12.3.06

NANA

Longamente esperado por mim, o filme NANA, foi o grande impulsionador do enorme sucesso recente de Ai Yazawa. Não vou mais uma vez aqui elogiar Ai Yazawa, sou fã, gosto, chega.

O filme tem excelentes qualidades e alguns defeitos.
Vou começar pelos defeitos. Como a história da manga tem uma intriga complexa e vários subplots, não deve ter sido tarefa fácil escolher o que realmente importava levar para a adaptação ao cinema. As cenas escolhidas são realmente as cenas chave da história, mas faltam-lhe momentos de ligação. A história desenvolve-se sempre em cenas fortes, decisivas, onde não há pausas mais neutras. É quase como se vissemos um filme de acção em que todas as cenas são de acção sem um intervalo para o herói "lamber as feridas". Isto poderia ter sido superado de imensas formas, desde a escrita do argumento até à montagem final passando, claro pela realização. A sensação que acaba por dar é: "OK, já fizemos a cena em que elas se conhecem, a seguir vão morar juntas" ou "Hachi já sabe que Nana canta numa banda, agora vamos ver um concerto de sucesso". Todas as cenas são trabalhadas com a mesma intensidade, não existe a transição entre tensão-calma-tensão-calma. Acaba por dar uma sensação um bocado superficial do filme.
Certas personagens perderem dimensão (e mesmo assim muitas foram excluídas) como Sachiko ou Leila. Mas isso seria sempre inevitável.

As qualidades (são bastantes):
A começar pela escolha do cast. Não poderia ser melhor. Todos os actores dos papeis principais são óptimos actores. Mika Nakashima, cantora de profissão, encarna literalmente Nana, Aoi Miyazaki não poderia ter sido melhor escolhida para a amorosa Hachi e Ryuhei Matsuda mostra que é mais que a cara bonita de Gohatto, fazendo de Ren. Todos têm uma forte empatia entre eles.
O esforço para seguir à risca as opções estéticas de Ai Yazawa (as roupas de Vivienne Westwood, o apartamento, a caracterização, etc.) compensou e dá corpo ao que se via, a preto e branco, nos desenhos da manga.
Gostei muito do modo como a história foi estruturada, não contando logo à partida o dilema de Nana, focando-se mais na extrovertida e faladora Hachi. Com Hachi (narradora e o ponto de vista do filme) vamos descobrindo o que Nana deixou para trás ao ir para Tóquio, enquanto que Hachi nos conta toda a sua história quando ambas se conhecem. Na manga, também porque a estrutura em capítulos não permita tanta flexiblidade, a história é-nos contada de modo mais linear.
A opção de interromper a história (de uma manga ainda em publicação e algo longa para um filme só) onde foi interrompida. Dá uma sensação de final fechado, não nos deixa a pensar: "então e agora?".
Apesar de os locais serem muito específicos, de o filme ter uma imagética particular e de se tratar, principalmente, de um meio onde circulam músicos, artistas, etc., a história contada tem a qualidade de ser universal. Se mudarmos os detalhes, permanece a mesma. Por alguma razão Ai Yazawa tem tanto talento, não são só desenhos bonitos e um forte instinto para a moda.

Felizmente que o filme teve tanto sucesso no Japão que uma segunda parte, em princípio com o que resta da história, vai ser filmada este ano. Em Abril vai começar a ser transmitida nas TVs japonesas a adaptação da manga a série anime, cá falarei dela, quando chegar a altura. Aliás este filme deu o empurrão que faltava à carreira da já bastante popular Mika Nakashima, lançou Yuna Ito como cantora e pôs Ai Yazawa (até então mangaka underground) no mapa.

http://www.nana-movie.com/

3 comentários:

Macro disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Aline Muniz disse...

Assisti aos 47 episódios dessa série e me apaixonei de cara. Na verdade, eu não tenho muitas informações pq entrei em contato recentemente com NANA. Poderias me dizer se existe alguma perspectiva de continuarem o anime, pq soube q o mangá continua no Japão, mas e o anime?

Misato disse...

Tanto quanto sei, para já, não vai haver continuação. Mas com o sucesso atingido e a manga ainda longe de estar terminada, há sempre a possibilidade de haver uma continuação.

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