14.11.08

Comecei a ver: Michiko to Hatchin

É quase caso para dizer finalmente, pois a série que eu esperava com maior antecipação da nova estação já estreou há mais de um mês!

Quando vi o trailer desta série, ainda no Verão, só pensei: "Isto parece um filme de Quentin Tarantino com Robert Rodriguez, versão anime, no Brasil e produzido pela Manglobe!", isto tudo com os olhos arregalados de entusiasmo. Está aqui uma boa e invulgar conjugação de elementos.

O trailer prometia acção e, o primeiro episódio, mesmo antes do genérico dá-nos acção digna do último James Bond! Aliás Michiko lembra a Camille de Quantum of Solace, mas já lá vou! O genérico, bem ao estilo da Manglobe, faz-nos lembrar o genérico de Cowboy Bebop no seu estilo gráfico-pop e com a sua música drum & base. O facto de fazer lembrar Cowboy Bebop não desmerece este genérico que é absolutamente maravilhoso e há de ficar também na memória. Naturalmente que apenas no primeiro episódio, temos pouca noção do que aí vem em termos de história (não em termos de acção, que essa promete e muita!), mas apresentou-nos as personagens, Michiko, uma bandida implacável, morena boazona, que vive descascada, como boa brasileira-morena-boazona que é, e Hatchin a miúda órfã, quase coitadinha, mas que tem personalidade suficiente para se rebelar e não se conformar ao seu injusto destino.

Michiko to Hachin, ou então Michiko e Hatchin, mostra-nos um Brasil idealizado (não idealista) que é um misto das paisagens de sonho e miséria terceiro-mundista que, certamente não corresponde à realidade (espero bem que não!). Mas visualmente os autores, seguindo uma interessante pesquisa, criam um universo ficcional meio realista, meio retro, muitíssimo rico, pormenorizado e interessante, que é um regalo para os olhos. O character design é fantástico, mostrando-nos uma Michiko que é uma personificação da gaja-boa brasileira, de pele morena, lábios carnudos, cabelo escuro (mas liso), com roupas reduzidas e cheia de dourados! Eu bem disse que fazia lembrar a Camille, se bem que Camille é um pouco menos chunga. No lado oposto temos uma Hatchin um tanto caricaturada, versão infantil exagerada de uma miúda franzina com excesso de cabelo. Será que os totós e laços da órfã são uma homenagem subliminar a Candy Candy???

Claro que temos incoerências sociais, a miséria apresentada é exagerada, as instituições são antiquadas, os carros da polícia ainda são Carochas (o Brasil foi um dos últimos países do mundo a deixar de fabricar estes carros) e o padre é casado! Acho que os japoneses precisam de ver mais telenovelas! Por falar em novelas, estava a dar uma na televisão da sala do padre, heheee! A mota, que faz lembrar uma Vespa, versão II Guerra Mundial alterada, é simplesmente fa-bu-lo-sa!!!!! Também, para variar, temos a introdução num universo latino-americano, de pequenos pormenores nipónicos, como nomes japoneses, Hatchin a lavar o chão de joelhos, por oposição à esfregona, o café da manhã sem café e com omelete, ou as portas de correr e o ar oriental do banco que Michiko assalta.

A animação é de primeira qualidade, nem parece que estamos a ver uma série de TV. A Manglobe não desilude e mantém a fasquia alta, o que nos proporciona um visionamento muito mais interessante. É uma animação fluida e muito dinâmica, que torna as sequências de acção, se nada mais, obrigatórias de ver.

Gostei muito das vozes tanto de Michiko, muito grave, ligeiramente nasalada, mas muito feminina, como a de Hatchin, jovem mas sem ser infantil ou infantilizada. Neste anime não há lugar para vozes esganiçadas ou em falsete, como é habitual. É engraçado reparar que, em geral, acertam na pronúncia brasileira... Os nomes, dos locais e pessoas, é que são um tanto estranhos, e há um errozito ortográfico aqui e ali, mas nada de extraordinário.

