quase tudo e em muitos contextos. Em japonês quase pode ter-se uma conversa inteira formada apenas por onomatopeias. Naturalmente, muitas não têm equivalência nas línguas ocidentais, nem no inglês, língua mais rica em onomatopeias, nesses casos a minha opção seria traduzir as onomatopeias pelo seu significado. Por exemplo, uma onomatopeia comum na manga é "shiriin", que basicamente significa silêncio, momento de silêncio. Não existe uma tradução directa. Ou se usa uma nota de rodapé com o significado, ou se faz a transliteração para os caracteres romanos, ou deixa-se ficar como está. O que muitas traduções em inglês fazem, é quando existe tradução, traduzem, por exemplo: "glu, glu, glu", para beber algo e nas outras apenas fazem a transliteração. A opção de transliterar a onomatopeia para os nossos caracteres romanos e deixar a interpretação ao leitor (o leitor não é burro e preenche as lacunas) é uma das minhas preferidas. O problema é que em Sailor Moon não existe coerência. Nenhuma! E algumas estão claramente mal traduzidas, como na página 38, onde Usagi chora, a onomatopeia japonesa é "bieee!!", que significa que ela está a chorar aos berros, e a tradução? "Nããão!!". Outras estão inglesadas, coisa que não faz sentido nenhum, e noutras usa-se as onomatopeias brasileiras, que deveria ser o modo usado sempre que possível, já que não há quase equivalentes em português de Portugal.

Eu aprendi as onomatopeias a ler banda desenhada, na franco-belga e na norte-americana, nas edições brasileiras. A franco-belga é modesta nas onomatopeias e, como o francês é uma língua muito próxima do português, muitas vezes as mesmas foram simplesmente aportuguesadas, o que é inteiramente válido. As edições brasileiras dos comics introduziram no português de Portugal uma série de onomatopeias novas, que integraram-se na língua e na cultura portuguesa, portanto temos um bom glossário de onomatopeias e onde ir buscá-las. Deveria haver um real dicionário português de onomatopeias pois são uma parte importantíssima da nossa língua escrita, mas, tanto quanto sei, não existe. Não sei de quem é a responsabilidade das onomatopeias na manga de Sailor Moon, se do tradutor brasileiro, se do adaptador português, mas na maioria dos casos não estão lá a fazer nada, pois não seguem um código coerente e conhecido.

Da mesma forma que as onomatopeias são incoerentes, algumas designações também o são. O "Crystal Seminar" (está em katakana/inglês na versão japonesa), no Acto 2 (recuso-me a escrever em acordês no meu blogue), ora é "centro de estudos", ora é "Centro Cristal", ora é "externato". Um "juku", a designação japonesa para este tipo de instituição, é sim um centro de estudos, mas o mais correcto seria centro de explicações. Aceito a tradução "centro de estudos", mas um "externato" é uma coisa diferente. Contudo, deixaram outro vocabulário, como "flyer", perfeitamente traduzível, em inglês... Os poderes das guardiãs também foram traduzidos de forma inconsistente. No original estão sempre em inglês, apesar de às vezes o inglês não fazer grande sentido. No original, a palavra invocadora da transformação é "make up", pois, isto li numa entrevista a Naoko Takeuchi há uns anos, tem a ver com o item mágico da Usagi ser baseado num compacto de maquilhagem. Apesar de quase todas as transformações e ataques terem sido traduzidas para português, depois de repente temos a Sailor Jupiter a dizer "Flower Hurricane". Das duas uma, ou traduzem tudo ou não traduzem nada! Como tanto as transformações como os poderes estão maioritariamente em inglês, mesmo que macarrónico, no original, eu optaria por deixar em inglês, como os nomes das guardiãs, etc., apenas traduzia os títulos, como "Princesa" ou "Rainha", deixando o "Serenity" em inglês, para não traduzir nomes. Em termos de vocabulário, como Sailormoon mistura muito o inglês/engrish (para parecer fixe) com o japonês, ajuda bastante conhecer o material do princípio ao fim, para manter as opções de tradução coerentes. "Ah e tal, mas e as criancinhas que não aprenderam inglês?", dirão da editora? As criancinhas japonesas têm ainda maior dificuldade com o inglês que as portuguesas e desenrascaram-se. Digo e redigo, nunca subestimar os leitores.

