3.12.05

Nippon Koma: dia 6

Apesar de ser sábado, a sessão de hoje foi um bocado desinteressante. Pelo menos os dois documentários de hoje à tarde, Danchizake (Sake caseiro) e Good Morning Yokohama (Bom dia Yokohama), não foram desapontantes, se bem que também não foram brilhantes.

O que havia de interessante no primeiro era o modo como o pai do realizador é um pária na sociedade japonesa, mostrando a audiências ocidentais, muitas vezes ignorantes do verdadeiro Japão, que lá nem tudo é pink e que nem toda a gente vive bem, só porque é um dos países mais ricos do mundo. O modo artesanal com que o senhor faz o sake é, no mínimo, curioso, principalmente porque o realizador intercala as actividades do pai com o testemunho da mãe (os dois são ainda casados mas vivem separados). O final é a partilha do dito sake entre pai e filho. Eles aparentemente gostam e, pela cor, a zurrapa tem um ar forte!

O segundo filme mostra-nos quase literalmente o dia-a-dia na gigantesca estação de comboios de Yokohama, igual a tantas outras no Japão. É a confirmação de certos hábitos e maneirismos que só os japoneses têm. É um filme pertinente, como serão todos os outros com o mesmo tema, não fosse o Japão um país de comboios, já Ozu o afirmava repetidamente nos seus filmes.

http://www.midnighteye.com/reviews/homasake.shtml

Os 4 filmes da noite, a série Fade into White, tem o defeito que quase todos os filmes experimentais com pouca narrativa têm: até podem ser muito bem feitos, e estes eram sublimes no uso muito feliz do 3D a preto e branco muitíssimo saturado, mas costumam ser um bocado chatinhos. Apesar de esta ter sido uma das sessões mais curtas de todo o ciclo, estava farta de estar ali e no fim vi muitas (demasiadas) caras sonolentas.

http://www.alles.or.jp/~goshima/

Em resumo: comparando com os anos anteriores, esta edição do Nippon Koma foi, de certo modo desapontante.
Em 8 documentários/filmes experimentais só um foi marcante, Peep "TV" Show, que, felizmente não desapontou mas sim surpreendeu, e dois se viam sem problema, Danchizake e Good Morning Yokohama.
De todas as sessões de animação valeram a pena as duas de Paranoia Agent, que apesar de anime comercial era bem interessante no lado surrealista das narrativas japonesas, Memories porque, preconceitos à parte, é um excelente conjunto de filmes, a sessão de dia 1 dos filmes da OneDotZero, que continua a ter uma excelente escolha de filmes em 3D, videoclips e publicidade, e do filme Kakurenbo, por tudo, talvez tenha sido o anime de que gostei mais no festival, e ainda a sessão dos filmes de Kawamoto Kihachiro que apesar de terem, em média, 30 anos ainda espantam com a sua beleza e qualidade e, acima de tudo, mostram um lado tradicional do Japão ainda considerado muito belo contando histórias muito interessantes.

Não sei se terá sido uma boa aposta dobrar o nº de sessões em relação aos anos anteriores. Antes, em vez de 12 sessões eram 6 sessões que repetiam alternadamente (uma vez às 18h30 e outra às 21h30) pelos 6 dias. Acho que aqui o ditado "poucos, mas bons" se aplica, não fica bem ser ganacioso. Peca também o festival este ano pelas falhas técnicas que foram demasiadas, entre dobragens em inglês e falta de legendagem em muitos dos filmes que passaram, não foi só a sessão de Kihachiro. Outra falha é a falta de informação e a má tradução dos textos do programa. Era bom que para a próxima, para além da tradução dos títulos lá estivessem os títulos originais e outra informação como, por exemplo, a distribuidora ou produtora ou ainda o título do videoclip e não o nome da banda/músico. Se se quer procurar mais informação sobre os filmes que vimos, na maioria das vezes é difícil assim. Esperemos que para o ano melhore um bocadinho. Lá estarei de novo.

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