Estou entusiasmada, não estou? Pois é, é que este anime prometia muito e o primeiro episódio está a léguas de desiludir. Ainda por cima com o selo de garantia da Manglobe, equipa que se formou com a série Cowboy Bebop, com Shinichiro Watanabe a liderar as hostes, e que criou na Manglobe Samurai Champloo e Afro Samurai, duas séries invulgares e muito interessantes que têm em comum com esta a mistura incoerente de aspectos tradicionais com um modernismo retro-funk, mas que resulta! Com uma banda-sonora que vai entre o jazz, o funk, o hip-hop e, claro, a bossa-nova, na pior das hipóteses esta é uma série divertida e bem animada.

ミチコと八チン

7 comentários:

Anónimo disse...

Oi Misato!
Aqui é o mandrill, dos longos comentários no yoroshiku-fansubs.
Gostei muito do seu post sobre Michiko to Hatchin, vc escreve muito bem. Comecei a assitir Samurai Champloo (estava na minha lista faz um tempo, mas só agora a idéia se pareceu mais urgente), é muito legal.
Deixo aqui meu blog pessoal (ao qual não tenho dedicado muito tempo desde seu surgimento).
fledge.wordpress.com
Espero que durante o mês de dezembro, minhas férias, consiga falar mais do meu dia-a-dia.

Abraço

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

É uma das séries novas que também comecei a ver depois de ler comentários bastante positivos.

Adorei o primeiro episódio, se bem que até fiquei meio 'chocado' com os maus tratos que a miúda ia recebendo da família que tomava conta dela. Fez-me lembrar certas séries dos anos 70 em certos aspectos, em que existiam esses dramas familiares e onde não tinham vergonha em mostrar até onde podia ir a natureza humana por vezes.

É uma mistura muito curiosa de elementos por agora, como bem referes. A ver vamos se aguentam este ritmo e qualidade durante a série toda.

Anónimo disse...

Olá Misato. Gostei do seu comentário e concordo com ele na íntegra. Embora os elementos sejam baseados numa "realidade brasileira", ali é apenas um ambiente ficcional, marca registrada da Manglobe. E concordo também com um dos comentários aqui postado, ele é nostálgico! Faz lembrar mesmo os anos 70 talvez 80. Como gostei dos episódios dos Simpsons no Brasil, não há porque eu não gostar desse anime. As novelas brasileiras são exportadas para todo canto, talvez se eles vissem um pouco mais, teriam mais elementos, sendo essa, um dos produtos fidedigno da realidade brasileira. Ademais, diga-se de passagem, que há uma novela japonesa (Dorama), feita no Brasil. Abraço.

Misato disse...

Sankacomic: qual é o nome desse dorama? Fiquei curiosa!

PS - sou fã de novelas brasileiras, costumo acompanhar sempre pelo menos uma das que estão a passar aqui em Portugal. Neste momento Beleza Pura (a acabar) e Três Irmãs (gosto muito das novelas de Antônio Calmon e com surf pelo meio... não há conjugação melhor!). Devorava a Armação Ilimitada!

Anónimo disse...

Olá Misato. Caramba!!! ARMAÇÃO ILIMITADA. Cara, era muito bom mesmo! Assistia também, fiquei até com saudade agora. Desculpe perguntar, mas qual sua idade (esteja à vontade para não responder ^_^)Ultimamente não assito mais novelas, falta de tempo e aqui no Brasil, há outra emissora que concorre com a Globo (maior produtora de novelas). Três irmãs tá passando ainda, no horário das 18h00. Há uma novela muito boa, não sei você conhece: Chica da Silva, passa-se no período da colonização. Fantástica!!! Se não viu, veja, é muito boa. Quanto a sua pergunta, o dorama japonês é: "Haru e Natsu As cartas que não chegaram". Bom, é isso. Um grande abraço e até a próxima.

Misato disse...

Cá em Portugal Armação Ilimitada passou nos anos 90, eu estava na universidade.
Cá também passam imensas novelas brasileiras (e portuguesas) e Xica da Silva também já passou, mas não me marcou.

Já agora não sabes o título do dorama em japonês? É que o título em português não me serve de grande coisa, pois cá em Portugal tem 0 probabilidades de passar.

Anónimo disse...

O título é Haru e Natsu. Com esse título você encontra o original. Bom é isso. Abraço.

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