Outra coisa que se perdeu na tradução em segunda mão foi a tradução da palavra "kawaii", que em português de Portugal significa algo como "giro", "fofinho", "amoroso". Como a Usagi se autodenomina "kawaii" com frequência, traduções como "delicada", que no Brasil até possam fazer sentido, em Portugal "kawaii" não significa "delicado". Dentro da mesma lógica: "graciosa guardiã"?? Se estavam tão preocupados em manter-se fiéis à tradução do anime, porque não "bela guardiã"? Para além disso é muito mais curto e cabe melhor nos balões verticais da manga. O texto mais onírico ou romântico ficou muito fraco e revela claramente que quem fez esta adaptação nem sequer está habituado a escrever (e provavelmente também não lê muito). Outra coisa que denota a imaturidade de quem escreveu o texto é referir-se como "farda de marinheiro", aos uniformes escolares e das guardiãs. Ora, aqui entra um pouco de conhecimento de história do traje: fora da marinha, os trajes com este tipo de gola chamam-se "fato de marujo", ou, no caso das escolas japonesas, "uniforme de marujo". Não é uma regra rígida, nem sequer é um erro, mas a palavra "marujo" é muitíssimo mais adequada neste caso, até para fazer a distinção clara da marinha, onde elas não são afiliadas. Este é um caso semelhante a uma tradução de outra manga, de outra editora, onde traduziram "katana" por espada. Tecnicamente uma "katana" é uma espada, mas especificamente uma "katana" é um "sabre", pois só tem um gume e características bastante diferentes do espadalhão do D. Afonso Henriques. São opções de tradução, mas nestes casos motivadas pela falta de cultura geral de quem fez esta adaptação. Outra idiossincrasia da língua japonesa: cada vez que uma pessoa sai de casa diz: "itte kimasu", ao que a resposta é: "itte rasshai". Ao regressar, dizem: "tadaima", cuja resposta é: "okaeri nasai". Em português, na saída, poderia traduzir-se como: "até logo" e "até logo" (e todas as variantes existentes), e no regresso como: "cheguei" e "olá". Por alguma razão o tradutor/adaptador resolveu acrescentar "mamã" (na voz da Usagi) a todas estas expressões sem necessidade, pois no original não existe. Há realmente uma grande dificuldade em economizar espaço de legendas para estas pessoas. A última embirração pessoal: a difícil tradução da palavra "senpai". "Senpai" significa aluno mais velho, ou pessoa hierarquicamente superior ao sujeito, mas de idade aproximada. Em português não temos uma tradução directa, pois na nossa sociedade isso não tem a importância que tem no Japão. Eu nunca usaria a palavra usada na manga de Sailor Moon, "veterano", pois veterano implica uma pessoa bastante mais velha, ou reformada da actividade em questão, como um "veterano de guerra". Correndo o risco que ocupar demasiado espaço de legenda, eu traduziria por "aluno mais velho" e deixava por aí. Por fim, adorei a Luna a dizer "Miau Maria", na página 129. É este o caminho a percorrer, continuem! Não tenham medo de ser criativos!

Ah, a ordem de escrita dos nomes. Em todas as traduções que fiz do japonês, em todas as traduções que li do japonês, a ordem dos nomes, que no Japão é: apelido, nome, foi invertida para a ordem ocidental: nome, apelido. Aliás, nas traduções do japonês que tenho feito, costumo ter ordens explícitas do cliente para trocar a ordem dos nomes, pois é a norma utilizada na grande maioria, senão em todos, os países de línguas europeias. Sailor Moon foi a primeira tradução do japonês que li onde a ordem japonesa foi mantida. Não percebo.

