1.12.05

Nippon Koma: dia 3

Hoje a sessão da tarde valeu a pena, não fora o "pequeno" problema técnico de os filmes não virem legendados. Pelo menos desta vez houve um embaraçoso pedido de desculpas público.

Kawamoto Kihachiro, o realizador das curtas-metragens de animação, Oni (Demónio), Tabi (Viagem), Shinjin no Shogai (Vida de um poeta), Dojoji (Templo Dojoji), Kataku (Casa de chamas), é bastante conhecido no meio principalmente pelas suas animações de marionetas, graças a um encontro, e posterior aprendizagem, com o criador e mentor dos estúdios de animação de marionetas checo Jiri Trnka. Oni, Dojoji e Kataku são exemplos da sua lindíssima animação de marionetas os três com um visual muito tradicional japonês. Oni tem uma estética que lembra muito as caixas de laca negra com motivos a dourado, Dojoji os biombos pintados com paisagens e Kataku lembra mais as aguarelas ou pintura tradicional. As histórias são baseadas em lendas e contos tradicionais, num universo fantástico de oni (demónios), yuurei (espíritos) e outras criaturas mágicas num tom sinistro, até um bocado arrepiante para olhos ocidentais. Foi este tipo de histórias que primeiro me atraiu à narrativa japonesa e isso reflecte-se muito noutros contextos, principalmente em anime.

Quem tenha nascido antes de 1980, e se prestou atenção, muito provávelmente assistiu a algum destes filmes no programa de Vasco Granja.

Os outros dois filmes são uma incursão pela animação de recortes, formato menos habitual do autor, mas com resultados bem interessantes. Tabi é uma viagem onírica por um museu virtual, muito surrealista, onde se atravessam os universos de Dali, Magritte e Chirico, entre outros. Shinjin no Shogai é bastante mais soturno, com um grafismo a sépia que contrasta com o casaco vermelho do final que eu interpretei como um raio de esperança.

http://www.kihachiro.com/
http://www.midnighteye.com/interviews/kihachiro_kawamoto.shtml

Os dois documentários da noite deixaram uma sensação estranha. Pertencem ambos àquela categoria de documentários que mencionei ontem, mas de certa forma não convenceram... O primeiro filme, Kyakarabaa, é uma espécie de relato, na primeira pessoa, da frustração de ter sido criada pela avó e de nunca ter vivido com os verdadeiros pais. Apesar das sensações fortes não percebi bem o interesse do filme. O segundo, Kage (Sombra), quando acabou, ainda pareceu mais inútil. Um homem filma uma mulher, mais nova, e diz-lhe que é o seu verdadeiro pai. A rapariga é bastante convincente nas suas reacções, apesar de contida é muito expressiva, mas no fim ficou uma sensação desagradável de desconfiança de que tudo aquilo foi encenado, de que andaram a aldrabar o público. Não gosto dessa sensação...

http://www3.kcn.ne.jp/~kumie/
http://www.imdb.com/title/tt0331543/

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