Os episódios desta série seguem mais ou menos a mesma fórmula: alguém se sente injustiçado de alguma forma, esse mesmo alguém ouviu falar da Jigoku Tsuushin (Ligação ao Inferno), acede ao site e digita o nome do "abusador". O "injustiçado" é contactado por Enma Ai (a Jigoku Shoujo, Rapariga do Inferno) que lhe explica as regras e dá um boneco de palha com um fio vermelho atado. Eventualmente o "injustiçado" vacila, mas o fio acaba por ser desatado e o "abusador" é levado por Ai para o Inferno.Coloquei as palavras "abusador" e "injustiçado" entre aspas porque nem sempre a escolha e as atitudes são claras ou lineares, em geral há uma certa dualidade e depende do ponto de vista de cada um, decidir se o "abusador" é mesmo abusador e se o "injustiçado" não será, por sua vez um abusador ao usar a vingança como modo de agir.
Muito lentamente (demasiado para alguns comentários que li na net sobre este anime) a série vai nos deixando essa sensação de incerteza em relação aos "rótulos" de cada caso. Também devagarinho apareceram mais duas personagens regulares, pai e filha, Hajime e Tsugumi, que têm uma motivação diferente de todos que encontrámos até agora que ou fazem parte do grupo sobrenatural de Ai ou são "abusadores" ou "injustiçados". Hajime (o nome quer dizer "começo", o que, de certo, não é acaso) é reporter free-lance e investiga sobre a Jigoku Tsuushin e Enma Ai. A filha, Tsugumi, tem visões de e com Enma Ai, o que ao princípio ajuda Hajime mas nem sempre.
O episódio 13, Rengoku Shoujo (Rapariga do Purgatório), é uma viragem na história, até agora estranha mas rotineira. Pela primeira vez o ponto de vista muda das situações injustiçado/abusador para falar da história de Ai e lançar mais ainda a sensação de que algo de muito estranho anda por trás de tudo isto.
Com certeza muita gente na net discordaria comigo, apesar de quebrar bastante o ritmo da série e de ser um risco moderado ter tantos episódios (metade) sem momentos de viragem na narrativa, esta estratégia reforça o ambiente sinistro e deixa mais ainda a sensação de estranheza e incómodo. Nem sempre isso foi eficaz, alguns episódios podiam ser mais arrepiantes ou mesmo interessantes, mas, se não se vir tudo de seguida, não chateia.
Uma nota positiva está no retrato, não muito positivo, mas de algum modo realista, de certas situações de rivalidade, competição, relações e hierarquias sociais na sociedade japonesa, que são muitas vezes ignoradas ou esquecidas por fãs deslumbrados pela sociedade japonesa. Este retrato, talvez um pouco exagerado (ou não), mostra-nos uma sociedade que para além das maravilhas tecnológicas, económicas e culturais, é uma sociedade como todas as outras com graves problemas sociais, que se opõem a esse deslumbramento ocidental.
Jigoku Shoujo - Official site [JP]

Longamente esperado por mim, o filme NANA, foi o grande impulsionador do enorme sucesso recente de Ai Yazawa. Não vou mais uma vez aqui elogiar Ai Yazawa, sou fã, gosto, chega.
Às vezes dá-me raiva o acesso a manga e anime ser limitado no ocidente às modas de outros países, ou às vagas do comércio televisivo. Com isso é difícil ter acesso a obras mais limítrofes, ou de géneros menos populares no ocidente. Só mesmo indo a uma livraria no Japão e cuscar todas as manga existentes. Se uma pessoa lá viver, faz-se bem, mas quem porventura só pode ir ocasionalmente (ou nem isso) não dá nem para trazer tudo o que se deseja e muito menos actualizar-se como deve ser, tal é a variedade.
Sou fã das CLAMP já há muitos anos, a minha manga preferida ainda é o X, mas confesso que ultimamente enjoei um bocado e perdi um pouco do interesse. Angelic Layer e Chobits, apesar de não serem más séries de anime e manga, deixaram um bocadinho a desejar, principalmente na narrativa, pareciam mais para vender que as anteriores manifestações de criatividade a que nos tinham habituado.

Hoje estreou mais um majical shoujo num canal em Portugal: Kaitou St. Tail, ou, na versão portuguesa, A Ladra Meimi.