Uma coisa fez-me confusão na apresentação da manga (além de não fazerem o TPC e saberem pronunciar as palavras japonesas, como o nome da autora, como deve ser - está na Wikipedia ou no Google Translate, é só clicar no símbolo do altifalante à frente da palavra), foi a insistência ou medo, sei lá, de se colarem à tradução do anime dos anos 90. OK *arregaça as mangas* a tradução do anime dos anos 90 é MÁ! Foi feita em segunda mão, a partir de guiões em "engrish", isto é traduzidos por japoneses para inglês, não por nativos do inglês. A adaptação feita pelos Estúdios Novaga é péssima! Para além disso, traduziram os nomes todos, naquela linha de pensamento idiota, que infelizmente ainda existe, que os desenhos animados são para crianças e portanto "para o que é, bacalhau basta", e as criancinhas não percebem nada se as personagens tiverem nomes estrangeiros, coitadinhas... FOI HÁ TRINTA ANOS! Os fãs que cresceram com Sailormoon e ainda são fãs, sabem que o título original é Sailormoon, independentemente da grafia, sabem os nomes originais das personagens e que a Luna é uma gata. E os novos leitores aceitam as opções actuais, sem questioná-las, pois desconhecem as anteriores. As novas traduções de materiais servem para isso, para as melhorar! Ah, e uma das principais inspirações da manga de Sailormoon, que não foi mencionada na apresentação, foram os Supersentais, os Power Rangers originais. Daí elas serem guerreiras, quando na maioria das mahou shoujo anteriores não havia guerreiras, serem cinco, uma equipa, e o código de cores maniqueísta: Sailor Moon = rosa cereja = líder; Sailor Mercury = azul = cérebro; Sailor Mars = vermelho = fogosa, valente; Sailor Júpiter = verde = natureza; Sailor Venus = laranja/amarelo = extrovertida.

E quanto a eu ora usar Sailormoon ou Sailor Moon, os títulos dos animes e mangas costumam ter um título em japonês, como Bishoujo Senshi Sailormoon, um título curto, Sailormoon, e um título oficial em inglês, para exportar para os países estrangeiros. Durante muitos anos, pelo menos até ao início deste século, quando esta edição de Sailor Moon foi lançada, em simultâneo com a exibição da série live-action Pretty Guardian Sailor Moon, que no nosso alfabeto romano Sailormoon era escrito numa só palavra, apesar de em inglês ser um pouco estranho. Foi nessa altura, em 2003, que Naoko Takeuchi decidiu publicar uma nova versão revista da manga, onde os desenhos foram limpos e retocados, foram retiradas as notas laterais, que serviam para preencher o espaço usado para publicidade na publicação original da manga na revista Nakayoshi, algum texto foi revisto, para manter a coerência do princípio ao fim da história, e o título oficial de Sailormoon em inglês mudou para Pretty Guardian Sailor Moon, para manter coerência nas traduções, onde na maioria dos casos elas eram "warriors", "guerreiras", pois essa é a tradução mais directa para "senshi". Ainda escrevo Sailormoon basicamente por força do hábito, mas também aqui para distinguir da edição portuguesa, onde separo as palavras.

Com isto tudo, apenas comprei o primeiro volume por questões antológicas, pois já tenho duas edições em japonês, nem sequer cogitei comprar a terceira, há limites, e não me apetece gastar quase 200€ numa colecção onde tenho bastantes embirrações (tentei mantê-las suaves neste post, acreditem). Eu sei que em Portugal, com tiragens muito limitadas, etc. é complicado manter um preço baixo nos livros, mas se as pequenas editoras conseguem, inclusive publicar com papel como o das mangas japonesas, porque um gigante como a Penguin não consegue? 13,50€ por um volume de manga (comprei-a 1€ mais barata, a preço de feira) é, a meu ver, caro, ainda mais sabendo que pouparam nalguns ordenados, como o valor total da tradução, apenas terão pago os royalties, e a ausência de revisor. Já que estão a publicar manga, podiam seguir o exemplo japonês, onde o investimento financeiro está na capa e nas duas ou três páginas a cores no início dos capítulos. O resto do livro é em materiais baratos, apesar de a impressão ser sempre de excelente qualidade. Mas OK, a impressão da manga portuguesa é muito boa, só não gosto muito das cores mais saturadas e da escolha do papel, mas são decisões que não afectam a qualidade do produto final. Se esta edição não estivesse cheia de problemas ou se tivesse sido eu a traduzir, aí naturalmente coleccionava (mas também provavelmente seriam oferecidas, não é?).

Vão, comprem, coleccionem a Sailor Moon em português, mas sejam exigentes e peçam às editoras para elevar a fasquia. Sempre! A manga merece e os leitores também merecem.

