24.8.08

Ando a ver: Cutey Honey Flash

Já deve ter dado para perceber que sou fã de Cutie Honey, até mesmo de Go Nagai, o seu autor. Cutey Honey Flash foi o primeiro grande spin off desta personagem, e o que se desvia mais do original.

Cutie Honey é um shounen, mas que acabou por ser lentamente absorvido num universo shoujo devida a forte influência que exerceu no seu subgénero, o mahou shoujo. Séries como Majokko Meg-chan ou Sailormoon são herdeiras directas de variadíssimos aspectos de Cutie Honey. De certa forma, sendo Cutey Honey Flash um sucedâneo de Sailormoon e claramente uma versão shoujo de Cutie Honey, parece que se fechou o círculo no que toca a quem influencia o quê.

Cutey Honey Flash é um anime com uma produção imaculada, com uma qualidade técnica acima da média, que foi produzida exactamente para aproveitar o balanço deixado pelo fim de Sailormoon. Claro que foi produzida pela Toei e grande parte da equipa de Sailormoon transitou para este anime que a veio substituir. Portanto esta Cutey Honey é 50% Go Nagai, 50% Sailormoon.

Como parte das transformações feitas para adaptar esta série ao que se esperava que o público de Sailormoon queria, temos um character design mais doce e feminino, corpos lânguidos por oposição à voluptuosidade habitual de Cutie Honey, alguma mas menos nudez, cores mais vivas e alegres, algumas personagens que se mantêm, outras personagens novas e um contexto semelhante com premissas novas. Sendo assumidamente um mahou shoujo, Cutey Honey tem 10 vezes mais transformações, existe um interesse romântico maior por Seiji, e um misterioso Tasogare no Prince (Príncipe do Crepúsculo). O grosso da vida de Honey passa-se num colégio privado, Natsuko (Nat-chan) é a sua melhor amiga, e o Prof. Kisaragi, o pai de Honey, foi raptado nos primeiros episódios pela Panther Claw.

No geral o que muda verdadeiramente é o tom da série que é mais romântica e virada para os sentimentos de Honey, primeiro o desespero do rapto e provável morte do pai, a aproximação romântica por Seiji, os encontros emocionantes e misteriosos com o Tasogare no Prince e depois o dilema de ser uma andróide. Cada episódio segue uma fórmula semelhante à de Sailormoon em que temos um distúrbio causado pelos Panther Claw, Honey transforma-se numa série de alter-egos diferentes para, no fim, se transformar em Cutey Honey e derrotar os Panther Claw com um ataque especial. Ao longo dos episódios pequenos detalhes da narrativa principal vão sendo desvendados, mas que não afectam muito a narrativa individual de cada um.

É uma série anime engraçada, vê-se bem, mas não é muito entusiasmante. A qualidade da produção é um grande trunfo, que se não fosse assim talvez não fizesse este anime ser tão agradável de ver. Não é, de todo, a melhor adaptação de Cutie Honey que já vi. Depois desta ficam a faltar-me as séries antigas, com essas é que vou poder ver o que sobrou do espírito original nesta adaptação.

Quem lê este post há de notar que por vezes escrevo Cutie Honey e outras Cutey Honey. O que aconteceu é que, até sair a série Cutey Honey Flash escrevia-se キューティーハーニー [kyuu-tii-haa-nii] das duas formas, a primeira ortograficamente correcta em inglês, a segunda não, um erro de romanização bastante comum entre os japoneses. Com Cutey Honey Flash adoptou-se sempre esta romanização e, quando saiu o filme live action de Cutie Honey e a série de OAVs Re: Cutie Honey, resolveu-se normalizar o nome oficial para Cutie Honey para todas as versões menos a Flash, que sempre usou o mesmo modo de escrever e é considerada um "desvio" do original. Portanto, quando escrevo Cutie, refiro-me à manga original, ao universo Cutie Honey ou às outras séries e, quando escrevo Cutey, refiro-me a Cutey Honey Flash em específico.

キューティーハニーF

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