Pretty Guardian Sailor Moon


Distrito Manga

16.9.25

Keipab Demon Heonteoseu

 

Instalei o Stremio. Com isso vieram uma série de sugestões de coisas para ver, que me despertaram a curiosidade, mas não o suficiente para ver num cinema ou fazer download.

Ontem vi o filmezinho da moda, K-Pop Demon Hunters (o título em coreano fica apenas no título do post) e vou aqui quebrar uma regra deste blog, falar de algo que não é directamente relacionado com anime, manga ou muito menos vindo do Japão.

OK, se eu não gosto de J-pop (com as devidas excepções), detesto K-pop e, apesar de orelhudas, céus, as canções deste filme parecem todas iguais e, pior, iguais às das bandas K-pop da moda que de alguma forma encheram as minhas redes sociais... o pior é que a moda não vai passar, vai só ser substituída por algo igualmente irritante. Mas, tenho de admitir, tal como a maioria dos cantores de J-pop, elas cantam super bem e gosto bastante mais das vozes mais naturais, contra as vozes esganiçadas das cantoras japonesas.

O filme é engraçadinho, mas é apenas um cruzamento das Powerpuff Girls com K-pop e folclore coreano. Como não conheço nada do folclore coreano, posso até ficar curiosa, mas muito provavelmente não apanho metade dos segundos sentidos ou das piadas.

Graficamente o filme é bonitinho, mas acho o character design delas demasiado parecido com os filmes da Barbie, apesar de a animação ser bastante superior. Por fim, a paleta de cores, o lilás, rosa e preto já me chateiam. Para além de não gostar nada desta paleta, parece que está por todo o lado nos últimos 10 anos... mas sim, a animação é excelente e talvez seja esse o grande trunfo deste filme.

Não é para mim. Não foi grande surpresa perceber que não é para mim. Mas não é chato, vê-se bastante bem e é levezinho. Só não percebi uma coisa, o filme é dobrado originalmente em inglês? Pelo que percebi pelas imagens finais, foi dobrado pelas actrizes coreanas. Se sim, caramba, os coreanos têm uma pronúncia inglesa excelente! Os japoneses ao pé deles são um desastre. Esperem, li no IMDB que o filme não é sul-coreano, mas uma co-produção do Canadá e Estados Unidos da América, com uma equipa maioritariamente coreana. Isso explica a dobragem em inglês e a excelente pronúncia.

KPOP DEMON HUNTERS | Sony Pictures Animation

Stremio

24.5.25

Lady Oscar (Versailles no Bara)

Foi preciso existir Beru Bara para me fazer ver um terceiro filme de Jacques Demy... mas felizmente este não é tão sofrível como os Parapluies ou as Demoiselles...

Depois de ver a nova adaptação de Beru Bara, pensei que estava na altura de voltar a procurar o filme franco-nipónico de 1979, realizado por Jacques Demy, mais conhecido por ser um dos membros da Nouvelle Vague, o novo cinema francês do final dos anos 60, cujos autores foram, antes de tudo, cinéfilos e críticos de cinema. E encontrei-o no YouTube.

Apesar do design de produção, sobretudo os figurinos e maquilhagem/cabelos, completamente pirosos, estava à espera de bem pior, pois as imagens não prometem grande coisa e detesto, detesto com toda a minha alma, os dois filmes de Jacques Demy que vi anteriormente, de tal forma que o bani da minha cinefilia.

Só costumo falar de live-actions japoneses, adaptados de material japonês, aqui no blogue, mas Lady Oscar é suficientemente interessante para o fazer (não nunca farei um post sobre o Dragon Ball Evolution ou o filme de Saint Seiya, que também vi recentemente). Lady Oscar é uma adaptação quase contemporânea da manga e anterior à série anime, Versailles no Bara. O que a torna única é que, desta vez, é uma co-produção França-Japão, com actores europeus, falado em inglês, e conta com uma equipa mista de franceses e japoneses, incluindo a notória Agnés Varda! Segundo leio pelas internetes, a Shiseido, importante marca de maquilhagem japonesa, foi o maior patrocinador do filme, e nota-se pela maquilhagem super seventies das moças. E também, que a manga foi traduzida por Frederic L. Schodt, que eu não imaginava andar enfiado nestas cenas dos animes tão cedo, mas faz todo o sentido.

Como os cenários são naturais e um dos principais o Palácio de Versalhes, estes escapam, com a ajuda de uma direcção de fotografia bonita e competente. O guarda roupa é um desastre, principalmente nas mulheres, vestidas de cetim brilhante e com feitios anacrónicos. A banda-sonora é perfeitamente adequada, contendo muitas melodias barrocas em cravo, violinos e afins, que encaixam bem na narrativa e período histórico.

Tal como a adaptação anime de 2025, o filme concentra a narrativa em Oscar, tornando Antoinette uma personagem secundária e Fersen só está lá para compor o ramalhete. Saltam praticamente todo o início e fim da manga, aliás, o filme termina na tomada da Bastilha, mas no geral consegue ser mais coerente com a manga, tendo um argumento mais equilibrado e os acontecimentos-chave mais bem distribuídos (sem números musicais idiotas). Temos a Rosalie e o Bernard, temos a Jeanne Valois de la Motte e o Caso do Colar, temos Robespierre e até temos a Polignac. Não temos Luís XV e DuBarry, não temos Maria Teresa da Áustria nem menção da família austríaca e faltam a intriga política e alguns momentos impressionantes, que levam Oscar a mudar de ideias. A história corre acelerada, pois, como disse no post do filme de 2025, é muito complicado compactar cerca de 20 anos de história, três protagonistas e factos históricos em duas horas. Mas os momentos-chave estão todos lá e a narrativa flui de modo uniforme, não parecendo uma sucessão de quadros. Os actores são competentes, mas com maneirismos difíceis de ignorar na actualidade e nenhum tem um desempenho particularmente marcante. Curiosidade: a Oscar em criança é interpretada por Patsy Kensit, futura estrela pop britânica. Mas, como já disse, a narrativa flui, é empolgante o suficiente para que não haja momentos aborrecidos e o filme vê-se bastante bem, mesmo que mais levezinho que o original. A única crítica que realmente tenho a fazer é o final, que para além de apressado e não ser fiel à manga, peca pela falta de intensidade emocional que torna o romance de Oscar e André mais trágico.

Lady Oscar (IMDB)

Lady Oscar - Versailles no Bara (1979)

17.5.25

Versailles no Bara

Japoneses têm cerca de duas horas para condensar duas linhas narrativas complicadas, 14 volumes da manga e que duram um período de cerca de vinte anos. Em vez de usarem estratégias narrativas, algumas delas presentes tanto na manga como na adaptação anime dos anos 80, não, incluem uma série de "videoclips", com umas canções pop sem graça nenhuma, que nem épicas conseguem ser, e perdem-se na forma, perdendo o conteúdo.

< ATENÇÃO: SPOILERS! >

Por alguma razão Versailles no Bara é a rainha absoluta da manga shoujo, um clássico e um dos maiores sucessos da manga e anime de sempre, e Riyoko Ikeda um dos poucos nomes da manga shoujo conhecidos no Ocidente.

A história segue as vidas de duas mulheres, uma real e outra ficcional, que partilham a data de nascimento e a corte francesa do séc. XVIII. A real é Marie Antoinette, a mais que famosa Rainha de França que perdeu a cabeça, e a ficcional é Oscar François de Jarjayes, a mais nova das filhas do General Jarjayes, que a criou como um homem, à falta de um varão, para seguir os seus passos e carreira militar.

Havendo pouco tempo para contar estas duas histórias, que se entrelaçam, percebo a escolha de focar o filme na personagem ficcional, Oscar, já que a história de Antoinette tem sido sobejamente contada e até de forma sublime. Até porque a história de Oscar é muito invulgar e emocionante, se bem que por vezes anacrónica. Mas Não procuro o realismo em Versailles no Bara, mesmo tendo Ikeda estudado a História Europeia e baseado a sua manga, de forma bastante realista e correcta, coisa que costuma ser um milagre no que toca à perspectiva japonesa sobre a Europa e outros países do Ocidente, quase sempre distorcida, mas, apesar de tudo, menos que a perspectiva Europeia sobre o Japão, cheia de clichés e preconceitos, principalmente antes da globalização dos anos 80 e 90. Aliás, com medo da simplificação de uma adaptação para anime da sua manga mais popular, Riyoko Ikeda resistiu quase 10 anos, até que a dupla mágica do anime lhe foi proposta, Osamu Dezaki na realização e Shingo Araki na direcção de arte.

Versailles no Bara, o filme de 2025, é uma produção de luxo, com excelente character design, excelentes gráficos, excelente animação, uma paleta de cores muito bonita e, mesmo os CGI e efeitos 3D, não sendo eu fã das texturas e padrões aplicados digitalmente desta forma, são tão bons que nem parece que o Japão tem sido lento em adaptar a tecnologia, que agora domina tão bem, até mesmo uma pessoa atenta tem dificuldade em encontrar as costuras.

Mas o argumento, tendo uma base tão rica e emocionante, é mau. Resolveram dispor a narrativa em episódios curtos, intercalados por videoclipes, muito bem animados, mas sem grande razão de ser, e tapar os buracos narrativos com uma narração que pelo menos podia ter emulado as narrações épicas dos animes dos anos 70 e 80. Com isso perde-se completamente os crescendos narrativos, a montanha-russa emocional que é tanto a manga como a série e o filme fica uma chatice, só apanhando o passo nas cenas finais, da Revolução Francesa e o clímax final.

Desde que estreou o filme Marie Antoinette, de Sofia Coppola, tenho a certeza que, além da biografia de Antonia Fraser, ela viu a série Beru-Bara, pois esteticamente e a perspectiva feminina destacam-se em ambos. Este filme, Versailles no Bara, claramente foi beber ao filme de Sofia Coppola, o que daria um excelente fechar do círculo, se tivessem aproveitado as boas ideias do filme e não se tivessem perdido na estética. Por mais deslumbrante que seja a arte de Ikeda e de Araki, o que realmente torna Beru-Bara um clássico e uma manga a ler, é a narrativa, o modo como está construída e a perspectiva do ponto de vista feminino, visto de uma forma generosa, e não acusadora. É aqui que o filme falha, Marie Antoinette não é nem protagonista nem personagem secundária, não existe um ponto de vista coerente ao longo do filme e a sua morte é uma mera nota de rodapé. Apesar de incialmente a "Rosa de Versalhes" e protagonista da história ser Antoinette, a manga é sempre contada do ponto de vista de Oscar, a real protagonista da história, mesmo a partir dos primeiros capítulos. Cenas históricas importantes, como o Caso do Colar e outras muito representativas da decadência da realeza francesa, não deixam de estar presentes, pois explicam bem as mudanças de perspectiva do povo em relação a Antoinette e porque os acontecimentos históricos se deram como deram. Ikeda criou toda uma narrativa paralela, de Rosalie, meia-irmã da infame Jeanne de Valois. Rosalie aparece apenas numa curta cena, onde nem sequer são fiéis à manga, onde um nobre mata cruelmente a tiro uma criança esfomeada, cena essa que provoca a mudança de opinião de Oscar em relação à situação do país. A criança desaparece e Rosalie desaparece com ela. Será que a indústria do anime também foi contaminada pelas ideias woke? Há também a narrativa de Bernard, personagem que aparece apenas uma vez, e que conta toda a perspectiva da imprensa subversiva, da resistência e dos intelectuais que conspiraram a nova França.

Certo que não seria possível incluir isto tudo, mas estas narrativas paralelas complementam e reforçam as decisões de Oscar e fazem avançar a narrativa de forma plausível. Se não tivessem perdido tanto tempo com videoclipes e tivessem um argumento mais sólido, talvez o filme fosse mais equilibrado e justificasse tanto luxo. Outra coisa que me irritou nos videoclipes foram os anacronismos gráficos, com uma Paris de Hausmann e uma estética Art Nouveau... sim, coisas de um século depois. O único anacronismo da manga é a Ópera Garnier, que ainda não tinha sido construída e algumas liberdades criativas nos figurinos.

Para quem conhece e gosta da história de Beru-Bara, é um filme a ver; mas para quem não conhece, leiam a manga e/ou vejam a série dos anos 80. Este filme é a pior maneira de ser introduzido a este universo.

劇場アニメ『ベルサイユのばら』公式サイト



3.3.25

Fushigina Melmo

Fushigina-Melmo deve ser o anime mais estranho que vi em toda a minha vida! Manga criada pelo mestre Osamu Tezuka em 1970, adaptada para anime em 1972, eu vi a versão remasterizada para DVD dos anos 90, Renewal, com a imagem restaurada e um elenco de vozes e canções completamente novos. As canções são as mesmas, mas regravadas com outra(s) cantoras e uma orquestração um pouco diferente.

Há poucos meses descobri que uma série de canais oficiais no YouTube, entre eles a Toei, a TMS (Tokyo Movie Shinsha) e a Tezuka Pro, andam a fazer upload de séries antigas e estou a aproveitar para ver algumas. O único senão é que os episódios só estão online por um período limitado, o que me tem obrigado a retomar o hábito de ver anime ao pequeno-almoço, como fazia disciplinadamente nos anos 90, na TV. Outro senão, não tanto para mim, mas para quem esteja a ler isto e tenha interesse, é que as séries não estão legendadas noutras línguas. Com isso, já perdi uma série de séries, entre elas Ribbon no Kishi, que gostaria de ver ou rever, mas consegui ver a Melmo, estou a rever Oniisama E... com excelente qualidade, vi uns OAVs de Black Jack e comecei a ver Jungle Taitei.

Regressando à Melmo. No primeiro episódio, portanto não é lá grande spoiler, a mãe de Melmo, uma menina de 9 anos, e dos seus dois irmãos mais novos, Totoo, com cerca de 5 anos, e Touch, um bebé, morre atropelada. Como último desejo, ela pede ao panteão dos deuses que tomem conta de Melmo e dos irmãos, e a solução é um frasco cheio de rebuçados azuis e vermelhos, que são entregues a Melmo. Aqui é que começa a ficar estranho. Os rebuçados azuis permitem a quem os toma crescer, ou envelhecer, 10 anos, e os vermelhos fazem o contrário, rejuvenescem 10 anos. A ideia inicial seria a Melmo poder tomar uma forma adulta, para tratar de assuntos adultos, e fazer com que os irmãos não tivessem de sair de casa ou ir parar às mãos de alguém que os maltrate. Mas Melmo tem 9 anos e é imatura como seria de esperar, apesar de ser bastante esperta. Cedo ela descobre que se tomar uma determinada combinação dos rebuçados, regressa à forma embrionária e pode transformar-se no animal que quiser, o que faz com que o irmão do meio passe parte da série na forma de uma rã com umbigo. Esta série também tem uma quantidade surreal de fanservice, pois as roupas de Melmo não acompanham o seu crescimento, a sua transformação mais frequente é na forma de 19 anos, o que faz com que a já curta minisaia fique extremamente curta e mostre as cuecas, e Melmo torna-se uma adolescente bastante avantajada no peito. Nem sempre Melmo permanece vestida e as cenas de nudez também são bastante frequentes...

Aparentemente a intenção inicial de Tezuka com esta série era fazer uma espécie de tratado em educação sexual e darwinismo para crianças, incluindo algumas cenas explicativas, mas cujo resultado é extremamente surreal. Gostei bastante da série, mas nunca pensei que tal coisa pudesse existir e puxa bastante pela suspensão da descrença.

Deixo aqui ambos os genéricos, pois são um bom resumo da história e onde se pode ver as diferenças e a qualidade entre a versão original e a restaurada.

Fushigina Melmo (1970)

Fushigina Melmo <Renewal> (1998)

手塚プロダクション公式チャンネル (YT)

YouTube

23.7.24

Blue Lock - Episode NAGI -

Quando percebi de que Blue Lock - Episode NAGI - é um anime sobre futebol, cuja narrativa não é focada nas personagens nem na sua evolução, percebi que não é anime para mim. Não sou fã de futebol, viver cerca de 10 anos entre dois dos maiores clubes do país simplesmente fez-me passar de "Detesto futebol!" para a indiferença pelo desporto, a não ser que me perturbe o dia a dia.

Se o filme de Haikyuu! me despertou alguma curiosidade acerca da série, pois tem bastantes personagens com piada e o filme tem uma narrativa cativante, Blue Lock tem protagonistas desagradáveis, manipuladores, narcisistas e sem grande densidade psicológica.

Para além disso, o filme não acompanha um jogo de futebol, como Captain Tsubasa, que era super divertido, com personagens cativantes e apaixonadas pelo futebol. Não era preciso mais nada.

Reo é um menino mimado que, por mais talento que tenha, simplesmente joga futebol para contrariar a família (não optando pelo negócio multimilionário da família) e não passar os dias aborrecido. Ele aposta todas as suas cartas quando descobre que Nagi, um narcisista apático, tem talento para a coisa. Tal como Reo, Nagi passa os dias aborrecido e só os videojogos lhe despertam algum tipo de faísca. Reo manipula Nagi para formarem a equipa perfeita, mas acaba por criar um monstro. Mais não digo, pois nem sequer tenho grande material para spoilers.

Blue Lock, a instituição para a qual ambos entram, como candidatos a melhor avançado do mundo, é mega tecnológica e impessoal, focando-se no treino para avançados... A última vez que verifiquei, o futebol era um desporto de equipa e, por mais que quase todos eles mais cedo ou mais tarde tenham de desempenhar as outras posições numa equipa de futebol, a ausência de um jogo normal, que é empolgante de ver, admito-o, torna o filme uma seca.

Também me chocou muito a falta de consistência no character design e animação, havendo por vezes umas distorções inexplicáveis e desagradáveis à vista. Chocou-me principalmente por tratar-se de um filme a estrear em sala. Já vi OAVs dos anos 80, com um orçamento muito mais baixo, com uma animação bem melhor e mais consistente. Nos dias de hoje, onde a tecnologia joga a favor de uma animação com qualidade, é inexplicável.

E é tudo. Não gostei, mesmo sendo sobre um tema de que não sou fã, estava à espera de mais. Afinal Captain Tsubasa, o outro anime de futebol que vi na vida, era divertido e empolgante.

『劇場版ブルーロック -EPISODE 凪-』



15.6.24

Haikyuu!! Gomisuteba no Kessen

Uma das coisas chatas de traduzir filmes com temas muito específicos para português de Portugal é que quando procuramos glossários sobre esse tema, as primeiras 10, se não mais, entradas são brasileiras e o uso do vocabulário é sempre bastante diferente.

Haikyuu!! Gomisuteba no Kessen é basicamente um jogo de voleibol. Quando andava no ciclo preparatório (2º ciclo) os jogos que menos gostava de jogar eram andebol e voleibol. Em suma: não percebo patavina do assunto e o pouco vocabulário que soube na altura já anda nas brumas da memória. Há coisas que são senso comum ou transversais a qualquer jogo com bola, mas num filme que é um jogo inteiro, basicamente PRECISAVA DE UM GLOSSÁRIO!

Numa primeira busca, sim, lá pela 10ª entrada no Google, encontrei uma página do site da Federação Portuguesa de Voleibol, mas só tinha as posições dos jogadores e pouco mais. Não satisfeita, fui continuando a procurar, e, mais ou menos ao fim de uma semana, já a tradução ia a meio, finalmente encontrei, também no site da FPV, cujo site não é lá muito intuitivo, como de costume nestes sites institucionais, um Boletim que contém um glossário bastante completo, mas... o boletim só tem 6 números, o glossário está distribuído pelos números e ficou-se pela letra P, que nem sei se está completa. Mas agora vou ter de rever a tradução toda, pois já fiz imensas asneiras. Com isto tudo, aprendi imenso sobre voleibol, como aliás já tinha aprendido há muitos anos sobre basebol, quando vi a série Miracle Giants Domu-kun. E ainda dizem que o anime não serve para nada!

Quanto ao filme, é para fãs da série, pois não dá grande contexto e, como disse acima, trata-se de um jogo inteiro. Mesmo assim, deu para conhecer minimamente as personagens principais, Shoyo Hinata e Kenma Kozume. Pessoalmente, gostei mais do Kenma, com a sua abordagem blasé mas inteligente ao jogo. Talvez me identifique com a parte do blasé, pois, tal como ele, eu provavelmente não teria grande vontade de jogar. Felizmente, além do jogo, o filme foca-se o suficiente nas personagens e na sua história para não ser uma grande seca. É divertido e empolgante ver a evolução do jogo e torcer pelos jogadores ou equipas. Eu torci pela Nekoma, a equipa de Kenma.

Se seguem Haikyuu!! e gostam de sports anime, força, aproveitem para ir ver este filme, pois não é todos os dias que aparece uma oportunidade destas em Portugal.

MOVIE | アニメ「ハイキュー!!」





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